Christian Pruks
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Equipamentos Vintage que fazem parte da história do Áudio.
O termo Vintage tem a ver com ‘qualidade’, mais do que ‘ser antigo’. Vem do francês ‘vendange’, safra, sobre uma safra de um vinho que resultou excepcional. ‘Vintage’ quer dizer algo de qualidade excepcional – apesar de ser muito usado para designar algo antigo. Nesta série de artigos abordamos equipamentos vintage importantes e relevantes, e que influenciam o áudio até hoje!
AS CAIXAS JBL L100 CENTURY
As L100 Century, apresentadas no início da década de 70 são, simplesmente, as caixas mais vendidas pela marca até hoje – sendo que alguns dizem que a JBL vendeu 250 mil L100!
Chamada por muitos “A Caixa Mais Importante da História do Rock”, e de “Rainha do Rock” (na verdade ‘Rei do Rock’, porque ‘caixa acústica’ é masculino em inglês), as L100 dão um som grande, aguentando os interesses de volume alto de estilos como o rock sem nem desmancharem um fio de cabelo do penteado – e o fazem tendo um tamanho pequeno, ocupando pouco espaço, e por um preço bastante acessível à época, principalmente se comparadas a outras caixas com atributos semelhantes. E nesse ‘pequeno’ gabinete – sendo uma caixa tecnicamente ‘bookshelf’ – as L100 traziam um woofer de 12 polegadas, um médio de 5, e um tweeter de cone de 1.4 (com uma espuma em sua flange), todos de cone de papel.
As Century (nome dado pelo diretor de marketing da empresa, Irving Stern), foram apresentadas em 1970, da feira CES de Chicago, e fabricadas até 1978. Diz a lenda que elas foram tiradas de linha porque os clientes descobriram que os monitores de estúdio 4311, da marca – que usavam praticamente os mesmos falantes e tinham um tamanho semelhante – faziam o mesmo serviço sonoro por um preço um pouco menor. Outra lenda dá conta de que elas soavam tão bem com rock do final dos anos 60 e dos anos 70, porque a probabilidade era alta de que esses discos haviam sido gravados e mixados usando as JBL 4310 (que originou as L100 Century) e 4311, monitores de estúdio amplamente disseminados no mercado.
Ainda no campo das lendas, os manuais dessas caixas diriam que elas aguentariam mais potência do que seus ouvidos aguentariam o volume de som – e que você sairia da sala antes delas chegarem no limite!
MODELOS SEMELHANTES DA JBL
O modelo que deu origem às L100 Century, foi o 4310, um monitor de estúdio do final da década de 60 que usava praticamente os mesmos falantes, mas era montado de ‘cabeça para baixo’ – pois era feito para ficar em cima de uma mesa de som, ou sobre o aparador logo atrás da mesma mesa, e isso significaria que os tweeters ficavam na altura dos ouvidos do operador de mesa. Muitos dos que vieram a usar em casa os monitores 4310, e seus substitutos 4311, cometiam (e ainda cometem) o erro de usá-los não só sem pedestal, como com os tweeters virados para baixo, perto do chão. Erro duplo! Isso é o que se pode chamar de ‘sem pé nem cabeça’, rs!
Os originais monitores 4310 tinham um calombo oval no baffle frontal, onde estavam montados o médio e o tweeter, além do duto bass-reflex (mas esse calombo não foi usado nas L100). Sua revisão e atualização, as 4311, já vinham sem esse calombo, mas com um reposicionamento do médio, tweeter e duto, que agrupava os falantes todos de maneira bem mais próxima (veja foto).
A primeira série das L100 Century tinham os três falantes perfeitamente em linha, um em cima do outro, mas nas séries seguintes o médio passou a ser posicionado mais para o lado direito. E uma revisão na série, com alteração principalmente no tweeter, passou a se chamar L100A.
Nas caixas originais, com falantes alinhados, vinha escrito na plaqueta frontal: L100 Century. Depois, com o médio para o lado até o fim de sua produção, por um tempo o nome L100 Century foi mantido mesmo quando as caixas já eram L100A. E, depois, a plaqueta passou a dizer apenas L100, sendo que a designação L100A podia ser apurada apenas lendo o número de série, o qual terminava com a letra ‘a’. A plaqueta frontal nunca ostentou a designação ‘L100A’.
AS CAIXAS PIONEER HPM-100
Não há documentação exata sobre quem foi o projetista das L100 Century – e suas originadoras e derivadas. Mas o Vice-Presidente de Engenharia da JBL, durante o desenvolvimento das L100, respondia pelo nome de Bart Locanthi. Antes das caixas serem sequer apresentadas ao mercado, Locanthi saiu da JBL devido à não se entender com as políticas da nova dona, a Harman.
Pouco tempo depois, em pleno sucesso de mercado das L100, Locanthi foi contratado pela Pioneer, no mesmo cargo – Vice-Presidente de Engenharia. Com um orçamento gordo, a primeira incumbência dada à ele pela direção da Pioneer foi a de desenvolver uma caixa no estilo da JBL L100, mas que fosse melhor do que ela em todos os sentidos. E assim nasceu outra lenda do áudio: as caixas acústicas Pioneer HPM-100!
COMO TOCAM AS JBL L100
As L100 têm o som grande e pulsante, e cheio de energia, do rock – principalmente do Progressivo e várias vertentes do hard-rock. Não é uma caixa transparente, mas tem um som bem cheio que mascara bem as limitações das gravações de menor qualidade, e chega a surpreender em vários aspectos com gravações melhores e gêneros mais exigentes – se usadas corretamente: boa amplificação, bom trabalho de posicionamento, bom ajuste dos médios e agudos, e o uso de pedestais com altura correta.
Os dois potenciômetros de atenuação dos médios e dos agudos (vão de -3 a +3) são chamados, respectivamente, de Presence e Brilliance. Eles permitem que, após um posicionamento decente das caixas para obter graves suficientemente bons e limpos, faça-se um ajuste fino bastante razoável do encaixe e intensidade das frequências médias e altas, sempre partindo do ponto médio, do ‘flat’, da posição zero. Toda a energia que um roqueiro quer de sua música, as L100 Century estão prontas para entregar e encantar, mas não espere o refinamento de uma caixa moderna!
A JBL L100 Century, L100A, 4310 e 4311, foram o sonho de muitos, durante as décadas de 70 e 80. E ainda encantam muitos audiófilos e melômanos!
SOBRE A JBL
A JBL foi fundada em 1946, na Califórnia, pelo engenheiro James Bullough Lansing, daí as iniciais do nome. Lansing havia começado em 1927, com seu sócio Ken Decker, a Lansing Manufacturing Company, fazendo alto-falantes para rádios.
Em 1933, Douglas Shearer dos Estúdios MGM, descontente com as caixas acústicas da Western Electric e da RCA, fundou a Shearer Horn, usando falantes fabricados pela Lansing Manufacturing. Depois as caixas foram vendidas pela própria Western Electric com o nome de Diaphonics, e pela RCA com o nome Photophones. Com essa experiência, Lansing passou a produzir caixas para cinemas com o nome Iconic System – que usavam um woofer de 15 e um driver de compressão para os agudos.
Em 1941, com problemas financeiros, a Lansing Manufacturing Company foi comprada pela Altec Systems Corporation – resultando na famosa Altec Lansing. Com o fim de seu contrato de cinco anos, Lansing saiu da Altec e fundou a James B Lansing Sound, depois abreviada para JBL Sound. E o resto, como diz o ditado, “é história”…
Em 1969, a Jervis Corporation, de Sidney Harman, comprou a JBL. Depois, essa mesma Jervis Corporation passou a se chamar Harman International que, desde 2017, pertence à coreana Samsung. O Grupo Harman hoje compreende vários nomes conhecidos do áudio, como JBL, AKG, Arcam, Crown, Infinity, Lexicon, Mark Levinson, Revel, entre várias outras.
E a JBL continua projetando e fabricando caixas acústicas, fones de ouvido, e vários acessórios.
Inclusive uma nova versão, modernizada para o século 21, das L100 Century, de nome: L100 Classic (leia o teste nesta edição).