Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Em novembro último, tive o prazer de entrevistar Kimberly Stahl da tradicional fabricante de cabos americana Purist Audio Design.
AVMAG – A Purist Audio é bastante conhecida no mercado audiófilo brasileira, principalmente com o saudoso cabo de interconexão RCA modelo 20th Anniversary – isso faz, certamente, mais de 15 anos. A Purist continua sendo uma empresa familiar?
KIMBERLY – Sim, sim! Foi fundada por meu pai, Jim Aud. Temos 38 anos, firmes e fortes.
E entendi que você, hoje, não é apenas a presidente da empresa, mas também ativamente desenvolve cabos?
Sim. Os mais recentes que lancei foram a série Jade Diamond. É uma série completa de cabos que vão de interconexão, caixas, cabos de força, cabos digitais, linha completa. Até mesmo um cabo de phono. Enviei um jogo completo de Jade para um revisor há cerca de um ano, e ele ficou impressionado que ele poderia conectar todo o seu sistema com o mesmo cabo, para fazer uma avaliação completa.
A Jade Diamond é uma linha de entrada? Ou nível médio?
É de entrada. Tem um bom preço, e isso a torna um produto muito acessível para muitas, muitas pessoas que gostam de curtir música.
E o que a levou a se interessar pelo desenvolvimento de cabos? Além de ser da família, claro.
Bem, eu nasci no negócio, na verdade. Meu pai sempre se interessou por áudio. Ele fazia reparos para as pessoas, e com o tempo, com sua formação e acesso à tecnologia, ele encontrou maneiras de começar a utilizar parte desse conhecimento e desenvolvê-lo ainda mais. Como testemunhei o que ele conquistou ao longo dos anos, ele nos bastidores treinou a mim e a vários dos meus técnicos e funcionários – com os quais trabalho em estreita colaboração, membros da minha equipe. Para que assim pudéssemos continuar o legado da Purist Audio Design, e para que também pudéssemos aprender a desenvolver e ouvir os produtos. Também ouvimos frequentemente o feedback de clientes, de nossos revendedores e distribuidores, e de outros fabricantes, sobre o que o mercado acha necessário.
Além de desenvolver a parte de engenharia de cabos, você também faz o ajuste fino dos mesmo com testes de audição?
Sim, eu ouço. Eu ouço frequentemente. Na verdade, eu tenho um protótipo de cabo no meu sistema de casa agora, que eu tenho avaliado nos últimos meses.
Conte-nos um pouco sobre sua linha de produtos – sua linha de atual que, pelo que entendi é bem extensa.
Bem, temos uma série completa, em vários níveis de preço. O Jade é o nível de entrada, com um preço bem razoável, e daí vários pontos de preço o separam até o 35th Anniversary, que é nosso produto topo de linha – obviamente, o produto mais caro. E então temos a linha Musaeus, que oferece um pouco mais de blindagem – com metalurgia e blindagem diferentes. E linhas intermediárias como a Aqueous, Aqueous Diamond, Neptune, Corvus, Dominus: vários pontos intermediários, que agora são todos Diamond.
Alguns anos atrás, vocês anunciaram um tipo de blindagem por fluido. Ainda continua sendo usada?
Ainda temos vários tipos de blindagem. Sempre temos uma blindagem mecânica em todos os nossos produtos, e alguns também usam o fluido. Você encontra o fluido na linha Poseidon, por exemplo. Também temos o Ferox, que você encontra na linha Corvus. E a linha Musaeus usa um material à base de silicone granulado. E tem o Contego, que pega a tecnologia de fluido e a tecnologia Ferox e as funde, que está presente na linha 35th Anniversary.
E qual você diria que é a assinatura sônica de seus cabos? Como em mais ‘analítico’, mais ‘quente’ ou mais ‘neutro’. O que a Purist procura?
Preferimos sempre um som mais natural.
Agora, a pergunta que ninguém quer responder, que é sobre a descrença das pessoas em relação aos cabos, e como você justifica os cabos para os Objetivistas? Para as pessoas que seguem medições e engenharia, e que dizem que geralmente dizem que os cabos não importam.
OK, na verdade fazemos sim medições em todos os nossos produtos. Temos tecnologia computadorizada em que medimos todos os nossos cabos, para que possamos saber seu desempenho. Isso nos dirá coisas diferentes, dependendo do que estamos medindo. Meu marido na verdade é engenheiro elétrico, e ele faz muito trabalho de desenvolvimento em áudio, e ele nos ajudou a desenvolver muito do que fazemos. Podemos provar que nossos cabos importam, fazem diferença. Não é apenas subjetivo. Você sabe, podemos mostrar a prova, a evidência da clareza do sinal que trafega. Há uma engenharia para isso.
Além da tecnologia de blindagem por fluido, vocês também fazem tratamento criogênico em todos os seus cabos?
Fazemos um processo chamado Cryomag. Mergulhamos nele os materiais por tempos diferentes, dependendo do que estamos tentando alcançar.
Em quais outras tecnologias vocês são pioneiros?
Estamos sempre buscando desenvolver novas tecnologias, e tentando acompanhar os tempos. Estamos sempre trabalhando em algo novo. Há coisas em andamento agora, das quais não posso falar abertamente agora, porque são coisas proprietárias. Mas, com todo o histórico de desenvolvimento ao qual tenho acesso, todos os profissionais com suas expertises, sempre seremos uma empresa de ponta.
Vocês ainda fabricam o System Enhancer?
Ainda temos, sim! Temos tanto em CD quanto em vinil, e também temos no pendrive – então você pode fazer o download dele também.
Difícil imaginar alguém fazendo burn-in de seu sistema com vinil. Existe um recurso específico nesse formato, no System Enhancer, para o burn-in de cápsula e braço, diferente do mesmo produto em CD?
Sim, ele foi projetado de forma diferente para acomodar especificamente as necessidades do phono.
Quais são novos produtos sendo desenvolvidos, novos objetivos? Alguma coisa no horizonte para a Purist?
Bom, no momento eu quero levar a empresa para um mercado mais amplo. Acredito que muitas pessoas podem aproveitar nossos produtos, e é por isso que temos níveis de preço diferentes. Eu acho que nosso mercado está muito estreito há muito tempo, e precisamos abri-lo, torná-lo mais amplo, sabe. As gerações mais jovens precisam ser trazidas para o áudio, e as mulheres também. As mulheres têm uma audição excelente.
Sim, a audição delas é muito melhor que a dos homens, em muitos casos.
Tínhamos que ouvir as crianças e os predadores, lá na época dos Homens das Cavernas (risos!).
As mulheres são muito sensíveis às artes e coisas assim. Então elas percebem nuances onde os homens geralmente não percebem. Mas, continuando: as pessoas que seguem medições na internet, dizem que capacitância, indutância e resistência definem e mostram tudo o que um cabo faz ou não faz. O que você acha dessa afirmativa?
Há muito mais medições que isso, porque você quer ver o quão reto é o sinal pelo seu cabo, basicamente. E ver onde estão as áreas mais fracas dele. Estamos avaliando um cabo de ponta a ponta. Podemos avaliar onde está o ponto fraco, onde pode haver interrupções. Também podemos avaliar onde os pontos fortes e fracos, onde a blindagem está aparentemente fazendo um bom trabalho contra a interferência. Podemos usar sobre o cabo celulares ou outros equipamentos que geram interferências, para ver onde a blindagem sustenta, para que não vibre e não interrompa o sinal – porque é realmente o objetivo final ter o sinal mais limpo e reto possível. Também trabalhamos com metalurgia, com os mais novos processos de fabricação de fios. Agora existem processos onde ele pode ser muito mais limpo em um nível microscópico. Você pode olhar para ele em um microscópio e ele parecerá muito menos irregular.
Sim, como a questão do cristal contínuo do cobre, e coisas assim.
Quando lançamos a série Diamond, foi quando começamos a fazer os novos processos na fabricação de fios. Todos os condutores são feitos com o novo processo. Então, dessa forma, há menos fragmentação no fio e no processo. Há pequenas coisas que se destacam e que são suavizadas um pouco.
Vocês estão fortalecendo sua distribuição mundial, até mesmo no Brasil. Vocês já estão tendo distribuição agora em todos os continentes?
Sim, temos mais de 40 distribuidores no mundo todo. Estamos trabalhando no Brasil há pelo menos dez anos, e estamos construindo lentamente o mercado. E esta foi minha visita como parte de nossa grande introdução ao mercado.
Então, você tem visitado revendedores e lojas no Brasil?
Sim, visitei revendedores, e fui a showrooms. E visitei clientes em suas casas.
E os clientes estão felizes com os cabos?
Ah, tem um em particular, que não parou desde que colocou alguns cabos nossos. Eu trouxe minha mala comigo, debaixo do braço, para ele experimentar.
Sim, quando se mostra efeito bom, em seus sistemas, eles os mantêm. Mas me diga, Kimberly, o que você achou do Brasil?
O Brasil tem sido maravilhoso em todos os lugares. Em cada esquina encontro música. Aqui há muita arte, muita música, muita história. As pessoas são muito simpáticas, muito receptivas. Santa Catarina é um lugar muito bonito, e nós nos divertimos muito, participamos de várias atividades como a Oktoberfest – e olha que eu sempre pensei que minha primeira vez na Oktoberfest seria em Munique, na Alemanha.
Bem, obrigado pela conversa, Kimberly – foi um prazer conhecê-la!
Obrigada! Prazer em conhecê-lo, também.