Fernando Andrette
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Eu realmente desejo a todos os nossos leitores um 2021 mais humanitário e solidário. E acredito que, se cada um de nós der o seu melhor, poderemos fazer a diferença neste ano que se inicia. Pois, como já escrevi em meus artigos dezenas de vezes, eu continuo acreditando no potencial humano, ainda que estejamos vivendo tempos de dor e desconfiança. Compartilho com cada um de vocês, neste editorial, minhas esperanças de tudo que podemos fazer para ter um mundo mais justo e digno. Nós podemos compreender que o todo é a soma das partes. Assim como aceitar que a diversidade é fruto da mesma unidade. Nós podemos, em tempos tão sombrios, refletir mais e julgar menos, assim como amar mais e não odiar. Para tanto basta lembrarmos sempre que aceitar a opinião do outro é tão importante como a nossa própria opinião. E que ambas podem dizer respeito apenas à nossa própria existência, e ninguém mais. Nós precisamos entender definitivamente que este planeta é de todos – assim como nosso corpo necessita de cuidados e respeito permanente, o planeta também necessita. E que, se não diminuirmos a desigualdade existente entre os mais ricos e os mais pobres, tudo será cada vez mais perigoso e tensionado. Então necessitamos ser menos radicais. Precisamos entender que nossas lideranças políticas precisam ser renovadas, pois os que ditam e comandam (na sua maioria) estão no fim de seu ciclo de vida, e existe um abismo entre suas ideias e as dos seus filhos e netos. E, por fim, nós podemos e devemos seguir em frente, sem esmorecer, ainda que as adversidades do mundo sejam paralisantes.
Exemplos de grandes homens não faltam! Em 2020 comemoramos os 250 anos de nascimento de Beethoven. Com a pandemia, inúmeros eventos importantes foram adiados, o que foi uma pena, pois a determinação deste homem transcende o compositor genial e genioso. Imagine, um homem escrever seu testamento com apenas 38 anos de vida, descrevendo seu horror à notícia que sua surdez era irreversível, e que muito em breve ela seria total (fato que ocorreu quando completou 48 anos). E, ainda assim, produziu até o seu falecimento, aos 56 anos de vida! Sua mais grandiosa obra, a Nona Sinfonia, ele levou dois anos escrevendo (1822-1824) e foi apresentada no dia 7 de maio de 1824, quando ele tinha 53 anos de idade. Inovadora, essa sinfonia revolucionou, ao incluir em seu último movimento, quatro vozes solistas e um grande coral. Os versos de “Ode à Alegria” foram escritos por Friedrich Schiller, em 1785, e era um dos poemas preferidos de Beethoven, que o tratava como uma oração de fé à humanidade. Interessante que, três séculos depois, nunca os versos de Schiller musicados por Beethoven foram tão atuais, e descrevem com precisão o que necessitamos e podemos fazer para deixar aos nossos filhos e netos um sentimento de união, paz e unidade. Sim. Como Beethoven, apesar de todos os obstáculos, por mais intransponíveis, precisamos sempre dar o nosso melhor.
Que assim seja!
E deixo aqui um vídeo do final do Quarto Movimento da Nona Sinfonia, com legenda em português, para os leitores que não têm grande simpatia pela música clássica, mas mantém a curiosidade aberta para sair de nossa zona de conforto, que muitas vezes nos impede de ampliar nossos horizontes!