Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Nossos leitores assíduos sabem que a empresa Italiana Gold Note é frequentadora desta publicação, com inúmeros testes já publicados, como dos prés de phono PH-1000 e PH-10, do pré de linha DS-10 em um excelente pacote que ainda inclui streamer e DAC, e o integrado IS-1000.
Todos com uma excepcional relação custo/performance e um design moderno e sóbrio.
Da linha de eletrônicos, faltava-nos testar o power estéreo top de linha, o modelo PA-1175 MkII, com um gabinete idêntico ao do pré de phono PH-1000, porém muito mais pesado que este.
Segundo o fabricante, o PA-1175 MkII não é apenas mais um amplificador de potência estéreo, e sim o modelo que substituiu o premiado amplificador Demidoff Signature Anniversary.
Com uma nova topologia, ele utiliza a tecnologia BTL (Bridge-Tied-Load) para que se assim o usuário desejar, passar a funcionar como um power em ‘bridge’, mono, dobrando sua potência para 520 Watts por canal. Em estéreo, ele dá 200 Watts em 8 ohms.
Outro interessante diferencial (também existente no IS-1000), é o interruptor de Damping Factor, que configura o power em 250DF ou 25DF, para casar-se com qualquer tipo de falante. Em 250DF, ele garante um maior controle para caixas mais difíceis de ‘domar’, enquanto em 25DF atua mais como um amplificador de baixa potência, ideal para acionar caixas de alta sensibilidade.
Como toda a linha premium da Gold Note, o gabinete é todo de alumínio escovado, disponível em três acabamentos: prata, preto e dourado.
Ele pesa 22 kg, e é interessante que seja desembalado muito próximo de onde será colocado, ou se precisar ser transportado, que tenha a ajuda de uma segunda pessoa.
Trata-se de um Classe A/B com 80.000uF de capacitância na fonte de alimentação, dando-lhe folga para variações dinâmicas intensas.
Voltando ao transformador, este possui um núcleo espiral cortado para reduzir todo tipo de vibração mecânica, o que é essencial para salas silenciosas como a nossa de Teste.
Como, ao final, utilizamos um par em mono para sentirmos as diferenças sonoras e dinâmicas entre o estéreo e mono, pudemos realmente constatar o silêncio de seus transformadores, mesmo após dias e muitas horas de uso.
Seria muito bom se muitos dos concorrentes avaliassem a ‘técnica’ empregada pela Gold Note para seus transformadores serem tão silenciosos.
No painel frontal temos apenas dois pequenos botões do lado esquerdo. O da ponta para ligar e desligar o aparelho, e ao seu lado para definir o fator de amortecimento desejado para casar-se melhor com as caixas.
Já no painel traseiro, temos os excelentes bornes de ligação para as caixas, a tomada IEC, botão para ligar o power, entradas RCA e XLR, e um pequeno interruptor que possibilita converter o power de estéreo para mono. Dois LEDs vermelhos irão indicar se está em estéreo ou mono.
Para a ligação em mono, o manual felizmente dá todas as dicas para você não errar. Então não acione apenas a chave para mono, pois você precisará refazer a conexão nos bornes da caixa para os pinos positivos, em ponte, para que a saída esteja em fase.
Para o teste utilizamos os prés de linha Nagra Classic e o Audiopax Reference (leia teste na edição 311). As fontes foram: Streamer Nagra e Innuos ZENmini Mk3, com os DACs Nagra TUBE DAC e Ferrum Audio Wandla (leia teste na edição 310). Fontes analógicas: prés de phono PH-1000 da Gold Note, E-2 da Soulnote (leia teste 2 na edição 308), e Lehmann Audio Black Cube II (leia teste na edição de março de 2025). Toca-discos: Reloop Turn X (leia teste na edição de março de 2025), e o nosso setup de referência com Origin Live Sovereign Mk4 com braço Enterprise Mk3 de 12 polegadas, e cápsula ZYX Ultimate Astro. Caixas acústicas: Wharfedale Aura 2, Marten Oscar Trio (leia teste 1 nesta edição), Yamaha NS-5000, e Estelon X Diamond Mk2.
O teste inicialmente foi feito apenas com uma unidade, em estéreo.
O fabricante fala em 200 horas de amaciamento para você realmente desfrutar de sua qualidade sonora. Antes desse tempo, li vários testemunhos que acharam o som ‘contido’ ou tímido.
Confesso que não tive essa impressão, e talvez muitos não tenham feito uso do fator de amortecimento para ajustar o casamento com a caixa.
O que posso dizer a vocês é que o amaciamento será importante para soltar as amarras que seguram o amplificador, nas duas pontas.
O grave parece engessado e falta arejamento nos agudos. Mas nada que te impeça de passar o período de queima ouvindo-o. Para tanto, será preciso se sentar, escolher algumas faixas e ver em qual das duas opções de fator de amortecimento sua caixa soa mais coesa com o power.
Felizmente, aqui, das quatro caixas utilizadas, todas ficaram melhores e mais à vontade com 250, e não 25. Assim como o integrado IS-1000, e o pré de phono que tão bem conheço, o PA-1175 MkII está muito mais para uma assinatura sônica neutra do que eufônica ou ultra transparente.
E tenho absoluta certeza de que, para os que ainda não se acostumaram com essa ‘terceira via’, a sensação é de quem aprecia um som mais ‘quente’ ou que seja ultra transparente, irá estranhar essa assinatura sônica, até entender as vantagens da neutralidade.
E constatei isso tanto em fóruns, como em um dos testes que li desse power que dizem que sua sonoridade é certa, mas contida, ou muito ‘comportada’.
Confesso que ri com essas conclusões, pois ao mesmo tempo que o audiófilo usou o termo ‘comportado’, logo depois ele se contradisse, ao afirmar que sua macro-dinâmica possuía excelente folga. Ora, uma apresentação ‘comportada’ dificilmente terá muita folga em picos dinâmicos, concorda?
Mas, enfim, isso são conclusões geralmente de quem ou não tem experiência suficiente, ou falta-lhe método e referência. Só que essas opiniões ficam registradas por anos em fóruns e podem levar inúmeros leitores a conclusões equivocadas.
Continuemos…com duzentas horas, os graves irão ganhar corpo e mais peso, e os agudos ar e melhor extensão.
Com todas as fontes utilizadas, e com qualquer um dos dois prés de linha, o Gold Note se casou muito bem. Assim como com as caixas – exceto a Estelon, que é uma caixa mais ‘gulosa’ que o power em estéreo penou para tocar (o problema foi integralmente resolvido quando ligado em mono – aí foi ‘mamão com mel’!
Seu equilíbrio tonal é muito correto, médios muito bem definidos, com um grau de inteligibilidade excelente. Graves também corretos, limpos, com excelente recorte e velocidade, e agudos sem nenhum excesso de brilho ou dureza.
Não esperaria nada menos que isso de um Gold Note, pois mesmo na série mais simples, essas qualidades já estão presentes em termos de equilíbrio tonal.
O soundstage é impecável, tanto em termos de planos, como de largura, profundidade e altura, e de recorte e foco.
As texturas estarão lá, basta que as fontes e o pré de linha estejam no mesmo nível que o power. É excelente a apresentação da paleta de cores dos instrumentos, e há uma boa intencionalidade.
Os transientes, em todos os eletrônicos Gold Note que avaliei, são padrão hi-end. Você não terá a menor dificuldade em acompanhar tempo, ritmo e variação de andamento.
A macro-dinâmica é correta, e a micro idem, mas se você quiser mais impetuosidade, transforme-o em mono e terá toda ‘volúpia’ que desejar.
O corpo harmônico é nível Referência, e a materialização física do acontecimento musical à sua frente só dependerá da qualidade de gravação. Tendo-a, os músicos irão, todas as noites, tocar exclusivamente para você.
CONCLUSÃO
A Gold Note vem conquistando seu espaço e reconhecimento, sem fazer alarde ou dar passos maiores que as pernas.
Suas armas são: preço, acabamento, design e, claro, performance.
Como já escrevi na conclusão de outros produtos deste fabricante, o que surpreende o ouvinte é o quanto ele é correto sem possuir em sua performance arestas ou pontas soltas.
Ele é justo no pacote que entrega ao consumidor, e cumpre com o que apresenta. Seus produtos são robustos, muito compatíveis com produtos de outros fabricantes graças ao seu alto grau de neutralidade.
E se o audiófilo desejar, a Gold Note pode oferecer um sistema completo da fonte digital ou analógica até as caixas acústicas, o que irá garantir sua assinatura sônica neutra em todas as etapas da cadeia.
Se você busca um power com uma assinatura sônica mais neutra para o seu sistema, você deve ouvir o PA-1175 MkII.
Ele pode ser aquele elo que você procura entre suas fontes e suas caixas.
E se você desejar maior folga dinâmica, e tiver salas maiores e caixas também mais exigentes, um segundo PA-1175 MkII resolverá o problema, com a vantagem de custar muito menos que inúmeros powers estéreo da concorrência.
PONTOS POSITIVOS
Um power extremamente correto e neutro.
PONTOS NEGATIVOS
Para quem busca uma sonoridade mais quente ou ultra-realista, não é uma opção.
ESPECIFICAÇÕES
Potência | 200W @ 8Ω por canal (520W @ 8Ω em mono BTL) |
Resposta de frequência | 1Hz a 100KHz (± 1dB) |
THD (Distorção Harmônica Total) | <0.01% (20Hz a 20kHz) |
Relação Sinal/Ruído | -110dB |
Damping Factor | Selecionável |
Sensibilidade de entrada | 1000mV em RCA 4000mV em XLR |
Impedância de entrada | 47KΩ |
Consumo | 1200W max – 1.2W ocioso |
Transformadores | 640VA toroidal proprietário GN |
Dimensões (L x A x P) | 430 x 135 x 370 mm |
Peso | 20.5kg (27kg embalado) |
Acabamentos | Alumínio escovado em Preto, Prata ou Dourado |
AMPLIFICADOR GOLD NOTE PA-1175 MKII (EM ESTÉREO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 12,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 12,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 11,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 98,0 |
AMPLIFICADOR GOLD NOTE PA-1175 MKII (EM MONO - BRIDGE) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 12,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 12,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 13,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 100,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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