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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Estou velho demais para responder a todas as baboseiras que leio ou escuto sobre audiofilia.

Mas, algumas, como diria minha avó: “passam do ponto”. E saber que alguém escreveu e defende algo tão absurdo e nos calarmos, nos torna cúmplice daquela ideia e, pior, cria-se a sensação que realmente nos dias de hoje tudo tem que ser aceito sem ser questionado ou criticado.

Tempos estranhos esses, em que há uma total inversão de valores e as pessoas se omitem por medo de serem ‘cancelados’ nas mídias sociais.

Como sou um ‘Zé Ninguém’ nas mídias sociais, não temo a repercussão que esse artigo vá causar nos que defendem a ideia de que na audiofilia não existe certo ou errado, apenas visões diferentes pela perspectiva e interesses de cada um.

E isso tem se espalhado como o vento anunciando uma tempestade que se aproxima!

Defender essa insensatez, de que tudo é mera questão de gosto no hi-end, me leva a levantar uma primeira questão: se isso é fato, qual a razão de se ler ou assistir vídeos sobre testes de equipamentos de áudio?

O que poderia haver de relevante na opinião de um dito RCA (Revisor Crítico de Áudio) se suas observações são meramente opiniões pessoais, e nada irá acrescentar a quem não escuta equipamentos pela ‘perspectiva’ do revisor?
Segunda questão importante: diga a esse revisor que suas observações estão equivocadas e você verá esse sujeito se indignar com sua audácia, e irá tentar se impor afirmando ser ele um revisor com larga experiência e com muitos anos dedicados a esse hobby!

Como se combate essa ‘falsa verdade’, de que não existe certo ou errado na audiofilia?

Primeiro, tendo realmente um sistema correto, e que possa ser usado como Referência para avaliar outros produtos.
Você deve estar pensando: ok, mas como chego ao ponto de ter um sistema correto para servir de Referência? Ouvindo música não amplificada e aprimorando sua percepção musical, e compilando de exemplos sua memória musical de longo prazo (o hipocampo).

E isso leva tempo, perseverança e, principalmente, disciplina.

Quando você ouvir por dezenas de vezes violinos em salas de concerto atentamente, acredite – você irá saber se determinada caixa que tanto lhe interessa está fidedignamente reproduzindo um violino.

Mas como eu monto um sistema correto saindo do zero?

É aí que os reviews deveriam cumprir sua função, desde que tenham sido escritos por revisores com largo conhecimento, Referência e Metodologia.

Sem essa tríade como base, de muito pouca valia serão as avaliações.

E a maioria dos audiófilos precisará então atravessar esse deserto apenas com o seu esforço.

Acho que todo audiófilo, ao se deparar com revisores que defendem a ideia da não existência do certo ou errado, deveriam no mínimo ficar com um pé atrás em relação às conclusões desses revisores.

Pois ainda que possa parecer que seja difícil avaliar diferenças audíveis entre dois equipamentos para um audiófilo iniciante, saber se um equipamento soa correto ou não é muito mais simples do que se imagina!

Todo equipamento de áudio possui um DNA sonoro, sua impressão digital musical! E esse DNA é demonstrado pelo que chamamos em nossa Metodologia de Equilíbrio Tonal!

Então, o que todo Revisor Crítico de Áudio (RCA) deveria primeiramente fazer, seria avaliar com gravações de referência os graves, médios e agudos do produto em teste.

Sem esse primeiro teste, todas as conclusões serão meramente de ‘gosto pessoal’ e nada mais!

O problema começa a tomar forma quando observamos que as gravações muitas vezes escolhidas por esses revisores sem Metodologia, é que não são Referência seguras para avaliação de Equilíbrio Tonal.

Muitas dessas gravações estão carregadas de compressão e equalização, o que impede de qualquer tipo de conclusão E quase que na totalidade, são gravações feitas com instrumentos eletrônicos e não instrumentos acústicos, o que torna impossível determinar se o que estamos ouvindo é o que foi captado, mixado e masterizado.
Por isso que, para esses revisores, tudo se resume a gosto pessoal e nada mais!

Quais as consequências a médio e longo prazos, dessa falácia para a alta fidelidade?

A mais danosa, na minha opinião, é fazer o audiófilo iniciante achar que se essa é a verdade neste hobby, suas escolhas devem ser direcionadas pelo valor do produto e nada mais.

Levando-o a abrir mão de buscar um sistema mais correto.

E a outra nefasta consequência para todo o mercado, é nivelar todos os fabricantes, tirando o mérito dos que se esforçaram para produzir produtos dignos de fazer jus ao termo ‘alta fidelidade’!

Eu cansei de ver em nossos Cursos de Percepção Auditiva, participantes extasiados ao aprenderem a observar como é simples distinguir um setup com erro na reprodução de Equilíbrio Tonal, de um setup correto! Utilizando apenas gravações de Referência, e apontando o que precisam ouvir para saber se algo está errado ou não.

Sem a necessidade de treinamentos tortuosos e longos para desenvolver essa habilidade auditiva. Apenas: Metodologia, Referência e gravações adequadas.

E aí eu tenho que fazer a pergunta crucial: esses revisores que estufam o peito para dizer tamanha asneira, o fazem por total ignorância ou por interesses escusos?

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