Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Música de graça mensalmente na Internet ao alcance dos nossos dedos!
O YouTube tem muito conteúdo interessante para o melômano. São vídeos de música ao vivo, com qualidade pelo menos decente de imagem e som, de apresentações feitas para TV ou para canais do próprio YouTube.
Só ao vivo você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!
COMO E ONDE OUVIR
Através de um computador ou smartphone, com bons fones de ouvido – ou mesmo conectando eles ao DAC de nosso sistema de som, fisicamente, por wi-fi, por Chromecast ou por Bluetooth. Uma segunda opção é assistir esse conteúdo em uma TV tipo smart, no aplicativo do YouTube, e conectar a saída ótica de áudio digital dela ao sistema de som, de home-theater ou mesmo à uma soundbar.
Para quem são os vídeos deste mês? Para todos os fãs de jazz de cabeça aberta. Para todos os fãs de excelentes vozes femininas, acompanhadas por bons músicos e bons arranjos, e de instrumentação de piano e teclado moderna, de alta qualidade. Para os que procuram uma experiência desde uma mais tradicional à uma mais moderna, todas melódicas e de bom gosto e capacidade técnica.
Todos três vídeos excelentes para curtir música de qualidade nos feriados de fim de ano!
Dianne Reeves – Newport Jazz Festival (2000, 67 min)
Existem, desde que o jazz surgiu, um bom número de vozes (e técnicas) excepcionais femininas. Minhas favoritas de todos os tempos são Ella Fitzgerald, Billie Holiday e Sarah Vaughan. Ouço muitos tipos e gêneros de música, por isso costumo dizer que minha afeição principal não seja mesmo por jazz – e aí vem a Polícia Audiófila & Melômana que vai me queimar em praça pública e enfiar uma estaca no meu coração, para que eu ‘não volte’… rs…
Por outro lado, meu gosto por vozes femininas de jazz não tem incluído as cantoras orientais – e as sugeridas aqui neste texto são duas americanas e uma francesa, todas bem distintas em suas vertentes jazzísticas, e com sonoridades e técnicas bem elaboradas, inclusive bem acompanhadas por bons conjuntos de músicos.
Que eu me lembre, o trabalho de Dianne Reeves meio que me ‘escapuliu’, fugiu ao meu conhecimento, até ouvir a faixa Feeling of Jazz, uma performance ‘derruba montanhas’ dela abrindo o disco The Magic Hour, do Wynton Marsalis Quartet. A partir daí, comecei a prestar um bocado de atenção nesta grande cantora americana.
Esse é um vídeo que eu já assisti umas quatro ou cinco vezes – é o tipo da apresentação ao vivo que eu gostaria de ter visto, de estar lá em carne e osso para ver, muito coesa e competente, e praticamente um jazz ‘trio’ com vocais, do jeito que eu gosto de ouvir um jazz vocal puxado mais para o tradicional. E ainda tem uma bela versão jazz de In Your Eyes, originalmente um rock progressivo do inglês Peter Gabriel.
Ela nasceu Dianne Elizabeth Reeves, em Detroit, Michigan, em 1956, com música no sangue: o pai cantor, a mãe trompetista, ela é sobrinha do baixista Charles Burrell e prima do célebre tecladista, compositor e produtor George Duke – e passou sua vida inteira respirando música. Aliás, Duke produziu vários de seus discos. Reeves tem uma discografia que passa de 20 discos de estúdio, desde 1982 até hoje.
O vídeo foi gravado no Newport Jazz Festival, em agosto de 2000, com Reeves belissimamente acompanhada por um quarteto de bateria, percussão, baixo acústico e piano. Infelizmente não consegui descobrir os nomes dos excelentes músicos – mas como ela gravou durante décadas para o selo Blue Note Records, certamente são nomes de primeira linha.
O Newport Jazz Festival é um dos mais tradicionais – e um dos melhores – festivais de jazz dos EUA, que ocorre desde 1954 no parque estadual Fort Adams, na cidade de Newport no estado de Rhode Island, no nordeste do país. De 1984 a 2008, foi também chamado de JVC Jazz Festival, tempo que durou o patrocínio da empresa japonesa de eletrônicos. O Newport Jazz Festival já viu em seus palcos praticamente o ‘Quem é Quem’ do jazz, com todos os nomes do jazz moderno e tradicional que você possa imaginar – e acho que o difícil mesmo é achar alguém que não tenha tocado no Festival. Me deu vontade de morar em Rhode Island!
Dominique Fils-Aimé – Les Sessions Madame Wood (2021, 21 min)
Conheci o trabalho da compositora e cantora canadense Dominique Fils-Aimé como indicação de algum reviewer de equipamentos de áudio, ou de algum profissional da área no exterior com o qual eu mantenho contato – e não consigo me lembrar agora quem foi. Cabeça oca… A minha, não a dela!
O primeiro disco que conheci de Dominique foi Nameless (Ensoul, 2018) era mais blues. O segundo, Stay Tuned (Ensoul, 2019), mais jazz. E o terceiro, Three Little Words (Ensoul, 2021), tende ao R&B, funk e soul.
Este vídeo – que é entremeado por entrevistas – é o mais ‘moderninho’ deste texto. Foi gravado ao vivo no Studio Madame Wood de gravação, de Montreal, Canadá, e traz duas faixas que fazem parte do terceiro disco – Three Little Words – que são: We Are Light, e Love Take Over, ambas composições de Dominique Fils-Aimé e Jacques Roy. Por ser um vídeo profissional, a imagem é mais que excelente, e o registro do áudio é, claro, ‘padrão estúdio’.
Dominique Fils-Aimé é canadense, natural de Montreal, maior cidade da Província de Quebec, um núcleo franco-canadense, e filha de imigrantes haitianos. Suas principais inspirações são cantoras de jazz e soul como Billie Holiday, Etta James e Nina Simone. Para ela, que é formada em psicologia, música é uma terapia – quer você toque música ou simplesmente ouça música.
A banda de apoio nessa apresentação é David Osei-Afrifa nos teclados, Salin Cheewapansri na bateria, Etienne Miousse-Olivier na guitarra, e Danny Trudeau no baixo – todos que já gravaram com Dominique antes, entre um disco e outro.
Macha Gharibian au Piano Day – ARTE Concert (2021, 25 min)
Mais uma artista excelente que eu só vim a conhecer através do catálogo de vídeos da ARTE Concert (Association Relative à la Télévision Européenne), que faz um trabalho gigantesco na divulgação de música de vários gêneros na Europa, principalmente entre Alemanha e França.
A pianista e tecladista francesa Macha Gharibian, ao piano acústico e piano elétrico Fender Rhodes, faz um jazz melódico e moderno, com mais instrumental do que cantado, com influências de música clássica e de música armênia. No vídeo ela está acompanhada pelo baixista acústico canadense Chris Jennings. O show foi gravado no Théâtre de l’Epée de Bois, de Vincennes, em Paris, em fevereiro de 2021. Como em todos vídeos da ARTE Concert, a qualidade som e imagem são excelentes!
Além de ser educada desde criança em piano clássico, e também ter composto música para teatro e filmes, Macha canta em inglês, francês e armênio, além de ser a compositora e arranjadora de seus introspectivos, intimistas e complexos discos – sendo que os mais recentes estão cada vez combinando mais estilos, como jazz oriental, neo-clássico e até música pop.
Originária da França, de família de origem armênia, Macha Gharibian é filha do cantor e guitarrista Dan Gharibian, e recentemente adotou Nova York como cenário para estabelecer sua carreira.
E não deixe a playlist acabar nas festas de fim de ano! E nem em 2023!