Fernando Andrette
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Todos os amantes da música clássica certamente possuem sua gravação preferida da Nona de Beethoven. E muita tinta e páginas e mais páginas foram escritas, por diversos críticos e musicólogos, na defesa das gravações mais impactantes. A lista é grande, e unanimidade neste tipo de discussão nunca terá um vencedor. Alguns, à plenos pulmões, dirão se tratar da primeira gravação do maestro Karajan, ou a sua terceira, outros lembrarão da gravação feita pelo maestro Solti, e se dermos cordas à todos se manifestarem passaremos uma década escutando das mais óbvias às mais esquecidas de todas as gravações já feitas. Eu, por exemplo, colocaria nesta lista a do maestro Celibidache, pela sua ousadia de levantar uma discussão de que o andamento desta obra, com o passar do tempo, tinha tido seu tempo acelerado, de maneira proposital, mas com resultados estéticos musicais duvidosos. E fez sua gravação seguindo estritamente o escrito nas partituras originais. Escrevi até um artigo, muitos anos atrás, a respeito desta gravação e minha admiração por dar às gerações mais novas a oportunidade de acompanhar esta magnífica obra como foi concebida e executada até o início do século XX. Mas, certamente, a versão do maestro Celibidache não estaria no Top Five de nenhum crítico musical, pois as resenhas da mesma foram muito negativas na época de seu lançamento. Mas, ainda assim, aprecio e a ouço frequentemente, pois se tem algo que me agrada nesta gravação, além do andamento correto, é a possibilidade de ouvir, na íntegra, com a maior inteligibilidade possível, todos os quatro movimentos (principalmente o quarto, com a entrada do grande coral, que em inúmeras gravações a orquestra e o coral ficam uma massa sonora de difícil entendimento). Assim sendo, dependendo do meu estado de espírito, sempre que escuto a Nona de Beethoven, ouço a gravação do Solti (em LP), a do Celibidache (CD), ou a terceira gravação do Karajan (CD). Mas, lá no fundo de minha alma, sempre pensei que seria fantástico se houvesse uma gravação que tivesse o andamento correto, a precisão e a performance de uma orquestra sinfônica de referência mundial e total inteligibilidade em todos os quatros movimentos (e não só do primeiro ao terceiro). E esta gravação existe, meus amigos, e coloco na íntegra o link para o vídeo neste editorial, para que você possa tirar suas conclusões se concorda ou não comigo. Ela foi apresentada no dia 18 de setembro de 2014 pela Orquestra Sinfônica e Coral de Chicago e regência de Riccardo Muti. Todas as revistas dedicadas à música clássica afirmam que a Sinfônica de Chicago encontra-se hoje em seu apogeu, conseguindo uma regularidade e um equilíbrio entre todos os naipes da orquestra, o que a coloca entre as melhores da atualidade. Assino embaixo! Se você for um fã desta sinfonia, certamente irá se surpreender com a qualidade de todos os naipes, com excelentes músicos que conseguem dar uma consistência impressionante quando tocam em conjunto. A orquestra toda soa homogênea e o maestro Riccardo Muti, conduz a orquestra com enorme segurança. Tamanha segurança que, por duas vezes, ele simplesmente pára de reger e só acompanha a orquestra fluir alegremente (não vou falar em quais movimentos isto ocorre, para forçá-los a assistirem à apresentação na íntegra). Eu, sinceramente, jamais tinha visto tal postura de nenhum maestro, de parar de reger e só assistir – impressionante! Isso nos mostra o grau de empatia entre a orquestra e o regente. Mas, a beleza desta gravação não se faz sublime por esses pequenos detalhes, e sim pelo cuidado em tudo: desde o andamento correto, as variações dinâmicas perfeitas e a total inteligibilidade nos quatro movimentos, mesmo no Gran Finale do quarto movimento. Tanto os quatro solistas vocais como o coro, com 210 vozes, soam coesos e grandiosos, como o compositor imaginou para o último movimento! Claro que todo este esmero não teria este resultado se a acústica da sala e o engenheiro de gravação não estivessem à altura da apresentação. Pela ovação do público ao final, é possível medir o que ocorreu naquele dia e como a crítica reagiu nas semanas seguintes após a apresentação! Os elogios foram de “noite irretocável” à “apresentação que entrará para a história da Nona de Beethoven”! Eu iria mais longe e diria que, de todas as gravações desta obra que foram feitas neste século, esta é de longe a melhor em todos os sentidos! Só peço um favor a todos que tenham interesse em assistir, que utilizem um fone decente, pois a gravação é de alto nível.
Para esta edição, testamos o DAC top de linha da MSB, o Select, e pela chamada de capa o leitor já deve ter uma ideia do nível deste conversor. Também testamos um amplificador valvulado 300B edição especial de aniversário de características ‘sedutoras’, e uma cápsula da Grado com uma relação custo/performance impressionante. Nosso colaborador Juan preparou uma matéria técnica muito especial, ensinando passo a passo como fazer uma instalação elétrica dedicada, e o nosso colaborador de vídeo Jean fez a cobertura do evento da Samsung de lançamento das TVs Qled 8K.
Espero que vocês apreciem esta edição e, aos que assistirem o vídeo da Nona Sinfonia de Beethoven, nos passem suas impressões. Pois adoraria conhecê-las!