Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Este é um tema espinhoso, e que vive a atormentar todo o segmento editorial que tenha por objetivo avaliar bens duráveis. Pois nunca haverá unanimidade e sempre qualquer análise gerará dúvidas, críticas e desconfianças.
Então, por que razão um sujeito se lança neste perigoso caminho? As razões são múltiplas, acreditem. Já vivi tempo suficiente para ver projetos editoriais vingarem e se solidificarem no mercado, como presenciei inúmeros não chegarem ao seu segundo aniversário.
O que me faz lembrar que o mercado, além de volátil, não é nenhuma garantia de boas ideias e intenções. Sua dinâmica exige conhecimento profundo do que está se fazendo e também um bocado de sorte (sabe aquela famosa frase: “no lugar certo, na hora exata?”), e ainda assim, nada será garantido.
Pois a tecnologia é o sr. “desmancha prazeres”, sempre à espreita como a morte com sua foice, pronta a decapitar cabeças e projetos.
Darei um exemplo bastante recente, que os smartphones irão acabar com o mercado de máquinas fotográficas. Alguns estimam que em 5 anos ou os fabricantes de máquinas fotográficas se reinventam ou terão o mesmo triste fim da Kodak, Fuji Film e das máquinas de escrever Olivetti. Como Editor, imediatamente me veio à mente a revista Photo, que tanto aprecio e acompanho há mais de 30 anos!
E não adianta buscar mocinhos e bandidos, pois a tecnologia é implacável com o que se torna obsoleto ou é atropelado por novas tendências e necessidades do mercado.
O tema deste Opinião me veio após tomar conhecimento de que um site britânico de áudio de nome 13th Note, do jornalista Simon Price, fechou as portas após não conseguir apoio dos fabricantes de áudio do Reino Unido. E, talvez com a cabeça ainda quente, Simon saiu atirando para tudo quanto é lado. Pois certamente contava que o mercado receberia com muito bons olhos suas resenhas críticas, escritas de forma independente e com a sempre dose de humor britânico.
Simon tinha como “espinha dorsal” de sua linha editorial questionar os produtos Ultra Hi-End, buscando sempre apresentar produtos com um excelente custo e performance, por um décimo dos top hi-end. Simon investiu tempo, dinheiro em equipamentos e em pesquisar o mercado minuciosamente na busca desses produtos bons e baratos.
No entanto, com o passar dos meses, Simon descobriu que todo o seu investimento não estava lhe trazendo retorno financeiro, mesmo ele demonstrando ao mercado que suas avaliações estavam aumentando a receita de vendas dos produtos por ele testados.
Frustrado com a falta de apoio dos fabricantes, Simon decidiu na segunda quinzena de julho encerrar o site.
Em uma série de artigos, justifica sua decisão ao seu público e sai atirando no mercado. Eu não acompanhei todos os posts publicados, mas me chamou atenção um deles em que ele escreve que comprovadamente sua avaliação positiva de uma caixa acústica levou 4 dos seus leitores a comprar o produto e que o fabricante recebeu 40 mil libras por essas vendas e que ele deveria ser ressarcido com anúncios em seu site.
Já que ninguém trabalha de graça!
Ainda que ele tenha recebido apoio de parte de seus leitores, outra parte se mostrou indignada enviando mensagens pouco “amigáveis” ao pobre Simon. Uma delas me pareceu bastante emblemática, pois mostra o outro lado desta moeda, chamada “verdade”. A mensagem foi postada pelo internauta Daniel McCarthy: “A compensação é o termo correto? Você disse que se isso leva à um aumento de vendas. Uma revisão negativa pode reduzir as vendas, então você, ‘compensaria’ o fabricante por isso?”.
A verdade sempre tem dois lados, e saber entender essa verdade significa que antes de você se meter em um terreno enlameado é melhor você procurar conhecer todas as variáveis que irá encontrar.
Não sei se o pobre Simon Price achou que seu conhecimento e boas ideias seriam o suficiente para o mercado entender que ali estava um canal que deveria ser apoiado, ou se foi movido pela soberba humana de sempre achar que “eu serei a diferença”! Pela sua reação, fico com a segunda opção, mas temos que levar em conta também que a frustração nos leva a atitudes que normalmente evitamos.
Esta não será a primeira e nem a última vez em que acompanharemos mídias especializadas fecharem as portas. O que podemos tirar desses exemplos diários é que um negócio para se manter precisa antes de tudo ser parte integrante do mercado em que atua.
E ser parte deste “tecido” envolve riscos permanentes e muitas críticas. Críticas pesadas e muitas vezes infundadas ou virulentas.
Meu amigo, com quase três décadas neste ramo, já ouvi de tudo a nosso respeito, coisas muito pesadas tipo: “fomos sócios de inúmeros importadores” (claro que a cronologia sempre envolveu os equipamentos de referência que estávamos usando na época), que “só testamos produtos que o importador nos forneça gratuitamente” (se assim fosse, já teria partido para o ramo de usados), que “os produtos testados só têm essa performance por serem ‘turbinados’ antes de serem enviados” e, por fim, a mais utilizada: “só testamos produtos que temos interesse de divulgar ou vender”.
Para os nossos críticos mais virulentos, jamais haverá argumentos sólidos para remover suas convicções, mas para os que ainda possuem a qualidade humana de ouvir os dois lados, antes de concluírem sua opinião, eis aqui o outro lado da moeda:
Antes de montar o Clube do Áudio, tive tempo suficiente para refletir todos os prós e contras de me meter nesta empreitada. E, por sorte, três anos de revista Audio News, para entender perfeitamente como a indústria do áudio (ainda sob a insana reserva de mercado) funcionava e mantinha a mídia sob suas “rédeas curtas”.
Confesso que, se não houvesse a conjugação certa de: hora certa no lugar certo, eu teria certamente voltado para o mercado de instrumentos musicais, onde tinha excelentes contatos e fabricantes interessados em meu conhecimento e trabalho desenvolvido no grupo Roland.
Mas o universo conspirou a meu favor, com a abertura de mercado, e vi naquele momento a chance de ajudar a criar uma rede de importadores dispostos a investir neste segmento que partiria do zero!
Não nascemos como uma publicação segmentada, e sim como um núcleo de fomentação de um novo mercado. Por isso o nome Clube do Áudio.
Participamos ativamente ajudando os importadores a trazerem marcas, mostrando à gravadora Movieplay que existia um mercado a ser atendido com gravações audiófilas, organizando os primeiros Hi-Fi Shows e mostrando a fabricantes nacionais como atender as lacunas deste mercado, que estava em seu nascedouro, com acessórios como racks e pedestais (muitos irão se lembrar imediatamente da Airon do amigo Tada Ikeda).
Trabalhamos arduamente e os frutos vieram muito rápido, tão rápido que com apenas seis meses da primeira edição da revista estávamos realizando o primeiro Hi-Fi Show com 12 expositores!
Porém havia um “nó” neste projeto, que com o nosso crescimento exponencial me incomodava cada vez mais: a falta de uma Metodologia para separarmos o joio do trigo. Pois eu sabia que após o mercado estar razoavelmente estruturado, deveríamos nos concentrar 100% na linha editorial da revista.
Tive longas discussões com o meu pai e nossos colaboradores, de que deveríamos dar um passo adiante antes que o mercado notasse a necessidade de mudanças na maneira de avaliarmos os testes.
A maioria das publicações da época se eximiam de serem rigorosas nas conclusões, usando estrelas ou classificações como A, B e C. Deixando o critério de escolha para o próprio leitor. Poderíamos ter mantido essa forma, ou poderíamos ir mais adiante (já que o mercado estava iniciando).
E decidimos pelo mais complicado, pois além de uma Metodologia, teríamos que montar toda uma estrutura gigantesca para abraçar a nova Metodologia como: salas tratadas acústica e tecnicamente, sistemas realmente de referência (com a obrigatoriedade de upgrades constantes para acompanhar a evolução de mercado e novas tecnologias), gravações seguras produzidas pela revista para serem as nossas Referências nas avaliações dos produtos testados. E, o mais importante: explicar para os nossos leitores cada quesito de nossa Metodologia, para eles poderem continuar entendendo o que escrevíamos.
Ainda hoje me dá calafrios lembrar as noites mal dormidas, os embates com a participação de todos os nossos colaboradores e a recusa de alguns em aceitar a mudança em nossa linha editorial (pois esses achavam que a Metodologia engessaria a livre expressão subjetiva), e por fim arrumar a grana necessária para investir em equipamentos melhores, salas com acústica e elétrica tratadas, produzir os primeiros discos, e montar os Cursos de Percepção Auditiva para as primeiras turmas.
Até que em maio de 1999, no terceiro ano da revista, lançamos nossa Metodologia! É preciso sempre lembrar aos nossos novos leitores que este salto editorial só foi possível graças ao apoio do segmento como um todo!
Exemplos: importadores nos venderam os equipamentos que precisávamos a preço de custo, a gravadora Movieplay bancou integralmente os custos de produção e prensagem dos Genuinamente Brasileiro volumes 1 e 2 (aliás, aos interessados, agora no Tidal você pode escutar esses dois discos e também o Lachrimae do André Mehmari e, em breve, o Canto das Águas do André Geraissati).
E conseguimos emprestado inúmeros equipamentos para os Cursos de Percepção Auditiva (pois precisávamos demonstrar nesses cursos, como soava um sistema Prata, um Ouro e um Diamante). Sendo que os custos de aluguel da sala do Hotel Linson, coffee break, translado de todos esses equipamentos e pessoal de apoio, eram integralmente pagos pela Editora.
A Metodologia foi a nossa “carta de alforria” e a prova de que se não tivéssemos dado este salto à frente, essa revista teria acabado há muito tempo. Pois, ao apresentarmos ao mercado o que iríamos fazer, definimos a todos que os produtos que não atingissem a expectativa de nota do fabricante ou importador seriam abortados. E demos a garantia aos importadores e fabricantes que os produtos abortados não seriam “vazados” ao mercado, dando o direito de escolha de ser ou não publicado o teste.
Os nossos críticos avaliam que este método impede que o consumidor saiba o que é bom ou ruim. Discordo integralmente, pois qualquer um pode perfeitamente deduzir que se determinada marca existente no mercado nunca é por nós avaliada, algo deve existir.
Perdemos inúmeros clientes por abortamos seus testes. Outros acharam que por serem nossos anunciantes não seríamos capazes de dar uma nota “baixa” ao seu produto, e “pagaram” para ver. O que os levou, também, a romper a parceria conosco.
Outros sempre aceitaram esta política e continuam nossos parceiros até hoje. Alguns vão e voltam.
Essa é a dinâmica da vida e dos negócios, aceitar essa realidade nos permite menor frustração e não cria expectativas falsas.
Muitas vezes, os participantes dos nossos cursos nos questionaram o percentual de produtos abortados por ano. Este número já variou muito, foi no começo de apenas 10%, crescendo para quase 50% entre o final do século 20 e primeiros anos do século 21. E hoje se encontra no patamar de 15%. O que mostra que toda vez que o mercado retrai (como agora com esta pandemia e a alta excessiva do dólar), o importador fica muito mais seletivo em suas escolhas, e cuidadoso. Mas sempre há aquela tendência de descobrir o bom e barato, que possa ampliar o volume de vendas e abocanhar uma parte da fatia de mercado do concorrente.
Um outro aspecto da Metodologia, que jamais poderia imaginar, é o efeito reverso. O do leitor que acredita que um produto barato não possa ser classificado como Estado da Arte. Tivemos dezenas de exemplos nos últimos anos, de leitores indignados que uma caixa acústica de 2000 reais como a coluna Pioneer modelo SP-FS52 By Andrew Jones, possa ser classificada como Estado da Arte. Ou da caixa, também coluna, da Emotiva modelo Airmotiv T1, de apenas 5 mil reais (era este preço antes da pandemia, no Mercado Livre), ter uma nota tão boa em todos os quesitos.
Para os que acham que as notas estarão sempre “vinculadas” à quantidade de anúncios, esses dois exemplos provam bem que este raciocínio está errado.
Elas e tantos outros produtos por nós testados, receberam a nota correta, pois valem cada centavo do que custam, o que prova o quanto este mercado evoluiu e se tornou mais competitivo e atraente para quem tem pouca grana, mas deseja ter um sistema decente e com boa performance.
Essa é a notícia boa, que escrevo insistentemente de tempos em tempos em nossos editoriais e em nossos testes.
E este processo é irreversível.
Nunca escolhemos lados, ainda que por muitos anos fossemos acusados de ser extremamente elitistas e só fomentar o produto de luxo e inacessível à esmagadora maioria dos mortais. Mostramos que isso não era nossa culpa, e que à medida que o mercado interno se expandisse, chegaria até nós para serem testados produtos mais condizentes com a nossa triste realidade.
Sempre estamos muito atentos às movimentações de mercado, e ainda hoje indicamos, à todos os importadores que nos pedem, marcas e produtos que deveriam entrar em seus radares.
Esta é uma de minhas funções favoritas: conseguir convencer um importador que determinado produto poderia estar em nosso mercado. E faço isso por prazer, e não para ser moeda de troca ou receber algum benefício. Se formos listar as marcas que indicamos à todos os importadores que, em algum momento, participaram da história desta revista, os senhores irão se surpreender!
Sem correr o risco de superdimensionar este trabalho, posso afirmar que pelo menos 40% de tudo que já esteve (ou permanece) no mercado, foi indicação nossa!
O mesmo ocorre na questão de consultorias. Nossos críticos acusam que uma publicação não pode indicar aos seus leitores produtos. Este é um benefício que se iniciou com o Clube do Áudio. E se mantém até hoje. Foram mais de 30 mil consultorias nesses 23 anos. Uma média de 13 ao dia. Respondo a todas, e o custo dessas consultorias é zero! Pois em um país de gigantesco território, em que grande parte dos leitores está a km de distância do único showroom existente, e tem enorme dificuldade de ouvir o que deseja, se testamos este produto é nossa obrigação tirar suas dúvidas. Ele geralmente quer apenas saber se o produto A possui sinergia com o produto B. Ou se substituir o produto A será um upgrade seguro pelo produto B. Ele basicamente já tem sua lista de produtos formulada.
Acabou o tempo em que este leitor nos escrevia (sim, no começo recebíamos muitas cartas diariamente) para dizer que tinha “x mil reais” e queria uma dica de um setup completo. Lembro que quando tínhamos a seção de cartas na revista, muitos no HT Forum reclamavam dizendo que o Andrette sempre respondia da mesma maneira: “Especifiquem sala, gosto musical, volume que escuta”, antes de dar uma resposta concreta.
Talvez hoje eles tenham compreendido que um sistema vai muito além de marcas e modelos. Ele cumpre com um objetivo: dar prazer ao escutar nossa música preferida! E que, dependendo do gênero musical deste leitor, ele possa baratear significativamente o custo do seu sistema, assim como tamanho da sala e volume com que escuta suas músicas.
Em relação à velha discussão se o “ultra hi-end” vale ou não o que custa (essa discussão só não é mais velha que a Rainha da Inglaterra, naturalmente), eu sempre respondo da mesma maneira: “No dia em que não existir mais nenhum consumidor na face da terra disposto a ‘pagar’ para ouvir, essa celeuma acaba”. Enquanto houver pessoas com bolso e vontade de ter esses equipamentos, o mercado do “ultra hi-end” se manterá firme e forte (e pelo visto ainda tem muito consumidor interessado).
Então o que resta a nós mortais? A parte mais legal e interessante deste hobby: descobrir as “pérolas” no fundo do mar. E garanto: nunca foram tão abundantes e diversificadas. Pois agora não estão em um único oceano, encontram-se em todos!
Assim como o melômano tem “orgasmos” ao descobrir um novo álbum de um músico até então desconhecido, o audiófilo pode ter o mesmo prazer descobrindo um produto que torne o prazer de ouvir seus discos ainda maior! Este é o objetivo, e o resto é apenas “dourar a pílula”. E ficar desejando ou xingando a grama mais verde do vizinho irá tirar todo o tesão desse hobby.
Lembro que meu pai sempre falava para os que tinham as velhas vitrolas de armário de madeira da Telefunken ou da Philips, e falavam indignados dos sistemas modulares que começavam a aparecer no mercado, da Quad, Marantz, Fisher, etc. ”Faça um favor à si mesmo” dizia ele, “não ouça esses sistemas, pois o ótimo é inimigo do bom!”. Não arrume “sarna pra se coçar”, e nem faça uso da soberba humana de achar que pelo fato de você não ouvir diferenças entre um “ultra hi-end” e um sistema de entrada, o sr. esteja com a razão e o mundo errado.
Os psicanalistas existem justamente para tratar desses distúrbios de egocentrismo!
Meu pai também utilizava, nesses casos, um argumento que demorei para entender, pois achava muito forte e incoerente: “A ignorância pode ser um conforto”. Hoje tenho que concordar com ele!
Se conhecesse o pobre do Simon Price, e ele estivesse aberto à conselhos, eu lhe daria dois: nunca use a palavra ou a escrita de cabeça quente, pois ela pode ser fatal. E o segundo seria: não deixe um insucesso matar o seu prazer no que você faz.
Mas para manter vivo o segundo, é preciso conter imediatamente os danos do primeiro. Pois, às vezes, agir de cabeça quente pode nos impedir de dar continuidade aos nossos sonhos e projetos.
Diga quem nunca errou neste mundo, e este sujeito merece uma estátua em praça pública! Errar faz parte do processo e, no fundo, sem o erro jamais separaríamos os projetos que valem a pena daqueles que são efêmeros.
Nossa mente está processando ideias, refazendo planos a vida toda. Então é preciso primeiro aprender a separar a quimera do viável, e sempre darmos a nós mesmos a chance de refazê-los à medida que os obstáculos vão surgindo. E sempre precisamos lembrar que no momento que participamos nossos projetos e ideias ao mundo, ele já não nos pertence. É como fazer um barquinho de papel e colocar na sarjeta após uma chuva e ver ele ganhar força e descer na correnteza.
Infelizmente esta lucidez só vem com o tempo. Quando jovens, nossa impetuosidade de acharmos que somos a diferença no mundo, nos cega e nos faz não delegar nossas ideias com os que ouviram e acreditaram.
Olhando toda a minha vida passei praticamente 2/3 dela envolvido com este projeto editorial. Foram inúmeros obstáculos, alguns tão intransponíveis que o mais sensato teria sido jogar a toalha. E só não o fiz por saber que, a cada obstáculo vencido, a trajetória ficaria mais leve e prazerosa. Pois não há obstáculo que resista ao impulso de se manter vivo para seguir em frente.
Desde muito cedo tive em mente que não sossegaria até fazer profissionalmente o que gosto e acredito. Meus pais (como todos os pais), ficaram muito apreensivos com a quantidade de empregos que tive, e como os abandonava assim que percebia que não era aquilo que me atraia. Minha carteira profissional é a maior prova do que aqui estou escrevendo. Teve empregos que não esperei se quer os três meses de teste, pulei fora antes. Em mim sempre houve o interesse em aprender, questionar e jamais aceitar como resposta o “sempre foi assim”.
Essa busca por saber e aprender me levaram a inúmeros caminhos e empregos diversos, como ser recenseador do IBGE no censo econômico de 1977 (apenas pelo fato de poder trabalhar na rua, conhecer histórias e entrevistar pessoas). Depois fui trabalhar na companhia da atriz Tônia Carrero com direção do seu filho Cecil Thiré, depois conheci e trabalhei com a maravilhosa Irene Ravache, para depois ir ser professor de iniciação musical para crianças em dois tradicionais colégios em São Paulo, trabalhar em emissoras de rádio como a América e o Sistema Globo de Rádio, depois uma longa peregrinação por estúdios de gravação, etc, etc, etc… E aqui estou eu, a 27 anos (contando com a Audio News), usando deste caleidoscópio profissional que foi minha vida para me comunicar, ouvir e passar um pouco das minhas experiências pessoais e profissionais.
Como mensurar todo este conhecimento? Sinceramente não sei. O que tento todos os meses é compartilhar com vocês minhas observações com a ajuda de nossa Metodologia. Procuro ser um contador de histórias em que cada equipamento é um personagem único, com seu próprio DNA.
Pelo jeito, muitos ainda apreciam essa forma de contar histórias, e a nossa Metodologia. O que certamente indica que, até o momento, acertamos mais do que erramos.
E, como sempre escrevo, enquanto houver parceiros dispostos a enviar produtos para teste, e leitores interessados em ler a respeito desses produtos, estaremos por aqui!