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Teste 2: TOCA-DISCOS AVM ROTATION R 5.3
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Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br

A Grado Labs recentemente atualizou sua linha de cápsulas Prestige, que agora passa a se chamar Prestige Series 2, introduzindo avanços significativos adquiridos no desenvolvimento da Lineage Series. Com esta nova atualização, feita em 2017, a Grado Labs mantém as concorrentes na alça de mira.

Todos os seis modelos da linha Prestige continuam intocados, inclusive no nome e acabamento externo que continua igual ao da geração anterior. São elas: Black2, Green2, Blue2 e Red2, depois vem a Silver2 e, por fim, a Gold2, topo da linha Prestige. Todas possuem o mesmo corpo, mudando apenas o acabamento em latão anodizado em prata, para as quatro primeiras, e em latão anodizado dourado para as duas últimas. Visualmente o que diferencia cada modelo é um pino postiço localizado em cada lateral do corpo da cápsula com a cor correspondente a cada uma das seis opções.

Da mais básica e barata, até a cápsula topo de linha da série – mais barata que sua concorrente mais próxima – a linha Prestige atende perfeitamente aos desejos do melômano iniciante até o experiente, que já rodou bastante e agora quer apenas sentar e ouvir seus discos com qualidade, sem preocupações, possibilitando upgrades seguros e consistentes dentro da própria linha.

Nesta edição queremos passar ao amigo leitor nossas impressões sobre a Prestige Gold2, uma cápsula recheada de qualidades, que nos surpreendeu por demais.

A Prestige Gold2 é uma cápsula MI (Moving Iron), possui resposta de freqüência de 10 Hz a 60 kHz, Separação de canais (em 1 KHz) 35 dB, carga de entrada de 47 kOhms, saída de 5 mV (a 1 KHz), indutância de 45 mH, resistência de 475 Ohms, peso de 5,5 gramas, e tracking force recomendado de 1,5 gramas.

Em seu site a Grado nos dá algumas informações sobre os processos de fabricação. Todas as suas cápsulas são montadas manualmente por sua equipe no Brooklyn, em Nova York, com alguns construtores com mais de 25 anos de experiência. Com o recente desenvolvimento da série Lineage, a empresa foi capaz de reduzir a tecnologia e trazer uma nova técnica para a Silver2 e Gold2. Esta série atualizada oferece excelente equilíbrio tonal, dinâmica e realismo, para uma reprodução mais gratificante de vocais e instrumentos. As técnicas de enrolamento de bobina, usando fio de cobre de altíssima pureza, que foram afiadas durante o desenvolvimento da série Lineage, permitiram que os circuitos elétricos alcançassem nível uníssono entre as quatro bobinas em cada cartucho fonográfico. Isso permite um equilíbrio preciso entre canais, formando uma imagem estéreo precisa.

Como em todas as cápsulas fonográficas da Grado, a Gold2 é alimentada por um sistema de ímã duplo que otimiza o equilíbrio entre os canais estéreo. Todas as partes do circuito magnético interno são mantidas com tolerâncias extremamente altas, criando a imagem estéreo desejada. O design patenteado Flux-Bridger da Grado permite que a Silver2 e a Gold2 tenham um dos sistemas de geração de massa móvel mais eficientes, criando um excelente equilíbrio em toda a faixa de frequência.

O desenvolvimento da Epoch, da série Lineage, proporcionou uma experiência profunda com o uso de um alojamento externo como dispositivo de amortecimento. Isso levou à criação de um processo que desestressa o chassi e dissipa energia indesejada além de atenuar frequências ressonantes, permitindo que o sinal desejado viaje livremente até o pré de phono.

Tanto a Silver2 quanto a Gold2 usam um cantilever OTL de quatro peças, com um diamante elíptico feito pela Grado. Um gerador polar usinado é acrescentado para obter menor distorção e maior transparência possível. Os componentes da cápsula Gold2 são selecionados manualmente a partir da produção da Silver2, que atendem às especificações de teste mais exigentes. Aproximadamente 5% da produção geralmente exibem essas especificações e se tornam algumas Gold2.

A tecnologia OTL, ou Linha de Transmissão Otimizada, fornece uma transferência ideal de sinal da superfície do LP para a bobina do sistema. Essa tecnologia rejeita ressonâncias indesejadas e reduz a distorção, preservando as frequências fundamentais e harmônicas de cada nota musical contidas na música. Isso também ajuda a reduzir ao mínimo o ruído gerado pela bobina. Além disto a agulha pode ser reposta quando assim terminar sua vida útil, e por menos da metade do valor total da cápsula.

O design da agulha OTL da Grado torna os registros contidos nos sulcos dos discos mais silenciosos. Trocando em miúdos, este sistema copia melhor as ranhuras do disco com pouco ruído, causado por discos levemente empenados, ou toca-discos sem clamp, melhorando a altura, largura e profundidade do palco sonoro e apresentando mais detalhes do que os obtidos anteriormente. Tudo isto aliado ao formato elíptico do diamante, se traduz em um nível de conforto auditivo e precisão percebida apenas em cápsulas MC ou MM de categoria Estado da Arte em diante.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Amplificador integrado Sunrise Lab V8 MkIV Special Signature com pré de phono interno. Fonte: Toca-discos de vinil Technics SP-10 MkII Broadcast com braço Linn Basik LVX. Caixas acústicas: Emotiva Airmotiv T1 e Neat Utimatum XL6. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence Magic Scope, Sunrise Lab Premium Magic Scope, Transparent Reference MM2. Cabos de Interconexão: Sunrise Lab Premium RCA, Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA. Cabo de Caixa: Sunrise Lab Reference Magic Scope e Quintessense Magic Scope.

Antes de iniciar os testes, demos uma boa ouvida na nossa cápsula de referência naquele momento. Após a audição, colocamos a Grado Gold2, ajustamos o tracking force para o peso recomendado de 1.5g – o que se mostrou bastante eficaz. Assim que a mesma baixou no disco ficamos perplexos com o nível de silêncio da cápsula ao trilhar o disco: é tão ausente de ruídos e fadiga auditiva que já passei a olhar a nossa cápsula de referência como se observa uma ex-namorada, enxergando apenas os defeitos (risos).

Passado o susto, no bom sentido, nos concentramos na audição das primeiras horas da Gold2 ao som do disco Black Light Syndrome do trio Bozzio Levin Stevens, e como era de se esperar nestes primeiros minutos de audição a cápsula mostrou uma textura muito rica na região média e média-grave, porém os extremos bastante abafados. Aqui vai um conselho ao amigo(a) leitor(a) que se interessar pela linha Prestige: nas primeiras horas de uso as altas freqüências praticamente não existem! Eu sei que isto pode pegar alguém de surpresa e levar a tirar conclusões precipitadas quanto a qualidade do produto, mas fiquem tranqüilos, isto é bastante comum em quase todas as cápsulas do mundo O que agrava esta questão na Gold2 e Silver2, também, é que nesta nova atualização ficou claro que a cápsula possui um dispositivo dissipador que atenua as freqüências ruins, por conta disto este dielétrico maciço precisa se acomodar e isto leva mais tempo que o normal, fazendo com que os agudos sofram menos alterações em decorrência do amaciamento por um período de tempo maior. Ou seja, ela vai soar abafada por muito mais tempo em comparação com outras cápsulas de outros fabricantes. O que não significa que as altas não irão desabrochar, basta ter um pouco mais de paciência. Em compensação, por causa deste sistema de dissipação, a cápsula produz uma inteligibilidade do acontecimento musical jamais percebida por nossa referência já muito amaciada.

Cápsulas modernas de qualidade demoram mais tempo para amaciar, pois seus componentes internos possuem tolerâncias mais altas, e com a Gold2 é a mesma coisa – seu período de amaciamento durou 35 horas. Os extremos só assentaram após 30 horas, e antes disto é um verdadeiro estica e puxa. Os graves ganharam uma ótima extensão com velocidade e deslocamento de ar impressionantes. Parecia que estava ouvindo uma cápsula de mais de mil e quinhentos dólares! Graças ao seu equilíbrio superior entre fases, as passagens complexas do solo de bateria se mostraram limpas, sem embolamentos ou atropelos entre as freqüências. A naturalidade da bateria e a posição de cada parte dela era facilmente acompanhada sem que com isto nosso cérebro precisasse colocar toda atenção no acontecimento uma coisa por vez, um pouco no solo, um pouco na guitarra e mais um pouco nos planos. Não! Com a Grado Gold2 passamos a ouvir tudo em uma só porção. Tudo muito bem encaixado, recortado, com uma profundidade e organicidade maravilhosa.

Depois passamos a ouvir Jeff Beck, álbum Truth, todas as faixas, pois com a Gold2 é impossível ouvir apenas uma faixa, ela traz uma energia aliada ao conforto auditivo que, para ouvir rock em geral, é uma verdadeira delícia! Nada vem pra frente, ou endurece nos solos, cada músico fica em seu lugar, colocando entre eles bastante ar e silêncio.

A única coisa nela que desagrada é que os agudos não possuem o mesmo nível na extensão do que das outras partes que compõem o espectro audível. Eles não são deficientes, não falta extensão, pois se fosse este o caso não teriam o corpo bem delineado e arrojado que tem nos pratos e nem nos mostraria um riz corpulento cheio de componentes harmônicos, mas falta um pouco de extensão sim, e neste quesito a nossa referência se sai um tantinho melhor.

Foi aí que resolvi colocar Mahler, Symphony No.1, com Georg Solti conduzindo a London Symphony Orchestra, selo Decca. Neste disco pude experimentar graves cavernosos com a Gold2, um descongestionamento de todo o acontecimento e variações dinâmicas simplesmente impressionantes. A cápsula tira tudo dos sulcos, nada passa despercebido e, mesmo nas passagens cheias de variações complexas de dinâmicam, e uma infinidade de instrumentos a tocar ao mesmo tempo, sentimos uma folga no acontecimento que podemos procurar pelos diferentes timbres e nuances de boa parte dos instrumentos, como os trombones, trompas e trompetes, até as flautas ficam audíveis no meio daquele turbilhão sonoro.

CONCLUSÃO

Para cápsulas MM de baixo custo (neste caso esta é MI, Moving Iron, o que dá praticamente no mesmo) tocarem jazz, blues, rock progressivo e pequenos conjuntos já se tornou ‘mamão com açúcar’. Agora, conseguir tocar uma pedreira como esse Mahler, e como são quase todas as gravações de música clássica, isto é novidade para mim. Pelo preço que ela custa, pelo menos 200 reais mais barato que sua maior concorrente, que não entrega tamanho conforto auditivo, não consigo pensar em uma cápsula que tenha este nível de compromisso.


Pontos positivos

Ótima construção com materiais nobres. Ótimo acabamento do corpo da cápsula. Muito silenciosa ao trilhar discos que nunca foram lavados.

Pontos negativos

A colocação do protetor da agulha chega a ser um processo mais complexo e temerário que o da Ortofon 2M Bronze. Os parafusos de fixação exigem porca externa e ficam muito próximos do corpo de metal da cápsula.


ESPECIFICAÇÕES
Resposta de freqüência10 Hz a 60 kHz
Tipo de cápsulaMI (Moving Iron)
Separação de canais em 1 kHz35 dB
Carga de entrada47 kOhms
Saída a 1 KHz5 mV
Tracking force recomendado1,5 gramas
Indutância45 mH
Resistência475 Ohms
Substituição da agulhasim
Peso
5,5 gramas
CÁPSULA GRADO PRESTIGE GOLD2
Equilíbrio Tonal 9,75
Soundstage 10,5
Textura 9,5
Transientes 9,25
Dinâmica 10,25
Corpo Harmônico 10,25
Organicidade 10,25
Musicalidade 10,0
Total 79,75
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
DIAMANTEREFERENCIA



KW Hi-Fi
(48) 3236.3385 R$ 1.620

1 Comments

  1. Sempre admirei o som do vinil pela clareza dos detalhes que apresenta sem ocultar detalhes. Nada passa desapercebido nem mesmo o mínimo estalo ao alcance da nossa visão. Tenho um toca discos MK2 da technics com unidade stanton todos originais e uma vasta coleção de vinil. Me interessei por está unidade e no meu MK2 ela se encaixa perfeitamente.

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