Teste 2: CAIXA ELAC DEBUT REFERENCE DBR62
abril 15, 2021
TOP 5 – AVMAG
abril 15, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Desde quando li o teste desse pré de phono, escrito pelo saudoso Art Dudley, de 2016, que tive o interesse de ouvir e, se possível testar, o Luxman EQ-500. Foram quase cinco anos de espera até a Alpha Audio & Video conseguir nos emprestá-lo para teste.

Todo revisor de áudio com muitos anos de estrada desenvolve um “feeling” a respeito de determinados produtos. É como se acendesse uma luz na mente para ficarmos alertas. Outras vezes, conseguimos decifrar nas entrelinhas determinadas características descritas pelo revisor que nos mostram o caminho das pedras.

Todo bom produto, possui evidências de seu potencial – já nos excelentes, essas evidências se multiplicam em sua construção, acabamento, topologia e, claro, em sua performance. O Luxman EQ-500 pertence a essa categoria de produtos excelentes e que, por qualquer ângulo de análise, sempre irá se sobressair na multidão.

Prés de phonos existem às centenas no mercado hi-end, desde os minimalistas custando algumas centenas de dólares, aos superlativos na casa de muitos milhares de dólares. Sempre admirei os que conseguem se sobressair na zona intermediária, que eu mentalmente estipulei que começa nos 3 mil dólares e vai até os 10 mil dólares. Nesta faixa a briga é realmente de cachorro grande, e as opções são muitas, o que leva a um esforço enorme para separar os bons e os excelentes.

Nós, em nossos 25 anos de vida, cansamos de apresentar produtos semelhantes na mesma faixa de preço e recursos, em que um é um Diamante e o outro um Estado da Arte. Aí cabe ao leitor confiar em nossa Metodologia e idoneidade, e fazer sua escolha.

Minha experiência diz que prés de phono são muito semelhantes aos prés de linha: são muito importantes para serem negligenciados, pois farão a diferença entre o ótimo e o excelente. E um setup analógico, para que extraia todo seu enorme potencial, precisa que tudo esteja integralmente alinhado e caminhando na mesma direção.

Se você me perguntar o que é mais seguro e mais fácil: montar um setup digital ou um analógico? Sem nenhuma sombra de dúvida um setup digital é muito mais fácil.

Quando leio esses artigos “da moda”, dando dicas de toca-discos baratos para você ouvir vinil, fico sempre me perguntando se quem escreveu realmente fez o que está indicando ao seu leitor, se ele foi realmente lá e escutou aqueles toca-discos de entrada (até 1000 dólares) com suas cápsulas MM (de até 150 dólares), ligado a um pré de phono (até 200 dólares) e realmente se convenceu que o sistema analógico indicado é a maravilha das maravilhas!

Minha pesquisa com os nossos leitores, indica o contrário, que a frustração foi muito maior do que a satisfação. Pois lhes prometeram mundos e fundos, e o que estes setups de entradas analógicos lhes mostraram foi apenas o “final” da fila.

Então se queres realmente montar um sistema de alto nível analógico, prepare-se, pois o investimento é bem mais em cima. Mas eu garanto que, se fizeres a lição de casa, o resultado será pleno! Não estou falando em iniciar essa jornada com um Luxman EQ-500, mas que será preciso ao menos um pré de phono de 82 pontos para cima (Estado da Arte), assim como o toca-discos e a cápsula também neste patamar de nota – e é para isso que serve a Metodologia criada por nós.

Abaixo de 82 pontos você terá um setup analógico decente, mas não capaz de extrair o melhor dos seus discos. E meu amigo, existem LPs que podem nos levar a repensar toda a maneira como sempre ouvimos a alta fidelidade, acredite!

O que estou tentando explicar é que um setup analógico de 90 pontos, por exemplo, afinado e correto, sempre lhe dará mais prazer que um sistema de 90 pontos digital. Este que é o grande barato do analógico: dar muito mais prazer por menos investimento!

Agora imagine o que um sistema analógico de 100 pontos ou mais pode fazer por você?

Já imaginou?

Certamente que não – se você jamais ouviu um setup analógico de 100 pontos correto. No entanto, no dia que ouvir, eu lhe garanto, meu amigo, que sua referência auditiva mudará de patamar instantaneamente!

E o Luxman EQ-500 vai um pouco além desses 100 pontos, fazendo com que ele seja o primeiro pré de phono por nós testado abaixo de 10 mil dólares, que tenha alcançado essa pontuação.

Sua construção segue o padrão desta empresa de áudio com 95 anos de existência, e que encantou gerações e mais gerações de audiófilos e melômanos mundo afora. É impossível olhar um Luxman e não se encantar com seu acabamento e formas, que conseguem o equilíbrio perfeito de produtos que parecem atemporais.

Pois eram perfeitos nos anos setenta e continuam sendo em pleno século 21!

O EQ-500, segundo o fabricante, é o melhor pré de phono já construído pela empresa. Tudo foi pensado e planejado muito antes do primeiro protótipo sair da bancada e ir para avaliação auditiva.

Olhando para ele, muitos pensarão se tratar de um pré de linha, e não um pré de phono, com tantos botões e possibilidades de ajustes. Além dos dois VUs no lado esquerdo do painel. São oito interruptores, com três rotativos e seis chaves de ajustes.

Nas costas temos três entradas, três saídas, três terminais de aterramento, e a tomada IEC. Seu belo gabinete de aço é revestido por uma placa frontal de alumínio, e todo o gabinete é pintado com textura cinza clara (padrão de todos os produtos Luxman).

Olhando internamente a construção, é um primor de uso de espaço e limpeza. São várias repartições blindadas para minimizar a interferência de Rádio Frequência. O maior e mais vistoso espaço é lacrado, e todo envolto em folha de cobre laqueado perfurado, com aberturas de ventilação, e fixadas à tampa por quatro parafusos também de cobre, para a proteção do circuito de áudio.

Na placa principal de áudio temos 19 relés. Eles são utilizados para cuidar das variadas funções de comutação existentes no painel para o ajuste de cápsulas: capacitância e indutância e o tipo de cápsula (MM ou MC).

Em outra repartição, ficam os dois transformadores, cada um para as cápsulas MC de baixa e alta saída, e sua fiação tem apenas uma única bobina primária e secundária. Os capacitores são todos M-Caps, e a maioria dos resistores no circuito são de filme metálico.

Debaixo do gabinete de cobre estão as válvulas de triodo duplo por canal, para ganho e buffer. O ganho adicional para as cápsulas MC é fornecido por esses dois transformadores, que são enrolados em núcleos Permalloy. Então, quando o usuário escolhe o uso de uma cápsula MC, um dos transformadores recebe o sinal e entrega para as válvulas ECC83/12AX7, configuradas em push-pull.

Depois o sinal vai para uma válvula triodo duplo também ECC83/12AU7, configurada como um seguidor de catodo, e em seguida para um transformador de saída proprietário, também enrolado em um núcleo Permalloy.

Quando você conecta o cabo de braço do toca-discos em qualquer das três entradas RCA, o usuário escolhe no botão do painel frontal o tipo de cápsula que está instalada no toca-discos (MC de saída baixa, ou MC de saída alta, ou MM). Ao determinar o tipo de sinal da cápsula, o sinal segue para um dos dois transformadores de entrada, ou direto para o primeiro estágio de ganho (no caso de uma cápsula MM).

Esta chave (MC Low, MC High, MM) também define a impedância de entrada de 2,5 ohms para MC Low, 40 ohms para MC High e, qualquer opção entre 30K a 100K ohms para MM, ajustável também no painel frontal (impedância) que, ao “meio-dia”, crava 47K (o que usei nas duas cápsulas MM que utilizei no teste).

O botão de ganho de 36, 38 ou 40 dB mostra o desempenho quando definido para cápsula MM.

Outro “plus” deste pré de phono, para os amantes de cápsulas MM (o que não é meu caso), é um botão de capacitância que permite selecionar seis opções entre 0 a 300pF.

Outros recursos muito úteis são: uma chave de mono e estéreo, outra para a alternância de fase: para selecionar entre um sinal de saída Normal e um cuja polaridade foi invertida.

Além das chaves Low Cut e High Cut (para filtro de ruído das baixas frequências e as altas, respectivamente), outra para o uso da saída RCA ou XLR, e a última que causa enormes discussões nos fóruns de apaixonados por sistemas analógicos: a chave de
desmagnetização de cápsulas. Esta, ao ser acionada, corta automaticamente o sinal até que acabe a desmagnetização.

Quem tem o EQ-500 diz que este desmagnetizador é muito útil, e outros dizem que não escutam nenhum benefício audível.

No meu caso, apenas em uma cápsula senti ligeira melhora no silêncio de fundo, depois de desmagnetizada. Nas outras cápsulas não ouvi absolutamente nenhuma alteração, nem para melhor nem para pior.

Mas aos donos deste EQ-500, duvido que não sejam tentados de tempos em tempos a darem uma desmagnetizada em suas cápsulas. Afinal, se mal não faz…

O pré de phono chegou lacrado, o que nos levou a uma queima de 120 horas antes de o colocarmos em teste. E esse período de amaciamento eu diria ser fundamental para se ter a ideia do enorme potencial deste Luxman, que começa a nos mostrar todas suas qualidades a partir de 50 horas de amaciamento.

Para o teste utilizamos três toca-discos: Acoustic Signature Storm, Timeless Ceres, e Thorens 418. Cápsulas: Hana Umami Red, Hana EH, Grado Platinum 3, Ortofon 2M Bronze. Cabos de interconexão entre o Luxman e o Nagra Pré Classic: Sunrise Lab Quintessence, Dynamique Audio Zenith 2 (XLR) e Apex (XLR). Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence, Transparent Powerlink MM2 e G5 Reference.

Para fechar a nota do Luxman, tínhamos ainda conosco o PS Audio Stellar (leia teste na edição de março 2021), e o nosso Boulder 508 (já vendido, mas que ainda estava conosco no momento do fechamento da nota).

Ou seja, estamos falando de um pré de phono de 100 pontos (PS Audio), e um de 102 pontos (Boulder 508), ambos Estado da Arte Superlativo. E, no entanto, as diferenças em todos os quesitos do Luxman EQ-500 foram contundentes!

O equilíbrio tonal tem aquele grau de refinamento que primeiro nos prega um susto e, depois, nos faz coçar a cabeça com tamanha retidão, coerência e refinamento. Os agudos possuem maior extensão, delicadeza, naturalidade e corpo, que só havíamos presenciado no CH Precision P1 (que custa 5 vezes mais que o Luxman). A região média é de uma correção tímbrica que nos faz desejar ouvir por horas a fio discos que estão conosco há 20, 30, 40 anos!

Pois você descobre nuances, planos e detalhes que antes nunca foram tão bem definidos (a não ser no P1, que é totalmente um “ponto fora da curva”, e custa um caminhão de “verdinhas”.

Os graves têm algumas nuances que, à princípio, nos confundem, pois não são nem secas nem coloridas. É um meio termo, que demoramos a compreender que se trata da composição da fundamental e dos harmônicos, que faz soar com menos peso que os dois outros prés de estado sólido (Boulder e PS Audio), mas que nos permite ouvir a tensão do couro do bumbo da bateria, ou a afinação do contra surdo.

Mas foi ouvindo a obra para percussão e orquestra de Bartók que me dei conta do grau de precisão e requinte dos graves em nos mostrar o ataque, a definição e extensão do tímpano soando e seu decaimento preciso.

E depois, ao escutar o LP Music From Siesta, de Miles Davis e Marcus Miller, e observar a quantidade de detalhes no sax barítono e como havia mais informação e corpo harmônico.

São graves que primam muito mais pelos detalhes do que pelo impacto e deslocamento de ar.

O soundstage do EQ-500, ainda que não seja melhor que o Boulder 508 em termos de planos, possui a vantagem de possuir um foco e recorte mais preciso. A diferença neste quesito é sutil, mas o suficiente para, em vozes à capela, termos uma imagem mais focada e detalhada do posicionamento exato de cada voz.

As texturas se beneficiam muito do exuberante equilíbrio tonal, com isso os instrumentos acústicos e vozes transbordam em emoção e sedução. É um verdadeiro deleite escutar quartetos de cordas neste Luxman!

Os transientes, assim como os graves, levam algum tempo para se acostumar, pois ainda que precisos ao extremo, tudo neste Luxman soa mais relaxado, ou melhor: com mais folga (como no CH Precision P1).

Com isso, as passagens com variação de ritmos e andamento ficam mais fáceis de acompanhar e entender o que está a acontecer.
A microdinâmica é um dos pontos altos deste pré de phono, pois a quantidade de informação extraída do sulco, assusta e encanta.

udo que sobreviveu à prensagem estará ao alcance da audição. Mas não pensem que este grau de apresentação de microdinâmica tire a concentração do todo – pelo contrário, só enobrece o acontecimento musical por inteiro, fazendo o ouvinte guardar em sua memória auditiva o que conseguimos extrair de produtos acima de 103 pontos (mais folga, mais prazer, e nenhuma fadiga auditiva).

A macrodinâmica, novamente levará muitos a se questionarem se não falta mais energia, tão evidente nos melhores prés de estado sólido. Eu diria que depende de como você gosta de ouvir os fortíssimos. Se sua apreciação é pelo susto, seguido da volta à normalidade, o EQ-500 será frustrante neste aspecto.

Mas, se o seu interesse é em chegar ao “ápice” do fortíssimo acompanhando todos os detalhes e não se perdendo nos sustos, você irá amar o EQ-500, creia! Este é o aspecto mais importante que separa os pirotécnicos dos precisos.

Se ainda está atrás do som pirotécnico, recheado de fogos de artifício, que o tira da concentração do acontecimento musical, produtos como este Luxman jamais irão te atender.

Porém, se a fase de mostrar “efeitos sonoros” aos amigos já foi superada, os produtos que primam pela correção, naturalidade e precisão em não perder a autoridade e a rédea do acontecimento musical, será um bálsamo sonoro.

E depois de ouvir essa assinatura sonora, se tens como referência a música não amplificada ao vivo, o senhor estará na porta do paraíso! Pois irá reconhecer que essa folga é uma aliada e não um vilão.

O corpo harmônico dos prés de phono valvulados usualmente é um dos pontos fortes desse tipo de topologia. Aqui no EQ-500, o amante de topologias valvuladas tradicionais se sentirá órfão, pois o Luxman não soa como a “velha guarda” de valvulados vintage. O corpo é o mais correto que a captação e a mixagem mantiveram, e nada mais.

Lembro de ouvir em um Hi-End Show um solo de sax tenor em um setup analógico com um pré valvulado, em que o sax tinha o tamanho de uma estante de 3 metros de largura! E a voz de Billie Holiday, o tamanho da boca de um hipopótamo! E muitos saíram da apresentação extasiados, como se tivessem finalmente constatado como o analógico realmente tem muito mais corpo harmônico que o digital!

Menos, senhores, menos. Também não podemos exagerar, pois nosso cérebro ao ouvir “tamanha” discrepância do gravado para o real, jamais irá se enganar e achar que aquilo é reprodução ao vivo (organicidade).

O Luxman tem a preocupação em não turbinar nada, seja nos graves, macrodinâmica ou corpo harmônico. O que foi prensado nos sulcos será reproduzido, o mais fiel possível.

A materialização física é excelente, mesmo com discos não tão tecnicamente bem gravados, como o US do músico Peter Gabriel. Aqui, novamente, só escutei esse disco mais “materializado” no CH Precision P1!

CONCLUSÃO

Quase 50 mil reais em um pré de phono é muito dinheiro. Mas, se pensarmos em tantos prés Estado da Arte Superlativo que custam mais de 100 mil, ou próximo a este valor (sem falar dos que custam lá fora acima de 30 mil dólares), o EQ-500 pela sua performance está ainda na parte de cima dos prés até 10 mil dólares, competindo com prés que custam de duas a três vezes este valor.

O que posso dizer é que ele tem tudo para ser o pré definitivo da esmagadora maioria dos audiófilos que possuem um sistema de 100 a 104 pontos, e se dividirmos seu custo por um período de vida de uma década, esse custo é absolutamente plausível.

Recursos para qualquer tipo de cápsula existente no mercado, possibilidade de uso de mais de um braço ou toca-discos, ajustes perfeitos, construção impecável e um acabamento de encher os olhos. Este é o pré top de linha da Luxman, uma empresa com 95 anos de vida que, por décadas, se mantém no topo da pirâmide.

Se buscas tradição, confiabilidade, e performance estupenda, eis o seu pré de phono!


PONTOS POSITIVOS

Pré de phono de nível superlativo em todos os sentidos.

PONTOS NEGATIVOS

Preço.


ESPECIFICAÇÕES
Complemento de válvulas4x ECC83/12AX7, 2x ECC82/12AU7, 1x EZ81
Entradas3 (RCA)
Saídas2 RCA, 1 balanceado (XLR)
Impedância de entrada2,5 Ohms (MC baixa), 40 Ohms (MC alta), 30 a 100 k Ohms (variável, MM)
Impedância de saída850 Ohms (RCA ou balanceada)
Relação sinal/ruído (IHF, ponderado A)74dB (MC baixo), 75dB (MC alto), 76dB (MM)
Distorção harmônica total0,07% a 1 kHz para saída de 1V com ganho ativo definido para 36 dB
Dimensões (L x A x P)440 x 92 x 397 mm
Peso12,5 kg
PRÉ DE PHONO LUXMAN EQ-500
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 14,0
Total 104,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
ESTADO DA ARTE SUPERLATIVO



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