AUDIOFONE – Editorial: BINAURAL BEATS: A NOVA ONDA SONORA PARA PRODUZIR EFEITO SEMELHANTE A DROGAS VIA FONE DE OUVIDO.

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Saiu em várias mídias, no mês de abril, o aplicativo que vende ‘doses’ online de Binaural Beats, que podem provocar sensações mentais substituindo as drogas ilícitas do mercado. Eu pensei muito antes de escrever este editorial, e procurei estudar o assunto, pois muitas questões apresentadas em tudo que li a respeito me parecem sem muita consistência científica. Sabemos desde o século XIX, que muitos sons podem levar o indivíduo a estados de diminuição dos batimentos cardíacos, um profundo relaxamento e até a ajudar a silenciar a mente. Lembro a primeira vez que visitei um templo budista, e o efeito que me causou a pronúncia do OM coletivamente, reverberando nas paredes do templo. Minha mente, no primeiro instante, associou aquele efeito sonoro a um enxame de insetos, mas à medida que contemplava a beleza do local e sua arquitetura, aquele ruído foi sendo assimilado pelo cérebro, e deixou rapidamente de me incomodar. O isolamento da pandemia por dois anos, parece que criou uma ‘atmosfera’ coletiva propensa a tentar se adaptar e viver nesse novo estado de isolamento forçado, e aí temos o cenário ideal para todo tipo de propostas e soluções para a nossa solidão forçada. Foi então que começaram a aparecer as primeiras informações sobre as ‘drogas digitais’, e um artigo publicado na revista científica Drug and Alcohol Review alemã, confirmou que muitos jovens estavam fazendo uso da técnica Binaural Beats para obter um efeito semelhante ao uso de drogas com frequências reproduzidas pelos fones de ouvido. Um estudo foi coordenado por uma Universidade da Austrália, e a maioria dos entrevistados que fizeram uso tinham em média 20 anos, e os mais adeptos dessa nova técnica foram os jovens americanos, mexicanos, ingleses, poloneses e brasileiros. O Binaural Beats segue o velho e conhecido princípio de reproduzir duas frequências distintas abaixo de 1000Hz, simultaneamente, e na mesma intensidade. E que – segundo os adeptos – faz o indivíduo criar em sua mente uma terceira frequência. Claro que a internet viu logo como faturar em cima do modismo, e já criou uma plataforma, a I-Doser, que vende doses online, e plataformas no Youtube e do Spotify que disponibilizam o efeito para quem quiser experimentar. No entanto, nem todos que experimentaram dizem sentir o efeito prometido, e alguns relataram que o uso do Binaural Beats os ajuda a adormecer e mudar seu estado de humor.

E o que esse estudo tem a ver com a Audiofone? Tudo, pois é através de fones de ouvidos que o usuário irá utilizar a ‘nova onda’. Então pedi para o meu filho me apresentar ao ‘efeito’, e lá fui eu – um sexagenário – ver se ficava doidão como nos meus vinte e poucos anos quando experimentei LSD. O que me assustou de cara, é que os ruídos abaixo de 1000Hz estão gravados em volume exagerado em alguns exemplos (parece que cada criador, faz a seu modo, não existindo um padrão), e a variação dinâmica (como se fosse um efeito de ondas), é muito rápida e exaustiva de tentar acompanhar. Resultado: depois de cinco tentativas em horários alterados, o máximo que consegui foi uma dor de cabeça e uma sensação de irritabilidade crescente durante todo o dia, com fadiga auditiva como se estivesse de ressaca! Talvez essas ‘baladas’ sejam desaconselháveis para maiores de 40 anos, sei lá! E fica aqui o alerta para nossos jovens leitores: tenham muito cuidado ao fazer uso da nova “droga sonora”, pois ela pode ter o mesmo efeito que o de se ouvir ‘música’ de má qualidade em alto volume!

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