AUDIOFONE – Teste 1: FONE DE OUVIDO MEZE EMPYREAN
dezembro 15, 2020
AUDIOFONE: FONES DE OUVIDO ELETROSTÁTICOS STAX NO BRASIL – VIA EDIFIER
dezembro 15, 2020
CABO USB ZENITH 2 DA DYNAMIQUE AUDIO

Fernando Andrette

Confesso que, antes de chegar para teste o Innuos Zen (leia teste na próxima edição), meus contatos com cabos USB no nosso Sistema de Referência haviam se restringido à rápidas audições de música armazenada no notebook do meu filho, referente a seus trabalhos musicais, e nada mais.

No sistema dCS Scarlatti, a opção inicial para reprodução de DSD era via Firewire (até o upgrade da dCS para o duplo AES/EBU), restringindo à zero meu conhecimento de USB. Tanto que quando leitores me pedem dicas de cabos USB, recorro aos “universitários”: Christian Pruks e Victor Mirol.

Com a chegada do Innuos Zen, esse panorama “desértico” começou a mudar rapidamente, pois ele só utiliza saídas digitais USB, forçando-me do dia para a noite a buscar no mercado todas as opções disponíveis para teste, e entendesse as diferenças entre cabos USB em questão de semanas, e não de meses ou anos.

E as diferenças sônicas são enormes (como em todos os cabos)!

Ainda que toda a garotada saiba o que é um cabo USB, os leitores nascidos na década de 50 do século passado, como eu, talvez também tenham total desconhecimento desta tecnologia, desenvolvida por um consórcio de empresas (Microsoft, HP, Apple e Intel) e lançada em 1994. USB é a abreviatura de Universal Serial Bus, e foi desenvolvido para permitir a conexão de equipamentos entre si, sem a necessidade de desligar o computador, por isso denominado de padrão Plug & Play (PnP).

A primeira versão de USB foi batizada de 0.7, e o primeiro computador com porta USB foi o iMac G3, lançado em 1998, e que já aceitava a segunda geração: USB 1.0. A velocidade máxima do USB 1.0 de transmissão era de 12 Mbps, e daí em diante várias transformações foram feitas, ano após ano. O USB 1.1 lançado em 1998 já havia corrigido problemas das versões anteriores, e a definição de um padrão universal. Com essa padronização, foi lançado em 2000 a versão 2.0, com a transmissão de até 480 Mbps – o que ajudou a sacramentar a tecnologia e passou a ser utilizada não só nos computadores como também em HD externos, pendrives e monitores.

Em 2009 foi lançada a versão 3.0, batizada de SuperSpeed, com taxa de transferência de até 5 Gbps, tornando-se o modelo ideal para gadgets de alta performance e para a utilização de HD externos mais velozes. Fisicamente, a maior mudança nesta nova versão, é a utilização de 9 pinos em vez de quatro pinos de todas as versões anteriores.

Mais recentemente, foi lançada a versão USB 3.1, com velocidade de até 10 Gbps, com taxa de transferência de até 1,2 GB por segundo. E, por fim, nesta saga infinita no aperfeiçoamento do USB, temos o USB-C, que é mais compacto e possui velocidade máxima de 10 Gbps, e consegue transmitir vídeos de alta resolução em 4k, e está se tornando o “queridinho” da multimídia por motivos óbvios de padrão de qualidade de imagem.

Feita essa breve introdução, para os anciões como eu, vamos às descrições do produto em teste. O Zenith 2 é o cabo top de linha USB da Dynamique Audio. Segundo o fabricante, possui condutores de dados de prata sólida e blindagem composta avançada de cobre e carbono, e utiliza o filtro de ressonância de toda a linha Zenith. O seu isolamento físico e o cuidado com os terminais fornecem excelente imunidade à ruídos elétricos e mecanicamente induzidos. O invólucro do conector de alumínio anodizado fornece
proteção adicional no ponto de terminação (algo muito crítico, segundo a Dynamique, em cabos USB).

Os condutores são de Prata Pura (4N) com núcleo sólido. Sendo: 2x 20AWG AG (para a transmissão de dados), 2x 20AWG SPC para potência. Isolamento de teflon PTFE espaçado no ar para os dados, e FEP Teflon para a alimentação. Construção: par blindado trançado e o amortecimento com filtro ressonante independente e blindado. O conector USB é de alumínio anodizado, e os pinos banhados a ouro.

Visualmente, sua construção é primorosa e neste quesito ele realmente se destaca dos outros oito cabos USB que chegaram para avaliação, ou que peguei emprestado com os amigos.

Mas não é só no aspecto visual que ele se destacou! Aprendi rapidamente que cabos USB são bastante críticos em termos de performance, levando o sistema do céu ao inferno em um piscar de olhos.

Para o teste utilizamos o Innuos Zen ligado via USB ao TUBE DAC da Nagra, pré Classic e powers Classic também da Nagra. Cabos de interconexão e caixa Dynamique Audio Apex. Cabos de força utilizados no Innuos: Sunrise Lab Quintessence e Transparent PowerLink MM2. Caixas acústicas: Wilson Audio Sasha DAW, e Q Acoustics Concept 300 (leia Teste 1 na edição de novembro de 2020).

O tempo de amaciamento de um USB não me pareceu muito diferente de um cabo digital coaxial. Com 50 horas, as mudanças foram muito sutis, mas até o cabo se estabilizar é preciso um pouco de paciência, pois todos os que peguei zerados sofrem de uma bidimensionalidade audível nas primeiras horas (alguns infelizmente não perdem essa característica). Então o ideal é deixar tocando intermitentemente por pelo menos dois dias.

O Zenith 2 se destaca proeminentemente na multidão, de forma tão explícita que a sensação em relação aos outros cabos é que nos outros falta informação, literalmente. Não falo de diferenças de equilíbrio tonal, e sim de informação tanto de micro como de macrodinâmica, intencionalidade na apresentação das texturas e principalmente na apresentação 3D de largura, profundidade e altura.

Neste quesito de soundstage, o Zenith 2 dá um show! Algo essencial, já que este é um dos gargalos do streamer. Com o Zenith 2 os planos são muito mais próximos do que ouvimos em mídia física: as texturas ganham refinamento, intencionalidade, e os extremos, extensão, corpo e decaimento precisos.

A sensação que temos é que este USB da Dynamique é “turbinado”, no bom sentido, é claro. Com ele pudemos ter uma ideia exata do enorme potencial do Innuos Zen, e isso ajudou consideravelmente a fechar a nota do produto.

Claro que, para streamers mais simples, a utilização de um USB dessa magnitude não fará sentido, mas em sistemas Estado da Arte, em que se busca o melhor cabo USB disponível no mercado, o Zenith 2 deve figurar entre as audições obrigatórias.

Como todo cabo da Dynamique, o que sobressai de forma “audível” é sua enorme neutralidade, possibilitando o requinte de escutar as diferenças de qualidade de master da mesma música, em compilações e no original. O Tidal está cheio dessas versões, desde remixagens como em compilações de suas listas, as quais ele indica pelo seu perfil de usuário. Eu não faço uso desses playlists, mas tive a oportunidade, com este cabo, de comparar, e fiquei surpreso como nas playlists o áudio soa bem mais pobre.

Será compressão de dados?

Se o leitor quiser uma dica, se atente a tridimensionalidade das gravações master, e como tudo soa mais bidimensional nas playlists.

O Zenith 2 não perdoa esses erros, deixando escancarado que a master foi alterada. Já escrevi dezenas de vezes que o que mais me incomoda em streamer é que meu cérebro não relaxa, pois sabe que aquilo é música reproduzida eletronicamente, e não a materialização a nossa frente. Com o Innuos e o Zenith 2, em excelentes gravações, como alguma do selo alemão ACT (leia o Opinião na edição 269), meu cérebro não foi enganado, mas relaxou o suficiente para apreciar a música. O que eu considero um feito e tanto, em relação ao que até aqui havia escutado em streaming.

O Innuos permite que você ripe até 3.000 discos, o que fiz com enorme curiosidade, para poder fechar a nota do cabo. Peguei 20 discos da Metodologia, ripei, e depois fiz um “a X b” entre o Innuos e o transporte dCS Scarlatti. A mídia física ainda é superior, mas a diferença cai substancialmente e seu cérebro já se sente impelido a apreciar com enorme prazer o disco ripado.

Foi aí que tive a real dimensão da distância do cabo USB Zenith 2 para os outros oito cabos. Impressiona nesta condição o relaxamento e a folga que o Zenith 2 proporciona. O grau de inteligibilidade e conforto auditivo é pleno.

Se me perguntarem se eu viveria satisfeito em ouvir minha coleção de CDs totalmente ripada e com este setup, a resposta seria quase que 100%! Mas, no atual estágio do nosso Sistema de Referência, falta aquele salto final, de ausência da eletrônica entre a música e você, que no analógico e no CD conquistamos.

Mas claro que o avanço em relação à streaming é enorme.

CONCLUSÃO

Minha odisseia com cabos USB é muito recente para poder afirmar o grau em que se encontram cabos top de outros grandes fabricantes. Mas, começar essa jornada já com o Zenith 2 foi muito interessante, e poder ouvir outros USB de bom nível também me deu uma ideia clara do panorama que irei encontrar.

Se você optou por ripar seus discos, e fazer streaming é hoje sua forma de apreciar música em um sistema Estado da Arte, o cabo digital será de suma importância para contornar os “entraves” ainda existentes nesse cenário. Se a melhor opção para você for o uso de um cabo USB, o que posso lhe dizer é que ouça todos que estiverem ao alcance seu e de seu bolso. Pois soam muito diferentes!

Me lembrou os testes que fiz algumas vezes, de trocar o cabo dos braços de TD originais por cabos melhores. Sempre foi um grau de surpresa e satisfação imenso! Senti o mesmo ao ouvir todos esses cabos USB no Innuos.

Se queres um USB de ponta, extremamente correto e neutro, ouça o Zenith 2 – ele pode elevar seu sistema de forma segura e extremamente prazerosa à níveis inimagináveis!

Nota: 101,0
AVMAG #269
German Audio

contato@germanaudio.com.br
R$ 6.990

CABO DE FORÇA FEEL DIFFERENT FDIII

Fernando Andrette

Conheço o Junior Mesquita desde o tempo em que ele era um profissional da Logical Design. Ainda muito jovem, porém com uma gana enorme em aprender e poder ser um profissional de destaque neste segmento.

Ele sempre teve aquele brilho no olhar de pessoas que acabam de descobrir algo novo e que será de suma importância para a ampliação do seu espectro de conhecimento. Então, para mim, não foi surpresa alguma saber que após seu desligamento da Logical Design, decidiu por uma carreira solo. Iniciou sua nova fase com uma loja de usados hi-end no Rio de Janeiro, prosperou e deu um passo ainda mais significativo com a fabricação de seus cabos, batizados de Feel Different.

Alguns leitores da revista, no final do ano passado, já haviam nos solicitado que testássemos esses novos cabos. Faltava, no entanto, o próprio Junior se manifestar, pois sempre achei que o fabricante ou o importador deve mostrar o interesse na avaliação de seus produtos. Pois, quem me conhece sabe que jamais forço uma situação.

Pois finalmente este dia chegou, e o Junior nos enviou, no início de abril, um set completo da série FDIII, para teste. A primeira impressão foi a melhor possível em termos de construção e acabamento! Impecavelmente bem construídos, e com uma apresentação que não fica devendo em nada aos melhores importados neste quesito. É até difícil imaginar que sejam construídos um a um artesanalmente, e que já existem três séries completas para atender a todos os bolsos e gostos!

O que difere uma séria da outra é a quantidade de fios de cobre, prata e ródio e, claro, os terminais utilizados. Mesmo assim, a linha inicial utiliza conectores de altíssimo gabarito, como: Furutech Fi-28 (G) Gold, Oyaide Focus 1, WBT e Supra!

Como todo fabricante de cabo, algumas particularidades são guardadas a sete chaves. Mas conseguimos saber, por exemplo, que parte do cabo (independente da série) é trançado manualmente, após a etapa de banho de ródio na prata. E a aplicação de grafeno (apenas nas séries FDII e III), é feita após a trança estar acabada.

O Junior nos garantiu que ele mesmo dá o banho de ródio, após um curso que ele fez com um ourives e montou seu próprio laboratório. Todo o processo de banho é rigorosamente cronometrado para que os cabos tenham a mesma performance. Ainda segundo o fabricante, o Grafeno utilizado é importado dos Estados Unidos na forma líquida. Este banho é o último processo antes do cabo receber a manta de acabamento.

O condutor Master da linha FDIII é um fio de cobre OFC 99%, e a trança feita a sua volta manualmente é um fio de cobre 89%, banhado à prata com ródio. Depois de pronta essa etapa inicial, é que o cabo recebe a aplicação de grafeno.

Muitos devem estar nos perguntando o motivo de iniciarmos os testes do set completo de cabos pelo de força. Não foi nada programado, e sim pela facilidade de queima dos cabos de força que podem ficar ligados direto. Então coloquei um na fonte da toca-discos Acoustic Signature Storm, e o outro ligando o Pass Labs INT-25 (leia Teste 2 na edição 264), que também necessitava de amaciamento.

O cabo de força FDIII utiliza condutores de cobre 99%, cobre 89%, prata 98% e o banho de ródio e Grafeno. Bitola de 5,5 mm com geometria helicoidal e traçada, e blindagem 3 (o fabricante não quis se estender sobre a blindagem, talvez aí esteja um dos diferenciais em relação à concorrência). A conexão é feita com o Furutech Fi-28 Rhodium. A metragem mínima é de 1,5 m.

Para as próximas edições, publicaremos o teste dos digitais e, por último, dos de interconexão e caixa.

Certamente já conseguimos ouvir o set completo dos cabos em nosso sistema, mas como não tivemos a possibilidade de “cravar” que todos já estejam 100% amaciados, é melhor ter esta certeza antes da publicação dos próximos testes.

Já se tornou enfadonho discutir se o último 1,5 m de um cabo de força, desde que vem da rua, faz ou não diferença na performance do sistema. Então, para ser prático e pular essa etapa, sugiro aos que acham que o cabo original já é o suficiente para extrair todo o potencial de um produto eletrônico, que pulem este teste. Isso os poupará de ter ataque de fúria e perder seu tempo com “bobagens”.

Pois como sempre digo aos mais próximos: o cidadão que não acredita em algo, não deveria sequer perder um minuto de sua vida com isso. Deixe aos que escutam diferenças entre cabos de força, a missão de escolher aquele que mais lhe convém ao gosto e necessidades!

Pois este “policiamento messiânico” dos que pensam diferente, está levando o mundo a um radicalismo insano e violento (e a virulência já passou do limite dos ataques verbais).
Para os que acreditam que cabos de força são parte importante do ajuste fino de um sistema de áudio e vídeo, continuemos.

O cabo de força FDIII (permitam-me abreviar) tem muito a oferecer, principalmente aos sistemas Estado da Arte “finais”. Mas antes de sair mostrando seu novo upgrade aos amigos, uma recomendação: este cabo precisa de um longo período de amaciamento
(300 horas). As mudanças após 200 horas, serão pontuais, mas ainda serão audíveis!

Seu equilíbrio tonal precisa dessas 300 horas para equilibrar completamente, e mostrar suas qualidades. Agudos com excelente extensão, corpo, decaimento e velocidade. A região média é de uma naturalidade e presença expressiva, fazendo-nos ficar extáticos enquanto a trama musical se apresenta entre as caixas! E os graves possuem corpo, peso, velocidade e energia suficiente para extrair da gravação tudo que foi captado.

Seu grau de compatibilidade é bem alto. No entanto, em nosso sistema de referência, gostamos muito de sua apresentação no pré de phono Boulder 508, e nos streamers da Cambridge Audio: o CXN V2 e o Azur 851N. Nessas fontes, sua contribuição foi imprescindível e trouxe uma “percepção” estética e musical muito interessante.

Chama muito a atenção seu silêncio de fundo (essencial para diferenciar os bons dos excelentes cabos de força), pois com isso a microdinâmica se sobressai sem nenhum esforço.

O soundstage é amplo, com planos bem definidos, arejamento e uma sensação 3D real, que nos faz desfrutar de um foco, recorte e dimensão da sala de gravação com enorme conforto auditivo!

Aos que fizeram nosso Curso de Percepção Auditiva, sabem que para termos excelente textura antes de tudo é preciso se conseguir o melhor equilíbrio tonal possível! Ou seja: se você é um amante em reproduzir em seu sistema as diferenças de qualidade dos instrumentos e da virtuosidade dos músicos, sem um equilíbrio tonal perfeito jamais essa performance na reprodução de texturas será alcançada.

Para provar o que aqui escrevo, tenho um disco de violão solo de um violinista alemão. Todas as gravações foram feitas com o mesmo instrumento e com o mesmo microfone (o disco foi gravado em apenas três dias). No curso, mostro a faixa 7 em dois sistemas: um com o equilíbrio tonal comprometido, e o outro o Sistema de Referência nosso.

No sistema com “desequilíbrio tonal”, essa faixa 7, dependendo da região que o violão soa, ele parece estar com corda de aço e não de nylon. Levando os participantes a ficarem na dúvida se o violão, afinal, está com corda de aço ou nylon. Quando colocamos no sistema correto tonalmente, fica evidente que o violão está com corda de nylon. É a melhor maneira de explicar a importância do equilíbrio tonal e como a textura é interdependente deste equilíbrio. Uma anda sempre grudada na outra!

O Feel Different III possui uma apresentação fidedigna de texturas, sejam de instrumentos de corda, percussivo ou de sopro. Os transientes são muito corretos em tempo, andamento e ritmo!

Você não tem aquela sensação de letargia (falta de precisão) que muitos cabos de força possuem (principalmente nos originais que são entregues junto com os produtos).

Certa vez, um amigo músico me pediu que mostrasse as diferenças entre os cabos de força, nos powers. Como ele é baterista, peguei o cabo original do Hegel H30 e coloquei, sem mudar absolutamente nada do restante do setup. E ouvimos um solo de bateria de um disco dele. Existe uma passagem em que ele toca os tom toms e muda o tempo forte no bumbo, trocando com o chimbal, e vai acelerando o andamento. Foi audível o quanto a precisão dos ataques foi sendo borrada, fazendo com que o nosso cérebro tivesse que começar a “interpretar” o que havia ocorrido. Ao mesmo tempo que, com a perda de precisão, ficou a sensação que o músico havia perdido o controle e borrado as variações entre o bumbo e o chimbal.

Ao colocar o cabo de referência utilizado no H30, a precisão, os ataques a dinâmica e o tempo, eram tão facilmente audíveis que novamente o cérebro parou de “interpretar” e relaxou. Não existe maneira mais didática de se mostrar o certo e errado em termos de transientes, do que gravações de instrumentos percussivos. Se deseja saber a qualidade de seu setup neste quesito, piano e bateria são os melhores exemplos disponíveis!

A dinâmica do FDIII também é muita boa, tanto a micro como a macro. O Feel Different III possui folga suficiente para não comprometer, mesmo em gravações “encardidas”, como a Abertura 1812 de Tchaikovsky!

Junto com o equilíbrio tonal e texturas, outro quesito que chamou muito a atenção foi corpo harmônico. Excelentes os tamanhos em proporção e realismo. Ouvi vários exemplos de contrabaixos solos, duos entre violino e piano, violino e cello, e quartetos de cordas, e o resultado pode ser descrito como uma referência neste quesito.

A organicidade é a soma de todos os quesitos anteriores. Sendo que quanto maior o equilíbrio entre todos os quesitos, melhor será a materialização do acontecimento musical em nossa sala de audição! Com as gravações excelentes tecnicamente, os músicos brotam do silêncio absoluto à nossa frente, possibilitando aquele grau de imersão tão desejado por todos os audiófilos.

CONCLUSÃO

Os que torcem pela indústria nacional, têm mais um motivo para se orgulhar. A Feel Different vem se juntar a outros excelentes fabricantes de cabos nacionais, mostrando que neste segmento estamos cada vez melhor servidos.

Seus produtos tem qualidade suficiente, não só para competir com os nacionais, assim como com diversos fabricantes de renome do mercado internacional.

É bonito saber que o sonho de um jovem, que outro dia (uma década no máximo), estava dando seus primeiros passos neste mercado, acaba de iniciar uma nova trajetória em sua carreira.

Se mantiver este padrão de qualidade, não tenho nenhuma dúvida que todos iremos ouvir e comentar da qualidade dos produtos da Feel Different.

E quem irá ganhar somos todos nós!

Seu cabo de força certamente atende a todos os quesitos de um sistema Estado da Arte definitivo.

Se o leitor busca um cabo com todas essas qualidades aqui descritas, coloque-o em sua lista de escuta.

Você vai se surpreender, acredite!

Nota: 97,0
AVMAG #264
Feel Different

21 99143.4227
R$ 6.500 – 1,5 m padrão

CABO ANALÓGICO FEEL DIFFERENT FDIII RCA

Fernando Andrette

O Junior, da Feel Different, foi muito gentil por, além de nos fornecer um set completo de seus cabos para teste da geração FDIII, disponibilizou também dois pares de RCA – um com plug WBT 0144 e outro com o Supra PPX – para ouvirmos se haveria diferenças entre ambos.
Como tivemos quatro meses com os cabos, foi possível fazer inúmeras observações em diversos equipamentos, além de fazer o ideal: ouvir o set completo (RCA, caixa, força, coaxial e USB). Se os importadores e fabricantes soubessem o quanto isso facilita nossa vida e possibilita testes mais criteriosos, seria excelente. Pois nem sempre os cabos enviados individualmente casam com os cabos utilizados como referência, complicando demais para serem avaliados. Ao contrário de inúmeros revisores pelo mundo, que não gostam de testar cabos, eu gosto e muito! Pois é possível (assim como caixas e componentes eletrônicos), entender o que o projetista estava buscando e a maneira com que ele procura soluções para o seu gosto pessoal.

Hoje o mercado de cabos tem duas vertentes muito claras e distintas: a do fabricante que atingiu um nível de qualidade e reconhecimento que o possibilita fazer em grande escala seus produtos, e o fabricante que têm à disposição matéria prima de qualidade, conhecimento e ousadia suficiente, para desenvolver seus produtos de forma artesanal. E ir galgando respeito e interesse pelos seus cabos, de forma gradual.

Nós, editorialmente, nunca tivemos nenhum preconceito e sempre fomos abertos a receber e testar tudo que nos é enviado. Com cabos “artesanais”, já escrevi algumas vezes que nosso cuidado é bem rigoroso, pois o fabricante tem que nos provar que consegue “replicar” o produto que nos foi enviado para teste. Caso não consiga, abortamos o teste. Já tivemos que fazer isso algumas vezes, infelizmente. Também tivemos o “dissabor” de saber pelos nossos leitores de alguns casos de produtos por nós testados, que o exemplar comprado não possuía o mesmo grau de qualidade do enviado para teste. Quando esses fatos são constatados, cortamos total relação com este fabricante, impedindo-o até de anunciar. Pois uma coisa é o fabricante “artesanal” ter dificuldade em manter a matéria prima utilizada em seu produto, já que depende de terceiros – porém neste caso, cabe ao fabricante desenvolver alternativas ou tirar aquele produto de mercado. Agora, não informar ao mercado, desculpe: isso se trata de má fé. E isso não perdoamos nunca.

Em um mundo conectado em tempo real, todas as informações (boas ou ruins), circulam instantaneamente, fazendo com que tudo seja “exposto” em um estalar dos dedos. É por isso que pedimos aos importadores de cabos que os produtos enviados sejam disponibilizados pelo maior tempo possível, assim podemos avaliá-los em todas as opções possíveis, antes de publicarmos os resultados.

Cabos dão trabalho, mas também é bastante gratificante quando pegamos exemplares com excelente performance e alta compatibilidade. Este foi o caso do cabo RCA FDlll. Assim como o cabo de caixa (leia teste na edição 265 de agosto de 2020), gostamos muito por todas as suas qualidades evidentes, alta compatibilidade e o mais importante: sua assinatura sônica ser a mesma que o de caixa. Comprovando a eficácia e consistência no desenvolvimento do projeto.

A construção do RCA FDlll é padrão industrial, não lembrando em nada que cada cabo seja feito manualmente, um a um. Mérito ao Junior pelo seu profissionalismo e perfeccionismo!
Como em toda a série, os condutores de cobre são OFC (na proporção de 99 a 89 % de pureza), prata 98%, e banho de ródio e grafeno (americano). Bitola de 5 mm, geometria de trança, e opção de conectores WBT ou Supra – ambos conectores de cobre puro, banhados com ouro e isolados com teflon. A blindagem é dupla, sendo uma com teflon. Os cabos enviados tinham 1 m de comprimento.

Depois de totalmente amaciados (200 horas), foram utilizados em conjunto ou separados para entendermos seu grau de compatibilidade com nossos cabos de referência, mas para fechamento de nota utilizamos no set completo FDlll (caixa, forca, interconexão e digital), em nosso Sistema de Referência. Quando usados juntos, buscamos utilizar os dois RCA, um entre a fonte e o pré de linha, e um entre nosso pré de referência e os powers.

Também foram utilizados nos prés da Shindo (leia Teste 1 edição de agosto de 2020), no pré da Leben (leia teste na edição de outubro de 2020), e no pré de phono da CH Precision P1 (leia Teste 1 na edição 266). Porém, a grande surpresa foi o uso do FDlll entre o toca-discos Mark Levinson (leia Teste 2 na edição 266) e os prés de phono – tanto CH Precision P1 quanto o nosso Boulder 508, com resultados impressionantes!

O RCA FDlll, seja com plug WBT ou Supra, tem um equilíbrio tonal muito correto. Nada espirra ou destoa dentro do espectro audível. Achamos que o WBT possui um “ar” a mais em termos de reprodução de ambiências, e um decaimento ainda mais extenso, mas essa diferença só foi notada em nosso Sistema de Referência e com o pré de phono P1. Nos outros prés de linha testados, e no nosso pré de phono Boulder, soaram idênticos!

Ouvindo entre o toca-discos Mark Levinson e os dois prés de phono, a beleza do foco, recorte, altura, largura e profundidade, são encantadores.

Para ouvir música clássica, não consigo imaginar um cabo de interconexão melhor (principalmente ao lembrarmos de quanto ele custa). Para o leitor ter ideia, fechamos a nota do toca-discos usando o FDlll. tamanho o grau de sinergia e refinamento.

Para sistemas analógicos Estado da Arte não imagino cabo mais adequado em sua faixa de preço. Isso fala muito do quanto ele nos impressionou.

Suas texturas são refinadas, com uma capacidade de recriar as várias paletas de cores e intensidades de forma magistral. Ouvi os cinco LPs que publiquei no Playlist deste mês com o FDlll, e ligado ao P1 tive o prazer de ouvir detalhes de texturas nunca antes percebidas! Principalmente nas percussões do LP Shakti (leia Playlist desta edição), sendo possível sentir a quantidade de energia empregada nos dedos e no abafamento da pele! Neste mesmo disco a precisão dos transientes do violão e do violino são capazes de nos levar a prestar a atenção em cada nota sem perdermos o todo, deixando o ritmo fluir em nossas mentes livremente.

Sempre lembro aos participantes do Curso de Percepção Auditiva, que os transientes precisos fazem com que o andamento seja observado simultaneamente com a melodia sem no entanto nos desviar do todo, pois se os transientes não forem precisos, sempre nossa mente é desviada para tentar entender o que foi que aconteceu.

Querem saber se os transientes do seu sistema estão corretos? Escutem o disco solo de estréia do baterista Vinnie Colaiuta, de 1994. Ele deita e rola com a mudança de andamento no meio da música, quebrando todo o ritmo. Se o seu sistema for ruim de transientes, seu cérebro dará um nó, meu amigo, literalmente! Lembro de mostrar sempre este exemplo nos Cursos, ao apresentar a importância dos transientes. Nos sistemas em que este quesito é falho, os participantes descrevem o fenômeno como um engasgo, ou como se tivesse perdido algo da passagem de tempo.

É muito elucidativo ver como os participantes reagem a esses exemplos, pois é interessante como é muito mais fácil para todos entenderem as diferenças de transientes, macrodinâmica, ambiência e corpo harmônico. E o quanto é mais difícil observar as diferenças de equilíbrio tonal e texturas. Pois esses dois quesitos dependem de referências de música ao vivo não amplificada, e por longos anos. E muitos audiófilos se negam a entender isso, achando que ouvindo música reproduzida eletronicamente em seus sistemas irão adquirir este grau de referência.

Desculpem, mas não vão!

Se o sujeito não consegue ver a diferença entre um violino e uma viola, um oboé e um corne inglês e um piano Bosendorfer e um Yamaha, não será em seu sistema que ele irá aprender e memorizar em seu hipocampo as diferenças de timbre. E sem essa referência, jamais se conseguirá ajustar corretamente sistema algum. Ninguém se torna um enólogo apenas por ter um bom olfato e paladar – o mesmo ocorre na audiofilia: seu sistema auditivo é apenas o primeiro ato, nada mais que isso.

Em termos de dinâmica, tanto a micro como a macro são apresentados de forma precisa pelo FDlll. Gostei muito do silêncio de fundo, que como no cabo de caixa permite ao ouvinte ouvir com enorme inteligibilidade as nuances mais sutis. Pode parecer bobagem, mas nosso cérebro tem uma capacidade de perceber imediatamente se o que estamos a escutar é real ou não. E se o propósito é enganar nosso cérebro em última instância, o cabo que fará essa “ponte” entre ele e o sistema, tem que ter essa qualidade. E o FDlll, cumpre com qualidade essa difícil missão.

O corpo harmônico é excelente. Isso foi comprovado em diversos LPs, tanto com pequenos grupos, como em obras sinfônicas. Com um detalhe: como o foco e recorte é exuberante, os solistas em gravação que o microfone captou com precisão o tamanho do instrumento, ficam ainda mais presentes e holográficos – o que também só aprimora ainda mais a sensação de materialização física do acontecimento musical: organicidade.

CONCLUSÃO

O FDlll custa menos de 1.500 dólares, e concorre com cabos importados que custam de 3.000 a 5.000 dólares! Em dias tão bicudos, este é o melhor argumento para quem necessita de um cabo Estado da Arte Superlativo para o seu sistema.

Mas ele não é apenas a melhor opção pelo seu custo. O é também pela sua performance impecável, coerente e precisa. E junte-se a este pacote tentador seu grau de compatibilidade, e os argumentos estão todos na mesa.

Se o leitor deseja ter em seu sistema Estado da Arte um cabo com essas qualidades, ouça-o.

Não tem como se desapontar, acredite!

Nota: 100,0
AVMAG #266
Feel Different

21 99143.4227
R$ 6.450 (par)

CABO DIGITAL COAXIAL FEEL DIFFERENT FDIII

Fernando Andrette

Antes de fazer minhas observações a respeito do cabo digital coaxial FDIII da Feel Different, queria agradecer publicamente o Junior Mesquita pela paciência em nos fornecer um set completo por mais de seis meses.

Foi fundamental este tempo de empréstimo para podermos conhecer em detalhes cada modelo, poder ouvir um set completo em nosso Sistema de Referência, assim como ouvir seu grau de compatibilidade com os inúmeros produtos testados neste mesmo período.
Sabemos que muitos fabricantes e importadores de cabos estranham essa nossa exigência de permanecermos com os produtos em teste por pelo menos 90 dias e cabos por pelo menos 120 dias, mas é essencial para que passemos aos nossos leitores uma ideia segura do que observamos.

Ainda que muitos “desdenhem” de diferenças entre cabos, poder usar os cabos em sistemas com assinaturas tão distintas nos dá muito maior consistência para fechar a questão de compatibilidade deles. Pois muitas vezes este grau de compatibilidade não é tão alto e isso certamente pode ser um problema para aqueles leitores que precisam comprar no escuro.
Neste aspecto, a linha FDIII tem um dos maiores índices de compatibilidade de cabos testados por nós nos últimos cinco anos! O que significa que muitos de vocês que puderem ouvir em seus sistemas estes cabos, irão ter uma ideia consistente de suas qualidades
sonoras.

Em todos os testes anteriores (cabo de interconexão, força e caixa), enfatizei a qualidade de acabamento dos Feel Different e o esmero em todos os detalhes do Junior em oferecer ao cliente um produto que, neste quesito, concorre de igual para igual com os melhores importados!

Isso é um mérito que precisa ser destacado e mostra o avanço dos fabricantes nacionais em busca de um nicho deste mercado tão competitivo.

O digital coaxial FDIII utiliza condutores de cobre OFC 99%, cobre OFC 89%, prata 98% e banho de ródio e grafeno. Os terminais podem ser WBT ou Supra.

Ele foi utilizado em todos os dois Streamers da Cambridge Audio testados por nós, e no transporte dCS Scarlatti. Ligados no DAC Scarlatti, e nos Nagra HD DAC X e TUBE DAC.
Uma coisa bastante comum nos cabos nacionais que eram enviados para nós, na virada do século, era que o fabricante tinha muita dificuldade de “replicar” a mesma performance em toda uma série de cabos de interconexão, digital, força e caixa. Tanto que fiquei cada vez mais atento a este problema e passei a solicitar o envio do set completo para realizarmos os testes e constatarmos se isso ainda ocorria ou havia sido solucionado.

A série FDIII, em termos de assinatura sônica, me pareceu muito coerente. O cabo de força, um pouco menos, mas segundo o Junior essa questão já foi corrigida e em breve ele estará nos enviando a versão MkII.

E o grau de compatibilidade de todos foi muito alto. Como o de interconexão e caixa, o digital possui excelente equilíbrio tonal, com agudos muito limpos, extensos e naturais.

O decaimento é bastante suave, possibilitando ouvir com precisão as ambiências e os rebatimentos das salas, em gravações feitas em salas de concertos.

A região média possui aquele equilíbrio essencial em termos de transparência e calor, fazendo com que gravações com erro de equalização ou compressão se tornem menos agressivas.

E os graves, possuem corpo, peso, velocidade e energia.

O soundstage é, como em todo FDIII, um prazer! Excelente silêncio entre os instrumentos, possibilitando um foco e recorte perfeito, planos com enorme profundidade e largura, importantíssimos para apreciação de música clássica ou big bands!

As texturas, graças ao alto nível do equilíbrio tonal, são excelentes, tanto em termos de paleta de cores como de intencionalidade.

Os transientes, como escrevi no teste do cabo de caixa, têm aquela precisão do “para e arranca”, tão fundamental para o correto andamento e marcação rítmica.

A dinâmica, tanto a micro como a macro, são corretas e possuem a sensação de escala entre o piano e o fortíssimo com autoridade e folga.

O corpo harmônico, sempre uma pedra no sapato do digital, no FDIII encontrará uma “ajudinha” que pode, nas captações de distância correta entre o microfone e o instrumento, perfeitamente enganar nosso cérebro.

A materialização física do acontecimento musical é bastante verossímil nas excelentes gravações e, nas medianas, conseguimos nos concentrar sem esforço no acontecimento musical.

A musicalidade é sempre quente, convidativa e relaxante!

CONCLUSÃO

Um cabo digital voltou a ser um cabo de suma importância para quem optou por uso apenas de streamer. Pois, como sempre escrevo aqui, ele ainda sofre de duas limitações audíveis: pouco 3D, sendo um som sempre mais frontalizado, e um equilíbrio tonal que ainda não permite uma apreciação de texturas mais realistas e envolventes.

Então, a escolha de um bom DAC e um cabo digital para contornar estas limitações, no meu modo de entender é vital! Pois, do contrário, longas audições se tornam cansativas e distantes.

O FD III coaxial pode perfeitamente ser a solução deste cabo digital, para sistemas Estado da Arte.

Como escrevi acima, sua construção, acabamento e performance atenderá 99% dos consumidores que desejam um cabo digital Estado da Arte final.
Se este é seu caso, peça uma audição e tire suas conclusões.

Nota: 100,0
AVMAG #268
Feel Different

(21) 99143.4227
DIG RCA 1m = 5250,00
(promoção 4.490,00)
Conexão: WBT/SUPRA

CABO DYNAMIQUE AUDIO ZENITH 2 XLR

Fernando Andrette

Finalmente consegui acabar alguns testes de cabos, que estavam em avaliação desde o início do ano. Então prometo que, nas próximas edições, conseguirei publicar todos os cabos pendentes. Peço desculpas aos importadores e fabricantes nacionais, que tiveram uma enorme paciência tanto em deixar os cabos por tão longo período, como pela longa espera em verem nossas observações publicadas.

Após essa longa espera, começo com o cabo que há mais tempo está conosco: o Zenith 2 da Dynamique Audio, que veio na mesma remessa do set completo da linha Halo 2 e do Apex. O Zenith 2 era, até o lançamento do Apex no segundo semestre do ano passado, o top de linha deste fabricante de cabos inglês.

Seus condutores são de núcleo sólido em prata pura (5N), bitolas 2x 20AWG, 2x 21AWG e 2x 22AWG. Seu isolamento é de teflon PTFE, super espaçado à ar. Com uma construção matriz Helicoidal, bitola distribuída e triplamente balanceado. Assim como o top de linha Apex, utiliza 1 filtro de amortecimento por canal e suas terminações podem ser WBT NextGen 0152Ag RCA, ou XLR em fibra de carbono/cobre banhado em ródio.

Cada canal incorpora seis núcleos de prata 5N da mais alta pureza, fios de tamanho variado, dispostos em uma geometria exclusiva da Dynamique. Ainda que já tenha falado do projetista Daniel Hassany nos outros dois testes, em respeito aos novos leitores que não tenham lido essas avaliações, eis aqui um breve apanhado histórico de sua carreira. Fundada em 2009, a Dynamique é uma empresa relativamente nova, porém seu CEO possui uma longa experiência na produção de cabos, primeiro para OEM e agora com sua própria fábrica.

ngenheiro Industrial de formação, se especializou em ciência de materiais, metalurgia e processos industriais como usinagem manual e CNC. Depois alargou ainda mais seus conhecimentos com cursos de anodização e galvanoplastia. Seu grande objetivo foi sempre desenvolver cabos que sejam o mais neutro possível, e essa busca (na minha humilde opinião) foi plenamente alcançada com essa nova geração das séries Halo 2, Zenith 2 e Apex.

Daniel percebeu rapidamente que para conseguir seu tão sonhado objetivo, teria que ter um controle rigoroso de produção e cuidar de todas as etapas, projetando em sua fábrica tudo que fosse possível, ou trabalhando com parceiros que pudessem fornecer o desejado. Para ele, mais do que fazer cabos melhores que a concorrência, o objetivo sempre foi estabelecer um novo patamar de neutralidade tonal capaz de oferecer audições fidedignas ao material gravado sem nenhum tipo de coloração (que muitos fabricantes prometem, mas nem sempre entregam).

Muitos audiófilos acostumados com cabos de enorme diâmetro e peso, irão estranhar a flexibilidade de todos os cabos da Dynamique. Não são ‘peso-pluma’, mas não irão forçar os terminais dos amplificadores e nem tão pouco os danificar.

Os leitores que estão sempre atentos a tudo que escrevemos nos testes, já haviam me perguntado quando sairia a avaliação do Zenith 2, pois para eles o Apex está fora de cogitação, e o Halo 2 abaixo de suas pretensões. Então, esses leitores foram diretos a questão: o Zenith 2 está mais para o Apex ou é um Halo 2 um pouco mais refinado?

O Zenith 2 está muito mais próximo em todos os sentidos do Apex, e bem mais distante do Halo 2. É natural que assim seja, pois como escrevi até bem pouco tempo atrás ele era o top de linha da Dynamique.

Mas para minha surpresa, ele tem algumas particularidades que o colocam em uma classe à parte. Principalmente para os que tiverem amplificadores valvulados ou desejem usá-lo em um setup analógico. Antes que alguém entenda erroneamente, não falo em termos de menor neutralidade, mas sim de velocidade e precisão. Em um comparativo AxB, no nosso setup analógico de referência, gostei imensamente da reprodução de transientes do Zenith 2, de uma precisão na marcação de tempo para rock, pop e blues que é contagiante.

Quando se tem este nível de refinamento na reprodução de transientes, a música se torna mais contagiante e visceral.

Também gostei muito de ligá-lo entre o pré da Nagra Classic e o power do amigo Eduardo Lins com válvulas KT88 (trata-se de um protótipo que ele me enviou, que está quase saindo do forno). Neste amplificador, o Zenith 2 fez toda a diferença, pontuando os incisos e dando um grau de precisão que estava faltando (como se a música fosse levemente mais solta e lenta).

Seu equilíbrio tonal, como todos os cabos deste fabricante, não depende dele e sim do sistema em que ele está ligado e levando o sinal de um lado para o outro. Para muitos de vocês, descrever o equilíbrio tonal de um cabo dessa maneira deve ser muito estranho, mas é assim que todos os cabos neutros soam – quem determinará a assinatura sônica do sistema, será o setup e não o cabo. O que podemos afirmar é que em nosso sistema de referência o equilíbrio tonal foi soberbo.

As texturas estão bem próximas do Apex, porém sem atingir aquele grau de intencionalidade pleno, possível de ouvirmos em sistemas Estado da Arte corretamente ajustados e sinérgicos. Falo daquele último grau de refinamento, que coloca o Apex uns 3 pontos à frente do Zenith no cômputo geral de nossa Metodologia.

Mas é preciso fazer a pergunta fatídica: quantos sistemas estão à altura da pontuação do Apex? E a mais importante para o nosso bolso: qual dos dois possuem a melhor relação custo/performance? Se levarmos como prioridade essa segunda pergunta, certamente a resposta será o Zenith 2.

Outra diferença mais notória está no arejamento do palco sonoro. O Apex consegue distribuir o acontecimento musical entre as caixas de forma muito mais homogênea e organizada (como é em uma apresentação ao vivo). Já o Zenith 2, encontra-se no grupo de cabos top que resolvem bem essa questão, mas não têm este grau de realismo. Isso compromete a apresentação? De maneira alguma. E nem tão pouco tira o conforto auditivo. Só irá exigir, nas passagens complexas com muitos instrumentos, uma maior atenção do ouvinte para acompanhar todos instrumentos (isso se o sistema não tiver uma enorme folga, pois se tiver, essa atenção sequer será necessária).

Em termos de corpo harmônico, o Zenith 2 novamente encosta no Apex, e se formos fazer a comparação deste quesito com LP, a diferença é milimétrica! Sua materialização física é notável! Em gravações tecnicamente impecáveis, os músicos estarão à nossa frente!
E seu grau de musicalidade, assim como o equilíbrio tonal, dependerá exclusivamente do sistema e não do cabo!

CONCLUSÃO

Os cabos da Dynamique podem perfeitamente ser considerados uma classe à parte dos grandes cabos hi-end. Pois eles não impõem assinatura sônica nenhuma e nem tampouco podem ser usados como ‘muletas’ para correção de problemas no equilíbrio tonal de nenhum sistema.

Agora, se o leitor deseja ver o grau de comprometimento em termos de fidelidade do seu sistema, diria não existir cabos melhores para essa “prova dos nove” que os cabos da Dynamique (não nesta faixa de preço).

O que difere cada série é apenas a qualidade de precisão que você terá em termos de neutralidade. O que, no íntimo, sempre me pergunto é: quantos audiófilos no mundo estão dispostos a realmente colocarem à prova o sistema que montaram? Quantos aceitarão que seus sistemas ainda estão tortos em termos de equilíbrio tonal e buscam desesperadamente ‘band-aid’ para contornar o problema?

Poder ter a mão cabos que conseguem se limitar à transmissão apenas do sinal deveria ser uma benção, mas não creio que na realidade sejam vistos dessa maneira.

Uso em meu sistema dois Apex – um entre o DAC e o Pré e outro entre o pré e o power – e não poderia ter feito melhor investimento para um revisor crítico de áudio. Pois com eles no sistema, o tempo de dúvidas em relação a assinatura sônica dos eletrônicos testados e a avaliação da qualidade técnica das gravações, caiu pela metade. Pois antes precisava me certificar (para fechar as notas) se os cabos eram compatíveis com os produtos testados ou não.

Agora essa dúvida acabou!

Se desejas colocar seu sistema à prova e descobrir se o equilíbrio tonal dele está correto, você tem três excelentes séries da Dynamique para fazê-lo. Se o seu investimento foi gigantesco e você almeja um setup Estado da Arte, a primeira dúvida que precisa ser sanada é do equilíbrio tonal. E o Zenith 2 realmente pode lhe dar essa resposta.

Um amigo músico certa vez me perguntou: “Como podemos ter certeza que o equilíbrio tonal foi ajustado?”. Essa também é uma pergunta recorrente nos nossos Cursos de Percepção Auditiva. Temos dois caminhos: os discos que pontualmente mostram os erros ainda existentes (temos uma relação com mais de 100 faixas só para detectar erros de equilíbrio tonal) ou, de maneira subjetiva, quando paramos de avaliar a performance do sistema e começamos a prestar atenção integralmente no que estamos ouvindo.

Meu pai descrevia muito bem esse momento com a seguinte frase: “Quando finalmente os audiófilos se calam”.

Se o seu sistema estiver neste nível de ajuste no equilíbrio tonal, o Zenith 2 irá lhe confirmar que você finalmente chegou lá!

Nota: 102,0
AVMAG #263
German Audio

contato@germanaudio.com.br
R$ 17.324

CABO DE CAIXA FEEL DIFFERENT FDIII – SÉRIE 3

Fernando Andrette

Dando sequência aos testes da série FDIII, este mês compartilhamos nossas impressões do cabo de caixa. Como escrevi no mês passado, ao avaliarmos o cabo de força desta mesma série, o que chama a atenção é a qualidade de construção deste fabricante e os cuidados com todos os detalhes. Ao ponto de não parecer, à olhos nus, que o cabo seja feito de forma artesanal e sim de maneira industrial.

Toda a linha FDIII utiliza cobre OFC 99%, cobre OFC 89%, prata 98%, banho de ródio e grafeno (americano) e bitola de 5,5mm. Geometria: Helicoidal e trançada com blindagem dupla. As conexões são WBT NextGen Gold.

O enviado para teste tinha 2 metros de comprimento, e conexões forquilha do lado do amplificador e banana do lado da caixa. Ele nos foi entregue com um pré amaciamento de 25 horas, o que nos permitiu, assim que o set completo chegou, fazer uma audição de 4 horas para as primeiras impressões e, depois, todos os cabos seguiram para a queima de mais 50 horas.

Gosto deste procedimento do fabricante, de já enviar seus cabos com um pré amaciamento de 25 horas, pois isso permite que o consumidor já tenha uma ideia razoável do que está testando. Sabemos que inúmeros audiófilos não acreditam em amaciamento, e outro dia descobri um revisor crítico de áudio australiano que também não acredita – o que deve ser alentador para os que acham isso uma bobagem, saber que um revisor não escuta diferença alguma entre um produto quando zero e depois de 250 horas de queima. Certamente esse revisor não deve ter se deparado com os novos capacitores HD, em que o próprio fabricante indica de 250 a 400 horas de burn-in para o capacitor se estabilizar. Pois ao menos neste caso, ele certamente ouviria as diferenças.

Quanto a cabos, testei alguns que, com uma hora de uso, não mudaram uma vírgula sua assinatura sonora. Outros com apenas 24 horas estabilizaram completamente, para jamais sofrer nenhum tipo de alteração, e muitos que necessitam realmente de pelo menos 100 horas ou mais.

O que percebi, ao longo de todos esses anos, é que não existe uma lógica para tentar determinar se o que influencia a necessidade de queima ou não, esteja na bitola do cabo ou geometria. O que posso afirmar é que cabos com maior bitola sofrem maior estresse mecânico no transporte e na manipulação do cabo (principalmente os de força e caixa), e o ideal é que depois de instalados, fiquem tempo suficiente para eliminar este stress. Feito este procedimento, tenham certeza que muitos ouvirão melhorias consistentes.

A mais contundente é no equilíbrio tonal. Seguida da melhora do arejamento e, consequentemente, dos planos, foco e recorte. Agora, não creiam em milagres, pois se o cabo chegou torto em termos de equilíbrio tonal, não haverá salvação.

Este não foi o caso do cabo de caixa FDIII Série 3, que chegou tocando muito bem logo de cara (serão as 25 horas de burn-in feitas pelo fabricante?). Um excelente equilíbrio tonal com as duas pontas com enorme extensão, velocidade e corpo. E uma região média “palpável” e com excelente detalhamento, microdinâmica, velocidade e corpo.

Estava com o Genuinamente Brasileiro Volume 2 no Scarlatti, quando coloquei o FDIII entre os powers da Nagra e as caixas Wilson Audio Sasha DAW, e a presença das seis vozes no Água de Beber foi notável. A sensação correta de espacialidade entre os seis cantores alinhados, mas com espaço entre eles suficiente para não haver vazamento dos microfones, foi fidedignamente apresentado. Assim como o violão atrás dos cantores e o percussionista.
Costumo muitas vezes ouvir, em diversos cabos de caixa, alturas menores para os cantores que estavam em pé e nenhuma diferença para os instrumentistas (ambos sentados). Ou então as alturas estão corretas, mas a distância entre os cantores não existe, como se estivessem quase tocando um ombro no outro cantor ao lado.

Os céticos devem estar pensando quanto detalhismo deste Andrette – o que interessa saber se as distâncias estão corretas?

A esses, respondo: Estamos falando de uma gravação com apenas 8 elementos (três vozes masculinas, três vozes femininas, um violonista e um percussionista). Se a reprodução espacial desta gravação com apenas 8 elementos estiver congestionada, o que ocorrerá com a reprodução de uma big band ou uma orquestra sinfônica? Ouviremos músicos como se a orquestra estivesse toda dentro de um elevador? Como apreciar os detalhes, intencionalidades, texturas e corpos, com todos engalfinhados, sem nenhum respiro e arejamento?

Durante muitos anos, relevei essas críticas, pois se fosse responder a todas não faria mais nada na vida. E sempre achei que a ignorância pode realmente ser uma benção para muitos. Hoje penso exatamente ao contrário. É importante se posicionar claramente e mostrar que não se trata de nenhuma vaidade ou perfeccionismo. É totalmente factível, em salas acusticamente eficientes, e com sistemas bem ajustados de bom nível, ouvir todos esses detalhes. E o mais importante: permitir que nosso cérebro seja enganado e esqueça se tratar de reprodução eletrônica.

Para quem almeja este objetivo, toda informação será muito bem-vinda. Afinal são dicas valiosas que podem levar o leitor, no seu próximo upgrade de cabo de caixas, querer observar como os cabos tratam essas questões de arejamento, espacialidade, foco, recorte, planos, etc.

Agora, por favor, não espere milagre de um cabo de caixa – se sua sala acusticamente não ajudar e seu sistema não estiver à altura do cabo. Este é outro assunto que dá muito pano pra manga: Elo Fraco. O que posso dizer a este respeito é: se você não identifica o(s) elo(s) fraco(s) do seu sistema, certamente também não ouvirá diferença entre cabos, sala tratada acusticamente e a importância em uma elétrica dedicada. Então não perca seu valioso tempo lendo essa publicação, pois nada que escrevemos aqui lhe ajudará.

Simples assim: eu não perco tempo com nada que não me interesse, pois a vida é realmente uma dádiva e quero utilizar todo o tempo que me resta investindo somente no que é importante para mim e para os que me rodeiam.

O cabo de caixa FDIII, depois deste primeiro contato, recebeu 50 horas de queima e voltou novamente para teste. A “espacialidade” (uma de suas maiores qualidades) ampliou mais ainda, tornando as audições de música com diversos instrumentos muito prazerosas.

Os médios deram a nítida sensação de terem encaixado, fazendo com que as passagens do médio-alto para os agudos ficassem bem mais harmoniosas. Os graves ficaram mais enérgicos, com aquele salutar deslocamento de ar que tanto admiramos em bumbos, tímpanos e órgãos de tubo.

Achamos que ainda poderíamos extrair um sumo a mais, se ampliássemos o burn-in por mais 50 horas! Quando o cabo voltou ao nosso set de referência, observamos melhoras consistentes nos transientes, corpo e organicidade. Os solistas se materializaram à nossa frente, a diferença de corpo entre os instrumentos tornou-se muito mais próxima do real, e a precisão de tempo e andamento se tornou cirúrgica!

O FDIII estava literalmente para repassar todas as 80 faixas utilizadas em nossa metodologia. Uma prova de fogo, só destinada àqueles que se mostram prontos para ingressar no batalhão que sobe ao Pódio!

Foram três meses de audições feitas com nosso Sistema de Referência, com as caixas da série PerformaBe da Revel, Boenicke W11SE (que chegou há 20 dias) , amplificador estéreo CH Precision A1.5, e os integrados Pass Labs Int25, V8 SS da Sunrise Lab, e o pré da Shindo (leia Teste 1 na edição 265). Os cabos foram, na maior parte do tempo, os nossos de referência (Dynamique Apex de interconexão, e Reference Digital da Transparent Audio, e Crystal Cable Absolute Dream, junto com o set completo FDIII de força, digital/coaxial e interconexão/RCA).

Além de casar brilhantemente com seus pares da mesma série, mostrou-se muito compatível com todos os outros cabos, caixas e amplificadores. Sempre ressalto a questão da compatibilidade, pois todo cabo de qualidade precisa ter uma grande “sobrevida” de futuros upgrades. Pois ninguém investe em um cabo de caixa deste valor para ter que descartar o mesmo no próximo upgrade de caixa ou eletrônica.

Afirmo que o FDIII Série 3, possui todos os atributos para ser o cabo de caixa para qualquer sistema Estado da Arte de nível superlativo!

Extremamente refinado, com um grau de equilíbrio entre transparência e musicalidade de quem chegou lá em termos de equilíbrio tonal!

CONCLUSÃO

É dignificante para mim, que defendo o fabricante nacional desde o primeiro instante da revista, ver quanto os projetistas de cabos evoluíram.

São fabricantes que podem perfeitamente atender ao audiófilo mais exigente e que tenha tido inúmeros cabos importados de renome.

O FDIII é um cabo excepcional tanto em sua performance como em seu preço. Arrisco dizer que seja uma barganha em termos de custo pelo que toca.

Altamente recomendado!

Nota: 100,0
AVMAG #265
Feel Different

21 99143.4227
R$ 11.500 – 2 m padrão

CABO DE CAIXA APEX DA DYNAMIQUE AUDIO

Fernando Andrette

Ser o primeiro a publicar um teste de um novo produto recém lançado, já não traz aquele frio na barriga como anteriormente, pois já tivemos esse privilégio algumas vezes. Mas gosto de saber o que outros revisores de áudio observarão posteriormente a respeito do produto.

De cabeça, não me lembro de nenhuma observação feita que fosse muito diferente das conclusões que cheguei, ainda que o produto testado tenha tido setups completamente distintos dos usados por nós, e salas de dimensões bem variáveis em tamanho e tratamento.

E sabemos o quanto isso pode influenciar nas observações subjetivas de qualquer produto avaliado. No entanto, não deixa de ser uma honra sermos escolhidos para realizar o primeiro teste mundial de um produto, e quanta responsabilidade está envolvida nessa escolha.

No caso do cabo de caixa Apex da Dynamique Audio, certamente o que deve ter pesado nessa escolha foi o fato de já termos testado os Apex de interconexão e usá-los em nosso setup de Referência. Então, quando o Daniel Hassany, CEO da Dynamique, nos comunicou que nos enviaria o cabo recém lançado para ser avaliado, fiquei muito feliz. Pois poderia avaliar o quanto um set completo de Apex faria pelo sistema, e à que nível poderíamos galgar da tão desejada “neutralidade” que tanto busco para facilitar o nosso trabalho no dia a dia.

Passando na memória os sets de cabos que utilizamos nos 24 anos da revista, de tudo que avaliamos o caminho foi longo e bastante diversificado. Nossos sistemas de Referência utilizaram sets de cabos da: van den Hul, NSB, Kimber Kable, Siltech, Purist Audio, Nordost, Transparent Audio, Crystal Cable, Kubala Sosna, e os nacionais: Timeless, Sax Soul Cables, Sunrise Lab Quintessence, e Logical Design. Esses são os que estiveram por mais tempo com sets completos em nossos sistemas de Referência, e se formos contar os pontuais, entre um transporte e um DAC, ou cabo de braço, essa lista se amplia rapidamente. Todos, sem exceção, sempre contribuíram à sua maneira para o nosso trabalho e o ajuste fino do sistema. E todos sempre “colocaram” sua assinatura sônica ou ajudaram a “moldar” o que necessitava ser moldado para a realização do nosso trabalho.

O que eu quero dizer com “moldar”? É justamente dar ao sistema sua assinatura sônica final. E, no nosso caso, a busca incessante foi sempre, dentre as condições possíveis, alcançar a maior neutralidade possível para o teste de todos os produtos enviados. Essa busca foi permanente, porém muitas vezes frustrante, pois cabos também sofrem de compatibilidade, como todo componente de áudio. E justamente por este motivo é que mantivemos ao longo de nossa história mais de um set de cabos, para tentar contornar esse difícil obstáculo.

De todos os fabricantes de cabos que testamos e tivemos, o que se mostrou mais neutro e com maior compatibilidade, até bem pouco tempo foi sem dúvida os Transparent Cables.

rincipalmente seus cabos de força e caixa, possibilitando o seu uso em diversos produtos de diferentes níveis. Diria que foram essenciais para a precisão de nossas observações auditivas e fechamento de nota de centenas de produtos testados nos últimos anos.

Mas o ideal é sempre uma meta a ser alcançada, e toda regra sempre tem alguma exceção, não é verdade? E nessas horas, em que você dá de frente com um “entrave”, é que você se pergunta: haverá algum fabricante que deu um passo à frente? Existirá o cabo que consiga um degrau a mais de neutralidade e compatibilidade, que consiga nos ampliar a margem de segurança no momento de fechar as notas dos quesitos da Metodologia? Esses pensamentos logo se dissipavam, afinal a fila não para. Produtos entram e saem para teste, como uma esteira de biscoitos a caminho do ensacamento em uma fábrica.

Dizem que o universo conspira a nosso favor (prefiro pensar que ele assopra aos nossos sentidos através da intuição, o que me parece mais realista), e eis que recebo um e-mail pedindo ajuda para arrumar um distribuidor no Brasil para os seus “cabos”. Trocamos várias mensagens, ele me enviou alguns testes, contou sua trajetória e enviou para teste sem compromisso um set completo de Halo 2, e seu mais novo produto: o cabo de interconexão Apex.

O resto vocês já conhecem – leram nas edições passadas minhas observações a respeito dos cabos das séries Halo 2, Zenith 2 e Apex interconexão. E também já sabem que usamos atualmente em nosso sistema de Referência dois Apex de interconexão XLR, e os motivos dessa escolha.

O que mais chama a atenção nos cabos da Dynamique das três linhas testadas, é a capacidade de soarem sem impor nenhuma assinatura sônica ao sinal. O que vem da fonte, seja ela digital ou analógica, irá soar sem interferência nenhuma do cabo, tornando-se a ferramenta mais imprescindível há quem testa equipamentos!

E para o usuário, qual a sua função? A mesma que para o articulista, desde que você deseje entender os erros, acertos e elos fracos de seu sistema. Agora, se você ainda usa cabos como “equalizadores”, não terá o menor interesse em ouvi-los ou tê-los.

E o que difere cada série? Apenas o grau de neutralidade. Você não encontrará em um cabo Dynamique uma série que tenha especificamente um padrão sônico diferente da série acima. Ele é uma ponte entre dois pontos, não floreia, não cria artifícios ou impõe algo ao sistema. Para alguns, essa apresentação “nua e crua” pode parecer cruel e sem sal. Mas quem lhe disse que isto é função de um cabo? Quem tem que ser correto antes de tudo é sua eletrônica, sua elétrica e sua acústica.

Em todo o tempo de convivência com os cabos deste fabricante (já são mais de 9 meses), eles nos simplificaram demais o trabalho de avaliação de todos os produtos que chegaram para teste neste período. Vou dar um exemplo: usamos no total 100 faixas entre CDs e LPs para fechamento de nota de cada produto testado. Depois do produto previamente amaciado, antes de iniciarmos a audição dessas 100 faixas, passávamos dois a três dias buscando o melhor set de cabos com a melhor compatibilidade com o produto e os melhores pares eletrônicos disponíveis naquele momento. Essa etapa de dois a três dias, acabou!

O uso da série Dynamique mais condizente com a performance do produto em teste é o único trabalho que temos, e isso não leva mais do que algumas horas para decidirmos!
Acredito que o amigo leitor agora tenha ideia de minha expectativa em relação à chegada do cabo de caixa Apex, afinal se ele mantivesse todas as características dos de interconexão, seria uma mão na roda sem precedentes!

E finalmente chegou. Em uma manhã de julho fria recebi o pacote com o Apex em uma mala de metal, devidamente protegido. Como estava de saída, só deu tempo de tirar da embalagem, desenrolar o cabo para diminuir o stress mecânico e o deixar tocando na caixa da Q Acoustics em amaciamento (cujo teste sairá na próxima edição).

Simultaneamente com o cabo, recebo uma mensagem do Daniel me passando as especificações dele. Os condutores são 4 x 16 AWG de prata pura (5N) de núcleo sólido, 4 x 18 AWG de ródio sobre prata pura (5N) com núcleo sólido, 4 x 19AWG ouro 24K sobre prata pura (5N) com núcleo sólido, e 2 x 22/3 AWG Pure Silver (5N0 multicore). Bitola: 6AWG por canal com isolamento PTFE Teflon, super espaçado com ar. Construção: Matriz helicoidal contrabalanceada, bitola distribuída em geometria específica. Amortecimento: 2 filtros de ressonância por canal. Terminações: Plug banana de baixa massa Dynamique (Ródio/Ouro/Prata/Cobre), ou terminação em forquilha (Ródio/Ouro/Prata e Cobre, PTFE Teflon).

Junto com as especificações técnicas, o Daniel enviou o seguinte texto: “O nosso cabo Zenith 2 e o Celestial 2 de caixa eram nossas referências absolutas, mas sabíamos que poderíamos oferecer ainda mais otimizando a geometria e, por sua vez, a topologia das bitolas distribuídas internamente. Testamos diversas formulações de condutores diferentes com ouro puro, platina pura, paládio puro, ródio puro e liga de metais nobres, utilizamos até algumas formulações de grafeno, e cada protótipo trouxe pontos fortes, mas também pontos fracos. Decidimos, então, utilizar apenas os metais que se mostraram sinergicamente melhores, e que elevaram ainda mais nosso grande diferencial em relação aos cabos similares da concorrência”.

Acredito que conheça um pouco do método de trabalho do Daniel, pelos diversos e-mails trocados desde que nos conhecemos. E que, até chegar ao resultado final, dezenas de protótipos foram construídos e meses se passaram até definir o caminho a seguir. Pois ele é um perfeccionista nato, capaz de testar uma linha de raciocínio à exaustão, até ter a certeza absoluta que extraiu daquela linha todo o seu potencial.

A grande vantagem do atual estágio em que a Dynamique se encontra é a de já ter estabelecido o “conceito” de neutralidade de forma muito eficaz. Então já existe um “norte” bem definido, o que ajuda a não perder a mão e nem mudar de rumo.

O Daniel também me solicitou que deixasse o cabo no mínimo por 100 horas de amaciamento antes de colocá-lo em avaliação, e que até 200 horas haveriam sutis mudanças.

Nunca escutei o cabo de caixa Zenith 2, só conheço bem o Halo 2, então comparar o Apex com o Halo 2 é meio que covardia. Pois o grau de neutralidade é muito maior. Porém, como as características são idênticas ao Apex de interconexão e o Zenith 2 de interconexão que foi testado recentemente, acredito que alguns parâmetros possam ser avaliados.

Como escrevi, o Zenith 2 está muito mais próximo do Apex do que do Halo 2, então aos interessados por uma cabo de caixa em que seu maior mérito é não alterar o sinal enviado do seu amplificador para a sua caixa, o Zenith 2 certamente terá muito mais a oferecer do que o Halo 2.

Mas não pense que as diferenças são “circunstanciais” ou sutis, pois não são. Com o set todo Apex entre a fonte digital, pré e power e caixa, atingimos um grau de naturalidade e conforto auditivo jamais experimentado em nenhum outro setup de Referência que tivemos!

O Apex consegue nos mostrar com exatidão o nível de qualidade de cada componente, nos levando a sensação de música real e não reproduzida eletronicamente, nos levando a confirmar tudo que escrevemos a respeito tanto dos Nagras, quanto das caixas Wilson Audio Sasha DAW.

E quando trocamos o pré da Nagra pelo Leben (leia Teste 1 na edição 267), ficou evidente a assinatura sônica do Leben, com maior eufonia, mostrando em detalhes suas qualidades e defeitos tão “explicitamente” que poderíamos perfeitamente diminuir o número de faixas utilizadas para o fechamento da nota de cada quesito, pela metade.

Dizem que junto com a liberdade, também aumenta a responsabilidade. Nada mais correto, pois à medida em que fomos conhecendo o potencial de um set completo Apex, percebemos que os pequenos detalhes precisam ser revistos periodicamente.

O que são esses pequenos detalhes? Cabos de força, cabos digitais, elos fracos, posicionamento das caixas, etc. É como se o set Apex colocasse tudo sob o campo de visão de um microscópio eletrônico de última geração. Pois seu grau de transparência, silêncio de fundo, corpo harmônico, textura, equilíbrio tonal, será o que a eletrônica em que ele está instalado pode reproduzir. Ele não deleta nada e nem tão pouco acrescenta um fio de cabelo.

O sistema estando condizente com o termo “superlativo”, tudo soará neste nível!

O sistema estando com alguma aresta ou elo fraco muito evidente, não haverá como esconder o problema debaixo do tapete, pois estará presente e audível o tempo todo.

Geralmente o audiófilo nessa situação procura alguma medida paliativa, como usar cabos que “diminuam” o problema, ou até medidas mais drásticas como eliminar aquele disco de suas audições.

Com o Apex, nem uma dessas soluções será possível, pois ele irá pôr o “dedo na ferida” sem dó nem piedade! Simples assim!

No entanto, se você é um audiófilo que está há muito tempo nesta estrada cansado de tantas tentativas infrutíferas, saber que existe um “ferramental” que pode lhe ajudar a detectar elos fracos com precisão e que, depois de corrigidos, seu uso irá lhe proporcionar o maior prazer possível, o que temos a perder? Absolutamente nada!

E para os inteligentes, que aprendem com o erro dos outros, ter um set Apex em um sistema Estado da Arte Superlativo irá valer cada centavo investido!

Nas últimas semanas recebi, por vários motivos, fabricantes nacionais, importadores e amigos de longa data que conhecem quase tão bem meu sistema como eu. Todos, ao escutarem o sistema, disseram que estava soando com uma naturalidade nunca antes tão evidente. Naturalidade foi a palavra mais usada para descrever o “efeito Apex” no sistema, mas o mesmo também foi descrito com outros adjetivos, como: expandido, primoroso, refinado, etc. As observações estão corretas, dentro das condições que ouviram. No entanto, o mais paradoxal dessas conclusões é que o mérito é da eletrônica e do ajuste fino do sistema.

O trabalho dos cabos Apex foi o de não interferir ou colocar “condimento” aonde não há necessidade. E, no entanto, ao focarmos na história dos cabos na audiófilia, quantos fabricantes não chamam para si essa conquista de terem desenvolvidos cabos suficientes neutros para desfrutar apenas da assinatura sônica do sistema? Acredito que todos almejam este mérito, e quantos conseguiram efetivamente? Diria, por experiência, que muitos chegaram muito próximo, no entanto esbarraram em outro problema: compatibilidade.

Sabe quando eu escrevo que musicalidade é a soma de todos os outros sete quesitos? Pois descobri na prática que compatibilidade depende integralmente da neutralidade. Quanto mais neutro, melhor a compatibilidade com diversos produtos, independente da topologia. E aí está o “pulo do gato” da Dynamique: para cada nível de sistema, um cabo compatível e neutro na medida certa.

Nos testes que li dos cabos da Dynamique, os revisores falam das melhorias que escutaram em seus sistemas, conforto auditivo, precisão, mas poucos citam a questão da neutralidade (ainda que isso esteja muito bem descrito no site do fabricante, e o Daniel enfatize muito essa características em nossas conversas). Acredito que seja uma questão de tempo para que os revisores entendam o que a Dynamique alcançou.

Como sempre escrevo, existem inúmeras formas de avaliar um produto de áudio, e também existem as expectativas e gosto pessoal do articulista ao escrever suas impressões. Mas, no momento que está “ficha” cair, acredito que a Dynamique irá se estabelecer como a referência das referências neste mercado tão competitivo. Pois o caminho que o Daniel encontrou é extremamente consistente, e abre uma janela para que mais fabricantes de cabo trilhem o caminho da neutralidade.

Afinal, menos é mais. São tantas etapas para o ajuste de um sistema (qualidade elétrica, tratamento acústico, sinergia do sistema, escolha da assinatura sônica) se tirarmos os cabos dessa lista, usando-os apenas para saber se fizemos a “lição de casa” corretamente, será um grande salto no tempo gasto e no dinheiro despendido.

Imagine o dia em que cabos serão a última coisa a ser colocada no sistema, como a final “prova dos nove”! Apenas para saber o quanto acertamos ou erramos. Como um exercício de matemática em que não existe meio certo!

Se você sempre sonhou com essa possibilidade, como eu amigo leitor, saiba que este cabo já existe! Ele se chama Dynamique Audio, e eles possuem uma linha extensa e, com certeza, uma série serve para o nível do seu sistema.

E se ele simplesmente mostrar que você ainda não chegou lá, não o acuse, não faça como aqueles audiófilos que sempre culpam a mídia, dizendo que é mal gravada, para justificar não tocar bem no seu sistema. Pois eles apenas estão indicando que existe um elo fraco, e este ainda é bem evidente.

E se você tiver um sistema Estado da Arte de nível Superlativo, e quer extrair cada gota dele, sugiro que você escute um set de Zenith 2 ou Apex da Dynamique Audio. E se o sistema tocar divinamente, como jamais você imaginou ouvir, saiba que o mérito também é deles, afinal não interferir, alterar ou impor uma assinatura sônica é tudo que um cabo deveria ser, e até este momento não era!

Nota: 112,0
AVMAG #267
German Audio

contato@germanaudio.com.br
£ 15.900

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