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PRO-JECT STREAM BOX S2 ULTRA

Fernando Andrette

A Mediagear disponibilizou para testes um exemplar do Stream Box S2 Ultra, última versão do transporte streamer de música da Pro-ject.

O Stream Box faz parte de uma gama de produtos variados, como amplificadores de potência, pré-amplificadores, amplificadores de fones de ouvido, prés de phono, DACs, condicionadores de energia e fontes digitais – tendo como principal diferencial a versatilidade e o tamanho reduzido e, claro, seu preço super competitivo.

O Stream Box S2 Ultra é basicamente um Raspberry Pi com algumas melhorias feitas pela Pro-Ject. Com ele é possível fazer streaming de música pelo Spotify, Qobuz, e Tidal, além de aceitar o Roon como endpoint e rádio Shoutcast.

Sua versatilidade começa pelo Wi-Fi suportando AirPlay UPnP / DLNA, e entrada para cabo de rede. É sempre bom utilizar cabo de rede preferencialmente do tipo CAT6A para cima – com um cabo de rede extrai-se mais informações da música já que não há perdas de dados como no Wi-Fi. O Stream Box também tem conexão Bluetooth e é compatível com NAS para armazenamento de arquivos via rede. Possui uma entrada USB para conectar um HD externo, uma saída USB PCM 32-bit/352.8 kHz até DSD256, que é quem faz a conexão com o DAC externo. A interface do Stream Box S2 Ultra pode ser exibida em uma tela de TV ou monitor através da porta HDMI, e o controle fica por conta de um tablet ou celular conectado na rede.

Conectá-lo à rede por um cabo é super fácil, não precisa fazer nada nem configurar nada, apenas plugar o cabo na porta Ethernet do Stream Box e pronto. Já via wi-fi é outra história: é preciso ter paciência e buscar o aparelho na sua rede. Abra as configurações de rede do seu dispositivo móvel ou computador, e lá aparecerá o Stream Box como uma rede própria, selecione e será direcionado para as configurações do aparelho. Lá poderá selecionar, idioma entre outras funções.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. DAC Hegel HD30, e integrado Sunrise Lab V8 MkIV SS. Cabos de força: Sunrise Lab Illusion Magic Scope. Cabos de interconexão: cabos de rede Sunrise Lab Quintessence, e Ethernet Media Link Quintessence Magic Scope (ligado na entrada da porta Ethernet do Stream Box antes do cabo de rede), Sunrise Lab Quintessence Magic Scope XLR, e Sax Soul Cables Zafira III XLR. Cabo de caixa: Sunrise Lab Reference. Caixa acústica: Neat Ultimatum XL6.

O Stream Box Ultra chegou lacrado em uma caixa minimalista, e rapidamente o coloquei para amaciar. Após conectá-lo à rede, o único app que realmente funcionou à contento e sem engasgos foi o MConnect – com ele pude usar o serviço de streaming de música com bom resultado, sendo assim me foquei especialmente neste app.

Os primeiros acordes são animadores. A sonoridade é amistosa e logo começa a mudar, mas de forma sutil sem mudanças bruscas. Após 200 horas o aparelho está amaciado e então comecei a separar as faixas para audição. Comecei por Dominque Fils-Aimé, faixa Sleepy e a faixa Birds do mesmo disco. O Box S2 Ultra apresenta uma ótima linha de contrabaixo, as texturas e o roncar da caixa do instrumento aparecem sem grande esforço com velocidade e uma boa ambiência nas altas também, mostrando que o pequenino Stream Box tem refinamento suficiente para que estes detalhes apareçam sem comprometer muito da largura de palco. A voz da cantora se mantém a uma boa altura e não se move pelo palco sonoro, mantendo um bom foco.

Em seguida utilizei o disco da ARY, The Sea, que conheço bem, este com mais componentes musicais. Novamente a pequena caixinha da Pro-Ject dá conta do recado satisfatoriamente, e nos entrega uma boa dose de velocidade nos transientes e microdinâmica. O que foge um pouco das mãos do Stream Box S2 é a largura de palco – não decepciona, mas à medida que vamos aumentando a quantidade de músicos no palco apresentado pelo aparelho, percebemos que o palco sonoro se alarga de forma mais tímida, principalmente em gravações ao vivo em teatros como no caso da faixa Car Désespéré da Cécile Verny Quartet, e no disco do Harry Belafonte At Carnegie Hall. Já os timbres são muito bons e com ótimas texturas.

Estilos musicais como Jazz blues e folk vão muito bem no Stream Box S2 Ultra. Já com rock, especificamente as prensagens muito comprimidas, pode soar cansativo. Tem gravações que não se salvam, mesmo, e para estas até os sistemas Estado da Arte passam apuros.

Fora essas gravações muito comprimidas que não se salvam mesmo, o Stream Box é bastante eclético, mostrando a música com enorme entusiasmo!

CONCLUSÃO

O Pro-ject Stream Box S2 Ultra aparece como uma ótima opção para quem quer um produto minimalista, competente e que custe pouco. É um aparelho que pode superar as expectativas dos donos de sistemas Ouro e Ouro Recomendado, com uma boa folga tanto na sonoridade e opções de conexão como também por seu preço mais que convidativo. Se você tem sistemas com DAC externo ou amplificador integrado com DAC de mil e quinhentos à oito mil reais, que não possuem streaming de música embutido, vale a pena ouvir este pequeno valente – você irá se surpreender.

Nota: 63,0
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NETWORK AUDIO STREAMER CXN (V2) DA CAMBRIDGE AUDIO

Fernando Andrette

Nossos leitores certamente irão gostar de saber que temos uma fila de streamers para serem testados nos próximos meses. Começamos com o excelente Bridge da dCS, na edição passada, o mais barato de todos os produtos comercializados pela dCS, mas fora do orçamento da grande maioria dos nossos leitores.

Então fomos pesquisar o que haveria de bom e que pudesse realmente atender a muitos de nossos leitores que desejam ter seu primeiro streamer com qualidade hi-fi. E chegamos ao Cambridge Audio CXN (V2) – de ‘Versão 2’. Ganhador de inúmeros prêmios internacionais e de um prêmio EISA.

Os leitores que nos acompanham, sabem minha posição pessoal em relação a ouvir música seriamente via streamer. Admiro a facilidade com que temos toda nossa coleção de discos a mão, mas em termos de qualidade nunca me convenceu.

E olhe que escutei alguns dos streamers mais conceituados do mercado e alguns realmente bem caros (até mais caros que o Bridge, o melhor Streamer que ouvi e testamos até este momento).

Um amigo meu, que abraçou há muito tempo esta plataforma de música, ao ouvir minha opinião, ficou muito bravo comigo, pois fiz uma analogia com a fita K7 dos anos 90, que também era versátil, fácil de armazenar, podíamos fazer as seleções musicais que quiséssemos, investir em tape-decks de 3 cabeças, com ajuste de azimute e bias, e comprar as melhores fitas virgens existentes no mercado – porém sua qualidade sônica era sempre limitada. Principalmente comparada com os gravadores de rolo ou bons setups de toca-discos e cápsulas.

O que ouço, quando comparo streamer com a mídia física CD em sistemas Estado da Arte, é que parece que voltamos ao início da era digital. Menor corpo harmônico, menor profundidade, e timbres sempre menos naturais.

Aí fico pensando com os meus botões: o digital levou duas décadas e meia para se livrar da maioria de seus problemas iniciais e quando finalmente ganhou maioridade e qualidade – voltamos de novo no tempo!

A boa notícia é que a nova geração de streamers que podem ser considerados hi-end estão pulando etapas de limitações muito rapidamente, o que os coloca fatalmente na mira de todos nós que queremos ouvir as novidades lançadas no mercado que, com raras exceções, serão distribuídas em mídia física.

Então não me restava outra opção, a não ser começar a esmiuçar o mercado e ver o que ele tem a oferecer, em tempos de pandemia e de tantas dúvidas em relação ao futuro de todos.
Li inúmeros testes, pesquisei nos fóruns internacionais, pois queria um streamer de preço razoável e que pudesse atender a maioria dos nossos novos leitores e também leitores que como eu, que quisessem se aventurar sem gastar muito.

E foi quase unanimidade que o Cambridge CXN (V2) é este produto.

Antes da pandemia e da disparada do dólar, cheguei a achar no Mercado Livre este produto por 6 mil reais (ele custa, na Inglaterra, 700 libras). A última vez que pesquisei, achei uma única unidade por 7.500 reais (mas já faz mais de dois meses). De qualquer forma, seu preço ainda está muito bom pelo que oferece e toca.

Na nova versão, a Cambridge fez pequenos upgrades, como: disponibilizar junto com o Spotify Connect e Tidal, além de agora poder transmitir músicas através da tecnologia Chromecast, do Google. O que permite ao usuário transmitir conteúdo sem fio a partir de aplicativos compatíveis, e também o AirPlay 2.

Os usuários do Tidal (meu caso), podem pesquisar o banco de dados do serviço de streaming diretamente do streamer, depois fazer login na sua conta usando o aplicativo Cambridge Connect. O aplicativo, disponível para iOS e Android, também pode ser usado para controlar a reprodução. O outro upgrade foi a utilização de um processador mais rápido para lidar com a funcionalidade Chromecast.

O novo CXN (V2) é capaz de reproduzir arquivos de alta resolução de até 24-bit/192 kHz, com ampliação de até 384 kHz através da entrada USB tipo B para o seu computador, entradas ópticas e coaxiais, além de duas saídas digitais (coaxial e ótica), para quem deseja ligá-lo à um DAC externo de melhor qualidade (meu caso), e um par de saídas analógicas RCA e XLR.

O CXN (V2) possui um design bonito e limpo, que o usuário percebe ao manusear os botões e o controle remoto que foi totalmente redesenhado. A tela de 4,3 polegadas é capaz de mostrar a faixa, o artista, o álbum e a taxa de amostragem, com a foto do álbum à cores.

Os DACs internos são Wolfson WM8740 duplos de 24 bits. Filtro digital: amostragem ATF2up de segunda geração para 24-bit/384 kHz. Ethernet e WIFI, rádio na Internet, Spotify Connect, Tidal, Bluetooth, Airplay e Chromecast. Formatos de áudio: ALAC, WAV, FLAC, AIFF, DSD (x64), WMA, MP3, AAC, HE-AAC, e AAC+OGG Vorbis.

O painel frontal do CXN (V2) não sofreu mudanças em relação ao gabinete da primeira versão, lançada em 2015. Em alumínio escovado, está disponível em preto e prata. A tela colorida fica no meio deste painel, rodeada por oito pequenos botões (4 de cada lado) que controlam todos os ajustes necessários. À esquerda temos o botão de liga/desliga, seguido pela entrada USB. A direita do painel está o botão grande que lida com o volume do seu pré digital e os comandos que acionam cada passo do menu.

Nas costas, temos: a entrada IEC, 2 entradas USB tipo A, uma para o dongle WiFi que vem incluído e outra para a mídia local. Seguida da entrada Ethernet, entradas digitais Coaxial e Toslink Ótica. Saídas digitais RCA coaxial S/PDIF e Toslink Ótica, USB tipo B para a
conexão a um computador, seguida das saídas RCA e Balanceada, IR-in e controle Bus in e Out.

O controle remoto é o mesmo de toda a linha CX, e nele as funções estão todas separadas, sendo a primeira seção para quem possui o amplificador da série CXA. Logo abaixo há uma seção dedicada ao CXN, seguida pelo controle do CXC – ou, se você não tiver outro equipamento desta série, minha sugestão é que você use o gerenciamento por um aplicativo para o seu smartphone (foi o que eu fiz).

O CXN (V2) foi testado primeiramente utilizando seu pré digital interno e seu DAC, ligado diretamente nos monoblocos Nagra Classic AMP e no integrado Pass Labs Int 25. E nas caixas Revel Performa M126 BE, Elipson Prestige Facet 34 F e Wilson Audio Sasha DAW.
Os cabos de força utilizados no Cambridge foram o original, e o Illusion da Sunrise Lab. Cabos de interconexão: XLR Zenith da Dynamique Audio, e Quintessence da Sunrise Lab.

Cabos digitais: Transparent Audio Reference Coaxial, e Sunrise Lab Quintessence.

Também testamos nesta configuração em WiFi e via entrada de rede Ethernet.

Se o usuário optar por usar o pré digital interno do Cambridge, irá na verdade subutilizar o equipamento. Não sei qual foi o objetivo dos engenheiros da Cambridge de disponibilizar este recurso, mas ao avaliar o CXN (V2) através de seu pré interno, o resultado foi decepcionante. Me lembrou de imediato os primeiros dias do Compact Disc, com seu som magro, ou melhor, esquelético, com timbres duros e muito pouco reais. O palco também é quase totalmente bidimensional, o que tira todo o prazer em ouvir qualquer estilo musical que tenha mais que meia dúzia de instrumentos. A primeira impressão foi totalmente negativa e acabou por resvalar na qualidade de seu DAC interno, já que não consegui mensurar o que era do pré digital e o que era do DAC.

Antes de desistir do pré digital, fiz a troca do WiFi pela entrada de rede com a ajuda inestimável do Juan, que passou um dia instalando o cabo de rede, que ficará definitivamente em nossa sala de teste para os futuros streamers que serão testados. A melhora foi audível, mas ainda limitadas pelo pré interno do CXN (V2). Minha recomendação: esqueçam esta possibilidade.

Próxima etapa: testar o Cambridge usando um pré de linha de qualidade, e o pré do integrado da Pass Labs. Seu Dac interno é muito decente, diria até que surpreendente pelo que entrega. Ótimo equilíbrio tonal, imagens com um pouco mais de profundidade, foco, recorte e arejamento, melhora na apresentação do corpo harmônico, texturas com maior naturalidade, transientes corretos e uma apresentação de micro e macro dinâmica com muito boa escala nas passagens do piano para o fortíssimo!

Nesta configuração, diria que o CXN (V2) é perfeitamente um produto Diamante intermediário em nossa Metodologia. Podendo ser uma excelente opção para quem deseja se aventurar em ter seu primeiro streamer de qualidade, e conhecer esta plataforma que veio para ficar em nossas vidas.

E para os que não desejam gastar muito, mas querem ter acesso aos lançamentos ou em ampliar sua discoteca com discos os quais não temos a mídia física, por não achar o disco todo interessante, mas gostaria de ter algumas faixas daquele disco, o CXN ( V2) pode ser uma alternativa?

Sim, desde que se tenha alguns cuidados, como a escolha de um bom cabo digital coaxial, um cabo de bom nível de força e a entrada de rede, é claro!

Para esta terceira fase do teste, o CXN (V2) foi ligado ao Nagra Tube DAC (leia o teste na próxima Edição de Aniversário em maio).

Com os cabos digitais Transparent Audio e Sunrise Lab Quintessence, e o cabo de força Illusion da Sunrise Lab: aí tudo mudou de patamar! Ganhamos refinamento, silêncio de fundo, maior extensão nas duas pontas, mais corpo, melhor apresentação nas texturas e timbres muito mais naturais e corretos.

Resiste a uma comparação A x B com a mídia física? Não! Mas nos permite sentar e ouvir com prazer, principalmente discos que estamos ouvindo pela primeira vez! Depois de ouvir nestas condições, minha coleção de discos no Tidal pulou de 230 para mais de 400 em uma questão de 40 dias. E agora, com a pandemia, acredito que até o final de abril chegue à casa de 600 discos.

Tanto que me animei a criar uma nova seção de Playlist, só para compartilhar as ‘pérolas musicais’ que tenho descoberto no Tidal – e, para minha surpresa, são muito mais do que imaginava.

CONCLUSÃO

O CXN (V2) é um streamer honesto, versátil, muito fácil de instalar e usar (mesmo para os totalmente leigos) e oferece recursos que atendem perfeitamente a todos que querem ter seu primeiro streamer de qualidade.

Não ombreia obviamente com os streamers mais top, mas cumpre o seu papel e entrega exatamente o que promete. Se é isso que você deseja para se aventurar nesta nova plataforma, pode ser exatamente o que a grande maioria de nós deseja: praticidade e versatilidade.

Para facilitar ao leitor, dei a nota nas três configurações, para se ter uma ideia exata de como o CXN (V2) se comporta.

CAMBRIDGE AUDIO AZUR 851N
USADO COM SEU PRÉ DE LINHA DIGITAL
Nota: 58,0
CAMBRIDGE AUDIO AZUR 851N
COM SEU DAC INTERNO
Nota: 74,0
CAMBRIDGE AUDIO AZUR 851N
COM DAC EXTERNO
Nota: 81,0
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NETWORK PLAYER STREAMER CAMBRIDGE AUDIO AZUR 851N

Fernando Andrette

Foi uma surpresa receber, na sequência do streamer CXN V2 da Cambridge, o Azur 851N. É muito bom quando o importador consegue disponibilizar todas as séries, da de entrada à mais sofisticada (a Mediagear disse que assim que tiver o Edge, também será enviado).
Vencedor do prêmio What Hi-Fi Awards 2018, como o melhor streamer premium do Reino Unido, o Azur 851N vem colecionando prêmios e excelentes críticas mundo afora desde o seu lançamento.

O Azur 851N faz parte da série 851 que, até o lançamento da linha Edge, era a série top de linha deste fabricante. Assim como o CXN, ele funciona como um pré amplificador e pode ser conectado diretamente à um power, pois possui uma saída de volume controlada por um processador de sinal digital Blackfin de 32 bits.

O sinal digital passa por dois DACs da Analog Devices de 24 bits, em modo diferencial duplo, o que permite que cada canal processe os sinais separadamente, o que segundo os engenheiros da Cambridge se define em melhor precisão.

O design do 851N é mais “conservador” nas linhas que o CXN, mas sua estrutura feita de alumínio em um acabamento polido, tanto em prata como em preto, imediatamente demonstra ser um streamer de outro “campeonato”.

A tela de 11 cm parece ser muito semelhante à do CXN, mas é ligeiramente maior na apresentação da capa dos discos e tem melhor definição à maiores distâncias. Todos os comandos do painel estão colocados enfileirados da esquerda para a direita, o que facilita a identificação dos comandos e evita que acionemos o comando errado (como muitas vezes eu fiz no CXN).

Seu controle remoto é bem intuitivo, mas continuei preferindo o uso do aplicativo Cambridge Connect, que funciona tanto para iOS quanto Android, e continua sendo a melhor maneira de acessar sua música – tudo à mão, seja no tablet ou no smartphone (para ser sincero, eu só fiz uso durante o teste do controle remoto quando estava usando meu celular e precisava pausar a música). Achei também mais fácil o acesso às estações de rádio, quando ligado na mesma rede do streamer.

Eu só não indico conectar o Azur (e nem qualquer outro streamer) via Wi-Fi – sempre opte por conectá-lo à rede física, pois a diferença na qualidade do áudio é enorme!

Os arquivos de música em rede até 24-bit/192 kHz podem ser transmitidos e ampliados para 24-bit/384 kHz no seu PC, laptop ou unidades NAS. E em relação à compatibilidade de arquivos, ele pode lidar com tudo desde DSD64 à FLAC e WAV.

O 851N está munido de saídas analógicas RCA e XLR e, caso você utilize um DAC externo (meu caso) ele tem duas saídas digitais: coaxial e óptica (dê sempre preferência à coaxial, pois se mostrou muito melhor).

Em relação a entradas digitais, o 851N possui duas entradas ópticas e coaxiais, uma entrada USB assíncrona para o uso de laptop, e três USB (soquete padrão), sendo uma no painel da frente e duas no painel traseiro, para a conexão de discos rígidos externos e pendrives de memória. Todas as entradas digitais são capazes de reproduzir arquivos de alta resolução 24-bit/192 kHz.

Pessoalmente, gostaria de uma saída AES/EBU, já que a qualidade do 851N poderia ser ainda melhor aproveitada quando ligada à um DAC externo que tenha maior qualidade que o DAC interno do 851N.

Quem leu meu teste do CXN V2 irá se lembrar que separei a nota daquele streamer em três. Uma com ele funcionando como pré de linha digital, outra com seu DAC interno, e outra como streamer com a parceria com um DAC externo.

Pois bem, fiz o mesmo com este Azur. Então começo pelas minhas observações usando o 851N ligado diretamente aos powers Classic da Nagra, com a saída RCA. Esqueça! Se não for por uma emergência daquelas inadiáveis (tipo: seu pré está no estaleiro), fuja deste setup. O som é totalmente engessado, falta corpo, extensão nos dois extremos, e aquela sensação de letargia em andamentos e ritmos mais intensos. Não entendo a razão do fabricante insistir em oferecer este recurso, justamente quando ele depõe contra a qualidade do produto. Pois o Azur 851N é um excelente streamer!

Seria mil vezes mais interessante ele vir com um bom amplificador de fone de ouvido do que este pré de linha digital. Mas, como todo ser humano carrega suas idiossincrasias pela vida afora, não acredito que os engenheiros da Cambridge escutarão um editor de um país do terceiro mundo.

OUVINDO SEUS DACS INTERNOS

Ele, fazendo o trabalho de converter o sinal digital em analógico, se mostrou bem mais competente que o seu irmão mais humilde. Achei bem decente, com equilíbrio tonal correto, boa imagem (ainda que com pouca profundidade), mas um foco e recorte preciso e ótimas largura e altura. Andamento, tempo e precisão nos transientes, muito boa a micro e macrodinâmica, bom corpo harmônico e uma ausência de fadiga auditiva em gravações de qualidade. É um DAC superior em todos os aspectos ao que o CXN V2 utiliza. O que justifica integralmente seus prêmios e críticas positivas mundo afora.

Mas, se queres extrair todo o potencial do 851N, utilize um DAC externo. Ligado ao TUBE DAC da Nagra pela entrada coaxial, ele se mostrou um excelente streamer. Ouvi toda a minha playlist no Tidal, e pude comparar diretamente com o CXN V2, e é outro nível.

Melhor silêncio de fundo, maior arejamento, inteligibilidade, micro e macrodinâmica, nos fazendo, nas melhores gravações, ouvir com prazer e até aceitar que, na falta da mídia física, consiga apreciar aquela apresentação.

E no caso específico meu, que só ouço no Tidal discos que não possuo em mídia física, tornou-se um deleite conhecer tantas obras e artistas que eu desconhecia!

O Azur 851N também se mostrou muito mais exigente com os cabos de força, assim como os cabos de interconexão utilizados. Como no CXN V2, os dois cabos de força com melhor resultado foram Feel Different e o Sunrise Lab Quintessence. E também vale um teste com alguns cabos digitais coaxiais, caso você opte por um conversor externo. Enquanto ele esteve em teste (por quase 75 dias) ligado à rede, não teve nenhum problema de travar ou não atender aos comandos diretos do meu smartphone.

CONCLUSÃO

Este é o grande filé do mercado de áudio, e só irá crescer com crise ou sem crise. Escolher o streamer definitivo será, daqui para frente, cada vez mais complicado.

Então buscar produtos de empresas que tenham uma sólida reputação no mercado, e produtos já testados e consagrados, pode ser um ponto de partida interessante.

Os pergaminhos do Azur 851N são mais do que confiáveis. Se estiver dentro do seu orçamento, e é praticidade e qualidade que você procura, coloque-o na sua linha de produtos a serem escutados.

Pode perfeitamente bem ser o streamer definitivo para o seu sistema (seja usando-o com seu DAC interno, ou com um conversor de mais alto nível externo).

CAMBRIDGE AUDIO AZUR 851N
USADO COM SEU PRÉ DE LINHA DIGITAL
Nota: 58,0
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Nota: 77,5
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PLAYER DE REDE DCS NETWORK BRIDGE

Juan Lourenço

Na batalha dos transportes digitais, o CD-Player reinou absoluto por mais de uma década, depois vieram os computadores adaptados para áudio com arquivos ‘ripados’ de CD, geralmente em WAV e/ou compactados em FLAC e armazenados no disco rígido.

Logo ficou claro que os computadores adaptados para tocar em sistemas de alto nível não dariam conta do recado afinal. O PC ou notebook é uma ferramenta multiuso que serve para muitas coisas, inclusive para rodar música. E o maior entrave reside no que é mais importante para a maioria dos consumidores deste tipo de equipamento: maior capacidade de memória e velocidade de processamento capaz de renderizar dados em programas pesados como CAD e softwares de edição e jogos. Todo este poder de fogo seria uma benção para as aplicações audiófilas, se não viesse acompanhado de uma tonelada de ruído e calor que fatalmente terá de ser resfriado com ventoinhas e coolers, gerando ainda mais ruído – o mercado de computadores não vive de audiófilos.

Na outra ponta deste mercado de computadores está o Media Server, um produto realmente dedicado ao áudio que, nas mãos de bons projetistas, passou a preencher este abismo Laurenciano entre o CD-Player e o computador com extrema competência.

Então, uma parte das empresas de áudio hi-end voltou-se para o streaming de música, uma tecnologia nova que se deu muito bem por conta dos aparelhos smartphones. Deste mercado de Media Server surgiu o player de rede, um produto mais específico, dedicado ao streaming de música via rede Ethernet.

É curioso pensar que, quem colocou os players de rede no radar audiófilo tenha sido a Linn, uma empresa super conceituada no mercado hi-end que tem, entre outras coisas, uma legião de fãs por conta de seus toca-discos de vinil. Em 2007, a Linn lançou o revolucionário Klimax DS, o primeiro player streaming realmente sério deste novo segmento, dando aos consumidores deste nicho recém nascido um fôlego de esperança de que, um dia, poderiam finalmente aposentar o compact disc.

De lá para cá as vendas deste tipo de player só cresceram – hoje em dia quase todas as empresas de áudio hi-end têm pelo menos um aparelho deste em seu portfólio, seja na figura de um Media Server dedicado, ou incorporado em algum outro produto de sua linha.

A dCS é referência em transporte digital desde sempre. Suas máquinas são utilizadas em estúdios de gravação por todo o mundo. No áudio doméstico é considerada por muitos o supra-sumo da audiofilia moderna. Quando a dCS apresentou o Network Bridge em 2017, tomou o mercado de assalto, pois daquela plataforma que estampa o logo dCS jamais poderia sair um produto que não fosse Estado da Arte e, novamente, as esperanças seriam renovadas!

O dCS Network Bridge é um player de rede construído em um gabinete de alumínio aeroespacial usinado em torno CNC. Em termos de beleza, ele não é bonito como a linha Rossini nem é maravilhoso como a linha Vivaldi. Talvez por ele ser um produto feito para se ‘encaixar’ em qualquer sistema dCS ou de outras marcas, preferiram deixá-lo com um visual neutro, o que acabou por torná-lo sisudo e apagado, pois seu painel frontal é apenas um painel frontal, liso e sem qualquer curva. Tal sisudez é amenizada apenas por um LED azul que indica se está ligado ou não. O logo dCS fica no tampo superior do aparelho.

Com o Network Bridge é possível executar arquivos de música via internet dos principais serviços de streaming de música: Tidal, Spotify e outros, além de já estar preparado para Roon Player e de reproduzir arquivos de música direto de um disco rígido externo, pendrive, ou ligado em um NAS.

No painel traseiro, há duas saídas AES/EBU, e com elas o proprietário de um DAC e/ou upsampler dCS, pode usufruir da ligação DUAL AES que permite ao Network Bridge rodar arquivos DSD nativamente transportando o sinal em separado duplo mono até o DAC ou upsampler. Este é um recurso exclusivo da dCS e, sem dúvida, traz um benefício e tanto na otimização do sinal de áudio. Para quem utiliza DAC ou upsampler de outras marcas, apenas uma das saídas AES/EBU conduzirá o sinal até se destino. Tudo isto porque a proprietária da plataforma DSD não permite a manipulação do sinal em equipamentos que possuam dois ou mais gabinetes separados. É muito comum ver proprietários de CD/SACD-Players acostumados a ouvir seus SACD nativamente, comprar um DAC externo com resolução DSD e se frustrar ao tentar ouvir seus discos SACD, pois nesta configuração o player só permitirá ler a camada PCM da mídia física. Não se desespere, saiba que não é defeito do player ou do DAC, é apenas uma proteção da tecnologia imposta por quem detém seus direitos.

Continuando… Além da saída AES/EBU, ele possui três saídas S/PDIF, sendo uma coaxial. Entrada Ethernet, AirPlay e USB 2.0, duas entradas BNC SDIF, e uma terceira saída de word clock BNC. Sua antena interna foi projetada para controle por aplicativos e eventual uso de Wi-Fi. Não aconselho utilizar wi-fi por que a perda é gigantesca – dê preferência para ligações com cabo de rede no mínimo CAT6A, (não utilize CAT6 porque é só um 5e melhorzinho).

O Network Bridge pode reproduzir arquivos PCM de até 24-bit / 384 kHz sem perdas, além de DSD64 e DSD128 em nos formatos nativo ou DoP. O clock interno do Bridge é de ótimo nível mas, novamente, se usado com um clock externo (via BNC) o ganho é absurdo!

Se tem uma coisa que a dCS faz extremamente bem é a etapa de fonte, e a do Network Bridge isola muitíssimo bem o circuito digital e de clock de quaisquer irregularidades provenientes da tensão AC, com isto os problemas de jitter são minimizados ao máximo!

Diferente de outras aplicações digitais, no áudio digital hi-end 1+1 nem sempre é igual a 2, pode ser um e meio, ou até três e meio. Uns e zeros de nada adiantam se no final a música soar sem vida, sem emoção. De nada adianta eliminar jitter como muitos aparelhos o faz e muito bem, melhorando a entrega dos pacotes de dados em uma transmissão digital, se neste processo eliminar harmônicos contidos nos dados convertidos posteriormente. Saber transformar uns e zeros em timbres e sons realistas, não é uma tarefa fácil, principalmente no topo da pirâmide onde até hoje poucos sãos os que se estabeleceram. É uma arte que poucos entendem, e menos ainda a dominam.

A dCS conseguiu dar ao Network Bridge um nível de sofisticação na apresentação musical, extremamente elegante e por um preço que não costuma ser preço dCS, pois se tem uma coisa que todo audiófilo tem como certo é que um conjunto dCS vai te fazer sorrir, mas antes vai fazer o bolso chorar. No caso do Network Bridge, não. O custo dele fica em um patamar digamos, dentro do possível, mais barato que o nosso player de referência, o Luxman D-06.

O dCS Network Bridge que veio para nós foi cedido gentilmente pelo nosso amigo e leitor Silvan Alves – a ele o nosso muito obrigado! Silvan deve ser um camarada desprendido dos bens materiais, pois o Bridge ficou conosco por mais de quinze dias! (risos). E como se não bastasse, ele nos emprestou o upsampler Vivaldi para tirarmos algumas conclusões acerca do aparelho.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: CDPlayer Luxman D-06 (apenas para comparação), DAC Hegel HD30, upsampler dCS Vivaldi. Cabos de força: Transparent MM2, Sunrise Lab Illusion Magic Scope e Quintessence Magic Scope. Cabos de interconexão: Sunrise Lab Ethernet Media Link Quintessence Magic Scope (ligado na entrada da porta Ethernet do dCS antes do cabo de rede), Sunrise Lab Quintessence Magic Scope XLR e Coaxial digital, Sax Soul Cables Zafira III XLR. Cabo de caixa: Sunrise Lab Quintessence
Magic Scope. Caixa acústica: Neat Ultimatum XL6.

Como o aparelho estava super amaciado, colocamos logo em teste, deixamos tocar por algumas horas apenas para a estabilização térmica e dos contatos dos cabos.

Quando retiramos o Luxman que, por sinal, estava ótimo, o salto na qualidade geral do sistema foi imediato. Parecia que o sistema todo estava engarrafado e que após ligar o dCS Bridge um grande e apertado nó tivesse se desfeito. O que mais chama atenção são os timbres, como ficam ainda mais naturais, com maior precisão e detalhes.

Outra coisa que chama a atenção é o silêncio de fundo e o silêncio em volta dos instrumentos e vozes, isto de cara melhora muito a percepção do corpo harmônico, do tamanho dos instrumentos e da presença da voz humana. As relações de distância entre cada instrumento foram elevadas a um nível que só experimentei ouvindo um transporte superlativo. Os decaimentos das notas, a ambiência e toda a beleza dos micro-detalhes estavam mais expostos ao mesmo tempo que tudo soava simples, sem fazer com que teu cérebro foque apenas naquele instrumento que eventualmente sobressaiu no decorrer da música. Tudo tem luz própria, tudo tem seu momento mágico, mas nenhum instrumento ou voz te faz cativo – o todo é privilegiado, o todo é exibido e apreciado.

A folga com que o dCS Network Bridge apresenta a música faz todo o corpo relaxar até nas passagens mais enérgicas, como a Primeira Sinfonia de Mahler ou a Nona Sinfonia de Beethoven.

Mas não se engane, amigo leitor, este relaxamento em nada tem a ver com letargia ou uma apresentação desinteressada. É folga. Daquelas que faz aquele disco que sabemos que é uma pedreira, que nos fará se segurar na poltrona aguardando o emaranhado de asperezas, estreitamento de palco e distorções mil, passarem por nós como se não conhecesse aquela gravação!

O App da dCS que gerencia o Bridge é simples e fácil de usar, mas não é dos melhores. Vira e mexe ele te faz reiniciar o app e procurar as músicas tudo de novo. Fora isso, a execução é um processo tranqüilo: sem engasgos ou perda de alguma conexão. O ideal mesmo é utilizar o Roon, pois a interface é fantástica e de quebra você fica sabendo qual música é MQA, qual é DSD ou arquivo com taxa de amostragem comum.

Embora o Bridge tenha muitas saídas digitais e todas toquem em alto nível, a que o player mais se beneficia é sem sombra de dúvida a AES/EBU. Se o seu DAC não possui tal entrada, não faz mal, o som proveniente das outras entradas é excelente, mas a AES/EBU te leva além. E não é uma questão apenas de privilegiar um padrão do outro, é que, como acontece no analógico, por questões óbvias, quase sempre o XLR leva vantagem sobre o RCA. No digital também é assim: o AES/ EBU leva vantagem sobre o BNC ou Coaxial digital.

Outra coisa que deve observar é que o Network Bridge é bastante suscetível à troca de cabos de força. Dê preferência para cabos neutros, nada de cabos quentes ou cabos que tenha uma gordurinha em algum extremo, muito menos que iluminem a região média – cabos neutros é uma ótima pedida.

Para quem ficou curioso sobre o upsampler, a dúvida era a seguinte: é sabido que, em um conjunto dCS Vivaldi ou até mesmo em um Scarlatti, o upsampler é a peça que menos trará ganho ao sistema, haja visto que o transporte em DUAL AES em conjunto com o DAC fazem um trabalho excepcional, resta pouca coisa que o upsampler possa fazer para melhorar. A pergunta que ficou martelando era se o Network Bridge se beneficiaria dos mais de cem pontos do upsampler ou se direto pelo DAC seria tão bom que não valesse tanto a pena, como acontece com o transporte. Caro leitor, a diferença é brutal! Quem tiver seu conjunto Vivaldi ou Scarlatti completo, faça o teste do upsampler dCS – irá se surpreender!

CONCLUSÃO

O player de rede dCS Network Bridge não tem a pretensão de roubar o lugar dos transportes da marca, ele está mais para um companheiro prático que estará ali para lhe dar toda a liberdade que a internet pode oferecer com a mesma qualidade e assinatura sônica característica da marca. Ele te dará mais que um bom motivo para continuar no caminho do streaming de música pela internet. Além da praticidade, ele te dará prazer ao apertar o play do seu serviço de streaming! Um player que pode muito bem se tornar a fonte principal na maioria dos sistemas hi-end espalhados pelo país, e por um preço muito mais atraente que os transportes de mídia física de mesmo patamar e até os muitos acima de seu preço.

Se em algum momento pensou que, para ter um transporte de alto nível, precisaria desembolsar um caminhão de dinheiro, e que a relação custo/performance começou a encurtar exponencialmente, ouça o dCS Network Bridge. Tenho certeza que irá te fazer repensar seus conceitos.

Nota: 98,0
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