Vinil do mês: GENTLE GIANT – THE POWER AND THE GLORY (VERTIGO, 1974)

Música de Graça: UM POUCO DE ELETRÔNICO, ROCK & VIOLÃO ACÚSTICO
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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Rock Progressivo

Formatos Interessantes: Vinil Nacional / Importado

Considero o rock progressivo – e a conjunção de fatores que o fizeram acontecer, como o psicodelismo, por exemplo – como o ápice alcançado pelo popular gênero rock. Até a maioria dos bons expoentes do pop da década seguinte (a de 1980), beberam na fonte de inspiração, elaboração, harmonia, complexidade e instrumentação que o progressivo deixou de legado para a música. Muitos de seus expoentes mantiveram-se em atividade, e muito pouco se rendendo a outros universos musicais populares (ou não), e quase nunca perdendo a excelência – caso de bandas como o Pink Floyd. Ou seja, de muitas maneiras é, ainda, um gênero muito vivo e procurado.

Este disco, The Power and the Glory, da banda inglesa Gentle Giant, é interessante de indicar aqui, porque sua prensagem nacional é muito boa! Com qualidade sonora realmente impressionante, como acontece com vários discos da também inglesa Dire Straits – que, coincidentemente, também é do mesmo selo: Vertigo. E um LP nacional com boa qualidade sonora, é algo que merece ser adquirido e curtido!

A Vertigo foi criada no final da década de 60, principalmente para a edição de bandas de rock progressivo e alternativo. Ela fazia o mesmo papel dos selos concorrentes Harvest (da EMI, que gravava Pink Floyd entre vários outros), e Deram (da Decca, que trazia Procol Harum e Moody Blues entre outros). Inclusive, a partir de 1973, o selo dos LPs da Vertigo passou a ser um desenho bem apropriadamente ‘rock progressivo’, pois foi desenhado pelo famoso artista Roger Dean, responsável pelas melhores capas do célebre grupo de progressivo inglês Yes – e pela capa do disco Octopus do próprio Gentle Giant.

Selo do disco

Gentle Giant é considerado o “erudito do rock progressivo”, pois além do virtuosismo de seus membros, a influência da música clássica é inegável e impossível de ser escondida em sua obra.

The Power and the Glory, de 1974, é o sexto álbum da banda – e segundo Derek Shulman, seu líder, a ideia do disco, o conceito, é inspirado em questões de poder, dinheiro e corrupção, de um cenário mundial tomado por política, guerra fria e escândalos, como o Watergate no governo americano.

A banda é encabeçada por Derek Shulman nos vocais principais (e ocasional sax tenor), com seu irmão Ray Shulman (falecido em 2023) no baixo, violino, guitarra e vocais, Gary Green na guitarra e vocais, Kerry Minnear no Hammond, piano, Fender Rhodes, Minimoog, marimba, vibraphone, cello e vocais – ufa! – e John Weathers na bateria, percussão e vocais. Ou seja, vários multi-instrumentistas!

A maneira como a música do Gentle Giant foi estruturada e concebida foi, segundo eles, para “expandir as fronteiras da música popular contemporânea, correndo o risco de ser muito impopular”. Como rock progressivo, sua complexidade musical trazia folk, soul, jazz, clássico medieval, barroco e da música de câmara moderna.

Contracapa

A família Shulman (porque em vários discos havia também o terceiro irmão, Phil), é de origem escocesa-judia, da cidade de Glasgow, na Escócia, que depois se mudou para Londres. Seu pai era um trompetista de jazz que encorajou os filhos desde pequenos a aprenderem múltiplos instrumentos musicais. Em 1966, a banda dos irmãos – principalmente de soul, R&B e psicodelia – se denominaram Simon Dupree and the Big Sound.

Descontentes com o caminho da banda, eles chegaram a lançar um single como The Moles – que muitos diziam, à época, serem os Beatles com Ringo Starr nos vocais! Esse mito foi logo derrubado por ninguém menos que Syd Barrett, do Pink Floyd, identificando-os como Simon Dupree and the Big Sound.

Em 1970, querendo fugir do cenário da música pop da época, e procurando desenvolver um som mais elaborado, os irmãos se juntaram a outros multi-instrumentistas – sendo inclusive Kerry Minnear formado em composição pelo Royal College of Music. O recém fundado Gentle Giant teve seu pico no meio da década de 70, e foi dissolvido em 1980.
Derek Shulman acabou se tornando executivo de algumas gravadoras, como a PolyGram, A&R e Mercury, e depois foi presidente da ATCO Records e da Roadrunner Records. Ray Shulman trabalhou com trilhas sonoras para TV, além de ter sido produtor musical. Phil Shulman abandonou completamente a música. E Kerry Minnear hoje está à frente da empresa Alucard.

Gentle Giant na década de 70

Como curiosidade está o fato de que, por um tempo, o pianista da banda Simon Dupree and the Big Sound, foi um rapaz chamado Reginald Kenneth Dwight, mais conhecido, depois, pelo pseudônimo Elton John! E uma história não confirmada também diz que Elton John também chegou a ser cogitado como vocalista para o recém formado Gentle Giant, em 1970!

Para quem é esse disco? Para todos que gostam de rock progressivo, principalmente um mais cerebral – e para todos que, ao mesmo tempo, gostem também de jazz e de música clássica barroca. Não é o caso, aqui, de ser algo tão cerebral quanto um King Crimson (o que geralmente torna essa banda meio ‘inacessível’ à muitos), mas sim algo muito elaborado, mas bem palatável, um pouco experimental com um toque de jazz-rock em suas estruturas e arranjos.

Por incrível que possa parecer, eu ainda não consegui nem descobrir se existe alguma prensagem japonesa para este disco – é possível que não, pelo menos da mixagem original. Mas, como até a prensagem brasileira – que me parece ser da década de 70 mesmo – é muito boa, então as prensagens inglesas, alemãs e americanas (estas últimas Capitol e não Vertigo) servirão maravilhosamente bem! Existem prensagens recentes pelo selo Alucard (que pertence ao próprio Gentle Giant), em 180g, mas todas gravações que eu vi até hoje que eram “Mixed by Steven Wilson”, pelo produtor e músico Steven Wilson do Porcupine Tree, me deixam um pouco de cabelo em pé, pois algumas não gostei da qualidade sonora, e outras não gostei nem um pouco da mixagem. Fiquemos, então, com as prensagens, e mixagem, originais da década de 70…

Boa música a todos!

Ouça um trecho da faixa “Aspirations”, no YouTube

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