AUDIOFONE – Teste 1: FONE DE OUVIDO AUDIO-TECHNICA ATH-M50xBT2

Melhores do Ano 2022: CÁPSULA
janeiro 3, 2023
Teste 2: ISOLAMENTO & AMORTECIMENTO HRS: VORTEX V150, DPII-14545 & M3X2-1923
janeiro 3, 2023

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

O fundador da Audio-Technica, Hideo Matsushita, antes de realizar seu sonho, era curador no Museu Bridgestone das Artes, em Tóquio e realizava semanalmente audições de música, em que a população podia apreciar os lançamentos em vinil em bom sistemas de áudio da época.

O interesse era enorme, porém Matsushita estava frustrado com a incapacidade de grande parte do público presente nessas audições, de não ter poder aquisitivo para levar essa experiência para os seus lares. Foi aí que lhe veio a ideia de montar a Audio-Technica, com o objetivo de produzir áudio de alta qualidade para todos. E em 1962, ele lançou a cápsula fonográfica a AT-1, com preço verdadeiramente acessível à população.

A repercussão foi imediata, e a Audio-Technica expandiu seu portfólio rapidamente para a produção de fones de ouvido, toca-discos e microfones, mas sem desviar do conceito que seus produtos deveriam sempre atender ao maior leque de pessoas possível.

Hideo Matsushita tinha em mente que, para a evolução do áudio, seria preciso fincar raízes nas duas pontas simultaneamente (o pro-áudio, oferecendo microfones e fones de ouvidos para os engenheiros de gravação cada vez mais sofisticados, e o áudio doméstico, com a produção de cápsulas, toca-discos e fones de ouvido para consumidores).

Meu pai, nos anos 70, antes da famigerada Reserva de Mercado, era além de militar um consultor de áudio e admirador das cápsulas desse fabricante, por dois motivos: confiabilidade e custo-benefício.

Então me sinto ‘em casa’ para escrever a respeito dessa tão prestigiada marca, e expressar minha admiração que o conceito inicial que inspirou seu fundador, ainda esteja presente nos dias de hoje em cada produto lançado por este fabricante.

Espero que em breve, além dos fones consumer, tenhamos a possibilidade de também mostrar para os nossos leitores suas excelentes cápsulas de toca-discos!

O ATH-M50xBT2 é o modelo topo, da segunda geração, dos aclamados fones sem fio da série M. Como em toda a série, este também utiliza os drivers de 45 mm de grande abertura, com um design sem fio com uma assinatura sonora semelhante do ATH-M50x, um dos fones mais utilizados nos estúdios de gravação do mundo todo.

Esse novo modelo, segundo o fabricante, introduziu um aprimoramento em relação a série anterior na melhoria da captação de voz nas chamadas de teleconferência, uma nova conexão USB-C, e ainda um tempo de uso do fone sem fio para até 50 horas, e recarregamento em apenas 10 minutos.

Os microfones agora são duplos, baseados na tecnologia Beamforming com uma captação de voz do usuário plena, para ligações telefônicas confiáveis e assistente de voz integrado do Amazon Alexa.

O cabo é de excelente qualidade, caso você, assim como eu, prefira a conexão física ao Bluetooth e, para os mais jovens que adoram ‘fuçar’ e fazer suas equalizações pessoais, o aplicativo A-T Connect lhe dará acesso a um vasto mundo de ajustes, como: modo de baixa latência, equalizador, alteração do volume e posicionamento direito e esquerdo, acionamento de voz desejado, localizar o fone perdido, e alteração de codecs.

Como escrevi acima, a filosofia desse fabricante japonês sempre foi oferecer confiabilidade, e custo/benefício, e o ATH-M50xBT2 não foge à regra. Pelo contrário. Sua construção segue à risca esses preceitos, mas garante ao usuário conforto com seu design e ergonomia de encaixe perfeito na cabeça, sem ser pesado.

Alguns usuários em fóruns lá de fora, se queixam que o M50xBT2 não isola totalmente o ruído externo, porém eu particularmente prefiro que assim seja, pois os fones que testei recentemente que possuem esse grau de isolação sem o uso do recurso de cancelamento de ruído, além de necessitar de manter maior pressão nos ouvidos para conseguir esse isolamento, tornam-se cansativos em muito pouco tempo.

O M50xBT2, além de ser confortável nos ouvidos, não possui essa característica de maior pressão. Suas almofadas são confortáveis e seu tamanho cobre corretamente orelhas de tamanho padrão.

Para o teste utilizamos o amplificador de fone de ouvido do pré de linha Classic Nagra, e também no nosso celular ouvindo Tidal. Ouvimos streamer, vinil e CD através de nosso Sistema de Referência. Não fiz uso, para a avaliação do fone, de nenhum tipo de equalização, preferindo ouvi-lo o tempo todo em flat.

Como Bluetooth, foi o fone que melhor se apresentou de todos os fones com esse recurso por nós testados. Minha ‘resistência’ a ouvir dessa maneira é que a sensação que tenho é a mesma de quando ouvia gravações em MP3. Tudo parece ceifado tanto na extensão nas duas pontas, como na reprodução do invólucro harmônico, deixando a música muito mais pobre. Pois o ATH-M50xBT2 se mostrou muito mais correto e com um invólucro harmônico mais rico.

Foi uma surpresa bastante positiva, fazendo dele nossa nova referência para pontuar os fones com esse recurso, daqui para frente.

Mas se você deseja extrair todo o seu potencial, ligue-o ao seu cabo e o plugue em um excelente amplificador de fone, com uma excelente fonte, e descobrirá a principal razão desse fabricante de áudio japonês ser tão admirado e renomado!

Trata-se de um fone com um excelente equilíbrio tonal, digno de fones monitores de estúdio de alto nível. Seus graves não têm sobra ou nenhum tipo de borramento ou indefinição. São graves com o peso certo, impecavelmente recortados, possibilitando ouvir sem esforço toda a linha de baixo, sem essa se perder em um emaranhado de informações em outras frequências.

Sua região média é transparente na medida certa, nos dando o prazer de ter total inteligibilidade, sem, porém, tornar a audição cansativa ou proeminente nesta região.

E os agudos possuem excelente extensão, clareza e decaimento precisos, para observarmos detalhes de ambiência, escolhas de reverberações digitais nas vozes e instrumentos, sem nunca desbancar para o agudo brilhante ou duro.
Ou seja, um equilíbrio tonal sem risco de fadiga ou perda de interesse em se escutar o todo, e não apenas parte do acontecimento musical.

Essa é a proposta de um excelente fone de monitoramento. Dar ao engenheiro de gravação e aos músicos a capacidade de perceberem se o que estão gravando condiz com sua intencionalidade e expectativa de resultado.

Com esse grau de equilíbrio tonal, as texturas serão sempre muito beneficiadas, sendo justamente esse quesito outro ponto forte desse fone. Você ficará espantado o quanto de informação, cores das paletas dos instrumentos e a intencionalidade lhe serão apresentadas. Vozes à capela, quartetos de cordas, têm uma riqueza inebriante, levando o ouvinte a audições muito mais intensas e imersivas.

Pois as texturas, quando bem reproduzidas, redobram nossa atenção e interesse em penetrar no âmago musical.

Os transientes no M50xBT2 são precisos, e os amantes de estilos como rock, música eletrônica, blues e reggae se sentirão convidados a interagir dançando, batendo os pés ou, aos mais tímidos: um balançar de cabeça ainda que sutil ao término de cada música.

A dinâmica, dentro dos volumes seguros, é excelente, nos dando uma ideia clara dos degraus entre o pianíssimo e o fortíssimo, sem engasgar ou pular degraus. Digo isso, pois quando a macrodinâmica em um fone não é boa, a sensação que temos é que no final, próximo do fortíssimo, além do sinal endurecer, fica a nítida sensação de que o som distorceu ou ficou desagradável. Nos volumes seguros, em que o fortíssimo não esteja acima de 84 dB (por alguns segundos e não por intermináveis minutos), no ATH-M50xBT2 o fortíssimo não soará duro ou desagradável. E a microdinâmica, com seu equilíbrio tonal, é reproduzida com enorme naturalidade e detalhamento.

A materialização física do acontecimento musical é excelente, mas fique atento, pois podem ocorrer alguns bons sustos devido ao grau de realismo, em ótimas gravações como do cantor José Cura no disco Anhelo, em que Cura estará literalmente a um palmo à frente de sua testa!

CONCLUSÃO

Foi, junto com o fone da Meze testado também recentemente, a segunda grande surpresa do ano.

Se você procura um fone com esse grau de refinamento, inteligibilidade e conforto auditivo, com uma assinatura sônica de fone de ouvido monitor, ele precisa estar no seu radar de futuros upgrades.

E custando menos de 2000 reais, é sem dúvida uma relação custo/benefício quase impossível de bater.

Musicalmente é uma das melhores opções hoje no mercado. Faça um favor a si mesmo e se dê esse presente de natal.

O meu está garantido!


PONTOS POSITIVOS

Um fone extremamente correto e que entrega o que promete.

PONTOS NEGATIVOS

A esse preço, nenhum.


ESPECIFICAÇÕES

TipoFechado-traseiro dinâmico
Diâmetro do driver45 mm
Resposta em freqüência15 – 28.000 Hz
Sensibilidade99 dB/mW
Impedância38 ohms
BateriaDC 3.7V bateria de polímero de lítio
Vida útil da bateriaAprox. 50 horas de uso contínuo
PesoAprox. 307g
Tempo de cargaAprox. 3,5 horas
Tipo (microfone)Tipo MEMS
Sensibilidade (microfone)-38dB (1V/Pa, a 1kHz)
Resposta em freqüência (microfone)85 -15.000 Hz
Padrão Polar (microfone)Padrão Polar (microfone) Omnidirecional
Acessórios incluídosAcessórios incluídos Cabo de carregamento USB (30 cm, USB tipo-A/USB
tipo-C), Cabo de áudio (mini plugue estéreo de 1,2 m / 3,5 mm), bolsa
Versão BluetoothBluetooth Ver.5.0
Intervalo de operaçãoLinha de visão – aprox. 10 m
Perfis de Bluetooth compatíveisA2DP, AVRCP, HFP, HSP
Suporte para codecAAC, SBC
FONE DE OUVIDO AUDIO-TECHNICA ATH-M50xBT2
Conforto Auditivo 12,0
Ergonomia / Construção 10,0
Equilíbrio Tonal 12,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 13,0
Total 93,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
ESTADODAARTE



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US$ 4.500

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