Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS REVEL PERFORMA3 M105

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junho 18, 2019
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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Ainda que as colunas tenham evoluído muito, e estejam cada vez mais slim e compactas para os ambientes modernos das grandes cidades, ainda assim muitos consumidores, sejam audiófilos ou melômanos, necessitam de soluções ainda mais compactas no tamanho e não na performance.

E os fabricantes conceituados de caixas acústicas estão sempre a jogar um pouco mais para cima a qualidade final das caixas também batizadas de bookshelf.

A Revel, do grupo Harman, ao apresentar no início de 2012 suas books M105, buscou se posicionar no pelotão de frente dos fabricantes que buscam em seus modelos Estado da Arte (como a Revel Ultima Salon 2, testada por nós na Edição 229), inspiração para os seus modelos de entrada. E talvez esta seja a razão da Performa3 M105 ter tantos admiradores espalhados em todos os continentes, e reviews altamente elogiosos!

Meu primeiro contato se deu na AV Group (distribuidor do produto no Brasil), tocando descompromissadamente com uma eletrônica Emotiva de entrada. Enquanto eu aguardava para ser atendido, duas coisas me chamaram a atenção: seu equilíbrio tonal mesmo a volumes de música ambiente e seu acabamento e design. Nada de plástico ou gabinete simples para tornar o produto competitivo.

Atento ao seu peso, seu gabinete curvo, verniz brilhante, que lhe dava um ar de produto extremamente refinado e muito mais caro, lá fui eu fazer o de habitual: bater com o nó dos dedos no gabinete, para sentir sua solidez e passar as mãos para contemplar seu fino acabamento sem rebarbas. Em resumo: saí de lá com a certeza que deveríamos testar esta bookshelf, ainda que seja um produto com mais de seis anos no mercado!

Com as caixas já em nossa sala de testes, foi possível apreciar em detalhes todas as suas qualidades. O gabinete tem 25 mm de espessura, as paredes laterais são laminadas a partir de uma lâmina única, assim como a parede traseira. O falante de médio grave de 130 mm utiliza cone de alumínio, como nos modelos superiores, e seu comportamento pistônico foi estudado em 3D para que não se tenha perda mesmo a volumes altos e por longo período. O tweeter de alumínio de 25 mm, possui uma lente acústica para servir como guia de onda, controlando a dispersão e fazendo com que a passagem do médio alto para os agudos sejam o mais suave possível. A lente também ajuda a distribuir a energia fora do eixo, permitindo um ponto de escuta menos fechado.

Dizem que a diferença está nos detalhes, e no caso das M105 estão mesmo! Os números técnicos não são nada excepcionais, como resposta nos graves a partir de 60 Hz e sensibilidade de 86 dB. Mas esses dados técnicos serão totalmente esquecidos a partir das 300 horas de amaciamento mínimo, quando elas finalmente desabrocham e nos presenteiam com audições plenas de conforto auditivo e inteligibilidade!

Mas, para atingir sua máxima performance, serão necessários alguns cuidados, como um amplificador de no mínimo 50 Watts com boa corrente, bom fator de amortecimento e disposição para pegar a s pequenas M105 e regê-las com autoridade.

Os cabos de caixa também serão muito importantes. Usamos o Nordost Heindall 2, com excelente resultado.

E o cuidado mais imprescindível: o pedestal! Este, meu amigo, deverá ser minuciosamente estudado para, em termos de soundstage, você obter um palco grandioso, uniforme e, nas três dimensões, homogêneo.

O ideal é que o ouvinte esteja na altura entre o tweeter e o falante de médio-grave. Nesta posição dois fenômenos ocorrem: primeiro a caixa parece ter apenas um falante concêntrico e, segundo, o foco e recorte serão de uma precisão estonteante. Essas duas qualidades são tão impactantes que você irá desejar explorá-las ao limite.

Com um tamanho tão modesto, será preciso que o posicionamento das caixas em relação ao ouvinte seja equacionado da melhor maneira possível.

As M105 são ideais para ambientes de até 12 m². Em salas maiores os graves ficarão comprometidos, mas respeitando esses limites sua resposta e seu equilíbrio tonal são tão planos que, independente do volume, sempre o prazer de ouvir será pleno.

Em nossa sala de home, as M105 ficaram a 2,00 m entre elas (do centro do tweeter ao outro), 0,50 m das paredes laterais e apenas 1,20 m na parede às costas das caixas. Com um ângulo de 20 graus apontado para o ponto ideal de audição (uma das pontas do triângulo equilátero).

Na nossa sala principal, diminuímos a distância para 1,80m entre as caixas, e da parede de trás das caixas 1m apenas.

O comportamento das M105 muda a cada 50 horas. Então o ouvinte terá que ser paciente e aceitar todas as alterações de equilíbrio que fatalmente irão apresentar nas 300 horas de queima. Com 100 horas (foi assim que ela veio para teste), parece que a caixa não tem grave é magra no médio-grave e os agudos parece que estão com um chumaço de algodão na frente. Diria ser uma das caixas mais difíceis de escutar nas duzentas horas iniciais.

Você duvidará se aquela caixa, de tão belo acabamento e tantos cuidados na sua construção e topologia de falantes e crossover, não veio com defeito. É assim mesmo: esta não será a primeira nem a última caixa acústica por nós testada que vai ‘de patinho feio à cisne’!

Qual a razão de algumas caixas serem assim? Nem eu com toda a rodagem sei a resposta. Mas sei que, se o ouvinte for paciente, acreditar nos reviews já escritos e confiar no seu feeling, no final haverá um final feliz.

O que eu indico nesta fase é paciência, e evite ficar sentado torturando suas orelhas e aumentando seu desespero. Coloque uma caixa de frente para outra, inverta a polaridade de uma das caixas, cubra com um edredom, e ‘pau na caixa’. São 15 dias de tortura com a porta fechada e pressão sonora de ao menos 78 a 82 dB. Duas semanas passam em um piscar de olhos!

Ai volte-as à posição ideal de audição, coloque uma voz feminina ou um piano solo, relaxe e aprecie. Se você tomou todos os cuidados acima relacionados, você irá se encantar com seu equilíbrio tonal de cima embaixo, pois não haverá luz adicional em nenhuma parte do espectro audível e nem tão pouco falta de clareza, mesmo em passagens mais complexas.

Seu soundstage é exemplar, assim como a apresentação de planos, tanto em largura, como altura e profundidade. E as M105 ‘herdaram’ da Salon 2 o silêncio em volta dos instrumentos, proporcionando um foco e recorte dignos de caixas Estado da Arte.

Suas texturas são palpáveis, repletas de refinamento e apresentação de intencionalidade, que nos permite avaliar se o músico possui um bom instrumento, e se sua performance também está a altura da obra!

Velocidade para acompanhar ritmo e tempo é outra das graciosidades desta bookshelf. Você ficará surpreso como ela consegue apresentar variações de velocidade de vários instrumentos soando juntos, e só perceberá seus pés batendo no andamento da melodia, após alguns acordes.

Como a passagem do médio-alto para o tweeter é impecável, vozes, instrumentos de sopro, piano, etc, soam com enorme conforto auditivo, mesmo a curtas distâncias (2 metros entre o ouvinte e as caixas), mesmo em volumes mais próximos do limite da gravação. Observei esta qualidade ao ouvir o saxofonista Jan Garbarek tocando sax soprano a apenas 2 metros das caixas em um volume considerável, e a fadiga auditiva foi zero. Acredito que este mérito seja justamente da lente colocada no tweeter para melhor dispersão da energia dos agudos: mostrou ser de enorme valia para audições que são mais próximas das caixas.

A microdinâmica das M105 é excepcional, pois sua região média ainda que não seja ultra transparente, possui tão bom silêncio de fundo que possibilita acompanhar todos os mais sutis decaimentos e planos de um singelo triângulo no meio de uma obra sinfônica. Já da macrodinâmica não dá para esperar milagres em uma caixa tão compacta e com um falante de médio-grave de 5 polegadas.

Mas a pequenina é valente, pois seu corpo harmônico nos médios-baixos lhe dá peso e energia para nos fazer expressar pura satisfação de como uma book tão pequena é tão audaz com a macro. Mas, sejam moderados meus amigos, não se empolguem muito, pois do contrário correm o risco de danificar a caixa. O truque aqui é deixar as M105 mais próximas da parede de fundo (talvez menos de 0,80 m) e ver como os graves se comportam. Se não embolarem e nem se tornarem um grave de uma nota só, a resposta para órgão de tubo, tímpano e bumbo, ganharão mais corpo e impacto.

Mas lembre-se: tudo é uma questão de equilíbrio, pois não adianta ganhar de um lado e perder do outro.

O corpo harmônico é semelhante à macrodinâmica: terá que haver um estudo da melhor posição na sala para conseguir instrumentos mais coerentes em termos de tamanho.

Mas é na Organicidade (presença física do acontecimento musical), que as M105 se transformam em gigantes! Seu cérebro realmente acredita que o acontecimento musical está à sua frente, em carne e osso! José Cura, no disco Anhelo, estava a alguns palmos à nossa frente. Esta capacidade da pequenina Ravel é um dos aspectos que mais nos agradaram, pois ela o faz com total graciosidade e leveza!

Some as todos estes atributos, um belo conforto auditivo e a musicalidade será mais um prêmio que ela oferece aos seus ouvintes. Você ficará horas ouvindo e reouvindo suas gravações favoritas e sairá dessas audições com o frescor de quando chegou.

CONCLUSÃO

A quantidade de caixas bookshelf no mercado é enorme. De todos os preços e para todos os gostos, então escolher o modelo que atenda às suas expectativas e necessidades tornou-se uma tarefa mais delicada, porém muito prazerosa (se você não for desesperado e gostar de garimpar e ouvir tudo que esteja no seu orçamento).

Para aqueles que possuem uma sala de até 12 m², um gosto musical eclético e um sistema Diamante beirando um Estado da Arte, não colocar na lista de opções as M105 será imperdoável, pois seus atributos vão desde a qualidade dos componentes, histórico do fabricante até, claro, a performance! O que, se não é garantia de 100% de acerto, é de pelo menos 75%.

Se você está nessa encruzilhada, na busca da bookshelf ideal para o seu sistema, ouça as Revel Performa3 M105: são senhoras bookshelfs, capazes de lhe proporcionar anos e mais anos de total prazer auditivo.


Pontos positivos

Uma bookshelf de performance refinada e um acabamento acima da média.

Pontos negativos

Restrita à salas de até 12 m², e não se pode abusar do volume.




ESPECIFICAÇÕES
DescriçãoBookshelf 2-vias
Drivers de alta frequênciaTweeter domo de alumínio de 1” (2.5 cm) com lentes acústicas
Drivers de baixa frequênciaWoofer de cone de alumínio de 5.25” (13.3 cm)
Cast-frame Woofer
Potência de amplificação recomendada50-120 W
Frequência de crossover2.3 kHz
Extensão de baixa frequência-10 dB@44Hz / -6 dB@56Hz / -3 dB@60Hz
Impedância nominal8 Ohms
Sensibilidade86 dB
Tipo de gabineteBass-reflex com duto traseiro
AcabamentosPiano Black ou Piano White ou Walnut
Dimensões (L x A x P)35.6 x 20 x 24.8 cm
Peso

7kg

CAIXAS ACÚSTICAS REVEL PERFORMA3 M105
Equilíbrio Tonal 10,0
Soundstage 10,0
Textura 10,0
Transientes 10,0
Dinâmica 9,0
Corpo Harmônico 9,5
Organicidade 10,5
Musicalidade 11,0
Total 80,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS REVEL PERFORMA3 M105



AV Group
(11) 3034.2954
R$ 198.000

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