Juan Lourenço
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A Elac é uma daquelas fabricantes de caixas acústicas hi-end que fez e faz parte do imaginário e da memória do audiófilo brasileiro. Seja pela saudade que deixou em seus sistemas ou pela vontade de ter uma, pois na época de ouro do Hi-End por estas bandas, nos idos de 2000 a 2016, fez parte da sala de muita gente, e nos Hi-End Shows sempre fez belas apresentações que marcaram na memória.
A nova safra da Elac, sob a batuta do renomado Andrew Jones, mais uma vez excede as nossas expectativas, com a Debut 2.0 B6.2, uma bookshelf com pegada de gente grande. A Mediagear colocou um concorrente de peso em nosso mercado nacional.
Andrew Jones é um gênio, e como tal possui a mania de fazer projetos complexos parecerem extremamente simples. Chega a ser ridículo e genial ao mesmo tempo, pois fazer o óbvio – que é tocar direito – costuma ser deixado de lado em caixas de entrada, dando lugar à estética. Nesta levada, a Debut 2.0 B6.2 mostra todas as sacadas do bruxo sem perder a essência da marca alemã, simples e atemporal, uma caixa acústica feita à moda antiga.
Neste novo modelo, a Elac mudou bastante coisa. Embora se pareça muito com os modelos anteriores da marca, quase tudo sofreu mudanças, seguindo a receita alemã, tudo de um jeito bastante sutil. A única coisa que se manteve inalterada foi a folha de madeira preta e a tela de proteção/difusão do tweeter. A caixa acústica é do tipo bass-reflex, responde de 44 Hz a 35 kHz, utilizando woofer de cone de aramida, com tweeter que é o mesmo presente nas versões anteriores, mantendo inclusive o mesmo rebaixo e tela que ajuda na dispersão das freqüências – só que desta vez foi melhorado pelo bruxo, então é de se esperar que a coisa tenha ficado muito boa.
O gabinete em MDF recebeu reforços para uma melhor rigidez, e conter as vibrações e ressonâncias espúrias a fim de manter um ótimo equilíbrio tonal, ponto forte desta caixa, e junto com esta atualização o duto de ar do bass-reflex veio para frente. Há um mito de que saídas dianteiras permitem posicionar caixas acústicas mais próximas da parede de fundo, e que com isto é possível deixar as caixas em estantes e coladas na parede – mas a meu ver não ajuda em nada neste quesito. Toda caixa acústica precisa de distanciamento da parede de trás, para formar palco e render corretamente. Se estiver em pedestais com a altura correta, alinhadas com os ouvidos, melhor ainda! A lenda de que dutos dianteiros permitem posicionar as caixas mais próximas da parede cai por terra quando sabe-se que caixas seladas pioram, e muito, sua apresentação musical quando grudadas na parede. Não há cristão que agüente ouvir uma caixa acústica nestas condições. Quem manda de verdade nisto são as características acústicas da sala, seja ela ‘pelada’ ou cheia de móveis, e até tratada acusticamente. A curva de medição da caixa acústica indica os picos e vales de frequências presentes na sala e, aí sim, a caixa pode ir mais para frente ou para trás da parede de fundo.
Voltando à Debut B6.2, o visual segue a regra do pretinho básico com cantos vivos e woofer adornado por um anel com textura fosca, que além de trazer mais requinte ao projeto, ajuda a posicionar melhor o falante para que o alinhamento de fase entre tweeter e o woofer seja o mais coerente possível.
A única parte da caixa acústica que não me agradou totalmente, foi a posição dos bornes – que a Elac e quase todas as marcas insistem em manter nas medidas do padrão comercial. Os bornes são lindos, possuem um acabamento excelente, mas estão muito próximos fisicamente um do outro. É chato de apertar, pois não há espaço para posicionar os dedos e conseguir um bom grip. Isto não é um problema apenas da Elac, pois quase todos os fabricantes cometem este erro em caixas acústicas de entrada. Parece que rejeitam a ideia de que seus potenciais clientes utilizem, em uma caixa de entrada, cabos com plug spade – apenas que utilizarão banana. Neste ponto o bruxo me decepcionou.
Mas vamos ao que interessa, que é como toca. Para este teste utilizamos os seguintes equipamentos. Fontes: toca-discos de vinil Pro-Ject RPM 6.1 SB com cápsula Ortofon 2M Bronze, pré de phono The Phonostage da Sunrise Lab, streamer Innuos Zen Mini com fonte externa e DAC Aqua Formula. Amplificação: Sunrise Lab V8 Mk 4 Signature Special. Cabos de força: Transparent MM2, Sunrise
Lab Reference II Magic Scope, Sunrise Lab Premium. Cabos de interconexão: Sunrise Lab Reference Magic Scope, Sax Soul Cables
Zafira III XLR. Cabos de caixa: Sunrise Lab Reference II Magic Scope, e Sunrise Lab Premium Magic Scope.
O amaciamento da Debut B6.2 é bastante tranquilo. Ela impressiona logo nos primeiros acordes, sofrendo menos com o
amaciamento, pois tem uma boa folga desde o começo. Isso aumenta o leque de gravações a serem ouvidas no início do amaciamento. Aproveitando essa folga, já comecei as audições com Madeleine Peyroux – Dreamland, faixa 5, e Holly Cole Trio – Don’t Smoke in Bed, faixa 11. Devo dizer que me surpreendi bastante com o relaxamento que a B6.2 mostrou nestas músicas, em seus primeiros minutos de vida. O arejamento e a ambiência desta caixa realmente chamam a atenção. A folga com que ela lida com os arranjos e as conversações entre os instrumentos impressionam bastante. As texturas do violino e do acordeon na música da Madeleine, e na gaita e no piano da Holly Cole, nos fazem duvidar do valor desta caixa! Até parece que a caixa saiu da fábrica pré-amaciada de tão bom que fica.
O amaciamento durou 300 horas. As caixas ficaram a um metro da parede de fundo, 60 cm das paredes laterais, e com mais ou menos 2,7 metros entre elas. Decidi sair do jazz e dei uma virada no gênero musical, fui para Hotel California, do Eagles – Hell Freezes Over, e aí a musicalidade, o balanço e a expressividade, juntamente com a suavidade, inundaram a sala de audição. Daquele jeito que te faz esquecer o sistema, fechar os olhos e curtir a música, sentindo muita inveja de quem estava lá no show. Jazz e blues quase todas as caixas tocam razoavelmente bem, o destaque fica mesmo por conta das gravações mais comprimidas de rock progressivo, reggae e eletrônico. Depeche Mode – Black Celebration, faixa 2, e Kraftwerk – Computer World, faixa 6, ficaram espetaculares! O palco amplo, a velocidade dos transientes e o foco desse tweeter deram aos sintetizadores mais inteligibilidade e, com isso, cada intervenção eletrônica ganhava um sentido próprio que se complementava como atos na música. Isto é bastante interessante para uma caixa acústica deste porte.
Os timbres são muito bons e a precisão no palco sonoro é algo fora de série, lembra bastante os tweeters tipo Air Motion Transformer, mesmo sabendo que passa longe de ser. O palco é alto, amplo, e recheado de boas surpresas quanto aos planos. O grave é vincado, tem boa articulação e não sobra nem falta de peso. Claro que desce menos que uma torre, mas as frequências baixas estão tão bem-resolvidas que só sentimos falta mesmo – mesmo(!) – em música clássica. Aí o caldo engrossa um pouco, e sentimos falta da maior litragem e do falante a mais. Neste gênero, ela toca muito bem conjuntos menores, como sextetos e quartetos, mas orquestras completas ela apenas cumpre o combinado.
A Elac coloca uma excelente bookshelf para brigar em um segmento que, até então, era capitaneado pela Dynaudio Evoke 10. A Elac Debut 2.0 B6.2 se mostra uma excelente alternativa para o audiófilo que tem pouco espaço e sofre com palco pequeno e baixo, e de brinde ganha uma sonoridade limpa, imponente e que não escolhe gêneros musicais.
Ótimo equilíbrio tonal. Palco amplo e alto. Muito boa para salas pequenas.
Bornes de caixa poderiam ser mais afastados.
Tipo | 2 vias Bass-Reflex |
Resposta de frequência | 44 Hz – 35.000 Hz |
Impedância nominal | 6 Ohms |
Sensibilidade | 87 dB @2.83v/1m |
Frequência de corte | 2.200 Hz |
Potência máxima admissível | 120 Watts |
Tweeter | 1” domo de tecido |
Woofer | 6-1/2” cone de fibra de aramida |
Gabinete | MDF CARB2 |
Dimensões (L x A x P) | 20 x 38 x 27 cm |
Peso | 7,4 kg |
CAIXAS ACÚSTICAS ELAC DEBUT 2.0 B6.2 | ||||
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Equilíbrio Tonal | 10,5 | |||
Soundstage | 10,5 | |||
Textura | 10,0 | |||
Transientes | 10,5 | |||
Dinâmica | 10,0 | |||
Corpo Harmônico | 10,0 | |||
Organicidade | 10,5 | |||
Musicalidade | 10,0 | |||
Total | 82,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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