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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Costumo, ao receber um novo fone da Grado para testar, sempre me fazer a mesma pergunta: “o que me espera desta vez?”

Já testei dezenas de modelos desse fabricante do Brooklyn, e ainda sou usuário do modelo SR325e (desde seu lançamento há mais de 7 anos).

Grado é uma marca que ou os amantes de fones adoram, ou odeiam. Não existe meio termo.

E entendo perfeitamente que assim seja, pois existem determinadas ‘idiossincrasias’ deste fabricante, que são difíceis de defender até mesmo pelos que são admiradores natos da marca.

E quais são essas questões? Acabamento, design, conforto e, na minha opinião, o maior problema continua sendo a qualidade das almofadas e os cabos exageradamente grossos, para incomodarem muito se o usuário resolver ir ao banheiro ouvindo seu fone Grado.

E suas qualidades? Nos modelos mais assertivos, sua assinatura sônica!

Quando acertam, meu amigo, é realmente admirável ouvir seus discos preferidos em um Grado!

E no caso desse novo Prestige SR225x, fizeram um belo gol de placa!

Tanto que ao comparar o SR225x com o meu surrado SR325e, ficou evidente sua superioridade em todos os quesitos de nossa Metodologia.

A Grado vem passando por um lento processo de sucessão familiar, e está ficando cada vez mais evidente que a nova geração está querendo marcar território e imprimir uma nova filosofia à empresa e aos produtos.

E se tudo caminhar na direção mostrada pelo 225x, acho que teremos em breve muitas novidades e surpresas positivas.

Ainda que a nova direção esteja sendo cautelosa em termos de mudanças mais incisivas, as pontuais além de extremamente assertivas, estão mostrando que os fones tem muito a evoluir e conquistar novos admiradores.

Pois estão conseguindo implementar mudanças significativas onde realmente importa – na performance final.

A grande ousadia, foi aprimorar as qualidades de um fone campeão de vendas por mais de uma década, o SR225e, e que para muitos admiradores da marca sempre foi o fone de melhor relação custo/benefício.

O novo SR225x ainda mantém o visual padrão da marca, mas mudou exatamente onde necessitava, com um novo driver de quarta geração, com um circuito magnético muito mais potente, massa reduzida e diafragma novo de 44mm.

Como todo produto Grado, estes também são feitos à mão no Brooklyn, em Nova York.

Agora também existe uma faixa de apoio à cabeça mais confortável, e uma espuma que segundo o fabricante melhora e muito a resposta de graves.

O fabricante pede pelo menos 100 horas de queima, antes de audições pormenorizadas, mas eu acalmo todos que sofrem de ansiedade latente, porque o SR225x sai tocando lindamente assim que se deslacra a embalagem.

O que irá melhorar, Andrette, com as 100 horas? Basicamente a extensão nas duas pontas, somente isso. E muito, principalmente, nas altas frequências!

Bem, como já havia lido em alguns fóruns o impacto que causou a chegada dessa nova versão, para os que possuem o SR 225 e, não tive dúvida e coloquei de cara uma gravação ‘cavernosa’, daquelas de escancarar defeitos e qualidades de qualquer fone com pretensões audiófilas reais!

As Sinfonias 4, 5 e 6 de Shostakovich com a Filarmônica de Oslo sob a regência de Klaus Mäkelä (leia o Playlist nesta edição).

Vá direto à faixa 1, assegure o volume seguro e correto, e aperte o play. O SR225x reproduziu este primeiro movimento da Quarta Sinfonia com enorme autoridade, graciosidade e inteligibilidade, raro para um fone que lá fora custa 250 dólares!

Com muito mais graves e peso que fones como no meu SR325e, por exemplo, ou fones fechados de mais de 500 dólares.

O que estou querendo dizer, amigo leitor, é que esse Grado veio para reescrever a história de fones abertos e fechados na sua faixa de preço, e até mesmo no dobro de seu preço!

Todo Grado sempre encantou pela sua capacidade e transparência de reproduzir a região média (principalmente a série Prestige), e o SR225x não poderia ser diferente, mas a qualidade dos graves e a extensão dos agudos estavam presentes nesse grau de requinte apenas na série acima deste fabricante, custando bem acima de 1000 dólares.
Por isso minha surpresa e espanto em ouvir esse salto tão intenso na série de entrada!

Mesmo usando-o direto no meu smartphone Samsung, pude ouvir diversas gravações em volumes seguros, com enorme inteligibilidade e conforto auditivo, mostrando o quanto o SR225x tem um excelente equilíbrio tonal.

As texturas são magníficas, com uma riqueza de detalhes inebriante. Se você for fã de vozes e instrumentos acústicos, digo que será muito difícil achar um fone mais refinado nessa faixa de preço, ou até mesmo um pouco acima.

Outro dia li um articulista dizendo a razão dele usar o disco da cantora Bjork – Homogenic, principalmente a faixa 1 – Hunter, para avaliar fones e caixas acústicas. Como sou curioso em entender as escolhas dos avaliadores, lá fui eu ouvir o disco em nosso Sistema de Referência e depois nos nossos fones.

Como toda gravação de música pop, existe um grau de compressão exagerado, que faz com que a música soe sem ar e com pouca extensão nas altas.

Mas é interessante ouvir essa ‘massa sonora’ e buscar instrumento por instrumento na mixagem. E o SR225x fez isso com competência e folga. A faixa indicada tem uma caixa com esteira aberta marcando o tempo, e se os transientes não forem precisos com toda aquela massa sonora, ela fica difusa. Não foi esse o caso no SR225x.

A marcação de tempo foi de uma precisão cirúrgica!

Eu gosto, para avaliação de transientes, de gravações que variem o tempo no andamento, para que se possa avaliar se não temos aquela sensação de perda de alguma passagem, ou que a música ficou letárgica.

Um exemplo matador para essa avaliação é da banda GoGo Penguin – From The North, primeira faixa – Wave Decay, em que o baterista hora faz a marcação no chimbal, hora no bumbo em mudança de tempo, e hora na caixa. Se os transientes não forem corretos, ficam uma confusão enorme as variações de tempo e a variação dinâmica.

Novamente, o SR225x encarou o desafio de frente e passou com louvor, principalmente na parte final, em que o baterista utiliza o prato de condução para manter o tempo.

O SR225x também me surpreendeu na reprodução tanto da macro como da microdinâmica. E tudo em volumes seguros, o que é um tormento para reprodução de microdinâmica se o equilíbrio tonal não for corretíssimo e a transparência na região média, idem.

A gravação escolhida foi o novo álbum do pianista cubano Chucho Valdés com o Royal Quartet – Cuba And Beyond – faixa 1 – Punto Cubano.

A variação dinâmica é excelente para se avaliar qualquer equipamento, e fones, e caixas acústicas. Então, diria ser obrigatório!

Pois ele permite observar como o contrabaixo e a percussão se comportam nos pianíssimos e nos fortíssimos, assim como o piano de Chucho, claro.

Fiquei surpreso o quanto o SR225x expressa com autoridade essa enorme variação sem perder o fôlego ou soar difuso nos fortíssimos.

A sensação de estar entre os músicos nas gravações tecnicamente bem gravadas, é instantânea, você não precisa nem fechar os olhos!

CONCLUSÃO

O SR225x foi muito além do esperado, ao substituir o seu antecessor: um campeão de vendas por uma década.
Mas a surpresa não termina em fazer essa troca com absoluta maestria. Acho que o SR225x sinaliza uma mudança muito mais profunda e que certamente irá definir toda uma nova geração de fones Grado daqui em diante.

Se não foi apenas uma questão de acerto pontual (que não acredito), podemos esperar em um futuro próximo, muitas novas surpresas.

Musicalmente o Grado SR225x é impecável! E se os que possuem restrições ao design e conforto, se derem a oportunidade de ouvi-lo, podem ser surpreendidos com seu alto grau de performance.

E aos amantes da marca, não preciso dizer o quanto devem conhecer essa pequena joia sonora!


PONTOS POSITIVOS

Um fone que redefine sua faixa de preço.

PONTOS NEGATIVOS

Cabo muito grosso e almofadas que no calor extremo incomodam.


ESPECIFICAÇÕES

TipoDinâmico Aberto
Resposta de frequência20Hz a 22kHz
Sensibilidade99.8dB
Impedância nominal38 ohms
Drivers casados0.05dB

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