AUDIOFONE – Teste 1: FONE DE OUVIDO IKKO OBSIDIAN OH10

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

https://www.youtube.com/watch?v=s3OXr6zo4DQInúmeros leitores nos falam de sua preferência por fones intra- auriculares, pois sua referência desde muito jovens, quando ganharam seu primeiro celular, foi com esses fones e hoje têm dificuldade de se adaptar a fones externos, por questão de liberdade de movimento, peso e até mesmo medo de serem assaltados nas grandes cidades.

Visando esse público, os fabricantes têm investido cada vez mais nesses fones, pois sabem que essa geração dificilmente irá abrir mão dessa comodidade.

Então, para atender a esse público leitor, fiz uma pesquisa nos fóruns internacionais para descobrir o que tínhamos a disposição aqui oficialmente, e que atende aos nossos pré-requisitos para teste – o melhor equilíbrio tonal possível em volumes seguros e em uma faixa de preço razoável.

E o primeiro na lista a atender esses requisitos foi o Ikko Obsidian OH10, um fone que lá fora custa menos de 200 dólares e foi bem recebido pelo mercado.

Para quem não conhece, a Ikko é uma marca chinesa que entrou no mercado mundial com seu fone OH1. Atualmente ela também produz o dongle Zerda que é um DAC e amplificador de fones para celular, o OH10, o Arc ITB01 Bluetooth, e seu fone mais sofisticado o IEM Musikv OH7.

O OH10 é, na verdade, uma edição melhorada do OH1, com o mesmo design, porém fabricado com materiais mais nobres e pequenas melhorias pontuais. Os drivers são os mesmos, com novos materiais utilizados em sua estrutura interna.

No modelo OH10 temos o cobre puro para fabricar a cavidade, que ainda mantém o driver de armadura balanceada, e o driver dinâmico de diafragma que é composto de polímero de 10 mm banhado a titânio. Segundo o fabricante ele possui uma resposta de 20 Hz a 40 kHz, sensibilidade de 106 dB, e impedância de 4 ohms. Ele vem com um cabo de 1,2m com conector de 3,5 mm banhado a ouro – feito de 4 fios de cobre de alta pureza sem oxigênio, revestidos de prata.

O fone vem em uma embalagem bem feita, de tamanho reduzido, com um desenho de uma princesa sentada em uma pedra de Obsidiana, que deve chamar a atenção da Geração Z que curta uma levada esotérica em seu universo lúdico. E no verso temos especificações técnicas e uma foto do produto em vários idiomas.

Abrindo a embalagem nos deparamos com os cabos, um estojo de couro, o compartimento com as pontas de silicone na versão branca e preto – no total com 6 opções nos tamanhos: pequeno, médio e grande. E, por fim, o cabo.

O que chama a atenção do OH10 é seu peso, ainda que o acabamento tenha um excelente polimento e seja todo revestido por uma resina especial, como se fosse uma joia sofisticada. Os bicos do fone são feitos do mesmo material, e o diâmetro é de 6 mm.

Li que a ergonomia, devido ao peso do fone, é o ponto central das discussões nos fóruns. O que eu posso dizer é que essa questão pode ser amenizada se o usuário conseguir utilizar as pontas certas na hora do encaixe, caso contrário realmente o peso pode ser um problema.

No meu caso, a ponteira menor foi a mais adequada, conseguindo a pressão necessária para um encaixe perfeito e o melhor som possível.

Antes de iniciar a avaliação, preciso dizer que não sou nenhum fã de fones intra-auriculares por um único motivo: os ruídos que se acentuam com o fechamento do canal auditivo. Pois todo ruído de respiração, barulho de boca e o simples roçar do cabo na roupa se acentuam demais para mim, tirando a concentração da música.

Agora, se eu conseguir estabelecer uma postura de faquir por um período de uma a duas horas, sem respirar, me mover ou cometer o deslize de engolir a saliva, conseguirei até apreciar os fones intra-auriculares.

Esclarecido esse pequeno ‘detalhe’, vamos ao teste.

Utilizei, além de dois celulares Samsung, o nosso amplificador de fone de referência do Nagra PREAMP Classic.
E tenho que admitir que seu equilíbrio tonal é excelente, e nos permite ouvir música de qualquer gênero em volumes realmente seguros!

Li todos os testes publicados lá fora e percebi o tempo gasto pelos revisores discutindo se esse fone tem uma curva de equalização em ‘V’ ou ‘W’, e que para a maioria ele segue a equalização “W-sound”. Interessante como os revisores de fones tem a necessidade de avaliar equilíbrio tonal por curvas de equalização, como se isso fosse ajudar o consumidor na escolha de seu fone. Seria tão mais prático e objetivo eles aplicarem o óbvio, e informar apenas o leitor se o fone tem uma resposta de curva linear, ou não.

E para se ter essa resposta, basta ouvir o fone em teste com as gravações corretas, feitas sem compressão e equalização, e ouvi-las no fone em vários volumes distintos.

Um fone com o equilíbrio tonal correto, em volume baixo, terá que mostrar tudo que ocorreu na música com a melhor inteligibilidade possível.

Soou ok? Não se perdeu nenhum detalhe da música, não precisou de esforço algum para entender determinadas passagens?

Esse é o primeiro sinal de um bom equilíbrio tonal. Então, vamos para a segunda etapa: aumente um pouco o volume e veja se alguma frequência começa a se destacar e se separar das demais.

O que eu garanto para você é: se em volume realmente baixo não apareceu vales e picos, ao aumentar um pouco o volume, isso também não irá ocorrer.

Continuemos: se em um volume mais próximo do ideal da gravação, tudo se mantém confortavelmente audível, esse fone possui um bom equilíbrio tonal.

Mas volto a lembrar: é preciso escolher uma gravação e sem equalização e compressão. Então não escolha seus fones com gravações tecnicamente limitadas e artisticamente pobres! Essa é a questão relevante e que muitos pseudo revisores ‘moderninhos’ sequer levam em consideração, e por isso que ocorre tanta desinformação e avaliações tortas e mal feitas!

E se o fone passou pelas duas fases do teste do volume, e quiser tirar a ‘prova dos nove’, ok! Coloque no volume correto da gravação ainda (esse volume é aquele que não nos incomoda e nos fortíssimos não distorce ou comprime o sinal), e escute novamente. Se nada ficar para frente ou tiver uma tendência a ficar te chamando a atenção, o equilíbrio tonal além de correto possui refinamento suficiente para não causar fadiga auditiva.

Quer um bom exemplo para essa avaliação de equilíbrio tonal? Ouça essa gravação, de Ravel: In Search of Lost Dance, com o Linos Piano Trio. Sei que muitos de vocês podem ter ‘urticária’ ao ouvir música clássica, mas se querem ter um exemplo seguro na escolha de seus fones, no quesito mais essencial para não danificar sua audição e ter qualidade mais correta, façam esse esforço e escutem a faixa 5 desse disco: Pavane pour une Infante Défunte.

OUÇA LINOS PIANO TRIO – RAVEL: IN SEARCH OF LOST DANCE, NO TIDAL.

Primeiro no volume mais baixo possível, quase sussurrante, o famoso: ‘na calada da noite’. O violino à esquerda, o piano ao meio e o cello à direita.

Essa gravação trabalha de forma magistral as baixas frequências tanto do cello como do piano, e as médias altas e o agudo com as duas últimas oitavas da mão direita do piano e do violino. Se você não conhece a música, ouça por favor umas duas vezes, para se familiarizar com a melodia.

Em baixo volume, observe se escuta integralmente, o tempo todo, os três instrumentos. Se tiver dificuldade, comece a duvidar da qualidade do equilíbrio tonal do fone. Se precisar aumentar o volume para tentar acompanhar os três instrumentos, e algum deles começar a se destacar dos outros, esqueça o fone que estiver usando, OK?

Voltando ao OH10, como já escrevi, seu equilíbrio tonal é excelente! Seja em que volume você escolher ouvir seus discos. E esquece essa besteira de ‘curva W’, pois ele é suficientemente linear para reproduzir todas as frequências sem picos e vales!

Com isso, a apresentação das texturas dos instrumentos é também de alto nível, permitindo o acompanhamento de cada linha de todos os instrumentos, em toda diversidade de paletas de cores, nuances e intencionalidade. Levando-o a uma imersão completa!

Os transientes são outro ponto alto do OH10. Você irá se surpreender o quanto ele apresenta com extrema precisão o tempo e o andamento da música. Ouvir obras com grande variação de ritmo é simplesmente um deleite com esse fone!

A dinâmica nessa faixa de preço é uma surpresa e tanto. Pois conseguimos ouvir obras complexas, de muita variação, em volumes seguros, sem querermos aumentar o volume.

Essa é uma grande dica também, pois muitos ao quererem sentir aquela passagem dinâmica com maior impacto, gostam de aumentar o volume, e com o OH10 isso não será preciso (mais uma vez, só é possível curtir a macrodinâmica em volumes seguros, quando o equilíbrio tonal é impecável).

Um problema ainda não solucionado nos fones intra-auriculares (pelo menos de todos que ouvi e testei) é em relação a todos os instrumentos terem sempre um tamanho reduzido, dificultando levar nosso cérebro a esquecer que é só reprodução eletrônica.

Já escrevi até em editorial que não levaríamos em consideração para avaliação de fones soundstage e corpo harmônico, pois ambos – seguindo de nossa Metodologia – estão muito abaixo do padrão mínimo aceitável.
No entanto, nos fones intra-auriculares o corpo é ainda mais diminuto e homogêneo que nos fones abertos.
Pode ser que isso não lhe incomode em nada, porém a mim incomoda e muito.

Não sei se existe algum fone intra-auricular que já tenha vencido essa barreira e encostado nos fones externos, mas esse é um objetivo ainda a ser atingido em minha opinião.

Se falta mostrar a relação distinta de tamanho entre os instrumentos, o OH10 sobra em colocar no centro de nosso crânio os músicos materializados (ainda que em tamanho reduzido). Diria que muitos de vocês irão adorar a experiência de ouvir com tantos detalhes os instrumentos e vozes.

Outra questão que vejo ser dada pouca ênfase nos testes internacionais, é quanto à questão de ponto de equilíbrio entre inteligibilidade e ausência de fadiga auditiva dos fones avaliados. Para nossa Metodologia, na avaliação de fones, sem termos claro o grau desse ponto de equilíbrio alcançado pelo produto em teste, fica impossível determinar a nota do quesito musicalidade.

O OH-10 é muito bom nesse quesito, pois consegue com incrível maestria mostrar a transparência sem nenhum excesso, oferecendo alto grau de inteligibilidade com baixa fadiga auditiva!

CONCLUSÃO

A Ikko certamente está aprendendo a entender esse mercado, e buscando lançar produtos cada vez mais competitivos e de excelente nível de construção, acabamento e performance.

E estão aprendendo rápido!

O Obsidian OH10 é um excelente fone intra-auricular que certamente irá agradar a todos que desejam um fone com essas características.

Tem coisas que podem ser melhoradas? Certamente que sim, como o cabo muito fino, e seu peso. A questão é o quanto esses dois detalhes podem impactar no preço final do produto.

Em sua faixa de preço são muito competitivos, e certamente estão dando uma grande dor de cabeça para os fabricantes concorrentes.

Se você deseja um intra-auricular nessa faixa de preço, o OH10 merece ser colocado em sua lista de opções!


PONTOS POSITIVOS

Ótima relação custo e performance.

PONTOS NEGATIVOS

O cabo é extremamente fino e o peso do fone pode ser um problema para alguns.


ESPECIFICAÇÕES

Plug3.5mm
Impedância18Ω
Sensibilidade106dB/mW
Resposta de frequência20 – 40KHz
Comprimento do cabo1.2m
Princípio de funcionamentoHíbrido de driver dinâmico com driver de armadura balanceada
Conector do cabo0.78mm de dois pinos
Material do cabo27um Cobre de alta pureza single crystal
Driver de armadura balanceadaKnowles 33518
Driver dinâmicoDiafragma de polímero coberto de titânio
Material do corpoLiga de cobre
FONE DE OUVIDO IKKO OBSIDIAN OH10
Conforto Auditivo 10,0
Ergonomia / Construção 10,0
Equilíbrio Tonal 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 90,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
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