Fernando Andrette
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Especialistas da Universidade de Maryland, sob a supervisão da neurocientista Samira Anderson, desenvolveram um exercício para ajudar o cérebro a aprimorar o recebimento de estímulos sonoros, chamado de Processamento Temporal Auditivo. O estudo envolveu 40 voluntários que, durante nove sessões de uma hora, foram solicitados a distinguir conjuntos de sons tocados em uma sequência rápida. Os participantes depois de ouvir por uma única vez essas sequências, precisavam dizer quando as frequências eram alteradas de tons mais graves para mais altos, e alterações na velocidade. Um outro grupo não foi treinado para esse reconhecimento e, quando ambos os grupos se sujeitaram ao teste, os que receberam o treinamento mostraram uma melhora na distinção das frequências, assim como uma maior precisão em detectar as mudanças de tons e da alteração de velocidade. O que surpreendeu a equipe de neurocientistas, foi que a melhora foi constatada tanto nos jovens, como nos mais velhos, sendo que os de maior idade se saíram ainda melhores que os de menos idade. Segundo os pesquisadores, o Processamento Temporal Auditivo demonstrou a importância desses exercícios para restaurar o processamento temporal em ouvintes de todas as idades.
Nosso cérebro está sempre apto a aprender, e você leitor, está disposto a fazer esse esforço? O que fazemos em nossos Cursos de Percepção Auditiva, nada mais é do que ‘disciplinar’ nosso sistema auditivo a ouvir o que realmente importa, para entendermos e podermos avaliar o que os sistemas nos mostram de qualidades e limitações. E quando nosso sistema auditivo entende o que precisa ser escutado com total atenção, nosso cérebro decodifica essa informação de maneira segura, para podermos racionalizar e explicar o que estamos ouvindo. É muito mais seguro e simples que um teste cego AxB, pois sabemos exatamente o que é preciso ouvir para detectar se aquele sistema ou componente de um sistema está correto ou não, ao reproduzir aquele exemplo. Por isso que abomino termos como ‘ouvido de ouro’, pois eles não nos ajudam se não estiverem corretamente ‘treinados’ para cumprir sua função. Também fico com ambos os pés atrás quando ouço explicações do tipo: “depende do estado de humor para percebermos determinadas nuances”.
Com os exemplos corretos e com a audição treinada para ouvir os exemplos que utilizamos em nossos Cursos, e para fechar as notas do quesito de nossa Metodologia, não preciso estar de bom humor, apaixonado ou com o estômago cheio. Preciso apenas me concentrar e ouvir cada um dos exemplos. Nenhum truque e nenhum alinhamento planetário. Apenas concentração e treinamento, de como irá soar correto ou errado o exemplo.
Mas é muito bom que a neurociência se debruce em descobrir os meandros de como nosso cérebro reage ao som, e como nosso sistema auditivo pode e deve ser aperfeiçoado por toda a vida.
Como diz um ditado oriental: ‘Tudo, quando não é usado, emperra’. Se você realmente ama a música e deseja manter esse hobby por toda sua existência, lembre-se que seu maior investimento será sempre aprimorar o seu sistema auditivo, pois com ele ‘afinado’, você sempre irá fazer escolhas melhores e gastar apenas o que achar conveniente.
A todos um excelente Natal, e um 2023 sem guerras e sem tanta insanidade!