Teste 4: CABO DYNAMIQUE AUDIO ZENITH 2 XLR

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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Finalmente consegui acabar alguns testes de cabos, que estavam em avaliação desde o início do ano. Então prometo que, nas próximas edições, conseguirei publicar todos os cabos pendentes. Peço desculpas aos importadores e fabricantes nacionais, que tiveram uma enorme paciência tanto em deixar os cabos por tão longo período, como pela longa espera em verem nossas observações publicadas.

Após essa longa espera, começo com o cabo que há mais tempo está conosco: o Zenith 2 da Dynamique Audio, que veio na mesma remessa do set completo da linha Halo 2 e do Apex. O Zenith 2 era, até o lançamento do Apex no segundo semestre do ano passado, o top de linha deste fabricante de cabos inglês.

Seus condutores são de núcleo sólido em prata pura (5N), bitolas 2x 20AWG, 2x 21AWG e 2x 22AWG. Seu isolamento é de teflon PTFE, super espaçado à ar. Com uma construção matriz Helicoidal, bitola distribuída e triplamente balanceado. Assim como o top de linha Apex, utiliza 1 filtro de amortecimento por canal e suas terminações podem ser WBT NextGen 0152Ag RCA, ou XLR em fibra de carbono/cobre banhado em ródio.

Cada canal incorpora seis núcleos de prata 5N da mais alta pureza, fios de tamanho variado, dispostos em uma geometria exclusiva da Dynamique. Ainda que já tenha falado do projetista Daniel Hassany nos outros dois testes, em respeito aos novos leitores que não tenham lido essas avaliações, eis aqui um breve apanhado histórico de sua carreira. Fundada em 2009, a Dynamique é uma empresa relativamente nova, porém seu CEO possui uma longa experiência na produção de cabos, primeiro para OEM e agora com sua própria fábrica. Engenheiro Industrial de formação, se especializou em ciência de materiais, metalurgia e processos industriais como usinagem manual e CNC. Depois alargou ainda mais seus conhecimentos com cursos de anodização e galvanoplastia. Seu grande objetivo foi sempre desenvolver cabos que sejam o mais neutro possível, e essa busca (na minha humilde opinião) foi plenamente alcançada com essa nova geração das séries Halo 2, Zenith 2 e Apex.

Daniel percebeu rapidamente que para conseguir seu tão sonhado objetivo, teria que ter um controle rigoroso de produção e cuidar de todas as etapas, projetando em sua fábrica tudo que fosse possível, ou trabalhando com parceiros que pudessem fornecer o desejado. Para ele, mais do que fazer cabos melhores que a concorrência, o objetivo sempre foi estabelecer um novo patamar de neutralidade tonal capaz de oferecer audições fidedignas ao material gravado sem nenhum tipo de coloração (que muitos fabricantes prometem, mas nem sempre entregam).

Muitos audiófilos acostumados com cabos de enorme diâmetro e peso, irão estranhar a flexibilidade de todos os cabos da Dynamique. Não são ‘peso-pluma’, mas não irão forçar os terminais dos amplificadores e nem tão pouco os danificar.

Os leitores que estão sempre atentos a tudo que escrevemos nos testes, já haviam me perguntado quando sairia a avaliação do Zenith 2, pois para eles o Apex está fora de cogitação, e o Halo 2 abaixo de suas pretensões. Então, esses leitores foram diretos a questão: o Zenith 2 está mais para o Apex ou é um Halo 2 um pouco mais refinado?

O Zenith 2 está muito mais próximo em todos os sentidos do Apex, e bem mais distante do Halo 2. É natural que assim seja, pois como escrevi até bem pouco tempo atrás ele era o top de linha da Dynamique.

Mas para minha surpresa, ele tem algumas particularidades que o colocam em uma classe à parte. Principalmente para os que tiverem amplificadores valvulados ou desejem usá-lo em um setup analógico. Antes que alguém entenda erroneamente, não falo em termos de menor neutralidade, mas sim de velocidade e precisão. Em um comparativo AxB, no nosso setup analógico de referência, gostei imensamente da reprodução de transientes do Zenith 2, de uma precisão na marcação de tempo para rock, pop e blues que é contagiante.

Quando se tem este nível de refinamento na reprodução de transientes, a música se torna mais contagiante e visceral.

Também gostei muito de ligá-lo entre o pré da Nagra Classic e o power do amigo Eduardo Lins com válvulas KT88 (trata-se de um protótipo que ele me enviou, que está quase saindo do forno). Neste amplificador, o Zenith 2 fez toda a diferença, pontuando os incisos e dando um grau de precisão que estava faltando (como se a música fosse levemente mais solta e lenta).

Seu equilíbrio tonal, como todos os cabos deste fabricante, não depende dele e sim do sistema em que ele está ligado e levando o sinal de um lado para o outro. Para muitos de vocês, descrever o equilíbrio tonal de um cabo dessa maneira deve ser muito estranho, mas é assim que todos os cabos neutros soam – quem determinará a assinatura sônica do sistema, será o setup e não o cabo. O que podemos afirmar é que em nosso sistema de referência o equilíbrio tonal foi soberbo.

As texturas estão bem próximas do Apex, porém sem atingir aquele grau de intencionalidade pleno, possível de ouvirmos em sistemas Estado da Arte corretamente ajustados e sinérgicos. Falo daquele último grau de refinamento, que coloca o Apex uns 3 pontos à frente do Zenith no cômputo geral de nossa Metodologia.

Mas é preciso fazer a pergunta fatídica: quantos sistemas estão à altura da pontuação do Apex? E a mais importante para o nosso bolso: qual dos dois possuem a melhor relação custo/performance? Se levarmos como prioridade essa segunda pergunta, certamente a resposta será o Zenith 2.

Outra diferença mais notória está no arejamento do palco sonoro. O Apex consegue distribuir o acontecimento musical entre as caixas de forma muito mais homogênea e organizada (como é em uma apresentação ao vivo). Já o Zenith 2, encontra-se no grupo de cabos top que resolvem bem essa questão, mas não têm este grau de realismo. Isso compromete a apresentação? De maneira alguma. E nem tão pouco tira o conforto auditivo. Só irá exigir, nas passagens complexas com muitos instrumentos, uma maior atenção do ouvinte para acompanhar todos instrumentos (isso se o sistema não tiver uma enorme folga, pois se tiver, essa atenção sequer será necessária).

Em termos de corpo harmônico, o Zenith 2 novamente encosta no Apex, e se formos fazer a comparação deste quesito com LP, a diferença é milimétrica! Sua materialização física é notável! Em gravações tecnicamente impecáveis, os músicos estarão à nossa frente!
E seu grau de musicalidade, assim como o equilíbrio tonal, dependerá exclusivamente do sistema e não do cabo!

CONCLUSÃO

Os cabos da Dynamique podem perfeitamente ser considerados uma classe à parte dos grandes cabos hi-end. Pois eles não impõem assinatura sônica nenhuma e nem tampouco podem ser usados como ‘muletas’ para correção de problemas no equilíbrio tonal de nenhum sistema.

Agora, se o leitor deseja ver o grau de comprometimento em termos de fidelidade do seu sistema, diria não existir cabos melhores para essa “prova dos nove” que os cabos da Dynamique (não nesta faixa de preço).

O que difere cada série é apenas a qualidade de precisão que você terá em termos de neutralidade. O que, no íntimo, sempre me pergunto é: quantos audiófilos no mundo estão dispostos a realmente colocarem à prova o sistema que montaram? Quantos aceitarão que seus sistemas ainda estão tortos em termos de equilíbrio tonal e buscam desesperadamente ‘band-aid’ para contornar o problema?

Poder ter a mão cabos que conseguem se limitar à transmissão apenas do sinal deveria ser uma benção, mas não creio que na realidade sejam vistos dessa maneira.

Uso em meu sistema dois Apex – um entre o DAC e o Pré e outro entre o pré e o power – e não poderia ter feito melhor investimento para um revisor crítico de áudio. Pois com eles no sistema, o tempo de dúvidas em relação a assinatura sônica dos eletrônicos testados e a avaliação da qualidade técnica das gravações, caiu pela metade. Pois antes precisava me certificar (para fechar as notas) se os cabos eram compatíveis com os produtos testados ou não.

Agora essa dúvida acabou!

Se desejas colocar seu sistema à prova e descobrir se o equilíbrio tonal dele está correto, você tem três excelentes séries da Dynamique para fazê-lo. Se o seu investimento foi gigantesco e você almeja um setup Estado da Arte, a primeira dúvida que precisa ser sanada é do equilíbrio tonal. E o Zenith 2 realmente pode lhe dar essa resposta.

Um amigo músico certa vez me perguntou: “Como podemos ter certeza que o equilíbrio tonal foi ajustado?”. Essa também é uma pergunta recorrente nos nossos Cursos de Percepção Auditiva. Temos dois caminhos: os discos que pontualmente mostram os erros ainda existentes (temos uma relação com mais de 100 faixas só para detectar erros de equilíbrio tonal) ou, de maneira subjetiva, quando paramos de avaliar a performance do sistema e começamos a prestar atenção integralmente no que estamos ouvindo.

Meu pai descrevia muito bem esse momento com a seguinte frase: “Quando finalmente os audiófilos se calam”.

Se o seu sistema estiver neste nível de ajuste no equilíbrio tonal, o Zenith 2 irá lhe confirmar que você finalmente chegou lá!


Pontos positivos

Um cabo com excelente grau de neutralidade e refinamento.

Pontos negativos

Nenhum.


ESPECIFICAÇÕES
CondutoresNúcleo sólido em prata pura (5N)
Bitola2x 20AWG, 2x 21AWG, 2x 22AWG
IsolamentoTeflon PTFE, super espaçado à ar
ConstruçãoMatriz helicoidal, bitola distribuída, triplo balanceado
Amortecimento1x filtro de ressonância por canal
Terminações– WBT NextGen 0152 Ag (RCA)
– Fibra de carbono/cobre banhado em ródio (XLR)
CABO DYNAMIQUE AUDIO ZENITH 2 XLR
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 14,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 102,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



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