Teste 3: AMPLIFICADOR INTEGRADO LEBEN CS-300F

Teste 4: TOCA-DISCOS RELOOP RP-2000 MKII
abril 15, 2021
Teste 2: CAIXA ELAC DEBUT REFERENCE DBR62
abril 15, 2021

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

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Nós já testamos alguns produtos deste renomado fabricante japonês. E como escrevi no teste do pré amplificador Leben modelo
RS-28CX (leia teste na edição 267), o seu projetista, o Sr. Taku Hyodo, tem uma verdadeira legião de fãs em todos os continentes. E cada novo produto é recebido com enorme expectativa pelos usuários da marca.

Como estamos falando de uma empresa em que todos os produtos, antes de serem lançados, passam por um longo processo de maturação nas mãos do sr. Hyodo, é de se supor que quando ele considera que o novo produto pode substituir com méritos o anterior, a evolução certamente será consistente e substancial em matéria de novos componentes e de soluções.

A série 300 tem uma longa história de três décadas desde o lançamento do CS-300, nos anos oitenta. O modelo original utilizava dois pares de EL84M da Sovtek, e um par de tríodos duplos da General Electric 5751 (ECC83), que mais tarde (quase uma década depois) foram substituídos por 12AX7A da Sovtek. E com o sucesso, o sr. Hyodo fez uma versão batizada de CS-300X Limited com válvulas Mullard NOS. E quando o estoque dessas válvulas acabou, virou a versão CS-300X S com as General Electric 5751 no estágio de entrada, sendo que esta versão ficou no mercado até 2010.

Agora, na mais recente versão F, as mudanças foram mais radicais, com o uso das General Electric JAN-6169 (segundo o fabricante pela sua maior longevidade e baixa distorção) e no estágio de entrada os tríodos duplos japoneses 17EW8 (HCC85 Hi-Fi).

No painel frontal, tem três botões pequenos e um maior. Da esquerda para a direita você tem primeiro o seletor de entradas, seguido do volume, balanço e um botão que regula o grave variando de 3 a 5 dB. Abaixo, temos dois interruptores para ativar o tape monitor, alternar entre a saída para as caixas e o fone de ouvido, e totalmente à direita o botão que liga e desliga o integrado.

Na traseira temos uma vasta área para a ventilação e, da esquerda para a direita, o terminal IEC para o cabo de força, acima o porta fusível, seguido dos terminais de caixas e um seletor de impedância acima dos terminais, seguidos de seis entradas, todas RCA.

As especificações técnicas, segundo o fabricante, são: 15 Watts por canal, resposta de frequência de 15 Hz a 100 kHz (-2 dB), distorção harmônica de 0,7 % (em 10 watts), sensibilidade de entrada de 600 mV, impedância de saída de 4/6/8 ohms, saída para fone de ouvido de 1000 mW, consumo de 82 Watts, e peso de 11 quilos.

Pelo seu tamanho (mais largo do que profundo) ele cabe perfeitamente em qualquer prateleira, desde que o usuário se lembre de deixar espaço para sua ventilação – por causa das válvulas.

Para o teste utilizamos os seguintes. Caixas: Elac Debut Reference DBR62 (leia teste nesta edição) e a coluna da mesma série, modelo 52 (leia teste na edição de junho), e a Sasha DAW da Wilson Audio. Fones de ouvido: Grado Statement GS3000e (leia teste na edição de março de 2021), e o Meze 99 Classics. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence e Powerlink MM2. Fontes digitais: streamers Innuos Zen e Mini Zen (leia teste edição de junho), transporte Nagra CDT (leia teste edição de julho), e TUBE DAC da Nagra. Fontes analógicas:
toca-discos Thorens TD 148 A (leia teste edição junho de 2021), e Timeless Ceres com braço Enterprise de 12 polegadas da Origin Live e cápsula Hana Umami Red (leia teste na Edição de Aniversário, de maio de 2021). Prés de phono: PS Audio Stellar, Boulder 508 e Luxman EQ-500 (leia Teste 1 nesta edição). Cabos de interconexão: Virtual Reality (leia Teste 5 nesta edição), Sunrise Lab Quintessence, e Dynamique Apex. Cabos de caixa: Virtual Reality (trançado e sólido), Sunrise Lab Quintessence, e Dynamique Apex.

O integrado da Leben veio com quase 50 horas de queima, o que ajudou muito pois a quantidade de produtos que chegaram para teste neste começo de ano foi muito acima do imaginado! Então fizemos uma primeira audição com ele ligado ao nosso Sistema de Referência e o deixamos amaciando por mais 50 horas, antes de fazer nossa avaliação final.

Muitos devem estar pensando o que um integrado valvulado de apenas 15 watts pode me oferecer? Se ainda pensas em quantidade antes de qualidade, sugiro que pare de ler imediatamente o teste. Agora, se já tivestes a oportunidade de ouvir um amplificador de baixa potência ligado a caixas de alta sensibilidade (o ideal seria ao menos 89 dB para cima) e em uma sala de até 16 metros quadrados, posso te garantir que no mínimo ficará surpreso com a quantidade de informação e prazer auditivo que este pequeno Leben tem a oferecer.

E se buscas um setup para ouvir pequenos grupos, vozes, instrumentos acústicos e solistas, meu amigo, você veio ao lugar certo. Pois este Leben pode, montado de maneira correta, te levar às lágrimas, e fazê-lo lembrar que acima de tudo a qualidade vem sempre em primeiro lugar.

Agora, se queres um sistema que faça o seu moletom soprar com o deslocamento de ar nos graves, certamente seu interesse neste integrado será zero.

Um amigo, ao ouvir este integrado ligado nas Elas Debut Reference, sintetizou de forma brilhante a quem este Leben prestará excelentes serviços: “Este é um sistema para pessoas que não estão famintas, e sim para as que estão saciadas”. Concordo integralmente! Pois imaginamos que quando estamos famintos, não raciocinamos muito, pois só queremos matar nossa fome, e colocamos goela abaixo tudo que nos oferecerem. Os saciados, ao contrário, são seletivos, e usam todo seu conhecimento para avaliar o que lhes dará mais prazer aos sentidos.

Ainda que ambas as Elacs tenham uma sensibilidade menor que 89 dB, por algum motivo que desconheço casaram muito bem com o Leben. E a Sasha DAW, com seus 91dB, melhor ainda. Com qualquer dessas três caixas, o Leben mostrou todas as suas insígnias e nos permitiu apreciar sua ampla habilidade em nos tecer uma estrutura musical muito peculiar, em que texturas e musicalidade eram os degraus mais altos!

Não que ele não se esforce para ser o mais correto em todos os quesitos da Metodologia, mas sim que provavelmente sejam estes os requisitos que seu projetista também mais busca aperfeiçoar em cada um de seus novos projetos.

Todos os Leben que escutei ou testei têm esta assinatura sônica, em que as texturas e a musicalidade sobressaem, mas interessante que não podemos dizer que todos os seus projetos têm na mesma proporção estes quesitos.

Senti muito mais nos integrados que no pré e power o destaque da musicalidade e textura. Não sei dizer se isso ocorre de forma intencional ou não e se essa diferença está em todos os prés e powers já produzidos pela Leben, só sei que nos integrados esta característica é predominante.

A mim agrada muito saber que os integrados têm esta assinatura, o que nos permite a todos os leitores que nos pedem consultoria, neste país de tamanho continental, e que têm dificuldade de ouvir em seus sistemas os produtos desejados, poder indicar os integrados deste fabricante, caso seja este o desejo do leitor – e, óbvio, que o resto do setup também já tenha essas características.

Eu sinceramente não vi grande benefício do ajuste de grave existente neste integrado, pois nas três caixas utilizadas no teste, não foi preciso jamais reforçar as baixas frequências. Fiquei aqui pensando que, talvez nas caixas mais antigas, em que a resposta de grave esteja acima de 55 Hz, este ajuste faça algum sentido, mas não foi nosso caso.

Os graves são precisos, com bom corpo, energia e excelente decaimento na primeira oitava.

A região média é de uma naturalidade inebriante. As vozes soam com enorme precisão e muito detalhadas, mas sem nunca passar do ponto ou ficar transparente em demasia.

Os agudos, para os acostumados a ter como referência amplificadores de estado sólido, podem achar que falta respiro ou maior extensão. E falta. Mas não ao ponto de não reconhecermos as ambiências ou o correto decaimento dos pratos. É uma questão de costume e, claro, de caixas em que os agudos não tenham este tipo de limitação.

O foco e recorte são os pontos altos do Leben e, em termos de soundstage, os planos são um pouco menos amplos em termos de profundidade e largura. Mas o Leben contorna este ponto, oferecendo um foco e recorte “cirúrgicos”, que nos permitem “ver” se o solista estava em pé ou sentado, e aquele silêncio peculiar em volta do solista nas captações bem feitas e sem vazamento de outros microfones próximos.

Quando muitas vezes os leitores me questionam o motivo da imagem do cantor não ser sólida à sua frente, entre as caixas, eu sempre peço para ele verificar as três situações mais óbvias: se as caixas estão posicionadas idênticas em relação às paredes, se ponto de audição está na formação do triângulo equilátero, se o balanço no amplificador está correto, e se suas gravações de referência para este quesito são seguras. Pois muitas vezes o vazamento de microfones em volta do solista fará com que a imagem mude de posição. Então, se as duas outras hipóteses estiverem corretas, certifique-se que suas referências não tenham vazamento de microfone, pois não dá para se corrigir isso na mixagem. Se vazou, estará ali.

As texturas, como disse, são junto com a musicalidade o ponto mais alto deste integrado. Você poderá perfeitamente avaliar a qualidade do instrumento, do músico, do microfone, do engenheiro de gravação, e observar a intencionalidade e complexidade da obra executada sem sair de seu ponto de audição e sem esforço algum.

Os transientes são muito corretos, assim como a microdinâmica. Seu calcanhar de Aquiles realmente será a macrodinâmica. Neste quesito, não abuse, pois verá o som característico de válvulas que “dobram o joelho”, deixando o som duro e desconfortável para os ouvidos.

Como escrevi no começo, este é um integrado para quem não escuta grandes orquestras ou obras complexas e com enormes variações de dinâmica.

O corpo harmônico é correto e bem preciso, e a organicidade dependerá do nível técnico da gravação.

CONCLUSÃO

Sempre recebo indagações de que powers de baixa potência estarão cada vez mais limitados a um público muito específico. Sim, é bem provável que este processo já esteja ocorrendo há muito tempo. No entanto, os single-endeds de 2 a 10 Watts estão aí para mostrar o quanto eles ainda são bem quistos, assim como as caixas de alta sensibilidade para tocar esses amplificadores, sejam elas cornetas ou não.

Perto de um single-ended de 3 Watts, o Leben com seus 15 watts é quase uma “usina de força”. Com as caixas certas, acima de 89 dB, em salas menores, este Leben pode não só surpreender como ser uma excelente opção para quem só quer ouvir seus discos sem se preocupar em analisar se “falta isso”, ou se “tem muito daquilo”.

O Leben é o tipo de integrado que vai direto ao ponto, sem rodeios, e cabe ao ouvinte descobrir se vai na direção desejada ou não. Eu gosto de equipamentos assim, pois são autênticos e não prometem mais do que fazem.

Se procuras um integrado que toque seus discos de uma maneira que as deficiências fiquem em segundo plano e as qualidades sejam realçadas, escute-o! Ele certamente atenderá muito mais a melômanos do que audiófilos – mas como os audiófilos, em muitos momentos de sua busca, desejam uma trégua ou um “oásis” apenas para matar sua sede antes de reiniciar a busca, quem sabe o Leben possa ser este porto seguro.


PONTOS POSITIVOS

Um integrado em que a musicalidade irá sempre imperar.

PONTOS NEGATIVOS

Necessita de uma caixa com boa sensibilidade.


ESPECIFICAÇÕES
Potência15 Watts por canal
Resposta de frequência15 Hz a 100 kHz (-2 dB)
Distorção harmônica0,7 % (à 10 watts)
Sensibilidade de entrada600 mV
Impedância de saída4/6/8 Ohms
Saída para fone de ouvido1.000 mW
Consumo82 Watts
Dimensões (L x A x P)360 x 140 x 270 mm
Pesokg

AMPLIFICADOR INTEGRADO LEBEN CS-300F
Equilíbrio Tonal 10,0
Soundstage 10,0
Textura 11,0
Transientes 10,0
Dinâmica 9,0
Corpo Harmônico 10,0
Organicidade 10,0
Musicalidade 11,0
Total 81,0
VOCAL
ROCK, POP
JAZZ, BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
DIAMANTEREFERENCIA



KW Hi-Fi
(48) 3236.3385
US$ 4.380

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