Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO PASS LABS INT-25

Teste 3: SISTEMA WIRELESS HARMAN KARDON SURROUND 5.1
julho 16, 2020
Teste 1: NAGRA HD DAC X
julho 16, 2020


Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Fazia tempo que não recebíamos um produto do engenheiro Nelson Pass para teste. De cabeça, lembro apenas do pré top de linha e do pré de phono – também top de linha – mas isso já faz alguns anos.

Então quando o Heber da Ferrari ligou perguntando se, junto com o power da CH Precision A1.5 (leia teste na edição de junho de 2020), tínhamos o interesse de ouvir o INT-25, ouviu um sonoro sim.

Foi ótimo, pois ambos chegaram quando estávamos com uma boa safra de excelentes caixas acústicas, como: as novas Revel da linha PerformaBe (leia testes nas edições de maio e junho de 2020), a bookshelf da Elipson Prestige Facet 8B (leia o teste na edição de abril de 2020), e nossa caixa de referência, a Wilson Audio Sasha DAW.

Também tivemos a oportunidade de ouvir o integrado com três excelentes cabos de caixa: o Sunrise Lab Quintessence, o Reference XL G5 da Transparent, e o Feel Different.

Nelson Pass é talvez, na atualidade, um dos mais prestigiados engenheiros de equipamentos hi-end do mercado norte americano. Basta olhar o número de Revisores Críticos de Áudio nos Estados Unidos que utilizam seus equipamentos como suas referências. Com posições firmes (e muitas vezes até incisivas demais), ele construiu a imagem de sua empresa, e a legião de admiradores é crescente mundialmente.

Ainda que não concorde com algumas de suas “colocações”, entendo perfeitamente que, em uma estratégia de marketing que esteja dando resultados, não há razão para alterar nada.

Uma de suas colocações (que não concordo) encontrei logo no primeiro parágrafo da página dedicada à apresentação do INT-25. Lá está escrito: “Os audiófilos, audiófilos sérios, não vêem um amplificador integrado como um produto digno há mais de 30 anos. A Pass Labs mudou esse paradigma para sempre!”. Me desculpe o Sr. Nelson Pass, mas os fatos estão aí para, no mínimo, mostrar que se tem um segmento que “virou o jogo” nos últimos 20 anos foi justamente o de amplificadores integrados. Não canso de constatar essa “realidade” há mais de uma década, nas páginas desta revista!

Polêmicas à parte, o importante é que posso garantir que o INT-25 é um excelente amplificador integrado e têm excelentes “pergaminhos” para ocupar um lugar de destaque neste universo tão competitivo.

Na página descritiva do INT-25, Nelson Pass nos descreve o que leva seu novo integrado a uma excelente performance:

  • Pontos de operação otimizados para maiores requisitos de energia;
  • Maior versatilidade;
  • Estável em qualquer carga de alto-falante.

A Pass Labs também reforça que o INT-25 utiliza as mesmas topologias dos modelos mais sofisticados, como: componentes da mais alta qualidade em topologia lineares, com grandes fontes, transistores FET e grandes dissipadores, sendo um amplificador estéreo de Classe A menor, a um preço mais baixo, em um circuito simples com menos partes no caminho do sinal, permitindo a eliminação de feedback negativo em todas as etapas do sinal.

Segundo Nelson Pass, os estágios mais simples e com menos ganho melhoram a velocidade e a estabilidade, pois tensões mais baixas significam a capacidade de acionar dispositivos de ganho em correntes de polarização mais altas.

A seção de pré amplificação é uma versão simplificada daquela utilizada no INT-60 e no INT-250, com três entradas de nível de linha. As especificações, segundo o fabricante: ganho de 26 dB, 3 entradas RCA, potência de saída de 25 Watts em 8 Ohms e 50 Watts em 4 Ohms. Distorção de 0,1% (1 kHz a 25 Watts em 8 Ohms), fator de amortecimento >500, corrente de pico de 10A, temperatura em uso adequado de 53 graus, peso 23 kg.

Em seu painel frontal temos o display com led azul (característico da marca), botão de liga/desliga e das três entradas de linha, e à direita o botão de volume. O painel traseiro é tão minimalista quanto: as três entradas de linha, os plugs de caixa de boa qualidade, que aceitam qualquer tipo de terminação no cabo de caixa, e tomada IEC. O seu controle remoto é de excelente qualidade, com as funções de volume e mute.

O INT-25 chegou novinho, lacrado. Fizemos a audição inicial para marcar o “marco zero” do equipamento, ligado às books da Revel PerformaBe, com o Transporte Scarlatti e o Nagra HD DAC X (leia Teste 1 nesta edição), depois e voltamos ao teste do DAC Nagra.

Como todo amplificador de alto nível classe A, será preciso esperar pelo menos 40 minutos antes de realizarmos nossas audições. E quando o produto chega “zerado”, será preciso ao menos 250 horas de queima antes de tirarmos nossas conclusões finais.

Interessante que todo admirador da linha de equipamentos Pass Labs sempre utiliza o seguinte argumento para defender sua escolha: “soam como válvulas, mas possuem a transparência do transistor”.

Eu tive a oportunidade de ouvir alguns powers da Pass Labs com maior potência, tanto estéreo como monoblocos (ligados a prés da Pass Labs, ou com outros excelentes prés), e não tive essa sensação que soam como valvulados. Possuem uma assinatura sônica quente, cativante, mas não me remetem à uma comparação com valvulados (falo de powers valvulados como o Audio Research 160M, que foi o último que testei).

Talvez, a referência desses leitores seja de topologias de valvulados mais antigos, com um som mais “eufônico”. O INT-25 possui sim a magia de nos fazer embrenhar nos detalhes das texturas, das sutilezas dos micro-detalhes, sem jamais perder a noção do todo. É um som cativante, eloquente, com muita personalidade, que impõe suas regras aos pares de caixas acústicas, independentes de serem amigáveis ou não.

Essa autoridade sobre as caixas impressiona, e nos faz duvidar que sua potência real seja de apenas 25 Watts por canal em 8 Ohms. Já vi testes de bancada que mostram números acima de todos os powers Pass Labs testados, as vezes com margens superiores a 20% do apresentado na ficha técnica do produto. Nelson Pass deve ter lá suas razões para manter tudo como está.

Seu equilíbrio tonal é de alto nível, agudos muito estendidos, com suave decaimento que nos permite ter uma boa ideia da sala de gravação e acompanhar os micro-detalhes, mesmo no pianíssimo. Sua região média é admirável, pois os instrumentos e vozes são “palpáveis”, com um enorme conforto auditivo e naturalidade. E os graves, não carecem de energia ou deslocamento de ar.

Seu soundstage possui excelente altura e largura, carecendo apenas de uma maior profundidade (essa observação foi feita com as quatro caixas utilizadas no teste). Para pequenos grupos não haverá nenhum comprometimento, apenas para música clássica um pouco mais de planos e respiro seria apropriado.

As texturas são espetaculares, tanto em termos de paleta de cores como no grau de apresentação da intencionalidade. Os amantes de guitarra irão delirar com a capacidade do Pass Labs de apresentar os detalhes de digitação, técnica no uso de palheta e sustentação. Literalmente é uma bela viagem sonora, ouvir as texturas neste INT-25!

Os transientes são excelentes, e mantém ritmo e tempo de forma precisa, independente da complexidade do tema. Ouvi dois discos do baterista Vinnie Colaiuta, onde muitas vezes as mudanças de compasso dão um nó na cabeça. Este integrado consegue “desvendar” esse nó de forma magistral!

O corpo harmônico é excelente. Já citei aqui várias vezes que utilizo sempre gravações de duos de contrabaixo e cello, ou flauta e picollo, para essa avaliação, e às vezes algumas gravações de violino e piano, ou cello e piano. São exemplos matadores para a prova dos nove deste quesito. Se as diferenças forem apenas sutis, pode começar tudo de novo. Até descobrir a razão dos corpos sempre homogêneos. Não há como enganar nosso cérebro de que não é mais reprodução eletrônica, com corpos do tamanho de pizza brotinho! No INT-25, a precisão no tamanho não chega ao nível de nosso amplificador de referência, porém este INT-25 custa uma fração!

Organicidade: a tão desejada materialização física do acontecimento musical em nossa sala, em gravações de alto nível, ocorrerá sem nenhum problema. O INT-25 é muito bom em conseguir nos colocar na sala de gravação!

Em relação a nosso último quesito – musicalidade – o Pass Labs soa tão cativante que é impossível não se deixar seduzir pela sua assinatura sônica (você precisaria ter um coração de lata). Sua sonoridade depois de plenamente amaciado (e levando em conta os 40 minutos de sua estabilização térmica), é sedutoramente musical. Permitindo longas audições sem o menor resquício de fadiga auditiva.

Sua compatibilidade com caixas foi excelente, assim como com todos os cabos de caixa e força que utilizamos. Depois de ouvir o INT-25 com todos os nossos cabos de força de referência, optamos para a avaliação final pelo Feel Different (leia Teste 4 nesta edição), pois a sinergia realçou o melhor de ambos (calor e transparência).

CONCLUSÃO

Se procuras um integrado minimalista, que lhe proponha muitas horas de audição com o maior conforto auditivo possível, o INT-25 deve entrar nesta lista de opções.

Seu grau de compatibilidade com caixas, cabos e fontes é bem alta, o que diminui muito o risco de erro.

Tenha apenas o cuidado de o utilizar em um lugar bem ventilado.


Pontos positivos

Extremamente musical..

Pontos negativos

Apenas três entradas de linha.


ESPECIALIZAÇÕES
ClasseA
TipoEstéreo
Ganho29/35 dB
Controle de volume (etapas de 1 dB)63 dB
Controle remotosim
Entradas3
Saídas0
Potência de saída /canal (8 Ohms)25 W
Consumo de energia200 W
Consumo de energia em espera<1 W
Dimensões (L x P x A)43 x 43 x 15 cm
Peso22 kg
AMPLIFICADOR INTEGRADO PASS LABS INT-25
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,5
Total 89,5
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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