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AMPLIFICADOR DE FONE DE OUVIDO QUAD PA-ONE+

Fernando Andrette

Vocês verão muitos amplificadores de fones serem testados na Audiofone, afinal em algum momento muitos dos leitores, que só escutam música em seus celulares, irão investir em um melhor fone e, claro, em um amplificador de fone de qualidade.

E o mercado está repleto de excelentes amplificadores de fone que vão dos 500 aos 2000 dólares. E ainda que pareça ser um investimento vultoso (principalmente com o dólar na casa de R$ 4,50), trata-se de um upgrade definitivo, acredite.

Os fabricantes, atentos às novas tendências na forma de ouvir e armazenar música, estão dotando seus novos amplificadores de fones com inúmeros recursos como: um pré-amplificador de linha (que possibilita ao usuário acoplá-lo à um power, e DAC para o usuário ter tudo a mão em um só equipamento).

A Quad já havia estabelecido seu campo de ação ao lançar, alguns anos atrás, o modelo PA-One. E com o estrondoso sucesso de crítica e mercado, deu mais um passo na versão One+, que adiciona saídas balanceadas e aprimorou a qualidade do DAC interno e trouxe a substituição de uma válvula retificadora por um transistor. Segundo o fabricante, estas mudanças melhoraram ainda mais o PA-One sem perder nada de sua assinatura sônica que tanto agradou o mercado.

Como eu não ouvi a versão original, terei que me abster de dar palpite. Mas procurei ler alguns reviews de articulistas que tiveram a oportunidade de escutar as duas versões, e eles são unânimes em afirmar que todos os upgrades realizados foram benéficos e audíveis. Então, não tenho motivo para não acreditar.

O design do PA-One+, na minha opinião, é muito feliz. Pois ele segue a tradição da Quad em termos de design de seus produtos dos anos 60 e 70 – retrô, quase artesanal, mas com um padrão de qualidade atualizado. Desde a usinagem do gabinete, a tela de proteção das válvulas, o acionamento de seus comandos, suaves e silenciosos, e os terminais botão de volume, etc.

O PA-One+ é alimentado por um par de válvulas 6SL7 (fácil de encontrar no mercado e não são válvulas caras) e um par de válvulas 6SN7 (idem) – em uma configuração tríodo, empregando feedback catódico em oposição a um loop de feedback negativo convencional. O novo DAC desta versão MkII foi atualizado para um chip ES9018-K2M, capaz de aceitar PCM até 384 kHz e DSD256.

Atrás da grade de proteção temos o transformador encapsulado com o famoso logotipo Quad estampado. No painel frontal, de ½ polegada de espessura, temos, à esquerda, o botão de volume de alumínio fresado, três botões de seleção de entrada (entrada de linha, entrada de linha balanceada, entrada digital USB, Coaxial e Ótica), uma chave de liga/desliga, uma saída de fone de ¼ e uma saída de fone balanceada de quatro pinos. Atrás temos a tomada IEC e o botão liga/desliga, um par de entradas analógicas RCA, um par de saídas RCA (pre-out, para os que desejarem ligá-lo em um power estéreo ou em monoblocos), uma entrada digital USB, uma entrada digital Toslink e uma Coaxial. Depois uma chave de impedância Low/High, e um par de entradas balanceadas.

Pesando 7,5 Kg, sugiro que se tenha muito cuidado ao retirá-lo da embalagem e com o local de sua instalação. Quanto à questão de arejamento, caso ele fique confinado em um espaço reduzido e com pouca ventilação, não será problema, pois as válvulas não esquentam em demasia (após 12 horas com ele ligado, era possível colocar a mão nas grades e ele estava apenas quente/morno – mesmo nos dias quentes deste verão chuvoso).

Para o teste usamos as seguintes fontes digitais: transporte dCS Scarlatti diretamente ligado ao Quad pela entrada digital coaxial com cabo Sunrise Lab Quintessence. O streamer Cambridge Audio CXN V2 também pela entrada Coaxial com o mesmo cabo. Ouvimos Tidal via Cambridge Audio e diversos CDs via transporte dCS Scarlatti. Os cabos de força utilizados no Quad foram o original de fábrica, o Sunrise Lab Quintessence, o Sax Soul Ágata 2 e o Transparent PowerLink MM2. Os fones de ouvido foram: Sennheiser HD 800 e Grado SR325e.

Queríamos muito ter escutado o fone de ouvido Quad Era-1, mas este infelizmente não chegou a tempo. Quando fizermos o teste deste fone, tentaremos também escutá-lo no PA-One+.

Para referência de comparação, utilizamos o amplificador de fone do pré de linha Nagra Classic (que já está em teste e publicaremos na próxima edição).

O fabricante não fala nada em termos de amaciamento, mas todos sabemos que principalmente válvulas necessitam de pelo menos 24 horas para sua total estabilização térmica e física. Pois bem, assim fizemos. Ouvimos por duas horas nossos discos da Metodologia, fizemos as anotações de primeiras impressões e o deixamos tocando por 24 horas com streamer (já que o Cambridge também havia acabado de chegar).

Voltamos ao teste um dia depois, escutando novamente nossas referências e notamos algumas melhoras na extensão nas duas pontas e uma maior sensação de arejamento e folga, também na região média. Já neste segundo contato, ficou evidente o caráter sônico do
PA-One+, de uma sonoridade quente e cativante.

Rico em harmônicos e no grau de naturalidade dos timbres, tanto em vozes como instrumentos acústicos. Ainda assim, achei o palco um pouco congestionado (em gravações com mais instrumentos) e um certo engessamento na primeira oitava da região grave (como se a extensão estivesse sendo ceifada).

Como esta fase de amaciamento ainda estava sendo feita com o cabo de força original, resolvi deixar o Quad por mais 24 horas ligado tocando streamer, e decidi que iria começar a troca de cabo de força para ver o que seria alterado. Os que não acreditam em cabos de força, deveriam ‘rever’ sua opinião, escutando este amplificador de fone da Quad com um excelente fone, para ouvir o que ocorre em termos de equilíbrio tonal, palco, arejamento e, principalmente, transientes, com a colocação de um cabo de melhor qualidade. Foi uma mudança da água para o vinho!

Os graves descongestionaram, ganhando corpo, velocidade, peso e definição. O palco e o silêncio entre os instrumentos surgiram, apresentando maior inteligibilidade e facilidade para acompanhar a interação entre os músicos e a complexidade exigida na execução da obra, e os agudos ganharam corpo e um decaimento muito mais suave e natural.

Se isto já não fosse o suficiente, com cada cabo de força utilizado o Quad mostrou com enorme desenvoltura as características sônicas de cada um deles. Chegando ao requinte de podermos escolher qual o melhor cabo para cada estilo musical!

Os ‘ortodoxos’, que morrerão afirmando que cabos de força não fazem diferença, neste momento já deixaram de ler este teste, certamente. Mas você que já experienciou em seu sistema as diferenças significativas e audíveis que um cabo de força pode fazer, entenderá perfeitamente o que estou relatando.

No final, optei por realizar todo o teste com o Quintessence, pela assinatura sônica ser muito semelhante com a do próprio Quad, e realçar as texturas de instrumentos acústicos e vozes.

ara aqueles que não estão muito familiarizados com equipamentos valvulados e acham que não devam ser muito silenciosos como os transistores, podem ficar sossegados, pois PA-One+ é totalmente silencioso, mesmo com o volume aberto sem sinal pela metade. E se comportou assim nos três meses que tivemos o prazer de sua convivência.

E quanto às restrições da durabilidade das válvulas, o fabricante fala em 3.000 horas de uso antes delas mostrarem algum desgaste sonoro. Diria que 3000 horas é muito chão, e como não são válvulas caras, o usuário pode até se dar ao luxo de pesquisar nos fóruns dicas dos melhores fabricantes dessas válvulas para futuros upgrades.

Outra informação importante: desmistificar que para quem escuta gêneros onde predominam instrumentos eletrônicos, a válvula não é a melhor opção. Esqueça isso, pois esta topologia evoluiu muito e diria que para gravações com enorme compressão esta nova geração de valvulados pode até ter muitas vantagens nas gravações tecnicamente limitadas.

Ouvimos inúmeros discos de qualidade bem duvidosa tecnicamente, e o grau de fadiga auditiva foi menor (desde que respeitado o volume adequado e exposições limitadas a duas horas por teste). Sua sonoridade é cativante. Ainda que com dois fones de ouvidos tão distintos (Grado e Sennheiser), o conforto auditivo foi grande. Claro que com música sinfônica e big bands, preferimos o refinamento e a folga do HD 800, mas o Grado não fez feio em hipótese alguma.

No final do teste comparamos o Quad com o Nagra Classic Preamp, e ainda que seja mais para entender a pontuação do Quad, ficamos surpresos como o Quad tem mais similaridades com o Nagra do que diferenças (será pelo fato de ambos serem valvulados?). O mesmo calor, naturalidade e musicalidade. O que os separa é o grau de refinamento e de conforto auditivo.

Aí que entendemos as diferenças significativas no preço entre eles (o Quad custa 20% do valor do Nagra). Enquanto o Quad suas lágrimas de sangue para manter a compostura e todo o acontecimento musical em ordem, nas passagens com enorme variação dinâmica, o Nagra o faz chupando picolé! Coloco esta opinião apenas para que o leitor possa entender o que podemos esperar entre um produto no início do Estado da Arte, e um produto no ápice do Estado da Arte. E deixar claro que o Nagra só será usado como referência para fechar a nota dos amplificadores de fone testados, pois ele é um pré de linha e seu amplificador de fones é apenas mais um de seus numerosos atributos.

CONCLUSÃO

O PA-One+ da Quad está entre os melhores amplificadores de fone já testados por nós. Incrivelmente bem construído, com excelentes recursos e um DAC muito correto e honesto.

Seu ponto mais fraco é seu uso como pré de linha, pois se mostrou limitado e abaixo de sua qualidade como DAC e amplificador de fone. Mas, acho difícil que alguém o utilize como pré de linha, a não ser em alguma situação emergencial.

Para aqueles que possuem um bom fone de ouvido e desejam investir em um amplificador de fone definitivo, o Quad PA-One+ é uma das soluções com melhor relação custo / performance da atualidade. Extremante bem construído, bem acabado, versátil e com soluções que praticamente atendem a todo tipo de usuário. Investindo um pouco mais em um cabo de força decente, e válvulas mais premium, ele ainda pode subir de patamar.

Se aprecia audições com enorme conforto auditivo e naturalidade, não existe motivo para olhar para qualquer outro canto.

COMO AMPLIFICADOR DE FONE
(COM O USO DO PRÓPRIO DAC)
Nota: 80,0
COMO AMPLIFICADOR DE FONE
(COM O USO DE DAC EXTERNO)
Nota: 83,0
AVMAG #260
KW HiFi

(48) 3236.3385
R$ 11.300

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