Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Colocando em uma linha do tempo a trajetória desde o lançamento do V8 MkI, em 2012, percebemos claramente que o engenheiro Ulisses da Sunrise Lab trabalhou incansavelmente para a realização de aprimoramentos neste integrado para que seus clientes pudessem realizar os upgrades de uma série para outra sem trocar o equipamento.
Acho que nem o Ulisses imaginaria o sucesso que o V8 atingiu nesses 8 anos de existência. E não falo do volume de vendas (ainda que seja muito significativo para a realidade do mercado nacional de hi-end), mas sim da possibilidade de se manter o aparelho pagando apenas o valor da atualização – que custa uma fração do valor do produto.
Esta estratégia criou uma fidelidade que se tornou um ‘case’ de mercado e fez com que a Sunrise aplicasse este mesmo processo na sua linha de cabos. Resultado: clientes satisfeitos e crescimento de vendas ano à ano de toda a linha de produtos! Mas nada disto seria possível se realmente o V8 não tivesse uma relação custo/performance surpreendente. E se todas as descobertas e avanços desenvolvidos pela Sunrise não fossem rapidamente repassados para as novas versões.
O Ulisses compreendeu que os avanços neste segmento hi-end são muito constantes, deixando os equipamentos que não se adequam a esta realidade defasados rapidamente. Como diria meu pai: “Não dá para deitar os louros”, pois quem o fizer será literalmente atropelado pela concorrência.
Testamos o V8 original, a versão MkII, mais recentemente a MkIV e, agora, o V8 SS, que acredito (mas conhecendo o Ulisses, posso errar feio) será a versão final deste incrível integrado. Os que não conhecem o equipamento, mas leram os testes, podem perceber pela pontuação de cada versão o quanto os upgrades foram consistentes e fizeram o V8 pular de patamar. Mas parece que o Ulisses deixou para o ato final sua obra-prima!
E transcrevo aqui o texto que ele nos enviou junto com o aparelho:
“Apesar do enorme sucesso do atual, e em produção, V8 MkIV, diante de fontes mais complexas e de caixas mais refinadas, notou- se que havia espaço no mercado para uma versão aprimorada. Foram realizados estudos sistemáticos procurando os limites da atual topologia e suas reais possibilidades de evolução, sempre considerando manter a filosofia da empresa e possibilitar que a nova versão pudesse ser oferecida como upgrade da atual. Este estudo apontou para mudanças radicais na fonte de alimentação e nas etapas de ganho e buffer do pré-amplificador, na filtragem especial da entrada da rede elétrica, na limitação da resposta de frequência da etapa de amplificação e na implementação de suas fontes de alimentação. Tal conjunto de alterações resultou tecnicamente em aumento considerável na banda passante total e redução de distorção e da rotação de fase, redução do piso de ruído dinâmico e aumento do fator de amortecimento dinâmico. Nas audições críticas, notamos melhor distribuição da energia pelo palco sonoro e ampliação da sensação de força, linearidade e naturalidade de timbre. A capacidade de reprodução de sutilezas até então imperceptíveis, aparece agora com enorme clareza. Os mais de 300 Watts de potência por canal em 4 ohms são, agora, plenamente aproveitáveis, pois a saturação no final da curva de potência ficou praticamente imperceptível. Esteticamente, a única diferença visual encontra-se no VU, com uma nova grafia.”
Transcrevi na íntegra o texto enviado, pois achei que ele pode nos dar uma pista do que ouvir detalhadamente neste teste e também nos ajuda no momento em que colocarmos lado a lado o V8 SS com o V8 MkIV, que a Sunrise gentilmente nos emprestou.
Seria excelente se pudéssemos ter sempre o antecessor do modelo atual de todos os produtos enviados para a realização de nossas observações auditivas, mas isto é uma utopia. Então, quando ocorre, é motivo de comemoração! Afinal, como o Ulisses esclarece, o MkIV continua em linha.
O V8 SS é uma série especial, um pouco mais caro que o V8 MkIV, mas que o leitor verá, ao término deste teste, que o investimento vale cada centavo.
Para o teste utilizamos as seguintes caixas: Boenicke W8 (leia teste 2 nesta edição), W5SE, Rockport Avior MkII e Wilson Audio Sasha DAW. Fontes analógicas: Thorens TD 550 com braço SME Series V, cápsula Transfiguration Proteus, toca-discos Acoustic Signature Storm com braço SME Series V e cápsula Soundsmith Hyperion 2. Pré de phono: Boulder 500. Fonte digital: dCS Scarlatti. Cabos de interconexão: Quintessence da Sunrise Lab, Dynamique Audio Apex e Halo 2, Ágata da Sax Soul. Cabos de caixa: Quintessence da Sunrise Lab, e Halo 2 da Dynamique Audio. Cabos de força: Ilusion e Quintessence da Sunrise Lab, Halo 2 da Dynamique Audio, e PowerLink MM2 da Transparent Audio.
Este setup foi usado em ambos os integrados V8. O que facilitou muito observar todas as diferenças, que são muito audíveis e não precisa ter ‘ouvido de ouro’, ser sintético, analítico, curva personalizada de equalização ou qualquer dessas modas que inventam a todo instante.
Basta sentar e ouvir!
Os interessados no teste do V8 MkIV por favor releiam a edição 234. Lá descrevi em detalhes todas as qualidades do integrado e deixei explícita sua evolução consistente dos modelos anteriores e o quanto sua sua relação custo/performance é difícil de bater em sua faixa de preço (principalmente agora com o dólar acima dos 4 reais).
Mas o V8 SS é de outra estirpe, amigo leitor. Comparar o SS com a versão MkIV é como roubar pirulito de criança. Você não precisa mais que duas ou três faixas para concordar com o que aqui escrevo. Se a política da Sunrise Lab não fosse a de criar uma fidelidade total com os seus clientes, o V8 SS poderia tranquilamente inaugurar uma nova série de integrados deste fabricante, com um novo painel e uma nova fase em termos de refinamento e qualidade.
Tudo soa com maior folga, melhor silêncio de fundo, mais neutro, realista e principalmente correto. Seu equilíbrio tonal é magnífico, possibilitando que os timbres sejam ricos, detalhados e uniformes. No CD Timbres, as diferenças dos microfones são retratadas com tamanha fidelidade que nos remeteu imediatamente aos amplificadores Estado da Arte acima de 95 pontos. Nesses equipamentos, quando ouvimos as faixas com instrumentos de sopros no microfone AKG, alguns desses instrumentos parecem samplers e não o instrumento real! Pois o V8 SS mostrou essas diferenças dos microfones com este grau de realismo!
As texturas são palpáveis e nos apresentam todos os detalhes de intencionalidade existentes na gravação. O soundstage nos mostra os planos com precisão milimétrica, assim como o foco, recorte e a ambiência. Nada de imagens reduzidas ou com aquela sensação de músicos empilhados um por cima do outro. A largura, altura e profundidade é de equipamentos Estado da Arte de nível superlativo.
Assim como o silêncio em volta dos solistas, que fazem como que o nosso cérebro relaxe e aprecie aquele momento com total concentração e admiração!
Os transientes são nocauteadores, tamanha a precisão e correção. Você entende cada nota, por mais complexa que aquela execução seja. Sua dinâmica está entre os melhores integrados que já testamos e com as melhores pontuações, tanto a micro, como a macrodinâmica.
Ouvimos exemplos de macrodinâmica capazes de derrubar powers infinitamente mais caros. E o V8 SS se mostrou impávido e conduziu nestes exemplos à caixa com enorme autoridade e segurança.
O corpo harmônico foi o único quesito em que o V8 MkIV ‘ombreou’ com o V8 SS. Aqui as diferenças foram muito pontuais, somente em duas gravações percebemos que o corpo no V8 SS era ligeiramente maior e mais realista (uma gravação de piano e cello e outra de contrabaixo acústico e cello). Nas demais gravações que usamos para análise deste quesito, ambos se comportaram de maneira idêntica.
No quesito Organicidade, a materialização física do acontecimento musical se faz de maneira muito mais verossímil no V8 SS, com os solistas ali na nossa frente ao alcance de nossas mãos! E na Musicalidade, o conforto auditivo do V8 SS é tão superior, que nos faz, mesmo depois de horas de audição, sair com fadiga zero!
Acredito ter feito uma explanação objetiva das diferenças entre ambos os modelos. Mas preciso acrescentar outras questões que acho de enorme importância. É digno de nota a escolha do engenheiro Ulisses de manter o SS na linha evolutiva do V8. Pois, como escrevi, ele poderia tranquilamente criar uma nova geração de integrados, já que o salto dado neste SS é muito grande em relação ao MkIV.
Talvez, inconscientemente (olha eu utilizando a psicanálise para tentar avaliar a escolha, rs), ele quis dar aos seus clientes a oportunidade de fechar a trajetória deste incrível integrado, brindando-os com esta versão final SS. E se foi esta sua decisão, quem sou eu para dizer se está certo ou errado?
O que posso dizer é que se trata, desde a fundação da revista, do integrado com a melhor relação custo/performance já avaliado. E que certamente entrará para a história da alta-fidelidade nacional como o aparelho que ganhou a melhor pontuação de todos os tempos! E isto é um feito que deve ser comemorado, principalmente por todos que desejam um produto de alto nível que caiba em seus orçamentos.
Este é, para mim, o maior feito deste V8 SS: possibilitar que inúmeros de nossos leitores possam sonhar em ter um integrado Estado da Arte que podem pagar!
A medida que fui realizando o teste, e observando todas as suas inúmeras qualidades e seu alto grau de compatibilidade com todas a caixas e cabos, é que me dei conta que também seria tranquilamente um consumidor para este produto. Pois, para as poucas horas de folga que tenho, colocar meus discos e relaxar esquecendo do mundo, o V8 SS é uma excelente companhia.
E, afinal, também preciso dar uma folga para o nosso Sistema de Referência, que trabalha praticamente os 365 dias do ano, às vezes em jornadas de 10 a 12 horas diárias!
Uma coisa é certa: pretendo, nos futuros Cursos de Percepção Auditiva (que iniciarei no 1º semestre), utilizar no nosso segundo sistema de referência o V8 SS, com certeza. Agora só preciso definir que caixas utilizarei e que fonte. Como irei tirar 15 dias de férias merecidas após o término desta edição, terei tempo para pensar neste setup com enorme carinho. Pois o V8 SS não só merece os melhores pares possíveis, como pode tranquilamente se tornar o integrado definitivo de qualquer melômano e audiófilo.
O Ulisses ainda está em fase de acabamento do novo pré de phono, que pode ser disponibilizado junto com a versão MkIV e com o SS. Eu ainda não escutei esse novo pré, mas pelos relatos do próprio Ulisses e de quem já escutou, é um outro salto em relação ao atual pré de phono da Sunrise. Me comprometo, assim que estiver à disposição, contar para vocês nossas impressões.
O que sei é que o V8 SS que teremos no segundo Sistema de Referência já virá com o pré de phono. Pois assim também daremos uma folga para o Boulder 500.
Gostei também do novo controle remoto, simples, porém com uma melhor ergonomia e possível de usar até mesmo com pouca iluminação na sala – e ao contrário dos que acham sua apresentação ‘espartana’, gosto do seu design simples e objetivo. E garanto que qualquer um que esteja interessado na performance, esquecerá imediatamente o design na hora que começar a escutar o V8 SS.
Não tem como ficar impassível diante de tanta precisão e refinamento!
E para os que ainda tenham dúvidas, lembro que este integrado custa 14 mil reais sem pré de phono e 16.500 com pré de phono MM e MC. Me digam que integrado Estado da Arte importado com 300 Watts em 4 ohms, pré de phono com entrada MM e MC, custa 4 mil dólares?
Se você colocar na ponta do lápis o que você gastaria para comprar um integrado Estado da Arte antes do V8 chegar ao mercado, seria no mínimo 12 mil dólares. Ou seja, três vezes mais!
Então, meus caros amigos, o V8 SS é um acontecimento para se comemorar e principalmente ouvir. Leve seus discos preferidos e solicite uma audição na Sunrise – você poderá tirar suas próprias conclusões e ver se suas observações batem com as nossas.
Acho que para os audiófilos sedentos por um upgrade no seu integrado, não poderia haver notícia melhor para iniciar 2020!
Um integrado Estado da Arte à um custo de produto mid-fi.
Nada.
Entradas | 3 RCA, 1 XLR |
Impedância de entrada | 20 kΩ (RCA), 20+20 kΩ (XLR) |
Saídas | 2 pares de terminais de caixas |
Potência contínua | 125 W (8Ω) 250 W (4Ω) |
Potência de pico | 170 W (8Ω) 320 W (4Ω) |
Resposta de frequência | 0.9 Hz à 350 KHz (-3 dB, 8Ω, 25 WRMS) |
Ganho da etapa de potência | 26 dB |
Distorção | 0.1% na potência nominal |
Headroom dinâmico | 1.65 dB |
Fator de amortecimento dinâmico | 1.150 |
Slew Rate | 88 V/us |
Nível de Ruído | <-126 dB (meia potência) |
AMPLIFICADOR INTEGRADO SUNRISE LAB V8 SS | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 12,0 | |||
Soundstage | 12,0 | |||
Textura | 12,0 | |||
Transientes | 12,0 | |||
Dinâmica | 11,5 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 12,5 | |||
Total | 96,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Sunrise Lab
(11) 5594.8172
Sem pré de phono - R$ 14.000
Com pré de phono - R$ 16.500
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Olá amigos bom dia! gostaria de ter informações sobre amplificadores valvulados e preços!
Domingos Sávio
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