A leitora Patrícia Cruz mandou um ‘cuidadoso’ e-mail nos perguntando como conseguir ter um fone ‘correto’, com todas as qualidades, que custasse até 1000 reais, que ela gostaria de dar de presente para o seu noivo, que ama ouvir jazz e vozes em diversos estilos musicais.
Antes de responder à sua pergunta, pedi que ela me desse algumas informações adicionais, de como o noivo escuta suas músicas, se em casa sentado confortavelmente ou se a música o acompanha em suas atividades diárias?
E se ele escuta em volumes corretos ou se empolga e gosta de ouvir em volumes não seguros?
E, por último, a pergunta mais importante: suas audições são feitas no celular ou em um sistema de áudio?
Ela prontamente respondeu a todas as perguntas e, depois de pesquisar uma vasta lista de fones que se encaixavam no orçamento, eu achei que para o gosto musical do noivo, um fone que deveria ser escutado seria o Grado SR60x, que estava em teste – e expliquei o motivo de estar lhe indicando esse fone.
Mas pedi que se ela decidisse por esse modelo, que entregasse o presente imediatamente, pois caso o noivo não apreciasse a escolha, eles teriam sete dias para fazer a devolução. E solicitei que ela, depois desse um feedback se acertei na indicação, ou se errei feio.
Na conclusão do teste eu compartilharei as impressões, tanto da Patrícia como do seu noivo (Eduardo).
O SR60x é o fone mais barato em produção da Grado nesse momento. Sua primeira versão foi lançada em 1994, e ainda que com tamanha longevidade seja um dos fones mais vendidos da empresa, ele perde para o modelo SR80, o campeão em vendas nesses últimos 28 anos.
Nessa nova versão, a Grado desenvolveu um novo driver de quarta geração, que utiliza uma bobina de voz de menor massa, circuito magnético mais potente e um diafragma redesenhado. O que promete ter uma maior eficiência, com distorção reduzida e uma ‘integridade’ aprimorada no som.
As outras alterações são totalmente ‘cosméticas’ – sem alterar o seu design original.
Um novo cabo com 4 condutores, de menor bitola e mais maleável, uma faixa de cabeça com melhor acolchoado, e uma estrutura de metal mais confortável, para se adaptar a diversos diâmetros de cabeça.
Claro que, para custar (lá fora) 99 dólares, o fone teria que ser de plástico rígido. E para esse plástico não machucar, a solução é o uso de uma esponja para proteger as orelhas (algo que no inverno parece aconchegante, mas que no verão será um problema – ao menos para mim).
A embalagem é o mais simples possível (uma caixa de papelão simples), e as informações técnicas estão no verso da mesma.
Não existem muitos testes com esse modelo – não como os inúmeros do SR80x, que parece que continua a ser o carro chefe da empresa, e o queridinho de milhares de consumidores.
Mas, dos dois testes que li, com avaliações objetivas, achei interessante a do site que cito esse mês no Opinião, que não indica para os seus leitores o fone se não fizer o ajuste de equalização – que ele indica para ‘corrigir’ suas deficiências de fábrica. Se o amigo leitor quiser mais informações sobre este bizarro site, leia o Opinião, pois lá eu descrevo em detalhes todas as idiossincrasias do fundador dele. E, de cara, discordo de sua avaliação, pelo fato dele dizer (através de suas medições), que o fone não tem graves, e falta agudo.
E o primeiro disco que ouvi, assim que o fone passou 24 horas amaciando, foi o novo trabalho da Beyoncé: Renaissance, em que posso garantir que em nenhuma das 16 faixas achei falta de grave (talvez para ele, só exista grave quando sua retina tremer e sua mandíbula for deslocada).
E em relação ao agudo, o SR60x não tem uma baita extensão nas altas, mas ele não soa nem brilhante e nem artificial.
O segundo disco que ouvi (antes de passar as faixas da Metodologia), foi o Chucho Valdés & Paquito D’Rivera: I Missed You Too. Aqui, em um estilo completamente distinto da Beyoncé, também não sentimos nenhuma falta de graves ou ausência de agudos.
Depois desses dois exemplos aleatórios, e por mera curiosidade de conhecer esses dois trabalhos lançados recentemente, fomos ouvir as 20 faixas para análise de equilíbrio tonal, textura, transientes, dinâmica, etc.
O que mais nos agradou neste fone de entrada é que seu equilíbrio tonal é honesto e permite o que mais defendemos: ouvir em volumes seguros! E quanto melhor for o equilíbrio tonal de um fone, mais seguras e confortáveis serão nossas audições.
Não dá para abrir mão dessa questão, então ao contrário do ‘lunático’ que afirma pelas suas medições que falta grave, se ele ouvir corretamente, irá perceber que se ele acentuar de 3 a 6 dB as baixas frequências, para ficar no seu gosto torto, todo o resto irá ficar desequilibrado, obviamente!
Então, se conseguimos ouvir em volumes corretos todas as frequências, acentuar ou atenuar qualquer faixa de frequência neste fone será catastrófico em termos de resposta, segurança e conforto auditivo!
A região média, como em todo fone Grado, possui em sua assinatura sônica um grau de naturalidade e musicalidade, imediatamente identificável (podem os que não apreciam os fones da Grado, falarem do design, de que gostariam de mais extensão nas pontas, mas discordar da beleza dos médios, será tarefa bem mais difícil).
Com esse equilíbrio tonal correto, claro que as texturas serão beneficiadas. Permitindo em todos os exemplos usados neste quesito, perceber a qualidade da paleta de cores de cada instrumento e as tão faladas intencionalidades da gravação, do músico e da qualidade dos instrumentos.
Os transientes são corretos, não vendo possibilidade de alguém achar que a música irá soar displicente ou letárgica em termos de ritmo e andamento.
A microdinâmica poderia ser mais detalhada? Certamente que sim, mas não em um fone de menos de 100 dólares (esse milagre eu ainda não escutei). Porém, as passagens de micro captadas com facilidade, serão audíveis sem nenhum esforço. E a macro, nos volumes de segurança, não irão distorcer e nem tão pouco soarem duras.
CONCLUSÃO
O Grado SR60x pode perfeitamente ser o primeiro fone para quem deseja ‘corrigir’ sua forma de ouvir música em fones de ouvido.
Correção que não é apenas proporcionar maior prazer com menor fadiga auditiva, e sim ‘proteger’ sua audição!
E, de tabela, ainda ganhar um maior refinamento nas gravações com melhor qualidade técnica, com apresentação de melhores texturas, naturalidade e maior musicalidade!
Para quem aprecia Jazz, vocais, música clássica, nossa MPB, e Folk Music, não vejo muitas opções a este preço.
E fico feliz de ter ajudado a Patricia e seu noivo Eduardo, a conhecerem um fabricante de fones que tem uma legião de admiradores cada vez mais crescente.
Então, quando me falam que fones da Grado não são para todos, cada vez mais aceito essa afirmação, com ressalvas, pois para determinados estilos musicais essa assinatura sônica tão ‘peculiar’ parece ser cada vez mais assertiva!
O casal me mandou a seguinte resposta: “Caro Sr Andrette, agradecemos imensamente o prazer que sua indicação nos proporcionou. Ainda que ele tenha um design ‘retrô’ que nos lembrou anos 40, sua apresentação das músicas que amamos ficou muito mais rica e musical. E a todos os amigos que mostramos, nenhum reagiu com indiferença ou desagrado. Temos a impressão que muitos, quando desejarem adquirir um novo fone, este modelo da Grado será uma forte opção”.
Pelo visto, minha percepção em relação aos novos fones de entrada da Grado, não está errada!
PONTOS POSITIVOS
Um fone que permite você ouvir com prazer em volume
moderado e seguro.
PONTOS NEGATIVOS
Essa espuma de proteção, no verão, poderá ser um problema.
ESPECIFICAÇÕES
Tipo de transdutor | Dinâmico |
Princípio de operação | Aberto |
Resposta de frequência | 20 – 20.000 Hz |
SPL (1mW) | 99.8 dB |
Impedância nominal | 38 ohms |
Drivers casado em | .1 dB |
FONE DE OUVIDO FOCAL STELLIA | ||||
---|---|---|---|---|
Conforto Auditivo | 7,0 | |||
Ergonomia / Construção | 6,0 | |||
Equilíbrio Tonal | 8,0 | |||
Textura | 8,0 | |||
Transientes | 8,0 | |||
Dinâmica | 7,0 | |||
Organicidade | 8,0 | |||
Musicalidade | 8,0 | |||
Total | 60,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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