Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Você, nosso leitor de longa data, sabe que vivo alertando aos que querem se embrenhar no universo analógico, dos perigos que serão inevitáveis.
Mas, e os novos leitores que acabaram de descobrir a publicação, e suas mãos estão coçando para comprar aquelas ‘vitrolas’ tão chamativas na Amazon e no Mercado Livre para tocar seus LPs, que herdaram ou compraram com seu suado suor, e acreditam que farão a coisa certa?
Já falei inúmeras vezes que se você tocar seus LPs nessas vitrolas, com suas tenebrosas cápsulas de cerâmica de 10 dólares, você irá simplesmente destruir todos seus LPs!
Então, se você realmente quer um toca-discos de verdade, que lhe retribua todo o seu investimento, e atenda às suas expectativas e tudo o que você leu sobre o “som analógico”, saiba que o toca-discos da Reloop, Turn X, atenderá a todos esses quesitos e irá te surpreender – como também me surpreendeu.
Mas quanto eu terei que investir, Andrette?
Menos de 15 mil reais!
O que pode, para muitos dos nossos novos leitores, parecer uma fortuna. Mas eu garanto que é o mínimo que terá que se gastar atualmente para se ter um TD confiável, seguro para os seus discos, e com um grau de performance capaz de deixar muitos toca-discos ‘famosos’ em situação melindrosa.
Talvez você nunca tenha ouvido falar nessa marca, ou se ouviu certamente será pelos toca-discos produzidos para DJs.
Nós testamos o Reloop Hi-Fi Turn 5 (leia o teste na edição 247), que foi o primeiro toca-discos desse fabricante lançado para o mercado doméstico.
O Turn X é o atual top de linha, e está algumas jardas à frente do Turn 5.
Enquanto a maioria esmagadora de seus concorrentes, para ter um preço competitivo, oferece seus produtos acionados por correia com algum tipo engenhoso de desacoplamento mecânico, o Turn X utiliza um motor trifásico de 16 polos de acionamento direto (direct-drive) controlado por quartzo, sem escovas, eliminando vibrações e sendo completamente silencioso – mesmo você encostando o ouvido no gabinete.
Digno de toca-discos direct-drive infinitamente mais caros que ele!
Seu braço em forma de ‘S’, com headshell removível e com ajuste de altura do braço, o VTA (outro diferencial que vários TDs concorrentes não possuem), vem de fábrica com uma cápsula Ortofon 2M Blue já montada no headshell e bem embalada, para não haver risco de danos no transporte.
Além do ajuste de VTA, traz ajuste de contrapeso e de anti-skating.
Ele já vem com cabos decentes RCA, mas nada impede de, se você tiver um bom pré de phono, ver se não haverá melhoras com um cabo de maior qualidade.
Seu prato é de alumínio, e depois de montado o Turn X pesa 8 kg. Ele vem com pés de amortecimento ajustáveis em altura, e o próprio fabricante indica que com melhorias na cápsula, pode ser interessante também a substituição dos pés originais por pés da IsoAcoustics.
Eu já achei o resultado tão bom com todo o ‘pacote original’, que somente com melhorias significativas em todo o resto do sistema, eu pensaria nesses upgrades pontuais no Turn X.
E até a tampa de acrílico dele é de boa qualidade, e realmente protege de poeira ou de crianças e animais de estimação.
Eu o liguei em nosso sistema com o pré de phono Lehmann Black Cube II, e também no Soulnote E-2 (leia teste na edição 308). Eu pessoalmente gosto da Ortofon 2M Blue mais do que da Red. Acho uma cápsula mais equilibrada tonalmente, com mais corpo e melhor resolução.
Porém ela já é mais exigente com os braços e toca-discos no geral. O que só demonstra o grau de acerto final da Reloop com o Turn X.
E ainda que não tivesse à mão nenhuma outra cápsula MM ou MC compatível com o Turn X no momento do teste, ouso dizer que ele poderia ainda render mais, com uma troca de cápsula por uma Ortofon 2M Black ou uma Hana HL – cápsulas que conheço bem e sei o quanto podem ser um divisor de performance em um toca-disco à altura de ambas!
O ajuste não levou mais de 1 hora, e dessa vez fiz sem a ajuda do amigo André Maltese – que está em vias de ser pai novamente e está devidamente concentrado nesse momento tão único.
Primeira grande surpresa ao ligar o Turn X, seu silêncio absoluto e a precisão do torque inicial para estabilizar a velocidade.
Segunda boa surpresa: mesmo com seu cabo RCA original, ao ligá-lo no Black Cube II, que também estava amaciando, já foi possível observar o ‘pedigree’ de ambos.
Uma região média muito detalhada e, já de saída, sem nenhum amaciamento, com boa profundidade, médios-graves encorpados, graves com peso e boa energia, e um agudo ainda não totalmente encaixado com os médios-altos, mas já presente.
Esse mérito certamente também é do braço em S de alumínio, muito bem construído, que permite uma leitura dos sulcos bem correta.
O que gosto nas cápsulas Ortofon série 2M, é que com 25 horas, ou seja, um dia de amaciamento, já apresentarão o seu melhor. E com essas 25 horas, os agudos se firmaram e, o mais importante: se encaixaram com os médios-altos.
Aí, instrumentos como violinos, saxofones e as três oitavas da mão direita do piano, ganharam arejamento, e eliminou-se uma certa dureza na passagem dos médios-altos para o agudo.
Os graves também ganharam mais corpo e extensão, o que possibilitou ouvirmos qualquer gênero musical sem expurgo de nenhum disco.
O que novamente só demonstra o quanto o Turn X é muito bem ajustado.
Bons transientes, boa variação dinâmica, com destaque para a apresentação de microdinâmica em bom nível de inteligibilidade, e uma macro que dependerá muito mais da qualidade do pré de phono e do resto do sistema, do que do toca-discos em si.
Corpo com tamanho digno de som verdadeiramente analógico, e aquele prazer redobrado em ouvirmos discos que estavam há muito tempo guardados na prateleira.
CONCLUSÃO
Depois de quase dois meses ouvindo o Turn X, posso garantir que a todos que querem iniciar sua jornada analógica, que esse toca-discos é seu porto seguro.
Pois seus discos bem lavados e bem conservados, se manterão assim por mais uma geração, e você finalmente poderá desfrutar do que um bom toca-discos é capaz de nos proporcionar em termos de prazer auditivo.
Mas, lembre-se que um setup analógico é ultra dependente de todas as partes. Então certifique-se que seu pré de phono esteja à altura do investimento, e que se não estiver, será preciso também investir pelo menos uns 5 mil reais no upgrade do pré. O que já elevará esse valor para quase 20 mil reais!
Se você tem uma coleção de mais de 50 LPs, acredito que valerá a pena realizar esse tão sonhado upgrade.
O Turn X passa a ser minha referência de TDs de entrada, com a melhor relação custo/performance até 15 mil reais!
Não tem como errar nessa escolha, se todos seguirem os cuidados aqui citados.
PONTOS POSITIVOS
Surpreendente em todos os detalhes.
PONTOS NEGATIVOS
Pode estar muito acima dos prés de linha de entrada.
ESPECIFICAÇÕES
Tipo de toca-discos | Tração direta (direct drive) manual |
Acionamento | Direct drive de torque superior acionado por quartzo com rotação de precisão |
Motor | Motor DC, 16 pólos, trifásico, sem escovas |
Velocidades de rotação | 33 1/3, 45 e 78 RPM |
Wow & flutuação | Menos de 0.1% WRMS |
Relação S/N | Mais de 60dB (DIN-B) |
Sistema de frenagem | Eletrônica |
Prato | Alumínio fundido com 305 mm de diâmetro e 2.1 kg de peso |
Braço tipo | Em ‘S’ balanceado estático, com 230 mm de comprimento efetivo, com ajuste de VTA |
Dimensões (L x A x P) | 460 x 172.6 x 367.3 mm |
Peso | 10.35kg |
Inclui | Tampa acrílica contra poeira, tapete de borracha, cabo de alimentação, cabo RCA com conexão de aterramento, Headshell com cápsula Ortofon 2M Blue pré-instalada. |
Tipo de cápsula | Ortofon 2M Blue – MM (Moving Magnet) |
Saída | 5.5 mV |
Agulha | Elíptica |
Força de rastreamento | 1.6 a 2.0 g |
Força de rastreamento recomendada | 1.8 g |
Peso do cápsula | 7.2 g |
TOCA-DISCOS RELOOP TURN X | ||||
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Equilíbrio Tonal | 10,0 | |||
Soundstage | 10,0 | |||
Textura | 11,0 | |||
Transientes | 10,0 | |||
Dinâmica | 10,0 | |||
Corpo Harmônico | 11,0 | |||
Organicidade | 10,0 | |||
Musicalidade | 11,0 | |||
Total | 83,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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