Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO CAMBRIDGE EDGE A
novembro 15, 2019
Teste 1: PRÉ-AMPLIFICADOR NAGRA HD PREAMP
novembro 15, 2019
CÁPSULA GRADO PRESTIGE GOLD2
Juan Lourenço

A Grado Labs recentemente atualizou sua linha de cápsulas Prestige, que agora passa a se chamar Prestige Series 2, introduzindo avanços significativos adquiridos no desenvolvimento da Lineage Series. Com esta nova atualização, feita em 2017, a Grado Labs mantém as concorrentes na alça de mira.

Todos os seis modelos da linha Prestige continuam intocados, inclusive no nome e acabamento externo que continua igual ao da geração anterior. São elas: Black2, Green2, Blue2 e Red2, depois vem a Silver2 e, por fim, a Gold2, topo da linha Prestige. Todas possuem o mesmo corpo, mudando apenas o acabamento em latão anodizado em prata, para as quatro primeiras, e em latão anodizado dourado para as duas últimas. Visualmente o que diferencia cada modelo é um pino postiço localizado em cada lateral do corpo da cápsula com a cor correspondente a cada uma das seis opções.

Da mais básica e barata, até a cápsula topo de linha da série – mais barata que sua concorrente mais próxima – a linha Prestige atende perfeitamente aos desejos do melômano iniciante até o experiente, que já rodou bastante e agora quer apenas sentar e ouvir seus discos com qualidade, sem preocupações, possibilitando upgrades seguros e consistentes dentro da própria linha.

Nesta edição queremos passar ao amigo leitor nossas impressões sobre a Prestige Gold2, uma cápsula recheada de qualidades, que nos surpreendeu por demais.

A Prestige Gold2 é uma cápsula MI (Moving Iron), possui resposta de freqüência de 10 Hz a 60 kHz, Separação de canais (em 1 KHz) 35 dB, carga de entrada de 47 kOhms, saída de 5 mV (a 1 KHz), indutância de 45 mH, resistência de 475 Ohms, peso de 5,5 gramas, e tracking force recomendado de 1,5 gramas.

Em seu site a Grado nos dá algumas informações sobre os processos de fabricação. Todas as suas cápsulas são montadas manualmente por sua equipe no Brooklyn, em Nova York, com alguns construtores com mais de 25 anos de experiência. Com o recente desenvolvimento da série Lineage, a empresa foi capaz de reduzir a tecnologia e trazer uma nova técnica para a Silver2 e Gold2. Esta série atualizada oferece excelente equilíbrio tonal, dinâmica e realismo, para uma reprodução mais gratificante de vocais e instrumentos. As técnicas de enrolamento de bobina, usando fio de cobre de altíssima pureza, que foram afiadas durante o desenvolvimento da série Lineage, permitiram que os circuitos elétricos alcançassem nível uníssono entre as quatro bobinas em cada cartucho fonográfico. Isso permite um equilíbrio preciso entre canais, formando uma imagem estéreo precisa.

Como em todas as cápsulas fonográficas da Grado, a Gold2 é alimentada por um sistema de ímã duplo que otimiza o equilíbrio entre os canais estéreo. Todas as partes do circuito magnético interno são mantidas com tolerâncias extremamente altas, criando a imagem estéreo desejada. O design patenteado Flux-Bridger da Grado permite que a Silver2 e a Gold2 tenham um dos sistemas de geração de massa móvel mais eficientes, criando um excelente equilíbrio em toda a faixa de frequência.

O desenvolvimento da Epoch, da série Lineage, proporcionou uma experiência profunda com o uso de um alojamento externo como dispositivo de amortecimento. Isso levou à criação de um processo que desestressa o chassi e dissipa energia indesejada além de atenuar frequências ressonantes, permitindo que o sinal desejado viaje livremente até o pré de phono.

Tanto a Silver2 quanto a Gold2 usam um cantilever OTL de quatro peças, com um diamante elíptico feito pela Grado. Um gerador polar usinado é acrescentado para obter menor distorção e maior transparência possível. Os componentes da cápsula Gold2 são selecionados manualmente a partir da produção da Silver2, que atendem às especificações de teste mais exigentes. Aproximadamente 5% da produção geralmente exibem essas especificações e se tornam algumas Gold2.

A tecnologia OTL, ou Linha de Transmissão Otimizada, fornece uma transferência ideal de sinal da superfície do LP para a bobina do sistema. Essa tecnologia rejeita ressonâncias indesejadas e reduz a distorção, preservando as frequências fundamentais e harmônicas de cada nota musical contidas na música. Isso também ajuda a reduzir ao mínimo o ruído gerado pela bobina. Além disto a agulha pode ser reposta quando assim terminar sua vida útil, e por menos da metade do valor total da cápsula.

O design da agulha OTL da Grado torna os registros contidos nos sulcos dos discos mais silenciosos. Trocando em miúdos, este sistema copia melhor as ranhuras do disco com pouco ruído, causado por discos levemente empenados, ou toca-discos sem clamp, melhorando a altura, largura e profundidade do palco sonoro e apresentando mais detalhes do que os obtidos anteriormente. Tudo isto aliado ao formato elíptico do diamante, se traduz em um nível de conforto auditivo e precisão percebida apenas em cápsulas MC ou MM de categoria Estado da Arte em diante.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Amplificador integrado Sunrise Lab V8 MkIV Special Signature com pré de phono interno. Fonte: Toca-discos de vinil Technics SP-10 MkII Broadcast com braço Linn Basik LVX. Caixas acústicas: Emotiva Airmotiv T1 e Neat Utimatum XL6. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence Magic Scope, Sunrise Lab Premium Magic Scope, Transparent Reference MM2. Cabos de Interconexão: Sunrise Lab Premium RCA, Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA. Cabo de Caixa: Sunrise Lab Reference Magic Scope e Quintessense Magic Scope.

Antes de iniciar os testes, demos uma boa ouvida na nossa cápsula de referência naquele momento. Após a audição, colocamos a Grado Gold2, ajustamos o tracking force para o peso recomendado de 1.5g – o que se mostrou bastante eficaz. Assim que a mesma baixou no disco ficamos perplexos com o nível de silêncio da cápsula ao trilhar o disco: é tão ausente de ruídos e fadiga auditiva que já passei a olhar a nossa cápsula de referência como se observa uma ex-namorada, enxergando apenas os defeitos (risos).

Passado o susto, no bom sentido, nos concentramos na audição das primeiras horas da Gold2 ao som do disco Black Light Syndrome do trio Bozzio Levin Stevens, e como era de se esperar nestes primeiros minutos de audição a cápsula mostrou uma textura muito rica na região média e média-grave, porém os extremos bastante abafados. Aqui vai um conselho ao amigo(a) leitor(a) que se interessar pela linha Prestige: nas primeiras horas de uso as altas freqüências praticamente não existem! Eu sei que isto pode pegar alguém de surpresa e levar a tirar conclusões precipitadas quanto a qualidade do produto, mas fiquem tranqüilos, isto é bastante comum em quase todas as cápsulas do mundo O que agrava esta questão na Gold2 e Silver2, também, é que nesta nova atualização ficou claro que a cápsula possui um dispositivo dissipador que atenua as freqüências ruins, por conta disto este dielétrico maciço precisa se acomodar e isto leva mais tempo que o normal, fazendo com que os agudos sofram menos alterações em decorrência do amaciamento por um período de tempo maior. Ou seja, ela vai soar abafada por muito mais tempo em comparação com outras cápsulas de outros fabricantes. O que não significa que as altas não irão desabrochar, basta ter um pouco mais de paciência. Em compensação, por causa deste sistema de dissipação, a cápsula produz uma inteligibilidade do acontecimento musical jamais percebida por nossa referência já muito amaciada.

Cápsulas modernas de qualidade demoram mais tempo para amaciar, pois seus componentes internos possuem tolerâncias mais altas, e com a Gold2 é a mesma coisa – seu período de amaciamento durou 35 horas. Os extremos só assentaram após 30 horas, e antes disto é um verdadeiro estica e puxa. Os graves ganharam uma ótima extensão com velocidade e deslocamento de ar impressionantes. Parecia que estava ouvindo uma cápsula de mais de mil e quinhentos dólares! Graças ao seu equilíbrio superior entre fases, as passagens complexas do solo de bateria se mostraram limpas, sem embolamentos ou atropelos entre as freqüências. A naturalidade da bateria e a posição de cada parte dela era facilmente acompanhada sem que com isto nosso cérebro precisasse colocar toda atenção no acontecimento uma coisa por vez, um pouco no solo, um pouco na guitarra e mais um pouco nos planos. Não! Com a Grado Gold2 passamos a ouvir tudo em uma só porção. Tudo muito bem encaixado, recortado, com uma profundidade e organicidade maravilhosa.

Depois passamos a ouvir Jeff Beck, álbum Truth, todas as faixas, pois com a Gold2 é impossível ouvir apenas uma faixa, ela traz uma energia aliada ao conforto auditivo que, para ouvir rock em geral, é uma verdadeira delícia! Nada vem pra frente, ou endurece nos solos, cada músico fica em seu lugar, colocando entre eles bastante ar e silêncio.

A única coisa nela que desagrada é que os agudos não possuem o mesmo nível na extensão do que das outras partes que compõem o espectro audível. Eles não são deficientes, não falta extensão, pois se fosse este o caso não teriam o corpo bem delineado e arrojado que tem nos pratos e nem nos mostraria um riz corpulento cheio de componentes harmônicos, mas falta um pouco de extensão sim, e neste quesito a nossa referência se sai um tantinho melhor.

Foi aí que resolvi colocar Mahler, Symphony No.1, com Georg Solti conduzindo a London Symphony Orchestra, selo Decca. Neste disco pude experimentar graves cavernosos com a Gold2, um descongestionamento de todo o acontecimento e variações dinâmicas simplesmente impressionantes. A cápsula tira tudo dos sulcos, nada passa despercebido e, mesmo nas passagens cheias de variações complexas de dinâmicam, e uma infinidade de instrumentos a tocar ao mesmo tempo, sentimos uma folga no acontecimento que podemos procurar pelos diferentes timbres e nuances de boa parte dos instrumentos, como os trombones, trompas e trompetes, até as flautas ficam audíveis no meio daquele turbilhão sonoro.

CONCLUSÃO

Para cápsulas MM de baixo custo (neste caso esta é MI, Moving Iron, o que dá praticamente no mesmo) tocarem jazz, blues, rock progressivo e pequenos conjuntos já se tornou ‘mamão com açúcar’. Agora, conseguir tocar uma pedreira como esse Mahler, e como são quase todas as gravações de música clássica, isto é novidade para mim. Pelo preço que ela custa, pelo menos 200 reais mais barato que sua maior concorrente, que não entrega tamanho conforto auditivo, não consigo pensar em uma cápsula que tenha este nível de compromisso.

Nota: 79,75
AVMAG #255
KW Hi-Fi
(48) 3236.3385
R$ 1.620



CÁPSULA GRADO STATEMENT MASTER 2
Fernando Andrette

Puxando pela memória, não consigo lembrar em que ano testei uma cápsula Grado da linha Reference e qual modelo. Só consigo lembrar que foi em um toca-discos Rega Planar 3 com braço RB300 e era o começo do Clube do Áudio. Em 1998, talvez.

Agora que voltou ao Brasil, pelas mãos do Fernando Kawabe, já testamos o fone de ouvido Reference Series RS1E e agora apresentamos a cápsula Statement Master 2, a top dessa linha, logo abaixo da linha Reference. Nos Estados Unidos é uma cápsula de 1000 dólares, em uma faixa de preço que existem dezenas de boas opções. Então, se destacar nesta faixa é tarefa das mais difíceis.

A história da Grado Labs, que leva o nome de seu fundador Joe Grado, nasceu em 1953, no Brooklin, em Nova York. Joe Grado é o criador da cápsula de bobina móvel (MC) estéreo. Morreu em 2015, mas desde 1990 a empresa foi dirigida pelo seu sobrinho, John Grado e, em 2013, o filho de Joe, Jonathan, tornou-se o vice-presidente de marketing da empresa.

Mas a atual Grado se tornou mundialmente conhecida pelos excepcionais fones de ouvido, que também usam madeira – as cápsulas das linhas top da Grado também sempre foram reconhecidas por serem de madeira. A linha de cápsulas da Grado é bastante extensa, começando com a série Platinum (na faixa de 350 dólares lá fora), Sonata (600 dólares), Master 2 (1.000 dólares lá), Reference 2 (1.500 dólares) e Statement 2 (3.500 dólares).

A Statement série 2, que espero em breve poder testar, é considerada por muitos articulistas como a melhor cápsula da Grado de todos os tempos, concorrendo com cápsulas custando até três vezes este preço. Como estou pior que São Tomé, quero ouvir para crer, rs.

A Statement Master 2 também possui um corpo de madeira com a implementação de uma bobina fixa mas que, como todos as cápsulas deste fabricante, utiliza um pequeno pedaço de ferro (em vez de imã) entre as bobinas – desenvolvido por John Grado em 1953 e que ficou conhecido como Moving Iron (MI), em oposição ao Moving Magnet (MM) e também diferente do Moving Coil (MC).

Um amigo meu sempre apelidou as cápsulas da Grado de bobina híbrida. Pois como tem uma saída baixa (1,0 mv) em relação as MM, as Grado são cápsulas que precisam de um ganho de pelo menos 56 dB, se comportando muito mais como uma cápsula MC.

Então, ao decidir pela compra de uma cápsula deste fabricante se atenha ao detalhe de verificar se o seu pré de phono estará apto a ela.

O fabricante fala em 40 horas de amaciamento. O André Maltese, que mais uma vez fez a gentileza de montar a cápsula no meu braço SME V, com sua enorme experiência, me disse ser interessante no mínimo o dobro deste tempo para a cápsula realmente estabilizar.O pré de phono foi o Golden Note, com seus inúmeros recursos de regulagem (quanto mais escuto este pré, mais maravilhado fico com seu custo, performance e versatilidade). Acostumado nos últimos anos com cápsulas MC de referência, como a Benz LP-S, a Air Tight PC-1 Supreme e a Transfiguration Protheus, minha curiosidade foi grande em ouvir a Grado.

O teste com a cápsula Grado Reference é tão antigo que sequer achei nos meus cadernos de anotações. E olha que procurei, por quase uma tarde, na tentativa de achar alguma dica de como as primeiras cápsulas deste fabricante com corpo de madeira soaram em meu sistema (a Grado passou a usar corpo de madeira, no início dos anos 90, justamente no lançamento da linha Reference).

Depois de três horas de instalação e ajuste fino da cápsula, sentamos eu e o André Maltese para a primeira audição. Ficamos ali escutando disco após disco, com uma região média impressionante, com timbres naturais e um convite para aquela primeira audição se estender pela noite adentro.

O André foi embora e, antes de deitar, passei alguns LPs da metodologia apenas para fazer minhas primeiras anotações. A Grado encanta pela capacidade de organizar a música entre as caixas, fazendo com que a música flua sem congestionamento ou baixa inteligibilidade.
E ainda que, nas primeiras 40 horas, falte as pontas, a naturalidade e a musicalidade nos remetem a querer apreciar, pois as virtudes já se mostram maiores que as ausências. É o tipo de cápsula que você não consegue ficar apontando as limitações, pois as qualidades saltam à nossa frente.

Corpo harmônico, além de correto, é muito preciso. Contrabaixos acústicos possuem tamanho real de contrabaixo, cantores possuem altura (se estão em pé), quartetos de cordas você consegue ouvir com prazer e ‘ver’ o tamanho dos instrumentos, e à medida que o amaciamento passou de 40 horas, as pontas foram aparecendo, sutilmente à princípio, e depois com maior rapidez.

Os graves são muito bons, com fundação, energia, deslocamento de ar, que empurrado pelo corpo harmônico correto, torna tudo muito prazeroso e verossímil. Nosso cérebro gosta do que está a ouvir, pois reconhece o conforto auditivo e a sensação do acontecimento musical estar realmente ali à nossa frente.

Os agudos, ainda que não sejam a referência das referências, não têm nada de errado. Boa velocidade, bom corpo, boa extensão. E se não são excelentes, é sempre preciso lembrar que estamos falando se uma cápsula de 1.000 dólares lá fora! E, provavelmente, as cápsulas concorrentes que tenham maior refinamento nos agudos percam em outras qualidades que a Grado têm de sobra.

Não adianta, meu amigo, nesta faixa de preço é uma questão de escolhas. Não têm jeito. Pessoalmente, prefiro mil vezes abrir mão de uma ultra extensão em cima, por um corpo e naturalidade em todo o resto do espectro audível, pois minha coleção de 6.000 LPs está recheada de gravações que tecnicamente são bem limitadas – principalmente as prensagens nacionais, em que o uso de equalização correu solto como fumo em baile funk!

É uma cápsula tão musical que, para determinados gêneros é uma das cápsulas que eu mais indicaria. Exemplos: MPB, vozes em geral (independente do estilo musical), pequenos grupos de câmara, pianos solo e música étnica. Pois a região média desta cápsula é de uma precisão e naturalidade estonteantes!

Com 80 horas, a Grado não sofreu mais nenhuma alteração, aí decidi brincar com os cabos de interconexão entre o Golden Note e nosso pré de linha. Utilizei as seguintes opções: QED Reference, Timeless Guarneri, Sunrise Lab Quintessence, Nordost Tyr 2 e Sax Soul Ágata 1.

Para o meu gosto pessoal, e para dar ainda mais ênfase à naturalidade da região média, minhas escolhas recaíram no Timeless e no Tyr 2.

O Timeless reforçou a microdinâmica e os transientes, deixando o andamento e ritmo mais presentes, e o Tyr 2 reforçou as passagens do forte para o fortíssimo na macrodinâmica, e deixando as texturas ainda mais evidentes na apresentação musical.

Engana-se quem acha que uma cápsula de 1.000 dólares não mereça todos esses cuidados. Pois se o produto tem um enorme potencial, devemos explorar suas qualidades ao máximo. Ainda faria um outro teste antes de começar a fechar a nota da Grado: ouvi três diferentes cabos de força no Golden Note para ver se era possível extrair do conjunto um sumo a mais. Tirei o cabo Transparent Powerlink MM2 e coloquei o cabo original do Golden Note, e ainda utilizei o Reference SE da Sunrise Lab.

Com o cabo original do Golden Note, os agudos além de ficarem mais escuros, perderam também um pouco de corpo. Os médios ficaram todos mais frontalizados como se a música fosse bidimensional. E os graves perderam também extensão e definição.

Com o PowerLink MM2 tudo voltou ao normal, mas óbvio que não é um cabo ideal para este setup (pré de phono / cápsula). Então, a melhor solução foi, para este setup, o Reference SE da Sunrise, mais compatível em termos de preço com o conjunto.

O importante, como disse, é que esta Grado possui ‘garrafas para vender’, podendo crescer de performance à medida que o usuário realiza upgrades em seu sistema. Sendo um investimento para um longo período e não apenas uma temporada.

CONCLUSÃO

Quando comecei a compreender a assinatura sônica desta cápsula da Grado, fiquei com a sensação inicial que seria a cápsula ideal para os melômanos. Que sempre buscam uma solução mais barata com a melhor musicalidade possível!

Mas, à medida que o teste avançou e a cápsula estabilizou, vi que estava cometendo um erro de avaliação.

Esta cápsula é tão indicada para melômanos quanto para audiófilos, que desejam no seu setup analógico o máximo de prazer auditivo sem ficar analisando se falta um pouquinho disto ou daquilo. São para todos que estão famintos por achar uma solução que toque tanto seus discos surrados, como os bem conservados. Gravações tecnicamente impecáveis, como também as sofríveis.

E que nos mostre a melhor qualidade do vinil: seu corpo harmônico. Capaz de encher uma sala com o sax de John Coltrane, nos fazer pular na cadeira com os naipes da big band de Duke Ellington e nos levar a prender a respiração com o dueto entre Louis Armstrong e Ella Fitzgerald. E eu lhe garanto que isto a Grado Statement Master 2 faz com os pés nas costas!

Se esta é a cápsula que você tanto deseja, sua busca finalmente encontrou o caminho!

Nota: 85,0
AVMAG #252
KW HiFi
(48) 3236.3385
R$ 6.240



CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Fernando Andrette

Às vezes somos levados a um novo caminho, por uma série de eventos inesperados. E meio que atordoados, a princípio sequer imaginamos o que ocorrerá. Assim posso descrever meu contato com a linha de cápsulas da Soundsmith e, em particular, com a nova Hyperion MkII.

Tudo começou quando a minha referência em cápsulas, a Air Tight PC-1 Supreme, foi para o estaleiro, após quase 5 anos de uso diário, e precisou praticamente serem refeitos a agulha e o cantilever. Para você que está pensando em se aventurar a montar um sistema analógico, lembre-se que cápsulas se desgastam e necessitam de manutenção de tempos em tempos. Claro que a maioria de vocês não submeterá seu sistema analógico a 4 a 5 horas diárias de uso (como eu).

Mas mesmo que você utilize apenas nos finais de semana, ou por uma ou duas horas diárias, um dia ele irá abrir o bico e pedir retifica na certa. Afinal estamos falando de atrito mecânico, e por melhor que seja o material utilizado, sempre haverá desgaste.

Pois bem, nesses 11 meses que aguardei o retorno da minha cápsula, me aventurei em ouvir muitas outras cápsulas, e este processo forçado me levou a conhecer excelentes opções, como por exemplo a Transfiguration Proteus (também japonesa), com uma relação custo/performance impressionante (custa literalmente a metade do preço da PC-1 Supreme), ouvi e testei também a Grado Statement 2 (outra cápsula muito correta e musical, ainda mais barata que a Proteus) e a Quintet Black da Ortofon, excelente custo/benefício para quem deseja uma cápsula de entrada, mas com atributos de cápsula definitiva para sistemas analógicos Diamante Referência com um pé no Estado da Arte.

O interessante é que, cada vez que me aventurava a escutar uma nova cápsula, lá vinha o nosso colaborador André Maltese instalar a dita cuja e sempre ele me dizia: “Você precisa escutar a nova Hyperion MkII ou alguma cápsula intermediária da Soundsmith.

E me contava a história de como conheceu Peter Ledermann e ficaram amigos.

Quem conhece o Maltese sabe de sua paixão por analógico e seu vastíssimo conhecimento (com muita propriedade) de cápsulas, braços, toca-discos, prés de fono, etc. Você pode passar dias e dias conversando com ele, e aprender uma enormidade de ‘causos’ e histórias deste mercado analógico. O cara é uma enciclopédia, capaz de dizer até o ano de fabricação de uma determinada série de cápsulas que foram vendidas apenas 100 unidades.

Mas, seu conhecimento vai mais longe, ao nos mostrar o ‘caminho das pedras’, o que casa bem com o que, e o que desanda. Pois bem, depois de contar-me toda a história do fundador da Soundsmith, Peter Ledermann e como o conheceu e o ajudou a arrumar um distribuidor no Brasil, e começou a descrever do que é feito o cantilever de suas cápsulas, uma luz de interesse acendeu na minha cabeça. Peter ainda hoje realiza a retificação de inúmeras cápsulas de vários fabricantes. Como diria o ex-presidente americano Barack Obama: “Ele é o cara”. Com tamanha expertise e a possibilidade de ver o que todos os grandes fabricantes de cápsulas faziam, para diferenciar seus produtos ele resolveu fabricar suas próprias cápsulas.

Esses anos todos de retificação o ajudaram principalmente a saber o que ele não deveria fazer, para poder conquistar seu lugar ao sol como fabricante de cápsulas. Então começou por estudar o que poderia ter de diferencial em relação à concorrência, e descobriu dois caminhos que o diferenciariam de todos: o sistema que ele batizou de DEMS (Dynamic Energy Management System) e seu cantilever feito de espinho de cactus – sim meu amigo, você entendeu perfeitamente: cactus, aquela planta exótica que você encontra em regiões áridas e que aparecem nos filmes de Hollywood nos anos 60 para descrever paisagens na divisa com o México.

O sistema DEMS consiste no estudo de direcionar as forças vibratórias do atrito da agulha com os sulcos, para longe da agulha, sem reflexões e que sejam dispersadas adequadamente pelo braço do toca-discos. A ausência dessas reflexões permite que a agulha permaneça em um contato muito maior com a parede dos sulcos dos discos. Resultado: aumento de todos os detalhes do micro ao macro, e redução drástica do ruído de fundo dos discos que tanto nos incomodam entre uma faixa e outra ou nas passagens em pianíssimo.

Mas, o sistema DEMS vai ainda mais adiante, ao repensar a construção da cápsula saindo do convencional design quadrado, que a maioria dos fabricantes utiliza. Peter percebeu que esta construção interna quadrada influi nas reflexões vibratórias, causando inúmeros problemas que voltam para a agulha, fazendo-a vibrar ainda mais.

Ele nos dá o exemplo de cantar em um campo aberto em comparação a cantar no chuveiro. As reflexões do cantar no chuveiro se misturam, causando ondas vibratórias impossíveis de serem isoladas depois de iniciadas. Para contornar este problema, suas cápsulas não utilizam construções internas quadradas, sendo visualmente mais largas lateralmente.

Peter, de tanto retificar cápsulas consideradas ‘superlativas’, percebeu que pequenas mudanças resolveriam problemas óbvios. Decidiu, ao produzir suas cápsulas, que desafiaria todas as convenções de construção das mesmas, mudando e estudando tudo que fosse possível. E, de tanto retificar cantilevers de tubos, feitos de inúmeros materiais rígidos, percebeu que se conseguisse aliar as suas descobertas do sistema DEMS a um novo material rígido o suficiente para suportar o atrito mecânico da agulha com o disco, mas que fosse maleável o suficiente para diminuir as reflexões, ele daria um salto gigantesco. E foi aí que surgiu o cantilever de espinho de cactus.

Depois de pesquisar uma infinidade de materiais que tivessem alta rigidez e, ainda assim, fossem maleáveis, sua resposta não veio da mistura de metais, e sim da natureza. Peter fez alguns protótipos com cactus e descobriu que este possuía as condições ideais para trabalhar com o sistema DEMS.

Mas, faltava ainda um último passo para suas ideias fugirem do convencional. Ele queria avançar também no desenvolvimento de suas bobinas, e defende com enorme veemência e muita argumentação sua escolha pelo que ele chama de Bobina Fixa Soundsmith. Em um artigo em seu site, Peter defende sua ideia de bobina fixa com muitos números e diferenças sônicas e de medições. Darei uma breve pincelada nos principais argumentos, caso contrário este teste terá 20 páginas, rs.

Segundo Peter, as vantagens mais relevantes são: até 1600% menos massa interna do ‘gerador’ em movimento, que resulta em uma recuperação de microdetalhes muito maior. Energia armazenada muito menor, diminuindo drasticamente as energias refletidas. Frequência ressonante natural muito mais alta – ressonância de amplitude mais baixa. Suspensão muito mais robusta, permitindo a eliminação de desvio de azimute, com capacidade de ser reconstruída inúmeras vezes (outra vantagem do uso de cactus) e probabilidade de ‘sobreviver’ a um acidente sem distorcer a suspensão interna.

Outras vantagens citadas pelo fabricante: seu design diferenciado, com seis lados totalmente blindados, permitem uma proteção de Faraday à bobina e uma rejeição de ruídos e zumbidos muito superior à qualquer projeto de cápsulas MC, MI ou MM.

À esquerda uma armadura de bobina móvel relativamente pequena e nos padrões dos melhores fabricantes. À direita, o maior modulador de fluxo da Sounsmith, diminuindo drasticamente a inércia

O seu sistema Fixed Coil reduziu drasticamente a massa que deve ser movida entre a agulha e o cantilever (veja foto acima).

Peter esclarece que sua tecnologia de bobina fixa permite pelo menos 5 vezes menos massa móvel interna. E as leis da física traduzem isso em um desempenho 10 vezes melhor devido à menor energia armazenada no movimento angular. Pois quanto mais massa, mais energia armazenada e mais tempo leva para movê-la, e a energia refletida volta para a agulha – o que consequentemente causa a vibração da agulha, trazendo perda de detalhe, barulho de sulco, menor inteligibilidade e menor prazer em ouvir a música.

Outra questão essencial dessa vibração que volta para agulha, é que a mesma começa a pular dentro dos sulcos (como um carro não apropriado para isso andando em off road). Consequentemente, o que ouvimos não é mais o sinal resultante do sulco do disco. É o resultado audível da vibração das ranhuras e do contato impreciso da agulha com as paredes do sulco. E Peter descreve esta situação como: “Tentar entender uma história com o livro faltando páginas”.

Por isso, ele insiste: “Se você diminuir a massa do gerador, duas coisas acontecem: menos esforço é necessário para movê-lo e menos energia refletindo de volta ao cantilever e a agulha, resultando em muito menor vibração da agulha no sulco, aumentando drasticamente o contato da agulha com as ranhuras do sulco”.

Eu realmente aconselho a leitura completa do artigo, pois além de muito bem fundamentado, dará uma ideia clara da seriedade e do conhecimento de Peter Lederman à respeito do assunto. Além de ser uma sumidade, ele tem o cuidado de escrever também para o leigo que está apenas iniciando neste maravilhoso universo analógico.

O que certamente todos que chegaram a esta altura do teste devem estar se perguntando é: todo este diferencial é audível? Já chegarei lá.

Para o teste, que foi feito em duas etapas, utilizamos os seguintes equipamentos. Toca-discos: AVM 5.3, e Storm da Acoustic Signature.

Braços: original do AVM, e SME Series V. Pré de fono: Boulder 500. Eletrônica: prés de linha Nagra HD e Dan D’Agostino Momentum, power Hegel H30 e Nagra Classic Amp. Caixas Acústicas: Wilson Audio Yvette e Sasha DAW, e Kharma Exquisite Midi. Cabos de interconexão: Dynamique Audio Halo 2 e Apex (RCA e XLR), Sunrise Lab Quintessence, Transparent Opus G5, e Sax Soul Ágata 2. Cabos de força: Transparent PowerLink MM2, Dynamique Audio Halo 2, e Sunrise Lab Quintessence.

O fabricante solicita 50 horas de queima. Diria que com 40 horas já se terá uma ideia exata da exuberância desta cápsula, e que as 10 horas restantes são apenas de ‘acomodação’ dos dois extremos e do soundstage. E que com apenas 20 horas, o consumidor que escolher esta cápsula como referência já terá uma ideia cristalina do ‘Efeito Soundsmith’ em seu sistema.
Sou tão conservador com cápsulas como sou com pré-amplificadores. Costumo ficar muitos anos com a mesma cápsula, quando esta atende à dois critérios básicos: servir como cápsula de referência para testes e me atender como melômano. E como são critérios distintos, poucas cápsulas realmente conseguiram me atender nesses dois quesitos.

Sempre me perguntaram a razão de já não ter optado pelo uso de dois braços. A resposta é simples: manter dois braços SME Series V e duas cápsulas de alto nível, e um pré de fono com duas entradas simultâneas, custa caro – e com o dólar nas alturas, mais caro ainda.

Então, prefiro manter tudo como está e buscar a cápsula que atenda à esses dois requisitos da melhor maneira possível. A Benz LP-S atendia mais ao meu lado de melômano com sua doce musicalidade, mas rapidamente foi superada em termos de performance por cápsulas mais sofisticadas. Foi aí que, ao testar a PC-1 Supreme, descobri o ‘canto do cisne’ irresistível, e sucumbi aos seus encantos.

O que sempre gostei na PC-1 Supreme foi seu grau de precisão e capacidade de extrair, mesmo em gravações tecnicamente mais limitadas, a essência, sem tornar a audição cansativa ou desinteressante. Seu poder de sedução nos prende do começo ao fim, não nos deixando desviar do acontecimento musical nem por um segundo. É uma cápsula que exige dos seus pares completa abnegação em transportar tudo que ela consegue extrair dos sulcos, não aceitando nenhum desvio deste propósito. Com isso, cabos, pré de fono e todo o resto têm que estar na mesma direção. Quando se consegue este compromisso, estamos no paraíso sonoro. E, neste aspecto, consegui por muitos anos manter meu setup analógico ajustado para atender a todos os seus caprichos.

Mas, e quando tenho que testar cabos de braço, prés de fono, cabos de interconexão, etc, que não estejam à sua altura de exigência, como faço? Pois bem, meu amigo, eu não fazia. Dava para os nossos colaboradores testarem, pois não teria como aplicar nossa Metodologia usando a Air Tight PC-1 Supreme. Eu a apelidei de ‘implacável’, tanto com os parceiros, como com os discos de longa data, já marcados por décadas.

A Hyperion MkII parece ser muito mais zen na forma de tratar seus pares e discos. Dizer que é melhor ou pior que as cápsulas que passaram de 100 pontos em nossa Metodologia, não será o mais relevante para apresentar seus diferenciais. Eles estão na soma de detalhes, e na sua abordagem diferenciada de construção e conceitos, que a fazem tão diferente e única.

O Maltese estava absolutamente correto ao descrever a Hyperion MkII como a cápsula que exprime a música em sua totalidade, sem esforço ou algum truque na manga. Ela parece tão segura de si na sua capacidade de extrair das gravações o sumo do sumo, que mesmo que seus pares não acompanhem, o prazer de continuar ouvindo é tão intenso que você não irá parar de escutar, por achar que algo em termos de sinergia precisa ser melhorado.

Claro que todos irão querer saber o seu teto, sua capacidade de nos brindar com o maior prazer auditivo possível. Mas você irá conviver com as limitações sem ansiedade ou frustração. Isto é um exemplo claro de duas coisas: sua folga inigualável e sua compatibilidade com pares de menor calibre, como cabos e eletrônica.

Suas virtudes são tantas que prefiro me concentrar em detalhar as mais explícitas, aquelas que nos criam impressões sonoras para sempre em nossa memória auditiva. A primeira, e a mais evidente, é sua reconstrução dos detalhes. São tantos e em tão grande abundância, que nos primeiros dias a sensação é que você foi presenteado com remasterizações exclusivas de todos os seus discos. Nenhum disco que ouvi nesses dois meses de convivência tocou sem apresentar algum detalhe que eu jamais havia escutado em setup analógico algum!

Sabe o que isso significa, amigo leitor? Espanto, espanto e mais espanto! Da incredulidade passamos rapidamente para aquela empolgação de termos sido surpreendidos com aquele presente inusitado, que sempre desejamos ter, mas não sabíamos se existia de fato!

À medida que o amaciamento avançou (para mais de 30 horas), o segundo round é perceber o quanto de degraus a mais existe entre um crescendo do forte para o fortíssimo. É impressionante como a Hyperion MkII se comporta na resposta dinâmica, seja na micro, como na macro. A lei do mínimo esforço sempre, como se o que estivesse a nos mostrar fosse o acontecimento musical mais singelo e simples de reproduzir, como um alaúde, ou um triângulo!

Coloque o que você quiser, como The Firebird, de Stravinsky, na gravação da Telarc, ou a apresentação do pianista Vladimir Horowitz no Carnegie Hall, com o programa que incluiu Schubert, Chopin, Scriabin e Liszt, E com toda a variação dinâmica dessas obras, pode ouvir a Hyperion MkII soar impávida e solene, sem perder jamais a compostura ou folga.

Claro que as cápsulas acima de 100 pontos por nós já testadas, todas possuem atributos suficientes para figurar entre as melhores das melhores. Cada uma com sua assinatura sônica conquistou seu lugar no pódio mais alto, justamente pela capacidade de dar um enorme prazer auditivo. Isto obviamente explica a razão de termos um leque de excelentes marcas e modelos hoje à disposição de melômanos e audiófilos. Algumas muito mais exigentes com o setup de braço, cabos e pré de fono, e outras como a Hyperion MkII, mais maleáveis.

Esta maleabilidade ficou evidente ao usarmos, no teste, braços tão distintos como o do AVM e o SME Series V (meu braço de referência há quase 8 anos). Em ambos, a Hyperion MkII se mostrou inteiramente à vontade, sem ter perda alguma de suas maiores virtudes: folga e detalhe. Claro que, no braço SME V, suas qualidades foram ainda mais realçadas e refinadas, mas um braço mais simples não tirou nada de seu ‘DNA’.

Uma outra característica que nos chamou muito a atenção, foi sua capacidade de trilhar tanto discos mais novos como os mais rodados, de 80 gramas e 90 gramas. De 33RPM ou 45RPM. Em qualquer situação, sua capacidade de extrair a essência existente no disco, realmente impressiona.

Não falo apenas de extrair mais informações, como ruídos de boca, chaves de instrumentos de sopro, microvariações dinâmicas, etc. Falo daquelas passagens que eram difíceis de entender que instrumento estava dobrando uma oitava acima, das frases sussurradas que não conseguíamos entender, do trastejar de notas que pareciam mais um esbarrão ou um vibrato sutil, ou uma micro mudança tonal realizada na digitação – tudo está lá, ao nosso alcance, nos dando a oportunidade de perceber o grau de virtuosidade dos nossos músicos preferidos e o grau de dificuldade técnica daquela obra.

Para quem nunca ouviu um setup com essas características, pode achar tudo isto bastante irrelevante. Mas não é. Acreditem.

As grandes interpretações se diferenciam das comuns exatamente pelos detalhes, e são estes detalhes que expressam gostarmos de uma determinada interpretação e não de uma outra que é, às vezes, até mais bem arranjada e executada. São os detalhes que podem nos levar às lágrimas ao ouvir determinada obra, ou nos fazer prender a respiração em júbilo àquele momento imortalizado.

Tenho certeza que todos nós, que somos apaixonados por música, temos dezenas de exemplos para mostrar aos amigos, filhos, esposas, namoradas, daquela obra que arrepia os pêlos dos braços e nos faz querer repetir aquele momento tão único por toda nossa existência.

A Hyperion MkII é deste naipe, senhores. Capaz de nos levar da lágrima à euforia em uma simples mudança de narrativa musical. Ela não me parece muito distante da minha referência, que também tanto admiro, mas tenho que admitir que o 1 ponto que as separam em nossa Metodologia está exatamente em todos esses detalhes que acabei de descrever.

Um ponto em nossa Metodologia é irrelevante, e parece algo frio quando escrito em palavras. Mas, no caso específico desta cápsula, este 1 ponto é o resultado do esforço de seu projetista, que ousou pensar ‘fora da caixa’ e mostrar ao mundo que se pode criar e realizar diferentemente, que pode-se questionar as razões que fazem todos seguirem uma receita que funciona, para se lançar no abismo de incertezas.

Claro que Peter não jogou tudo para o alto e começou do zero. Sua perspicácia em aprender com os erros e acertos dos outros é que o levou a ter a capacidade de ampliar suas ideias e buscar soluções para os problemas .Este 1 ponto a mais, que coloca a Hyperion MkII como a cápsula de maior nota já dada nesta revista, pode parecer irrisório no segmento Estado da Arte, mas diz muito em termos de esforço e o comparo aos recordes que, de quatro em quatro anos, são alcançados nas Olimpíadas. Lá falamos em termos de décimos de segundos, muitas vezes, e aqui estamos falando de 1 ponto apenas!

Mas, assim como os superatletas que conseguem tamanho feito e se tornam lendas dos esportes, diria que Peter Ledermann figurará certamente entre os projetistas de cápsulas mais audaciosos e determinados que o mercado de áudio hi-end já produziu. Sua maneira de pensar e produzir irá representar, para as futuras gerações de melômanos e audiófilos, como um divisor de águas.

Da minha parte, só posso afirmar que nossa nova cápsula de referência passa a ser a Hyperion MkII. Espero, em breve, também poder testar as cápsulas abaixo da Hyperion e compartilhar com vocês nossas impressões.

Pelo que tenho lido lá fora, o DNA da Hyperion está presente em toda a linha, desde o modelo de entrada, às mais sofisticadas. Se o seu desejo é colocar em seu setup analógico uma cápsula com esta conjunção de qualidades, não perca tempo: ouça a Hyperion MkII, uma cápsula que irá ditar os novos rumos das cápsulas de nível Estado da Arte!

Nota: 106,0
AVMAG #256
Performance AV Systems Ltda
(11) 5103.0033
US$ 11.000

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