Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Todo mês um LP com boa música & gravação
Gênero: Jazz Vocal
Formatos Interessantes: Vinil Importado
Não é segredo nenhum que Francis Albert Sinatra é um dos maiores cantores de todos os tempos – e, para alguns, ele é realmente o maior. Diria que as duas maiores vozes são Sinatra e Ella Fitzgerald. Mas, apesar de mais acessível, Sinatra é um gosto adquirido, mais ‘pop tradicional’ (da época, claro!), enquanto Fitzgerald tem uma levada mais jazz que agrada mais aos fãs modernos – afinal, vozes femininas estão entre as maiores preferências dos admiradores modernos da maior expressão da música norte-americana. Mas, quem não conhece, ou se dedica um pouco à conhecer a era de ouro da grande voz de Frank, não sabe o que está perdendo…
Isso tanto pelo ponto de vista artístico, como do ponto de vista de qualidade de gravação, já que várias prensagens dele da era do LP, e do começo do estéreo até meados da década de 60, são consideradas hoje prensagens audiófilas, e muitas foram remasterizadas e reprensadas em 180g por selos dedicados à qualidade de som. Coincidentemente, considero essa mesma época como a era de ouro da voz de Sinatra, por ainda estar jovial, pela técnica e feeling extremamente apurados, e pela maturidade. Essa época, inclusive, se passa entre os 40 e os 50 anos do cantor.
September of My Years é o disco que me fez virar fã incondicional de Frank Sinatra – indo além da admiração por suas interpretações e sua participação da históra da música. Esse disco causa uma impressão instantânea por ser o melhor equilíbrio de todos os fatores: voz, interpretação, arranjos, gravação soberba, escolha do repertório – é o melhor momento dessa era de ouro e, por isso, considero-o o melhor disco de Sinatra.
Sinatra teve uma carreira longeva, dividida em vários estágios, como quando jovem nas big bands de Tommy Dorsey e Harry James, e depois o sucesso no auge na Segunda Guerra Mundial. Os anos entre a segunda metade da década de 40, até a metade da década de 50, são considerados por muitos como o melhor período do cantor, lançando discos de sucesso pela Columbia. Após, sucedeu-se um período de decadência e desinteresse do grande público. Mas Frank foi um sobrevivente, recuperando sua fama, assinando com a Capitol Records, depois passando a ser uma apresentação fixa no hotel cassino Desert Inn, em Las Vegas, e solidificando sua carreira como ator em Hollywood – e chegando a ganhar, em 1954, o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo filme A Um Passo da Eternidade. Com o retorno do sucesso, e seu estabelecimento como figura quase lendária no show business no começo na década de 60, Sinatra saiu da Capitol e abriu sua própria gravadora, a Reprise Records (hoje pertencente ao Grupo Warner Bros).
September of My Years, no auge da gravadora Reprise, no pico do melhor que Sinatra tinha para oferecer, foi gravado entre abril e maio de 1965, com um tratamento, um arranjo, de orquestra de cordas – em vez do usual arranjo swing, de big bands. É a quinta colaboração do cantor com o arranjador e regente Gordon Jenkins e sua orquestra, e a primeira em três anos.
Quatro meses depois do lançamento de September of My Years, Sinatra completou 50 anos de idade – em um ano de popularidade recorde para ele. O álbum veio a ganhar o Grammy de Melhor Álbum do Ano, mais o Grammy de Melhor Performance Vocal para Frank pela faixa It Was a Very Good Year, e o Grammy de Melhor Arranjo Instrumental para Gordon Jenkins.
Para quem é esse disco? Para os fãs de jazz vocal tradicional americano, para os fãs de grandes cantores e grandes vozes, para os que conhecem o trabalho de Frank Sinatra mas não conhecem esse disco em especial.
Prensagens americanas, inglesas, alemãs – ou mesmo as prensagens japonesas, que são o ‘Santo Graal’ – são as melhores pedidas, e não costumam nem ser caras e nem difíceis de achar. A prensagem america que eu tenho é magnífica! Saiu uma prensagem brasileira, da década de 80, que eu nunca ouvi – mas duvido que chegue em uma importada. E, claro, foram feitas remasterizações e prensagens em 180g, em 2004 e, depois, em 2015 – e, além de não ter tido o prazer de analisá-las, ainda parecem fazer parte do universo enlouquecido e caríssimo do vinil de colecionismo.
Bom junho! E que a música não acabe nunca mais!