Teste 4: CABO DE FORÇA FEEL DIFFERENT FDIII

Teste de Vídeo: TV SAMSUNG 55TU8000
julho 16, 2020
Teste 3: SISTEMA WIRELESS HARMAN KARDON SURROUND 5.1
julho 16, 2020


Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Conheço o Junior Mesquita desde o tempo em que ele era um profissional da Logical Design. Ainda muito jovem, porém com uma gana enorme em aprender e poder ser um profissional de destaque neste segmento.

Ele sempre teve aquele brilho no olhar de pessoas que acabam de descobrir algo novo e que será de suma importância para a ampliação do seu espectro de conhecimento. Então, para mim, não foi surpresa alguma saber que após seu desligamento da Logical Design, decidiu por uma carreira solo. Iniciou sua nova fase com uma loja de usados hi-end no Rio de Janeiro, prosperou e deu um passo ainda mais significativo com a fabricação de seus cabos, batizados de Feel Different.

Alguns leitores da revista, no final do ano passado, já haviam nos solicitado que testássemos esses novos cabos. Faltava, no entanto, o próprio Junior se manifestar, pois sempre achei que o fabricante ou o importador deve mostrar o interesse na avaliação de seus produtos. Pois, quem me conhece sabe que jamais forço uma situação.

Pois finalmente este dia chegou, e o Junior nos enviou, no início de abril, um set completo da série FDIII, para teste. A primeira impressão foi a melhor possível em termos de construção e acabamento! Impecavelmente bem construídos, e com uma apresentação que não fica devendo em nada aos melhores importados neste quesito. É até difícil imaginar que sejam construídos um a um artesanalmente, e que já existem três séries completas para atender a todos os bolsos e gostos!

O que difere uma séria da outra é a quantidade de fios de cobre, prata e ródio e, claro, os terminais utilizados. Mesmo assim, a linha inicial utiliza conectores de altíssimo gabarito, como: Furutech Fi-28 (G) Gold, Oyaide Focus 1, WBT e Supra!

Como todo fabricante de cabo, algumas particularidades são guardadas a sete chaves. Mas conseguimos saber, por exemplo, que parte do cabo (independente da série) é trançado manualmente, após a etapa de banho de ródio na prata. E a aplicação de grafeno (apenas nas séries FDII e III), é feita após a trança estar acabada.

O Junior nos garantiu que ele mesmo dá o banho de ródio, após um curso que ele fez com um ourives e montou seu próprio laboratório. Todo o processo de banho é rigorosamente cronometrado para que os cabos tenham a mesma performance. Ainda segundo o fabricante, o Grafeno utilizado é importado dos Estados Unidos na forma líquida. Este banho é o último processo antes do cabo receber a manta de acabamento.

Grafeno

O condutor Master da linha FDIII é um fio de cobre OFC 99%, e a trança feita a sua volta manualmente é um fio de cobre 89%, banhado à prata com ródio. Depois de pronta essa etapa inicial, é que o cabo recebe a aplicação de grafeno.

Muitos devem estar nos perguntando o motivo de iniciarmos os testes do set completo de cabos pelo de força. Não foi nada programado, e sim pela facilidade de queima dos cabos de força que podem ficar ligados direto. Então coloquei um na fonte da toca-discos Acoustic Signature Storm, e o outro ligando o Pass Labs INT-25 (leia Teste 2 nesta edição), que também necessitava de amaciamento.

O cabo de força FDIII utiliza condutores de cobre 99%, cobre 89%, prata 98% e o banho de ródio e Grafeno. Bitola de 5,5 mm com geometria helicoidal e traçada, e blindagem 3 (o fabricante não quis se estender sobre a blindagem, talvez aí esteja um dos diferenciais em relação à concorrência). A conexão é feita com o Furutech Fi-28 Rhodium. A metragem mínima é de 1,5 m.

Para as próximas edições, publicaremos o teste dos digitais e, por último, dos de interconexão e caixa.

Certamente já conseguimos ouvir o set completo dos cabos em nosso sistema, mas como não tivemos a possibilidade de “cravar” que todos já estejam 100% amaciados, é melhor ter esta certeza antes da publicação dos próximos testes.

Já se tornou enfadonho discutir se o último 1,5 m de um cabo de força, desde que vem da rua, faz ou não diferença na performance do sistema. Então, para ser prático e pular essa etapa, sugiro aos que acham que o cabo original já é o suficiente para extrair todo o potencial de um produto eletrônico, que pulem este teste. Isso os poupará de ter ataque de fúria e perder seu tempo com “bobagens”.

Pois como sempre digo aos mais próximos: o cidadão que não acredita em algo, não deveria sequer perder um minuto de sua vida com isso. Deixe aos que escutam diferenças entre cabos de força, a missão de escolher aquele que mais lhe convém ao gosto e necessidades! Pois este “policiamento messiânico” dos que pensam diferente, está levando o mundo a um radicalismo insano e violento (e a virulência já passou do limite dos ataques verbais).

Para os que acreditam que cabos de força são parte importante do ajuste fino de um sistema de áudio e vídeo, continuemos.

O cabo de força FDIII (permitam-me abreviar) tem muito a oferecer, principalmente aos sistemas Estado da Arte “finais”. Mas antes de sair mostrando seu novo upgrade aos amigos, uma recomendação: este cabo precisa de um longo período de amaciamento (300 horas). As mudanças após 200 horas, serão pontuais, mas ainda serão audíveis!

Seu equilíbrio tonal precisa dessas 300 horas para equilibrar completamente, e mostrar suas qualidades. Agudos com excelente extensão, corpo, decaimento e velocidade. A região média é de uma naturalidade e presença expressiva, fazendo-nos ficar extáticos enquanto a trama musical se apresenta entre as caixas! E os graves possuem corpo, peso, velocidade e energia suficiente para extrair da gravação tudo que foi captado.

Seu grau de compatibilidade é bem alto. No entanto, em nosso sistema de referência, gostamos muito de sua apresentação no pré de phono Boulder 508, e nos streamers da Cambridge Audio: o CXN V2 e o Azur 851N. Nessas fontes, sua contribuição foi imprescindível e trouxe uma “percepção” estética e musical muito interessante.

Chama muito a atenção seu silêncio de fundo (essencial para diferenciar os bons dos excelentes cabos de força), pois com isso a microdinâmica se sobressai sem nenhum esforço.

O soundstage é amplo, com planos bem definidos, arejamento e uma sensação 3D real, que nos faz desfrutar de um foco, recorte e dimensão da sala de gravação com enorme conforto auditivo!

Aos que fizeram nosso Curso de Percepção Auditiva, sabem que para termos excelente textura antes de tudo é preciso se conseguir o melhor equilíbrio tonal possível! Ou seja: se você é um amante em reproduzir em seu sistema as diferenças de qualidade dos instrumentos e da virtuosidade dos músicos, sem um equilíbrio tonal perfeito jamais essa performance na reprodução de texturas será alcançada.

Para provar o que aqui escrevo, tenho um disco de violão solo de um violinista alemão. Todas as gravações foram feitas com o mesmo instrumento e com o mesmo microfone (o disco foi gravado em apenas três dias). No curso, mostro a faixa 7 em dois sistemas: um com o equilíbrio tonal comprometido, e o outro o Sistema de Referência nosso.

No sistema com “desequilíbrio tonal”, essa faixa 7, dependendo da região que o violão soa, ele parece estar com corda de aço e não de nylon. Levando os participantes a ficarem na dúvida se o violão, afinal, está com corda de aço ou nylon. Quando colocamos no sistema correto tonalmente, fica evidente que o violão está com corda de nylon. É a melhor maneira de explicar a importância do equilíbrio tonal e como a textura é interdependente deste equilíbrio. Uma anda sempre grudada na outra!

O Feel Different III possui uma apresentação fidedigna de texturas, sejam de instrumentos de corda, percussivo ou de sopro. Os transientes são muito corretos em tempo, andamento e ritmo!

Você não tem aquela sensação de letargia (falta de precisão) que muitos cabos de força possuem (principalmente nos originais que são entregues junto com os produtos).

Certa vez, um amigo músico me pediu que mostrasse as diferenças entre os cabos de força, nos powers. Como ele é baterista, peguei o cabo original do Hegel H30 e coloquei, sem mudar absolutamente nada do restante do setup. E ouvimos um solo de bateria de um disco dele. Existe uma passagem em que ele toca os tom toms e muda o tempo forte no bumbo, trocando com o chimbal, e vai acelerando o andamento. Foi audível o quanto a precisão dos ataques foi sendo borrada, fazendo com que o nosso cérebro tivesse que começar a “interpretar” o que havia ocorrido. Ao mesmo tempo que, com a perda de precisão, ficou a sensação que o músico havia perdido o controle e borrado as variações entre o bumbo e o chimbal.

Ao colocar o cabo de referência utilizado no H30, a precisão, os ataques a dinâmica e o tempo, eram tão facilmente audíveis que novamente o cérebro parou de “interpretar” e relaxou. Não existe maneira mais didática de se mostrar o certo e errado em termos de transientes, do que gravações de instrumentos percussivos. Se deseja saber a qualidade de seu setup neste quesito, piano e bateria são os melhores exemplos disponíveis!

A dinâmica do FDIII também é muita boa, tanto a micro como a macro. O Feel Different III possui folga suficiente para não comprometer, mesmo em gravações “encardidas”, como a Abertura 1812 de Tchaikovsky!

Junto com o equilíbrio tonal e texturas, outro quesito que chamou muito a atenção foi corpo harmônico. Excelentes os tamanhos em proporção e realismo. Ouvi vários exemplos de contrabaixos solos, duos entre violino e piano, violino e cello, e quartetos de cordas, e o resultado pode ser descrito como uma referência neste quesito.

A organicidade é a soma de todos os quesitos anteriores. Sendo que quanto maior o equilíbrio entre todos os quesitos, melhor será a materialização do acontecimento musical em nossa sala de audição! Com as gravações excelentes tecnicamente, os músicos brotam do silêncio absoluto à nossa frente, possibilitando aquele grau de imersão tão desejado por todos os audiófilos.

CONCLUSÃO

Os que torcem pela indústria nacional, têm mais um motivo para se orgulhar. A Feel Different vem se juntar a outros excelentes fabricantes de cabos nacionais, mostrando que neste segmento estamos cada vez melhor servidos.

Seus produtos tem qualidade suficiente, não só para competir com os nacionais, assim como com diversos fabricantes de renome do mercado internacional.

É bonito saber que o sonho de um jovem, que outro dia (uma década no máximo), estava dando seus primeiros passos neste mercado, acaba de iniciar uma nova trajetória em sua carreira.

Se mantiver este padrão de qualidade, não tenho nenhuma dúvida que todos iremos ouvir e comentar da qualidade dos produtos da Feel Different.

E quem irá ganhar somos todos nós!

Seu cabo de força certamente atende a todos os quesitos de um sistema Estado da Arte definitivo.

Se o leitor busca um cabo com todas essas qualidades aqui descritas, coloque-o em sua lista de escuta.

Você vai se surpreender, acredite!


Pontos positivos

Excelente construção e alta compatibilidade.

Pontos negativos

Preço.


ESPECIFICAÇÕES
CondutoresCobre 99% OFC, Cobre 89% OFC, Prata 98%, Ródio (Banho), Grafeno (Americano)
Bitola5,5 mm
GeometriaHelicoidal e trançada
Blindagem3
ConexãoFurutech Fi-28 Rhodium
Metragem padrão1,5 m
CABO DE FORÇA FEEL DIFFERENT FDIII
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 13,0
Total 97,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADODAARTE



Feel Different
(21) 99143.4227
R$ 6.500 - 1,5 m padrão

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