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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Quem me alertou para essa ‘tendência’ foi minha filha de dezesseis anos, ao me enviar uma matéria que saiu na CBN falando sobre um novo jeito de consumir e produzir música.

Segundo a matéria, as redes sociais estão mudando a forma como os jovens consomem música – já que o TikTok e Instagram estão apresentando vídeos curtos de 15 a 60 segundos de músicas editadas, tocando em looping somente uma parte da canção.

E, segundo uma reportagem recente da BBC, os criadores desses vídeos curtos utilizam apenas parte da música, para que tenha um exponencial aumento de visualizações.

E isso não é tudo: esses ‘criadores’ ainda aceleram a música, já que as plataformas permitem ouvirmos música e filmes em velocidade dobrada. O que obviamente modifica completamente a experiência de ouvirmos música e nos conectarmos a ela.

E, para deixar todo esse quadro ainda mais dramático, essas ‘montagens’ são líderes nas paradas de streaming. Essas montagens ou MTGs, pegam vários estilos e misturam funk, música eletrônica e MPB e lançam essas versões modificadas, aceleradas e parciais.

Para Leonardo Edde, presidente do Conselho Empresarial da Indústria Criativa da Firjan, “se você acelera a música, você está mudando o conceito daquele criador, que é uma destruição do que foi originalmente criado”.

Para produtores musicais ouvidos pela reportagem, acelerar e modificar músicas com finalidade de viralização, podem produzir uma homogeneização dos sons que ouvimos.

Eu vou muito mais longe: uma geração que não tenha a cultura de ouvir obras originais em sua totalidade, darão cada vez menos valor à música, utilizando-a apenas como pano de fundo para coreografias repetitivas e medíocres.

Não acredito que o jovem leitor da Audiofone, que esteja todo mês nos lendo e buscando maneiras de realizar upgrades para ter maior prazer em ouvir suas músicas, esteja caindo nessa armadilha.

Mas fica aqui o recado, dado pela minha filha, que muitos jovens perderam o total interesse por criar playlists e curtir suas músicas na íntegra.

Vivemos tempos de profundas rupturas, e não tenho uma bola de cristal para saber o que ocorrerá daqui uma década, mas espero que isso não passe de apenas mais um modismo raso como uma poça d’água, e que lá na frente a música volte a ser um elemento essencial na vida de todos como o foi até esse momento para toda a humanidade!

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