Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Minha experiência com este conceituado fabricante Suíço, se deu logo de cara com a sua linha M, reverenciada no mercado como o que existe de mais superlativo na atualidade em termos de produtos Estado da Arte!
O problema é que, como acontece com a maioria dos produtos ditos ‘superlativos’, seu valor é praticamente proibitivo para 99% dos mortais! Alguns fabricantes, buscando criar uma fidelização, disponibilizam séries com valores mais compatíveis. Porém, quando se trata de produtos muito acima da média, mesmo essas séries ditas de entrada ainda são inviáveis para a esmagadora maioria.
A série A da CH Precision, segundo o próprio fabricante, possui grande parte dos ‘atributos’ da série M, pela metade do preço. Sem abrir mão do acabamento estonteante e de uma performance ainda de nível superlativo.
Assim como a série M sofreu recentes upgrades, com o uso de novos capacitores que elevaram sua relação sinal/ruído para níveis impressionantes, os engenheiros perceberam que poderiam elevar a série A também para um nível de performance ainda mais próximo da série M.
O amplificador A1 já era um dos preferidos nos fóruns audiófilos internacionais, pelas suas excelentes características de fluidez, velocidade, controle férreo das caixas com uma impressionante macrodinâmica – para um power de apenas 100 Watts em 8 Ohms. Com a constatação das melhorias sônicas dos novos capacitores na série M, os engenheiros da CH Precision resolveram ser ainda mais radicais com a série A, e resolveram, trabalhar até no desenvolvimento de um novo gabinete, mantendo a largura e o comprimento do modelo original, porém aumentando em 50% a altura.
As mudanças foram necessárias para receber um novo transformador, ainda maior, e a utilização dos novos capacitores “Red Cap” (este nome decorre de sua cor avermelhada) que são mais altos que os capacitores utilizados anteriormente). A CH Precision justificou ao mercado sua decisão com a seguinte nota: “Como parte do desenvolvimento do novo power A1.5, comparamos uma série de capacitores eletrolíticos de potência de alta qualidade de vários fabricantes de componentes premium. A medição da ondulação do trilho de tensão, a medição do ruído de saída do amplificador e a comparação direta de audição nos permitiram classificar facilmente os modelos testados em termos de micro e macro dinâmica, piso de ruído e controle de baixa frequência. Após aperfeiçoamento e customização adicionais, com o fabricante do melhor modelo que testamos conseguimos finalizar o irmão maior do A1, agora batizado de A1.5”.
Mas as alterações do A1 para o A1.5 não terminaram no gabinete e na implantação dos novos super capacitores. O novo transformador toroidal de 1700 VA aumentou a potência de saída de 100 para 150 Watts em 8 ohms, elevando o desempenho do novo A1.5 para muito mais próximo do M 1.1 (palavras do próprio fabricante).
Outra diferença está no sistema de transporte – para quem não leu os testes do M1, em todos os produtos CH, a fonte de alimentação é inserida em uma placa de metal que é suspensa por molas flexíveis (Silent Blocks), e no A1 era preciso, para inserir ou remover os parafusos para transporte, virar o produto de cabeça para baixo. Agora esse problema foi resolvido, pois você destrava este sistema por cima do gabinete (o que, convenhamos, foi uma medida prudente dado o peso do amplificador).
E a última positiva melhora foi em relação à configuração do feedback global. A CH Precision disponibiliza em seus amplificadores que o usuário escolha a quantidade de feedback e o ganho que deseja utilizar, sendo que na série M as opções eram: 0, 10, 20, 40, 70 e 100%. E na série A as opções eram reduzidas. Agora, o A1.5 tem as mesmas opções oferecidas no power M.
Se você entrar nos fóruns internacionais, assistirá a calorosas discussões do melhor desempenho dos powers CH Precision com o uso do feedback global e o ganho. Como tudo no universo audiófilo, não há consenso absoluto, mas, a maioria concorda que tanto o ganho quanto o feedback não deve ser tão alto (sendo que a maioria prefere entre 10 e 20% de feedback e ganho de 0,5 à 1 dB).
Em termos de recursos, o A1.5 herdou todos do A1: tela de monitor OLED que exibe uma seleção de todos os recursos, como potência debitada, ajuste do feedback, ganho e tudo controlado por botões laterais , tudo de forma inteligente e intuitiva (não é preciso sequer consultar o manual para fazer os ajustes que o usuário deseje).
Minha situação como revisor crítico de áudio, no caso desse teste, não foi das mais ‘confortáveis’. Pois não conheço o novo M 1.1, já que revisei o M1, e nem tão pouco conheci o A1. Então, a sensação é de estar pisando em um terreno desconhecido, em que você vai tateando e se embrenhando com enorme atenção. Claro que sempre que faço um teste de um fabricante que já testei outros produtos, recorro às minhas anotações pessoais e aos discos utilizados, na busca de um senso de direção mais seguro. Porém, para deixar a situação um pouco mais ‘nebulosa’, todos os outros componentes do sistema de referência utilizado também mudaram (caixas, fontes digitais e analógicas, e cabos). Então foi literalmente como tatear no escuro!
O A1.5 veio para nossa sala com apenas 50 horas de uso. O fabricante fala em pelo menos 250 horas de queima (o que me pareceu até modesto, e não se verificou na prática). Com 320 horas houveram mudanças bastante significativas em termos de macrodinâmica e arejamento nas altas frequências. Então minha sugestão é que os possíveis futuros donos desta preciosidade preparem-se para muitas surpresas após as 400 horas iniciais!
O A1.5 foi ligado ao pré da Nagra Classic, aos DACs TUBE DAC e HD (ambos também da Nagra) e ao transporte Scarlatti da dCS, e nosso sistema de referência analógico: Acoustic Signature Storm, braço SME Series V, cápsula Soundsmith Hyperion 2, e pré de phono Boulder 500. As caixas foram: Wilson Audio Sasha DAW e Revel Performa F228Be. Cabos de caixa: Dynamique Halo 2 e Sunrise Lab Quintessence.
Sua assinatura sônica é muita semelhante ao M1. Principalmente o equilíbrio tonal, transientes, texturas e soundstage. A sensação imediata foi de estar a ouvir uma versão do M1 com menor potência e menor ‘arroubo’ dinâmico nas macros.
Sua autoridade em relação às caixas é uma qualidade à parte. Pega-as com mão de ferro, e não permite nenhum erro quanto a tempo, ritmo e precisão.
Achei sua apresentação de microdinâmica até mesmo superior ao M1 (talvez pelos novos super capacitores?). O grau de inteligibilidade e intencionalidade é de um nível realmente impressionante. Ao ouvir as mesmas passagens de vários instrumentos tocando em uníssono, somos convidados (sem esforço algum), a simplesmente acompanhar cada voz em seu espaço, sem atropelo algum. Sem sobreposição ou aquela sensação de que houve algum atropelo, ou erro na mixagem.
Seu cérebro sente de imediato um conforto auditivo pleno, o que nos faz dedicar um bocado mais de horas a querer escutar nossos discos preferidos, ou descobrir detalhes em gravações que apreciamos, mas tínhamos dificuldade em acompanhar sem um enorme esforço de concentração.
Aos apressados, uma importante dica: aguardem as 400 horas antes de chamar os amigos, pois o A1.5 sofre alterações muito ‘audíveis’ em seu longo amaciamento. A primeira e a mais significativa se dá em relação ao corpo harmônico e ao equilíbrio tonal nas duas pontas. Nas primeiras 150 horas tudo parece soar um pouco frio, e o corpo e invólucro harmônico, sonicamente menores.
Para acompanhar a evolução do corpo harmônico, sugiro escolher umas quatro ou cinco faixas de gravações solo de: piano, contrabaixo, violino, violão e cello. Você ficará surpreso com a evolução deste quesito à medida que a queima ocorre.
Outra evidente necessidade de queima, está na extensão das suas pontas. Nas primeiras cem horas, falta extensão para nos mostrar a fidelidade na captação das salas de gravação (ambiência), assim como decaimentos mais ‘naturais’ de pratos. E, no outro extremo, falta a sustentação da primeira oitava, que nos permite observar a qualidade da captação, execução e qualidade do instrumento.
Aqui neste quesito foram necessárias 250 horas para a completa estabilização do equilíbrio tonal. Mas não pense que isso impede de sentarmos e ouvirmos desde o primeiro momento o A1.5. Descrevo todo este processo para alertar os ansiosos para que não se frustrem, e achem que fizeram a escolha errada. Tudo irá entrar nos eixos, e depois de queimado certamente você se sentirá uma audiófilo realizado.
O A1.5, tem o mesmo ‘DNA’ de todos os produtos CH Precision: Precisão e desempenho. Sua folga é tão absurda que se você não falar a potência para um ouvinte desavisado, ele irá achar que o power possui o dobro de potência. Pois, como escrevi acima, ele possui uma autoridade e um senso de organização do acontecimento musical impecável.
Não houve nenhuma gravação, no quesito macrodinâmica, capaz de o colocar nas cordas. Ouvimos as gravações para este quesito, das mais complexas e contundentes (que geralmente deixamos apenas para os ‘pesos-pesados’) e seu comportamento foi exemplar.
Para os que julgam ser necessário 300 a 500 Watts para se reproduzir macrodinâmica em passagens de fortíssimos de música orquestral, sugiro uma audição criteriosa do A1.5.
A microdinâmica, então, é um verdadeiro deleite para os apaixonados por detalhes e nuances sutis. Ouvindo o pianista Claudio Arrau tocando obras de Debussy, foi possível ‘ver’ o pianista como se estivéssemos a três metros de distância dele. Uma sensação inebriante e de enorme impacto emocional. O mesmo ocorreu com gravações solo de violinistas, em que é possível ‘ver’ os movimentos do músico e do instrumento em relação ao microfone. Essa é uma das mais fortes características que detectei, tanto na série M como agora na série A, e talvez explique a admiração quase ‘religiosa’ dos fãs da CH Precision.
Com tamanha precisão, é quase como ‘chover no molhado’ falar do quesito organicidade de um CH Precision. O acontecimento musical se materializa de tal forma na nossa frente que não precisamos mais recorrer à ‘imaginação’ para vê-lo. Ele está ali, ‘visualmente’ e auditivamente.
Um único quesito que não achei que o A1.5 se aproximou tanto do M1: soundstage. Em termos de largura e profundidade, achei que o M1 é mais impressionante. Principalmente em relação aos planos dos naipes da orquestra e na largura, permitindo observar com maior precisão as cordas (cellos e contrabaixos) bem à frente do naipe de metais.
Aliás esse foi um dos quesitos que mais me chamou a atenção no M1: sua capacidade dos naipes possuírem seu espaço, com enorme precisão de foco e recorte.
Não há nada de errado com a apresentação do A1.5, pois ele ainda apresenta esses planos com enorme espaço e silêncio a volta dos instrumentos, mas não tão próximo do M1 – que passou a ser uma de minhas maiores referências nesse quesito.
Tirando este detalhe e a macrodinâmica – em que no M1 é um ponto totalmente fora da curva – o A1.5 realmente se aproximou ‘perigosamente’ da performance do M1, pela metade do preço deste.
Que elogio mais consistente poderia ser feito ao A1.5?
Para mim os fabricantes de áudio hi-end Suíços estão em uma classe à parte. Conseguiram estabelecer um novo patamar de produtos Estado da Arte que aliam tecnologia, design e performance inigualáveis!
Essa tradição não se iniciou agora – vêm do século passado – mas atualmente cresceu e se diversificou de tal maneira, que passou a ser a referência a ser batida.
O que mais impressiona é que cada uma dessas empresas consegue ter sua identidade e ainda assim manter o padrão de qualidade no nível mais elevado possível.
O que admiro nos CH Precision é sua capacidade de disponibilizar aos seus clientes uma linha de produtos que pertence ao degrau final de possibilidades neste universo audiófilo. E, ainda que possa não ser o desejado em termos de assinatura sônica, uma coisa é fato: não é possível detectar nada de errado ou falho em sua performance.
O A1.5 está nessa linha de frente, dos melhores powers hoje oferecidos no mercado Estado da Arte. Se você possui ‘verdinhas’ suficientes para fazer este upgrade final, e tudo que aqui relatei bate plenamente como o que você procura para o seu sistema, escute o CH Precision A1.5.
Modularidade física e conceitual – Placas de entrada modulares para corresponder à topologia do sistema (uma ou duas entradas, conforme necessário); – O estágio de saída pode fornecer 2x 150 W RMS em estéreo de 8 Ohms, 150 W em 8 Ohms mono (alta corrente), 550 W mono (em ponte) ou 2x 150 W bi-amperado (entrada única, ganho de canal diferencial e configurações globais de feedback). |
Estágio de entrada analógica – Classe pura, topologia de circuito totalmente simétrica; – Design totalmente discreto, com baixíssimo ruído e alta taxa de variação; – DC acoplado sem capacitores em série no caminho do sinal de áudio; – Ganho ajustável através de 24 dB em etapas de 0,5 dB. |
Estágio de saída analógica – Driver puro de classe A, com baixo ruído e estágio de potência de seguidor puro da classe AB; – O circuito ExactBias garante polarização constante, independente da temperatura ambiente e da carga do amplificador; – Monitoramento constante da potência e temperatura de saída; – A tela configurável pelo usuário mostrará o status do amplificador, a saída de energia etc. – Postes de ligação personalizados para alto-falantes Argento, aceitam pás e conectores banana. |
Fonte de energia – Transformador de potência de 1700VA montado em chassi separado isolado mecanicamente para eliminar vibrações mecânicas; – Transformadores blindados magneticamente e eletrostaticamente para reduzir o ruído e a interferência EM; – Os retificadores de ponte de diodo de recuperação suave e hiper rápidos atendem às demandas dinâmicas sem esforço; – Dois reservatórios de ESR e capacitores de filtragem ultra-baixos, personalizados, com capacidade de 82.000 uF. |
Feedback global ajustável pelo usuário – A proporção de Feedback Global / Local pode ser ajustada de 0% a 100%, em seis etapas (0, 10, 20, 40, 70, 100%) através da interface do usuário ou aplicativo de controle; – Permite a otimização do usuário da interface amplificador / alto-falante, especialmente amortecimento de baixa frequência em relação à interação alto-falante / sala; – Cada canal pode ser ajustado individualmente para controlar drivers / faixas específicos nos modos de bi-amplificação. |
Proteção contra toque leve – Nenhum relé de saída no caminho do sinal; proteção total contra curto-circuito; – O monitoramento não invasivo da tensão, corrente e temperatura do estágio de saída protege seu amplificador – e seus alto-falantes. |
Um power Estado da Arte com uma enorme capacidade de ajustes para atender aos mais exigentes audiófilos.
Preço.
Tensão de entrada nominal | – 2.2 V RMS balanceada – 1.1 V RMS de extremidade simples |
Impedância de entrada | 94kΩ balanceada de 47kΩ ou 300Ω de extremidade única |
Potência de saída | – 2x 150 W / 8Ω, 2x 275 W / 4Ω, 2x 450 W / 2Ω nos modos estéreo e bi-amplificador – 1x 275 W / 4Ω, 1x 450 W / 2Ω, 1x 700 W / 1Ω no modo mono – 1x 550 W / 8Ω, 1x 800 W / 4Ω, 1x 1200 W / 2Ω no modo bridge |
Largura de banda | DC a 450 kHz (-3 dB) a 1 W em uma carga resistiva de 8Ω |
Relação sinal / ruído | – > 115 dB nos modos estéreo e bi-amplificador – > 118 dB no modo bridge |
Distorção harmônica total + ruído | <0,1% (0% de feedback global) <0,01% (100% de feedback global) Consumo máximo de energia |
Consumo máximo de energia | 1800 W |
Dimensões (L x A x P) | 440 x 198 x 440 mm |
Peso |
AMPLIFICADOR CH PRECISION A1.5 | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 11,5 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 13,5 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 102,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Ferrari Technologies
11 5102.2902
US$ 79.000 (cada)