CABO DIGITAL AES/EBU DYNAMIQUE AUDIO APEX
Fernando Andrette
Eu esperei toda a pandemia passar, para finalmente receber para teste o cabo digital AES/EBU Apex, e o cabo de força também dessa série, da Dynamique Audio.
Nos dois anos que aguardei o envio, muitas dúvidas foram alimentando minha curiosidade. Estariam ambos no mesmo patamar de performance dos de interconexão e caixa? Pois recebi inúmeras vezes para testes sets completos de cabos, e raramente o fabricante consegue manter todos no mesmo nível de performance e com a mesma assinatura sônica.
E as maiores variações, sempre que ouvi, estavam justamente nos cabos de força e nos digitais. Então, meu questionamento inicial tinha uma certa relevância.
Até que, finalmente, ambos chegaram para teste e pude não só responder a todas as minhas dúvidas iniciais, como também poderei em ambos os testes (o de força publicarei minhas impressões na edição 291), aprofundar por completo o conceito de ‘neutralidade’ que abordei enfaticamente nos testes dos cabos da Dynamique.
Então, meu amigo, se acomode em sua cadeira, escolha uma seleção musical relaxante e tenha paciência, pois esse não será apenas mais um teste de cabos.
Ele terá que embrenhar em um conceito muito utilizado na linguagem audiófila, e ainda muito pouco explorado: a tal da Neutralidade! Que, assim como a musicalidade, me soa mais como um jargão para exprimir subjetivamente o que sentimos do que propriamente ouvimos.
Já tentei lembrar a você leitor que, em nossa Metodologia, a musicalidade é a soma de todos os nossos quesitos, e não algo que possa ser expressado independentemente do todo. Mas sei que não é tarefa simples, pois o que mais lemos em testes, nas conclusões finais, é o quanto o produto testado é musical ou neutro. Diminuindo o peso dessas duas qualidades, no meu modo de ver alta fidelidade.
Afinal, imagino que todo audiófilo clame por ter em seus sistemas esses dois itens na mais perfeita harmonia que seu bolso possa conquistar. Mas será mesmo que possuímos em nossa referência auditiva de longo prazo, consistência para reconhecer quando essas qualidades estão presentes no setup que estamos ouvindo?
Para responder a essa pergunta, será preciso cavarmos mais fundo e entendermos como nosso cérebro interpreta o som, as fundamentais e seus respectivos harmônicos, e saber que toda eletrônica, por melhor que seja, terá uma assinatura sônica, e que determinados harmônicos (pares ou ímpares) irão prevalecer.
E, obviamente que, dependendo dos cabos escolhidos para casar com qualquer eletrônica, eles também criarão sua influência nessa resultante sonora.
Agora, se você tiver munido da paciência necessária para ler esse teste, garanto uma coisa: sua concepção da importância dos cabos irá mudar por completo. Pois existem, sim, cabos mais neutros e cabos que gostam de impor sua assinatura sônica (vejo os objetivistas procurando onde guardaram suas tochas e foices, rs).
Mas antes de entrar por essa mata virgem, vamos à descrição do cabo digital AES/EBU Apex da Dynamique Audio.
Segundo o Daniel Hassany, o desenvolvimento do cabo digital Apex demorou muito a sair, pelo fato de que o Zenith 2 tinha um grau de performance tão alto, que para fazer sentido, o novo top de linha precisaria ser em tudo ainda melhor. Então, a base de desenvolvimento partiu de se aprofundar nas melhorias possíveis e ir buscando a evolução.
O primeiro passo foi aprimorar a mistura de metais nobres, através da galvanoplastia (em que o Daniel se tornou um expert), com a utilização do fio de prata pura 5N com camadas muito puras de ouro e ródio. Em uma topologia de construção ‘quad’ balanceada que consiste em 8 condutores de núcleo sólido por canal, com quatro bitolas de condutores variadas entre 20 AWG e 24 AWG, para uma resposta muito mais estendida e uniforme. O isolamento é similar ao do Zenith 2, de PTFE Teflon, com super espaçamento de ar e uma versão modificada da geometria Helical Array de todas as séries da Dynamique, para um espaçamento ideal dos condutores e seu filtro de ressonância, que foi desenvolvido para combater todo tipo de ruído.
As especificações técnicas estarão no final do teste.
AFINAL, POSSO OUVIR A NEUTRALIDADE EM UM SISTEMA?
Quantas vezes você já parou para se perguntar se o que você está ouvindo é neutro ou não? E, no entanto, os termos Neutralidade e Musicalidade estão presentes na esmagadora maioria dos testes que são publicados diariamente em todos os continentes.
Aqui precisamos esclarecer o que deveríamos utilizar como critério para se dizer se determinado sistema é mais ou menos ‘neutro’ ao reproduzir nossos discos. E, para isso, é preciso pelo menos se fazer uma breve introdução, para leigos, do que estamos a falar.
Toda eletrônica, por melhor que seja, terá algum tipo de distorção. E, dependendo do tipo de distorção, ela irá influenciar no resultado do que ouvimos. Todo instrumento (aqui também incluída a voz, obviamente), possui uma fundamental e seus respectivos harmônicos (que podem ser pares ou ímpares, dependendo do instrumento). E, assim como os instrumentos musicais, os equipamentos de áudio também produzem distorções harmônicas que também são múltiplos ímpares e pares da frequência fundamental (o amigo começa a perceber o labirinto que estamos nos metendo?).
Assim, a soma do que ouvimos é a reprodução gerada por instrumentos que estão na gravação, com a distorção eletrônica de nosso sistema. O que então vem a ser: a soma da fundamental do instrumento junto com a soma do sobretom original e mais as distorções harmônicas do nosso equipamento. O que pode ocasionar que, o que estamos ouvindo não é o que a gravação captou, mixou e masterizou, e sim uma resposta alterada em amplitude.
E aí dizer que esse produto é neutro será totalmente impossível.
Vamos a dois exemplos simples, para que você não comece a arrancar seus fios de cabelo e desista de se aprofundar nesse laborioso tema.
Uma flauta produz apenas harmônicos pares, mas se você ouvir essa flauta em um sistema que tem o ‘hábito’ de adicionar harmônicos ímpares, o que ocorrerá? Se você tem como Referência a música ao vivo não amplificada, ao ouvir essa flauta notará instantaneamente que ela está soando estranha, e que uma flauta ao vivo jamais teria essa assinatura sônica.
Agora, um segundo exemplo: um clarinete com seus harmônicos ímpares – se estivermos a ouvir esse instrumento em uma eletrônica em que possui a predominância de harmônicos pares, o que ouviremos? O mesmo resultado que da flauta.
E só podemos reconhecer esses problemas se tivermos a referência de ouvir clarinetes ao vivo, não amplificados.
Antes que você levante a mão, ofegante, eu me adianto em responder como esses dois instrumentos soarão em uma eletrônica em que os harmônicos predominantes são o oposto dos harmônicos dos instrumentos solos que estamos ouvindo. No caso de ambos, as notas mais agudas soarão duras e agressivas! Simples de ouvir e identificar o problema. Não precisa ter ouvido de ouro, pós-graduação em neurociência da audição, ou falar e escrever poemas em dezoito línguas!
Então, meu amigo, agora que você sabe que o que você escuta em seu sistema é a soma de tudo, fique muito atento quando você ler que determinado produto soa ‘neutro’, pois o que vejo por aí de produtos que ganham esse ‘selo’ de neutralidade, sem merecê-lo, é muito maior do que se imagina.
Sigamos. A próxima pergunta óbvia então é: Pode existir Musicalidade sem Neutralidade?
Evidente que não, meu amigo.
Pois se em um sistema com baixa neutralidade e, dependendo da escolha do projetista, ele favoreceu harmônicos pares ou ímpares, determinados instrumentos soarão ‘estranhos’ (para ser cordial). E se os instrumentos que serão prejudicados terão sua assinatura sônica alterada principalmente na oitava mais alta, esse produto certamente, ao ser reproduzido, perderá sua fleuma musical.
Então, acredito já ter dado a resposta, que Neutralidade e Musicalidade não podem andar separadas. Mas, podemos sim perceber que determinadas eletrônicas conseguem soar mais ‘musicais’ aos nossos ouvidos, ainda que não possuam o mesmo grau de neutralidade.
E como isso ocorre?
Vamos lá. Todo audiófilo já ouviu centenas de vezes que os circuitos valvulados produzem distorções harmônicas mais suaves com uma saturação do sinal mais branda, e que ferem menos nossa audição quando ocorrem.
E que os circuitos de estado sólido, a distorção harmônica é mais abrupta, e isso ocorre pelo fato de o circuito valvulado ter harmônicos pares e o transistor harmônicos ímpares.
Isso, meu amigo, podia ser uma resposta perfeitamente ‘aceitável’ até o século passado. Hoje lhe diria que não mais, pois as topologias evoluíram tanto que se eu te colocar de olhos vendados em nossa Sala de Referência, você terá sérias dificuldades para me dizer se a eletrônica que estou lhe mostrando é transistor ou válvula.
O que podemos lhe dizer é que eletrônicas modernas conseguem soar mais musicais, independente do seu grau de neutralidade, e que para conseguirem vencer esse desafio, obviamente seus projetistas investiram em diminuir drasticamente as distorções harmônicas de seus produtos, e utilizaram escolhas mais ‘corretas’ (entre harmônicos pares ou ímpares).
E QUANTO À NEUTRALIDADE?
Aqui o buraco é tão mais embaixo, que posso lhe dizer que cada degrau novo, deveria ser comemorado com muito maior destaque. E, na minha modesta opinião, isso não ocorre pelo fato de muitos revisores sequer saberem exatamente o que é realmente a neutralidade.
Vou dar um exemplo simples: vamos de novo a flauta, com seus harmônicos pares. Esse instrumento, na mão de um virtuose como o Jean-Pierre Rampal, soará igualmente magistral na mão de um aluno esforçado e talentoso?
O que determinará apresentações distintas aos nossos ouvidos, além da técnica de execução? Muitos revisores, ao ouvir essa apresentação, irão sugerir que ouvimos as diferenças graças à transparência do nosso sistema.
Errado – o que irá mostrar em detalhes as diferenças, será o grau de neutralidade do sistema e não sua transparência.
E aí temos um novo quesito adicional às qualidades inerentes à neutralidade: a intencionalidade na apresentação e execução. E então, adicionamos mais uma qualidade ao buscar a maior neutralidade possível: maior musicalidade e melhor apresentação das texturas e suas intencionalidades.
Mas a neutralidade não traz apenas esses dois benefícios tão essenciais à alta fidelidade, ela traz o componente mais fundamental: a possibilidade de distinção plena e correta entre múltiplas gravações a um patamar jamais antes apresentado. Esse é o grande ‘pulo do gato’ ao se objetivar criar produtos que sejam realmente neutros o suficiente – para fazer emergir esse grau de qualidade tão essencial à reprodução nos equipamentos Estado da Arte.
E a linha Apex de cabos da Dynamique Audio é a única que ouvi até esse momento que, quando instalados em um sistema que também tenha esse mesmo ‘DNA’ sônico, permite um grau de neutralidade que não havíamos ainda experimentado.
Essa questão dos harmônicos pares ou ímpares é tão complexa, que conheço leitores que simplesmente abriram mão de ouvir determinados instrumentos em seus sistemas, pois como soam agressivos, rotularam ser um problema do timbre do instrumento e não de seu sistema.
Nesses casos extremos, ao pedirem minha sugestão, indiquei a eles que tentassem ouvir esses instrumentos ao vivo sem amplificação para ver se era um ‘obstáculo’ auditivo pessoal a altas frequências, ou se era apenas o sistema não sabendo como reproduzir corretamente determinados instrumentos.
Os que não possuíam nenhum problema auditivo, perceberam finalmente onde se encontrava o problema, e aceitaram que seu setup não era tão correto como imaginavam.
Para o teste utilizamos o setup Nagra todo, alimentado pelo set de cabo Apex, com o cabo de força na nossa régua de alimentação, o que fez uma verdadeira revolução no sistema (falarei pormenorizadamente sobre esse cabo na edição 291).
O digital AES/EBU foi utilizado também entre o transporte Rossini e o DAC Rossini Apex da dCS (leia teste 1 na edição 290). O que permitiu ouvirmos em dois setups digitais tão distintos como um cabo verdadeiramente neutro deve se comportar. Acho que não poderia, para avaliar o AES/EBU Apex, dois setups digitais melhores.
Quem nos acompanha sabe que utilizo como referência em AES/EBU o Absolute Dream da Crystal Cable faz muitos anos. E ele sempre se mostrou insubstituível por suas enormes qualidades nos oito quesitos da Metodologia. Ainda que sempre o tenha considerado um cabo que exige de seus pares uma assinatura sônica semelhante. E quando atendido, sempre soa sublime! Então, o Apex não poderia ter um desafiante melhor.
Deixamos o Apex AES/EBU queimando por 100 horas, antes de iniciarmos os testes. Como o setup Rossini estava para chegar, priorizei colocá-lo no nosso Sistema de Referência, e fazer todas as observações possíveis antes da chegada do dCS.
O que posso dizer de diferenças essenciais em relação ao Absolute Dream, é o quanto são difíceis comparações neste nível de patamar, pois ambos são extremamente corretos, precisos, com enorme folga e autoridade na condução do sinal. No entanto, a única comparação possível é a que os faz extremamente distintos.
Com o grau de neutralidade do Apex, o que se ganha é a possibilidade de observar por uma janela mais ampla as diferenças inerentes de cada gravação, a qualidade dos músicos e seus instrumentos, e o grau de acerto e erro do engenheiro de gravação em suas escolhas e finalizações.
O que leva o Apex para um outro grau de perspectiva que nenhum cabo que eu tenha ouvido permite.
Isso é bom?
Meu amigo, dependerá do que você possui de sistema, seu gosto musical, e principalmente o que você entende por etapa final de alta fidelidade. As vantagens são inúmeras, desde que você saiba exatamente o que esperar de um setup todo mais neutro.
Voltemos aos dois exemplos de instrumentos solo com harmônicos pares e ímpares. Ouvindo esses instrumentos no setup todo Apex e com o AES/EBU – tanto nos Nagras como no Rossini – em relação ao Absolute Dream, eles soaram como foram gravados, em todos os discos que coloquei. Se as escolhas do engenheiro de gravação foram equivocadas, ou a qualidade do músico e do seu instrumento não é primorosa, isso ficou audivelmente evidente.
Já com o Absolute Dream, essas evidências não foram tão explícitas, deixando todos os exemplos mais homogêneos. Entende aonde quero chegar? Aí só você para definir o que mais lhe agrada.
Agora, esse setup Apex, quando ligado a um sistema com a mesma proposta, o que ocorre é simplesmente mágico e apaixonante. Pois ainda que as gravações sejam tecnicamente limitadas, o grau de folga do sistema permite audições extremamente prazerosas e corretas.
Esse é o maior trunfo de um setup genuinamente neutro: correção.
E se a alta fidelidade em seu Estado da Arte não primar pela maior correção possível, esse sistema na minha opinião não pode receber essa designação.
Resta, então, a última questão em relação a esse AES/EBU: como ele se comporta longe dos seus pares?
Para isso recorri a deixá-lo sozinho com cabos de interconexão Sunrise Lab Quintessence Edição de Aniversário, cabos de força Transparent Audio G6, e também um interconexão Transparent G6 Reference XL entre os DACs dCS Rossini e Nagra TUBE DAC e o pré Nagra Classic.
E tive uma grande surpresa: ele continuou mostrando sua neutralidade na diferença das gravações de clarinete e flauta, ainda que de maneira menos contundente!
CONCLUSÃO
O AES/EBU Apex da Dynamique é excepcional pelo que não introduz, e pelo que não faz ou coloca no sinal. E isso é um elemento que possui dois lados bastantes distintos na composição de um sistema de alta performance de áudio. Para os que buscam ‘azeitar’ seus sistemas deixando o som mais ‘temperado’ e com um toque pessoal, ele não será uma opção desejável jamais.
Agora, para os que clamam por levar a concepção de alta fidelidade ao seu extremo de possibilidade, não existe nenhuma outra opção mais interessante e consistente até esse momento que alie: musicalidade, naturalidade e correção nesse grau de refinamento!
Nota: 115,0 | |
AVMAG #290 German Audio comercial@germanaudio.com.br (+1) 619 2436615 R$ 24.990 (1m) |
CABO DE INTERCONEXÃO RCA KIMBER KABLE CARBON 8
Fernando Andrette
Minha relação com os cabos deste fabricante americano é muito antiga, e remonta ao tempo que ainda estava na revista Audio News, quando comprei seis metros de cabo de caixa trançado 8 TC para montar meu sistema de home estéreo na sala de estar.
Já na Áudio & Vídeo (quando ainda se chamava Clube do Áudio), eu comprei meu primeiro cabo coaxial da Kimber, para ligar o transporte da Pink Triangle ao DAC DaCapo e, anos mais tarde, tive vários cabos da geração Select (a linha mais sofisticada desse fabricante e ainda em produção).
Sempre admirei esse fabricante justamente por ele não querer reinventar a roda, buscando desde sempre oferecer cabos corretos, bem construídos e com uma excelente relação custo/performance.
Conheço leitores que mantém em seus sistemas por anos a fios cabos da Kimber, depois de seus sistemas sofrerem inúmeros upgrades, o que demonstra o quanto seus produtos são de alto nível! Todos os produtos desse fabricante possuem o mesmo ‘DNA Sonoro’: bom equilíbrio tonal e transparência, e musicalidade na medida certa.
Então, quando soube do lançamento da nova linha Carbon (logo abaixo da linha Select), fiquei pedindo à Mediagear (representante oficial da marca no Brasil), o envio para teste.
Com a pandemia, tudo ficou em suspenso, e os meses passaram e só conseguimos colocar a mão, até esse momento, no interconect RCA de 1m. E estamos aguardando a chegada do cabo de caixa, o modelo top 18XL (que se tudo der certo, publicaremos ainda neste ano).
Comecei a me interessar por essa linha quando li uma nota do fabricante afirmando que essa série tinha aberto uma nova porta para o desenvolvimento de cabos, e seu potencial era grande o suficiente para a fabricação de uma linha inteira com essa abordagem.
Foi o suficiente para despertar meu interesse em conhecer esse ‘novo caminho’ da Kimber.
A grande novidade é o uso de carbono na construção dessa nova linha, em que 8 fios de cobre puro VariStrand recebem um polímero condutor com infusão de carbono, que é aplicado sob pressão. O polímero preenche os espaços entre os oito fios de cobre puro, ajudando a manter sua geometria. E com os fios trançados, eles se comportam como um condutor de núcleo sólido sem perder a leveza e flexibilidade. Os condutores de cobre e o polímero de carbono são, então, isolados com Teflon – um processo que associado ao polímero de carbono, reduz o ruído induzido mecanicamente, melhorando o desempenho do isolamento externo do cabo.
Visualmente, o Carbon 8 é muito semelhante aos cabos que a Kimber fabrica há décadas, inclusive com o uso dos famosos plugs WBT, que a Kimber foi um dos primeiros fabricantes a utilizar em várias de suas séries.
As especificações técnicas descrevem o Carbon com o uso de 8 condutores trançados de 19,5 AWG por canal, cobre puro IACS 102%, trançados, sem emenda para positivo e negativo.
O produto vem embalado em uma bela caixa, que parece mais uma embalagem de uma joia do que de um cabo de interconexão.
Para o teste, o Carbon 8 foi utilizado em diversos equipamentos como: integrados Krell K-300i, Sunrise Lab V8 Edição de
Aniversário, e Willsenton R8, pré Nagra Classic, powers Nagra HD, pré de phono PH-1000 da Gold Note, DACs dCS Bartok e TUBE DAC da Nagra.
Eis um dos raros cabos de interconexão que, saído da embalagem, toca muito bem, já nos conquistando de imediato!
Adoro cabos que conseguem nos fazer ‘saltar’ o longo tempo de amaciamento, e nos deixar conhecê-lo sem nenhum tipo de constrangimento, nos criando aquela agradável expectativa do patamar de seu limite. O Carbon 8 é esse cabo, que você irá tirar da embalagem e escolher onde ele será ligado, e iniciar uma convivência que será muito intensa.
Foi uma primeira impressão muito longa, em que ouvimos inúmeras faixas dos nossos CDs da CAVI Records, e que se estendeu a algumas faixas dos discos lançados pela revista Musician em parceria com a Naxos. O que mostra o quanto já apreciamos de cara seus dotes!
Como todo cabo deste fabricante, o que irá prevalecer será sempre um bom equilíbrio tonal, e uma musicalidade acentuada sem se tornar ‘melosa’ ou enfadonha. Um amigo músico descreveu bem sua característica central como: ’vívido comportado’.
O Carbon 8, assim como a linha Select, não podem ser considerados cabos neutros como, por exemplo, os Apex da Dynamique Audio, mas sua assinatura se enquadra no lado mais musical do que do transparente, o que no meu modo de ver é preferível que seja um cabo com esse comportamento, do que o contrário (excesso de transparência).
Seu equilíbrio tonal está mais para o lado quente, com graves corretos, médios de extrema naturalidade e agudos com excelente extensão (características muito semelhantes à linha Select, infinitamente mais cara).
Seu soundstage é de alto nível, com planos, foco, recorte e respiro precisos, possibilitando ao ouvinte apreciar detalhes sem o menor esforço, mesmo em gravações complexas com inúmeros instrumentos ou grandes obras sinfônicas.
A apresentação de texturas no Carbon 8 é um caso à parte, pois agrega em um mesmo pacote, refinamento e sutileza, que estou acostumado a ouvir em cabos muito mais caros, sendo esse o quesito da Metodologia que mais me encantou.
Não existe exemplo mais contundente para se avaliar texturas que gravações de quartetos de cordas (eu ainda não descobri exemplos mais reveladores). E o Carbon 8 consegue recriar com a mesma intensidade, as variações de paletas de cores, intencionalidade e qualidade dos instrumentos, virtuosidade dos músicos e qualidade da captação.
Ouvir com tamanha fidelidade, primeiro, segundo violino, viola e cello, e observar todas essas nuances, nunca foi tarefa fácil para cabo algum. E ouço cabos infinitamente mais caros que o Carbon 8, que não possuem esse grau de requinte na reprodução de texturas!
Os transientes, além de serem precisos, possuem enorme autoridade na condução de tempo, ritmo e andamento. Apreciei muito a forma com que ele reproduziu os exemplos utilizados para avaliação deste quesito, principalmente o CD I Ching do grupo Uakti! (quem participou dos nossos Cursos de Percepção Auditiva, sabe a pedreira que é reproduzir as faixas 2 e 3).
A dinâmica, tanto na macro como na micro, foram corretas, sendo que a macro surpreende pela segurança e escala, mostrando os degraus existentes entre o pianíssimo e o fortíssimo. Por exemplo, na faixa 10 do CD Live In Montreux 91/97, da cantora Rachelle Ferrell, em que ela vai do pianíssimo ao fortíssimo, junto com o piano e os pratos, fazendo com que sistemas, caixas e cabos sem folga, façam esse momento parecer uma tortura sonora. E em sistemas com folga dinâmica, é um momento de puro deleite de ouvir a técnica vocal de Rachelle, e o belo arranjo executado pelo trio que a acompanha.
O Carbon 8 passou por esse dificílimo exemplo com louvor!
O corpo harmônico é preciso e de uma fidelidade absoluta ao que a gravação captou em termos de corpo dos instrumentos, o que é fundamental para enganarmos nosso cérebro de que não estamos diante de uma reprodução eletrônica.
E com esse corpo harmônico correto, consequentemente a materialização física do acontecimento musical (organicidade) se torna possível, em qualquer gravação de alto nível.
CONCLUSÃO
Ao conhecer o Carbon 8, minha curiosidade em ouvir e compartilhar com vocês como irá soar o cabo de caixa, só aumentou.
A Kimber acertou em cheio nessa sua nova linha, e consegue estabelecer um excelente patamar de custo/performance, que será um problema para a concorrência, pois além dessas qualidades, seu grau de compatibilidade é assustadoramente alto!
Para audiófilos que não gostam de perder tempo pesquisando, ouvindo, comparando cabos, desejando pular sempre essa parte, o Kimber Carbon 8 precisa ser escutado em seu sistema o quanto antes. Pois ele tem o dom de ser curto e reto em apresentar suas qualidades de imediato, fazendo com que todos que o escutarem, saibam se é essa direção ou não a seguir. Você não precisará ficar semanas com ele para tirar suas conclusões.
Um cabo que entrou definitivamente para minha lista de cabos que merecem ser indicados em nossa consultorias diárias, principalmente aos que desejam um cabo que os conecte diretamente com a música sem intermediários!
Nota: 100,0 | |
AVMAG #288 Mediagear contato@mediagear.com.br (16) 3621.7699 R$ 5.500 (1m) |
CABO DE ENERGIA ELÉTRICA DA SUNRISE LAB
Fernando Andrette
Fiquei impressionado com o número de leitores que ainda não possuem uma elétrica dedicada para seu sistema de áudio e vídeo (leia na edição 286 a enquete preliminar da pesquisa que postamos na Edição de Aniversário – 284).
Praticamente metade dos leitores ainda pluga seu sistema na parede sem saber se a fase utilizada é a mesma utilizada para geladeira, máquina de lavar e outros eletrodomésticos com motor da casa.
E pelo número de respostas do uso de condicionadores (maior que o número de salas com elétrica dedicada), fica patente que muitos acreditam que ligar o condicionador na parede e depois plugar os equipamentos no condicionador, tenha resolvido o problema de sujeira na rede.
Infelizmente a solução não é tão simples assim. E por mais que o condicionador escolhido filtre as impurezas existentes na rede, esse mesmo condicionador teria, em muito, seu trabalho facilitado se ele pudesse ter uma instalação elétrica exclusiva para o sistema.
E existem excelentes soluções para isso ser feito e, acredite, o resultado pode ser tão bom quanto realizar um upgrade em todo o sistema.
Aqui na revista falamos da importância de uma elétrica dedicada desde 1998! Sim, com apenas dois anos, já escrevíamos artigos referentes a como montar sua elétrica e os benefícios para o sistema, assim como em 1999, com a primeira turma do nosso Curso de Percepção Auditiva, nomeamos que 50% do resultado obtido advém de tratamento acústico e elétrico.
Ou seja, se você fizer essa primeira parte da lição de casa, você já andou metade do caminho!
E ainda assim, duas décadas e meia depois, vimos que apenas metade dos nossos leitores fizeram a lição de casa (tanto na elétrica, como na acústica). E, ao levantar os dados da pesquisa com quase dois mil participantes, fiquei aqui pensando com os meus botões: o que impede o leitor de compreender a importância de fazer a elétrica e a acústica de sua sala, se os benefícios são imediatos? E o ajudará a economizar muito em grana em futuros upgrades de caixas, eletrônica e acessórios!
Não se tem como burlar essas duas etapas – seu sistema sempre irá soar o elo mais fraco e sala e elétrica costumam ser dois elos fracos, pois nenhuma construção, por mais moderna que seja, possui uma elétrica dedicada para uma sala de áudio e vídeo. E, muito menos, possui salas com dimensões ideais para sistemas de áudio estéreo ou multicanal! Sem falar nas construções modernas, com suas paredes de gesso e piso frio.
Nas primeiras turmas dos Cursos, eu fazia a analogia com comprar uma Ferrari para andar em ruas de paralelepípedo. Os participantes achavam graça, mas é o mesmo que colocar um sistema de algumas centenas de milhares de dólares ligado à tomada da parede na mesma fase em que está o elevador do prédio em que eu moro, ou se o aterramento do prédio não tem manutenção há décadas!
O melhor sistema do mundo, em situações como essa, irá soar abaixo de um sistema modesto instalado em uma boa elétrica.
Como tudo que escrevo na revista, primeiro eu aplico na prática. Em 1997, no segundo ano da revista, fiz minha primeira elétrica dedicada. Para tanto, trouxe da caixa de força da entrada do apartamento em que morava, 18 metros de cabo Pirelli Cordplast flexível de 6mm. Na época a discussão era entre se usar fio flexível ou rígido – comprei os dois e ouvi cada um deles por um mês, e para o meu sistema da época, o flexível deu um equilíbrio tonal ao sistema muito superior. E publiquei o primeiro artigo falando das melhorias com uma elétrica dedicada, com melhor silêncio de fundo, melhor resposta nos transientes e maior extensão e decaimento nos agudos.
Muitos leitores se animaram com o resultado e houve uma procura intensa por cabo Pirelli Cordplast para uso em elétrica e na fabricação de cabos de caixa e de força.
Em 2000, fiz o segundo upgrade na elétrica, agora usando um cabo importado que um engenheiro elétrico muito amigo do meu pai trouxe de uma viagem à Europa. Era um cabo utilizado na instalação de emissoras de Rádio e TV, de cobre OFC.
Consegui que ele me comprasse 20 metros! E o resultado foi impressionante! Pois além de estabelecer um novo patamar sobre o que o Cordplast havia obtido, ampliou os benefícios com um palco muito mais amplo em termos de largura e profundidade.
Foi aí que começou minha briga para se ter no mercado um cabo para elétrica de preço razoável com cobre OFC, pois o resultado era realmente muito animador. Até que, quando mudei em 2008 para São Roque, com uma sala dedicada, pudemos usar desde a entrada da rua até a sala (com quase 50 metros de distância), o cabo de elétrica da Logical Cables, modelo Power Clean. E da chave seccionadora Siemens, instalada dentro da sala, até a tomada principal do sistema, usamos 8 metros de um cabo da Furutech (que 10 metros custava o dobro dos 50 metros do Power Clean).
Mas os resultados compensaram todo o investimento. Fiquei sem mexer na instalação elétrica até o ano passado, quando tive que fazer uma manutenção no meu aterramento, e o Ulisses da Sunrise me disse que tinha um cabo dedicado de elétrica saindo do forno, e se eu não gostaria de conhecê-lo. Era o momento exato para fazer testes, já que com a manutenção do aterramento, eu iria parar os testes por um mês!
Combinei com o Ulisses e o Juan de levar seu cabo por fora do conduíte, para facilitar um aXb com o Furutech. Usando este artifício, foram necessários 16 metros do novo cabo da Sunrise, pois ele teve que correr pelo lado oposto da porta de entrada, praticamente dando a volta na sala inteira.
Porém, antes de contar os resultados, deixem-me falar um pouco das características do cabo.
O cabo dedicado para elétrica da Sunrise utiliza um total de seis condutores, sendo dois por polo. Cada condutor contém 17 fios de bitola de 0,43 de diâmetro de cobre sólido com 6N de pureza, em encordoamento classe 4 assimétrico e geometria concêntrica proprietária da Sunrise Lab. Para desacoplar os fios internos da capa PP, e reduzir o amortecimento geral, foram adicionadas duas películas enroladas em sentidos opostos uma da outra, com baixo coeficiente de atrito, criando assim um dissipador mecânico que restringe as vibrações internas do cabo quando energizado.
Após inúmeros testes com diversos sistemas de áudio distintos, a Sunrise Lab chegou à conclusão que a bitola total ideal de cada polo seria de 5mm2, porém isto gerava um problema bastante conhecido pela audiofilia: o ‘efeito skin’.
Fenômeno observado em condutores filiformes, quando esses são percorridos por corrente alternada. Esse efeito é provocado por um campo magnético devido à constante mudança de sentido das cargas elétricas, que faz com que a densidade de corrente se concentre na periferia do condutor, diminuindo a densidade de corrente presente no seu interior, gerando perdas ôhmicas que ocorrem em decorrência do efeito.
Esse efeito, auditivamente, causa um som letárgico e que concentra as variações dinâmicas na região média, resultando em tamanhos de corpo dos instrumentos e vozes ainda mais distantes da realidade da gravação, além de muitas vezes ocasionar asperezas e agressividade em passagens com grande variação dinâmica. E quanto maior a bitola do cabo, mais o efeito se faz presente.
Feitas essas observações em campo, com o protótipo inicial (nas quais eu também participei, ficando com o primeiro protótipo por duas semanas no sistema), o Ulisses percebeu que eliminar este efeito é impossível, então a Sunrise optou por dividir a bitola geral dos condutores em dois cabos, por polos, contornando o problema.
Colocarei, no encerramento deste teste, a ficha técnica.
Ainda que no primeiro protótipo alguns dos efeitos observados em campo pelo Ulisses, tenham ocorrido em nosso Sistema de Referência (só que em menor intensidade, já que o sistema possui grande folga macrodinâmica), era notório que os transientes, em algumas frequências específicas, sofriam de uma ligeira letargia, sim. Mas já foi possível observar que algumas qualidades já eram por demais evidentes, como um silêncio de fundo impressionante e uma capacidade das notas brotarem à sua frente, livres de qualquer sensação de elemento eletrônico entre o sistema e o ouvinte.
E relatei a ele e ao Juan minha surpresa em ver o potencial que este cabo de elétrica atingiria, resolvendo as limitações.
Os meses passaram, e eis que no começo deste ano, no período de minha recuperação, eles instalaram a versão final, aprovada pelo Ulisses, e já em pleno funcionamento na casa de alguns clientes da Sunrise.
Diria, amigo leitor, que foi um dos upgrades mais significativos que realizei em nossa sala de teste. Pois ele permitiu que os produtos em teste, e nosso Sistema de Referência, se comportem livres de qualquer tipo de sujeira que esteja na rede. E desde que a CPFL mudou toda a fiação de cobre para alumínio aqui na região, que eu lamentava o quanto de sujeira, antes inexistente, foi se acumulando.
Tanto que por diversas vezes fui ’tentado’ a voltar a pensar no uso de um condicionador, para tentar limpar a rede que, de forma intermitente, hora injeta ruído nas altas, e hora nas baixas. E de pouco adiantou a manutenção do aterramento, pois esses ruídos intermitentes somem por dias e de repente se instalam por um dia todo.
O cabo de elétrica da Sunrise não fez o milagre de eliminar o problema (é um cabo e não um condicionador), mas trouxe a beleza de ouvir os produtos em teste em sua plenitude de performance.
O palco é muito mais tridimensional, graças ao seu silêncio de fundo, como escrevi. O acontecimento musical brota deste silêncio, de maneira muito semelhante como ouvimos na sala de gravação com os músicos. É de uma beleza psicoacústica relevante, que só quem já teve o prazer de viver essa experiência sabe do que estou falando.
Algo parecido (mas não do mesmo naipe, pois as pessoas estão sempre tagarelando), é o momento em que os músicos fazem a afinação final de seus instrumentos no palco, e somos puxados pela atenção para aqueles sons misturados.
Resumindo: com esse cabo na nossa elétrica, tudo parece mais refinado. Tudo mesmo! Os equipamentos utilizados nele, podem mostrar o seu melhor, pois ele não irá interferir no equilíbrio tonal dos mesmos.
Para a Revista, não poderia haver cabo de elétrica melhor!
CONCLUSÃO
Claro que, pelo seu preço por metro, talvez ele não seja ideal para todos vocês.
Mas, para aqueles que possuem uma sala dedicada e um sistema Estado da Arte ou caminhando em direção a esse objetivo, só posso recomendar enfaticamente essa opção!
Aqui ele veio para testes, e ficou! Desbancando um Furutech top de linha que hoje, se estivesse em linha, custaria de oito a dez vezes o valor do metro do Sunrise Lab!
AVMAG #286 Sunrise Lab ulisses@sunriselab.com.br (11) 5594.8172 R$ 250 (o metro) |
CABO DE FORÇA VIRTUAL REALITY BOLT TRANÇADO
Fernando Andrette
Gostei tanto do cabo de caixa da Virtual Reality Trançado, que este passou a ser uma de minhas referências de melhor custo e performance possível para os que possuem um sistema bem ajustado, e querem uma opção excelente e barata para seu cabo de caixa.
Então quando o projetista da Virtual Reality me disse que estava pronto o primeiro de uma nova série de cabos, que está saindo do forno, e que era um cabo de força trançado, eu me interessei imediatamente em conhecer.
O Ebert Carlos, em nossas conversas, sempre deixou claro que o seu objetivo é focar no mercado em que existe maior carência de opções excelentes, mas com preços que sejam compatíveis com a nossa realidade.
E acho que todo o seu esforço e expertise estão dando frutos! Pois seu novo cabo de força Bolt Trançado foi um salto consistente em relação aos novos objetivos deste fabricante.
Com enormes benefícios, como alta compatibilidade com diversos eletrônicos, flexibilidade para poder ser usado em locais com pouco espaço em que os cabos de força rígidos, grossos e pesados podem ser um estorvo, e o seu diferencial de aterramento que conta com uma pequena chave perto do plug fêmea, que possibilita a desconexão do terra do circuito de alimentação do sistema.
Gostei muito da montagem e do acabamento final do produto, possibilitando ver a dedicação e esmero aos detalhes na construção do cabo.
Ele é composto de 8 condutores de 1,5 mm de cobre puro produzido na Alemanha, formando os dois polos trançados em torno do cabo de aterramento.
O Bolt Trançado, segundo o fabricante, não possui blindagem, pois se beneficia das características de cancelamento de campo magnético dos polos trançados, o que dá mais flexibilidade ao cabo sem causar interferência nos equipamentos e cabos ao seu redor.
O fabricante permite que o cliente escolha os terminais do plug Furutech FI-11 de cobre puro, ouro ou ródio (veja os valores no final do teste).
O enviado para teste foi com o plug de ouro. Na minha opinião, essa não é das escolhas mais fáceis de se definir, pois depende muito do equipamento em que o cabo será usado, assinatura sônica do sistema e compatibilidade com o próprio cabo.
Então, se o amigo leitor não tiver muita certeza em que plug escolher, vá no plug de cobre, já que o cabo também é de cobre puro. Agora, se houver a necessidade de maior extensão nas altas com maior arejamento, ouça a versão com ródio (fico imaginando os objetivistas furando o cérebro do boneco de vodu do Andrette, ao ler essa frase, rs).
Quando recebemos apenas um cabo de força, temos as seguintes opções de teste: ligá-lo em nossa régua que alimenta todo o sistema, nos integrados que estiverem à disposição no momento, streamers, prés de phono, ou no nosso transporte. E foi o que fizemos, já que o Bolt veio praticamente amaciado.
Deixamos terminar o amaciamento no integrado Willsenton R8 (leia Teste 1 na edição 289) por quase 120 horas, antes de passearmos com ele pelo resto do sistema.
Ele casou tão bem com o Willsenton R8, que indico uma audição cuidadosa aos futuros compradores deste belo valvulado. Depois de fazer par com o R8, o colocamos na fonte do Innuos ZENmini Mk3, e outra bela surpresa!
Mantivemos as mesmas características que notamos com nosso cabo de referência que utilizamos no Innuos, com exceção da profundidade que foi sutilmente menor. Mas com o equilíbrio tonal, transientes, texturas e dinâmica, foi sem perda alguma em relação ao que ouvimos diariamente.
No pré de phono Gold Note PH-1000, ainda que não tenhamos conseguido o mesmo desempenho do nosso cabo de referência, o Bolt se saiu muito bem, com uma ligeira perda apenas na extensão final nos dois extremos. Mas nada que tirasse o encanto de perceber o quanto sua relação custo e performance é bem alta!
O mesmo ocorreu quando o pusemos a alimentar a fonte do transporte da Nagra. As pontas não possuíam o mesmo arejamento que estamos acostumados a escutar com nosso cabo de referência (que custa 4 vezes mais), sem perder, no entanto, o prazer de ouvir a música.
Poderia resumir sua performance no grau de organização que ele imprimiu ao acontecimento musical, fazendo-o de forma harmoniosa, sem colocar luz ou energia demasiada onde não há. Tornando as audições confortáveis e com um grau de detalhamento e transparência, sem desviar nossa atenção do todo.
Por isso ele casou tão bem com o integrado R8, pois ambos possuem a mesma assinatura sônica.
Seus transientes são corretíssimos, sua dinâmica, tanto a micro como a macro, é precisa, e sua capacidade de materialização do acontecimento musical é muito sedutora.
Com isso, os amantes de audições confortáveis e sem sobressaltos (quando a música não os tem), se sentirão recompensados pelo investimento.
Faltava o teste final para saber o nível que o cabo se encontra em nosso sistema de referência: ligá-lo em nossa régua. Esse é o teste mais dramático para qualquer cabo de força, pois irá determinar se ele está à altura do sistema, ou se irá se destacar por ser o elo fraco (alterando o nível de performance integral do sistema).
Pois bem, o Bolt se mostrou seguro ao realizar o teste, deixando apenas evidente que sua única limitação se encontra na parte final na apresentação do arejamento (que é o responsável por determinar a ambiência da gravação). Algo que inúmeros sistemas sequer apresentam, pois esse grau de extensão requer um refinamento alto do sistema, além do tratamento acústico da sala e de não ter nenhum elo fraco aparente.
Tirando isso, o Bolt se comportou de maneira exemplar no teste final.
CONCLUSÃO
Aqui está uma opção excelente para leitores que possuem sistemas entre 90 a 95 pontos, que desejam refinar seus cabos de força sem hipotecar a casa ou refinanciar seu carro, para realizar esse upgrade.
E, o mais importante, um grau de compatibilidade bem alto – o que torna uma opção segura aos que moram fora dos grandes centros e não possuem uma rede de audiófilos próxima para trocar informações e experiências.
O Bolt pode perfeitamente ser essa solução tão desejada por todos que reconhecem a necessidade de cabos superiores aos emborrachados ‘originais’, mas que não se arriscam ao ver os preços dos melhores cabos de força.
Vejo, ao levantar minha cabeça, uma legião de candidatos que irão querer ouvir esse cabo em seus sistemas!
TAMANHO | COBRE | OURO | RÓDIO |
1 metro | R$ 1.765 | R$ 2.485 | R$ 2.845 |
1,5 metro | R$ 1.927 | R$ 2.647 | R$ 3.007 |
2 metros | R$ 2.089 | R$ 2.809 | R$ 3.169 |
2,5 metros | R$ 2.252 | R$ 2.972 | R$ 3.332 |
3 metros | R$ 2.414 | R$ 3.134 | R$ 3.494 |
Nota: 95,0 | |
AVMAG #289 VR Cables contato@vrcables.com.br www.vrcables.com.br (12) 99147.7504 |
CABO DE FORÇA SUNRISE LAB QUINTESSENCE 20TH ANNIVERSARY
Fernando Andrette
Finalmente estamos publicando teste do tão falado, e citado em todos os testes dos últimos 11 meses aqui na revista – e que muitos leitores já nos cobravam quando sairia nossa avaliação.
Acredite, amigo leitor, a culpa não foi minha, rs!
Cobrem o pai da criança, pois ele fez, nesses 11 meses tantos ajustes, que cheguei a brincar que, se demorasse mais um pouco, seria o de aniversário de vinte e um anos da Sunrise, e não do vigésimo ano.
Brincadeiras à parte, posso dizer a todos que acompanham o trabalho do Ulisses, sabem o quanto ele é criterioso e perfeccionista – mas o quanto isso tem rendido excelentes produtos nos últimos três anos!
Então, agora que finalmente ele bateu o martelo, começaremos por mostrar a linha dos 20 Anos da Sunrise pelo seu cabo de força Quintessence, depois na sequência publicaremos o USB, depois o interconect, culminando com o novo amplificador V8, edição também de Aniversário – 284.
Este foi um daqueles testes que gostaria de ver repetido muito mais vezes, pois foi maravilhoso ouvir cada geração e as melhorias consistentes a cada nova descoberta que era aplicada em sua evolução.
Do primeiro Quintessence Edição Especial, até esse que testei, para o leitor ter ideia da evolução, ele subiu em nossa Metodologia 3 pontos! Colocando-o no nicho dos Estado da Arte de nível Superlativo.
É prazeroso ver como os fabricantes nacionais evoluíram nos últimos 5 anos, e como o consumidor pode agora, com absoluta segurança, comparar os produtos nacionais de alto nível com qualquer produto importado similar. Isso é muito importante para o desenvolvimento do mercado, pois com tantas incertezas mundiais saber que temos opções de alto nível feitas aqui, é alentador.
Segundo o Ulisses, o novo Quintessence Edição Especial de Aniversário é uma geração totalmente nova em relação a série Quintessence anterior. E este é o resultado de quase três anos de pesquisas e desenvolvimento, envolvendo vários colaboradores, que culminou em mais de 10 protótipos até a obtenção do produto final (entenderam o motivo da espera?).
A nova versão é ainda mais focada na naturalidade musical e, para chegar a esse resultado, foi preciso revisar todas as etapas de desenvolvimento, escolhendo uma nova geometria variável, com inserção de outros materiais nobres em sua composição.
Sua seção total agora é de cerca de 15mm2, e lhe confere capacidade instantânea de corrente de 100 Amperes, limitada apenas pelo plug. Tal arranjo permite um fornecimento de corrente linear e uniforme, sincronizando os harmônicos da banda audível.
Além do cuidado com a escolha dos materiais que compõem o fio, esta nova versão de aniversário utiliza uma blindagem proprietária em múltiplas camadas, sendo uma delas de Kapton.
Após longos testes de bancada e de audições, descobriu-se que a sintonia perfeita do cabo ocorre quando o conjunto geometria e blindagem são alinhados na frequência de 632 Hz (centro geométrico do espectro de áudio).
E, por fim, os plugues foram cuidadosamente selecionados de modo a realçar suas características, sem inserir colorações em sua assinatura extremamente neutra. A escolha dos plugues em fibra de carbono vai muito além da estética, segundo o Ulisses, já que nos testes eles desempenharam importante papel na dissipação de ruídos.
Durante o desenvolvimento da linha Quintessence Edição de Aniversário, tive grandes embates com o Ulisses e o Juan, já que sempre defendi que com o grau de performance alcançado pela série Quintessence anterior (ao qual usei em nosso Sistema de Referência por mais de dois anos), ele teria em mãos uma difícil decisão a tomar.
Pois o nível que ele atingiu poderia seguir o caminho que foi bem alcançado da musicalidade e compatibilidade com diversos sistemas, ou partir para um novo salto e manter as principais características, e tornar a nova geração mais neutra e com uma assinatura sônica com maior folga.
Pode parecer ao leitor que essa decisão possa ser fácil, mas exige enorme conhecimento técnico, e coragem para saber que esse caminho irá limitar suas vendas, pois a grande maioria dos audiófilos ainda utiliza cabos para ajustar ‘desequilíbrios’ no sistema ou na falta de tratamento acústico na sala de audição.
Limitando aos que fizeram a ‘lição de casa’ corretamente, procurar por cabos realmente neutros e que sirvam apenas como ‘pontes’ entre a eletrônica até chegar nas caixas acústicas, e entregar o sinal sem nenhuma interferência deles, mantendo a assinatura sônica do sistema e dos sonofletores.
E lembrei a eles dois que se seguir por essa estrada, o número de ouvintes que irá compreender as qualidades intrínsecas de um cabo neutro é muito menor do que os consumidores que ligam depois de uma hora admirados com os ‘elementos’ inseridos em seu sistema (ainda que depois de ouvir uma dúzia de discos, essa empolgação inicial vá esmorecendo).
E quando falamos de cabos de força então, aí que a ‘porca torce o rabo’, pois se tem um cabo que as pessoas esperam que vá ‘turbinar’ ou ‘amansar’ sistemas, este cabo é justamente o de força.
Mas, para minha surpresa, a Sunrise aceitou o desafio e só posso parabenizá-los pela coragem de tal escolha.
O produto finalmente acabado foi utilizado em todos os produtos que passaram em nossa sala nos últimos meses.
Vou dar uma lista aproximada onde eu os ouvi: Todos os produtos da Nagra do Sistema de Referência (exceto o power HD AMP, pois esse é 20 Amperes e a Sunrise estava sem plugs de 20 amperes na ocasião), o CD-Player da Mark Levinson em teste e o Integrado (leia teste na edição 282), integrado Arcam SA30 (leia teste 2 na edição 284), pré de phono Hegel V10 (leia teste na edição 279), integrado Leak (teste na edição 286), powers monoblocos da Line Magnetic LM-503PA (que esperamos poder receber em breve para teste), o pré de linha Line Magnetic LM-512CA, o DAC MSB Reference (teste na edição 286), e o integrado Sunrise Lab V8 Aniversário. Também utilizamos o cabo de força em duas réguas.
Ele foi comparado todo o tempo com o Quintessence anterior. E podemos dizer que as melhoras foram notáveis em todos os aspectos, pois melhorou consideravelmente o silêncio de fundo, possibilitando que o acontecimento musical não saia do silêncio em flashes, e sim brote já com o crescendo dinâmico, como se comporta o acontecimento musical ao vivo. As pessoas podem se perguntar se não é assim com todo som reproduzido eletronicamente, e por incrível que pareça, não. Essa sutileza dependerá muito do grau de silêncio do sistema, da sala, da elétrica e, claro, da acústica.
Para essa avaliação, se o som aparece ou não como um ‘flash’, utilizo a faixa 6 do Genuinamente Brasileiro Volume 2, em que a cellista no canal esquerdo inicia o tema após o solo da flauta (no centro do palco e em pé), no pianíssimo, e vai crescendo. E se o silêncio de fundo não for excelente, o ouvinte só percebe depois de alguns microssegundos em que ela já retornou o tema.
E poucos cabos de força conseguem mostrar essa sutileza de maneira tão verossímil! E o Quintessence Edição de Aniversário agora faz parte deste seleto grupo!
O equilíbrio tonal deste cabo também se encontra em um estágio superior ao anterior, com mais extensão nas duas pontas, melhor decaimento, que além de mais suave tem mais corpo, deixando as apresentações de ambiência muito mais reais! Este grau de refinamento em cabos de força é muito difícil de se conseguir, pois é a soma de excelente silêncio de fundo com o melhor equilíbrio tonal possível.
Seus graves são precisos, com excelente energia, corpo e velocidade. E os médios são muito transparentes, mas não querem ser mais reais do que a realidade. Então não esperem dele chamar a atenção da região média, tirando o encanto de tão belo equilíbrio tonal, pois ele não utiliza desses artifícios nunca! Então, o que for a assinatura sônica do sistema, continuará sendo! E, na minha opinião amigo leitor, não existe outra forma de conseguirmos ajustar corretamente nosso sistema. Pois se a eletrônica vai para um lado, as caixas para outro e os cabos em outra direção, a soma deste conjunto resultará fatalmente no ‘expurgo’ de metade de nossa discoteca.
Então, a arte deste século (já que os produtos evoluíram muito, assim como toda a cadeia desde a captação até a mídia física final) é justamente saber dar a assinatura sônica que desejamos ao nosso sistema, sabendo que quanto mais optarmos por neutralidade nas passagens do sinal, menos riscos correremos de expurgar nossos discos tão estimados.
Dizer que no Estado da Arte seu sistema ainda causa fadiga auditiva, algo está muito desequilibrado. Pois nunca se conseguiu tamanha inteligibilidade, naturalidade e musicalidade com zero de fadiga auditiva. Se os sistemas que você tem como referência, e de amigos, depois de uma hora começam a cansar, algo está seriamente errado! E não use o ‘álibi’ do século passado – das gravações – serem um lixo, pois isso não cola mais!
Voltando ao Quintessence Aniversário, com esse excelente silêncio de fundo, alto padrão no equilíbrio tonal e seu grau de neutralidade, é natural que sua apresentação de texturas seja excepcional, tanto em termos de paletas de cores, como de intencionalidade.
O mesmo ocorre com os transientes, que são precisos, incisivos e com uma marcação de tempo e ritmo impressionantes!
Agora temos o primeiro ‘obstáculo’ à essa nova geração, se o que queremos em termos de macrodinâmica é o cofre de uma tonelada caindo à nossa frente e quase nos matando de susto. O Quintessence não tem esses arroubos ‘pirotécnicos’, ele lhe dará a macrodinâmica captada na gravação, mas não turbinada. Se você já assimilou que ele não irá ‘pintar’ o que não existe na gravação, ficará satisfeito com sua autoridade em apresentar a macrodinâmica.
E quanto à micro, meu amigo, com esse exuberante silêncio de fundo, tudo que estiver na gravação em termos de microdinâmica será apresentado sempre!
O corpo harmônico é excelente, e tão correto, que este é meu cabo número 1 para ser usado em qualquer streamer que venha para teste, DAC e CD-Player, por justamente deixar o corpo bem mais proporcional à realidade e entre diversos instrumentos. Para ouvir meu streamer Innuos ZENmini Mk3, é o cabo de força obrigatório!
A organicidade, para se ter uma materialização física do acontecimento musical em nossa sala, como dizia meu pai: ‘se o equipamento não atrapalhar, já ajuda’, desde é claro a parte técnica da gravação seja impecável. Então, aqui o maior benefício do Quintessence Aniversário é justamente, pela sua neutralidade, não atrapalhar nunca!
CONCLUSÃO
Este é de longe o melhor cabo de força nacional que já testamos! Mas vai além, pois também concorre em pé de igualdade com muitos cabos importados, custando até três ou quatro vezes mais caro!
E com uma vantagem enorme, em minha opinião: sua neutralidade!
Sei que temos muito que andar até que mais audiófilos entendam o ‘pacote’ que está por trás da tão famosa neutralidade, e o quanto muitos tem dificuldade até de distinguir o que é neutro do que é colorido. Isso levará muito tempo, até que mais sistemas neutros estejam soando neste país, e possa ajudar mais leitores a fazerem suas escolhas mais bem referenciadas.
Mas pense da seguinte maneira: não é por eu não ter escutado, que não exista essa possibilidade que o Andrette tanto escreve. Pois ela existe, e fica fácil entender depois que você escuta algumas gravações e percebe as diferenças, e como seu cérebro aprecia ou não essa nova referência.
Um bom primeiro passo é escolher um instrumento que goste muito, e julgue que conhece bem, referenciar uma gravação que você tenha certeza que foi fielmente captada (sem uso de equalizador, com o microfone correto e sem compressão) e passe a ouvir esse mesmo disco em tudo quanto for sistema.
Não tenha vergonha de, enquanto escuta, fazer anotações para não esquecer detalhes importantes. Você irá se surpreender o quanto a assinatura sônica de cada sistema modifica essa gravação.
E, por fim, temos que separar o que agrada aos nossos ouvidos, do que é mais correto. Feito isso, acredite, você estará muito mais próximo de entender como soa um sistema mais neutro.
E se você acredita no que escrevemos aqui todos os meses, e quiser uma ajuda, leve o CD Timbres e escute em todos os sistemas possíveis – eu lhe garanto que todos os instrumentos gravados neste CD foram feitos da maneira mais minimalista e fidedigna. Nesse exemplo, você irá se assustar como cada sistema com sua assinatura pessoal, ‘define’ qual microfone se adequa mais a essa assinatura. E sabendo que apenas a primeira faixa é a mais fidedigna, terá em mãos uma bússola valiosa para descobrir os encantos de se escutar música em um sistema o mais neutro possível. E saber que este cabo de força permite isso.
Para aqueles que já estão galgando essa estrada, é um grande alento!
Pois achar cabos de força neste nível é ainda uma exceção, e não a regra! Acredite em mim!
Nota: 103,0 | |
AVMAG #284 Sunrise Lab contato@sunriselab.com.br (11) 5594.8172 preço (para 1,2 m): R$ 15.000 |
CABOS DE FORÇA TRANSPARENT AUDIO XLPC2 & Opus G6
Fernando Andrette
Eu uso, em meus sistemas, cabos de força da Transparent Audio desde 2009, sendo que nos últimos 10 anos os Powerlink MM2 foram absolutos, e somente em 2017 entraram dois XL Geração 5, um para alimentar a régua e outro para uso no transporte.
O motivo dessa fidelidade é muito simples: relação custo/performance. E, ao longo do tempo, um terceiro elemento se destacou: alta compatibilidade com inúmeros eletrônicos.
Arrisco dizer, sem medo de errar, que o Powerlink MM2 tem um grau de compatibilidade impressionante, seja com amplificadores de estado sólido ou valvulados, CD-Players, Transportes, DACs, condicionadores de energia, prés de phono e amplificadores de fone! E, ainda que esteja fora de linha e seja um projeto de 2009 da Transparent, ele ainda tem enorme procura no mercado de usados, e presta excelentes serviços a sistemas atuais.
Eu sou muito claro em minhas consultorias, e nos Cursos de Percepção Auditiva, em explicar que o ideal para o ajuste fino de qualquer sistema que procurem, é manter cabos sempre de um único fabricante. Pois identificar ‘elos fracos’ com cabos de diversos fabricantes, é muito mais trabalhoso.
Isso não significa que cabos de fabricantes distintos, que tenham assinatura sônica semelhante e alto grau de sinergia, não possam ser utilizados. Mas isso requer paciência, planejamento, e poder ter os cabos que nos interessam em nosso sistema por pelo menos uma semana e já amaciados!
No nosso Sistema de Referência, todos os cabos de força são da Transparent, os Powerlink MM2 (exceto no Innuos que usamos o cabo da Sunrise Lab Quintessence Anniversary), e mantemos cabos de outros fabricantes para serem utilizados em todos os produtos que são testados, por uma questão de coerência com a faixa de preço do produto que está sendo avaliado.
Mas depois de um longo hiato devido a pandemia, e o último cabo de força da Transparent testado ser um XL G5, quando recebemos a proposta de receber a nova geração 6, solicitamos de uma só vez o envio do XLPC2 G6 (a série abaixo da linha Opus), e do Opus G6, pois poderíamos não só avaliar comparando-os com o Powerlink MM2, como fazer um aXb entre os dois da linha G6.
A Ferrari nos emprestou cinco cabos no total (dois XLPC2 e dois Opus G6) e posteriormente eles nos enviaram um terceiro Opus G6. E como estávamos testando dois excelentes integrados (Krell K-300i e o Sunrise Lab V8 Anniversary), iniciamos o amaciamento utilizando um cabo de força no integrado e um cabo de força nos DACs (Bartok 2.0 e Nagra TUBE DAC). Primeiro o XLPC2 G6 e depois o Opus G6, sempre comparando com o Powerlink MM2.
Segundo o fabricante, os novos cabos da Geração 6 modelo XL passaram por uma transformação física significativa, além de especificações de rede mais precisas e abrangentes. A Transparent afirma em seu site, que nunca antes a linha Reference esteve tão mais próxima em termos de performance da série Opus como agora. A Transparent fez um grande investimento em ferramentas para criar os novos gabinetes de rede XL Carbon Fiber Composite (CFC), novas carcaças de acrílico, com um controle mais eficaz de vibração e ressonância, sendo, porém, mais rígidos e mais leves. Outra evolução foi na colocação de uma fina camada termoplástica de amortecimento, eliminando qualquer tipo de vibração que venha pelo ar.
Ao olhos e ao toque, é possível perceber essas melhorias no acabamento e na maleabilidade do cabo, ainda que ele tenha uma bitola maior que o Reference G5.
O que sempre apreciei em qualquer cabo deste fabricante é que o cabo é totalmente audível mesmo no processo de amaciamento. Não sendo nervoso ou com um equilíbrio tonal descompassado até se assentar. O XLPC2 G6 manteve essa máxima, e entrou no setup (integrado/DAC), já soando muito mais refinado que os Powerlink MM2 em todos os quesitos da Metodologia.
É impressionante como toda a cadeia hi-end evoluiu nessa nova década. Como brinco aqui na redação, não existe mais nenhum ‘bobo’ nesse mercado. Se você quiser sobreviver, corra atrás do seu concorrente que sabe o que está fazendo! Do contrário, meu amigo, dê tchau ao mercado!
O silêncio de fundo deste novo G6 também é muito superior à Geração 5. Audível em gravações de música clássica, com os instrumentos e os naipes da orquestra se apresentando com maior fluidez e inteligibilidade em todo o espectro audível. Ouvir obras sinfônicas com esse cabo de força é um verdadeiro deleite, capaz de nos fazer estender essas audições por períodos muito mais longos.
E, consequentemente, com o maior silêncio de fundo, muitas qualidades além da inteligibilidade são beneficiadas, como: apresentação de texturas muito mais ricas e precisas, microdinâmica, foco, recorte e ambiência.
Das gravações da História de um Soldado, de Stravinsky, tenho pelo menos umas seis grandes versões (inclusive a com o próprio Igor Stravinsky regendo – uma de minhas preferidas, junto com a do Boulez). E a que mais ouço pela qualidade técnica é a do Professor Johnson pelo selo Reference Recordings. Impressionante como, no caso específico dessa obra gravada em salas de concerto distintas, a ambiência através do cabo de força XLPC2 G6 se tornou muito mais evidente. Algo que com o Powerlink MM2, não se escuta com tanta precisão os decaimentos, e menos ainda as reverberações e os rebatimentos laterais de cada sala (principalmente dos metais).
Claro que para muitos leitores, isso pode ser absolutamente irrelevante e de um preciosismo que tem um preço a se pagar muito alto. OK! Mas esse é meu trabalho digníssimo leitor, observar e relatar os fenômenos auditivos que ocorrem com todo produto testado, e se essa informação será importante ou decisiva em suas escolhas, não cabe a mim julgar.
Meu papel é o de relatar fatos ocorridos nas audições, que isso fique claro a todos!
Silêncio de fundo também representa maior inteligibilidade em passagens complexas, seja com variação dinâmica ou não.
Então, comparar o Powerlink com qualquer um desses dois cabos da Geração 6, é pura perda de tempo. Pois são de campeonatos diferentes.
E com o G5? Aqui está a pergunta correta a ser respondida.
O G5 tem muito dessas qualidades aqui relatadas, mas não nesse grau de refinamento e precisão.
O importante é que o consumidor que tenha um cabo de força Geração 5, pode realizar o upgrade para o G6 enviando o cabo para a fábrica – e esse custo será menor do que comprar um G6 novo.
Claro que, mandar um cabo daqui para os Estados Unidos com a burocracia que é esse país, faz muitos sequer cogitarem essa possibilidade, mas é uma informação importante saber que quem possui um G5 não precisa se desfazer do cabo para adquirir um G6.
Se, no Powerlink MM2, o equilíbrio tonal já era muito correto, no G5 se tornou ainda melhor, e no G6 impressionantemente melhor!
Os transientes são absolutamente mais precisos, mostrando com enorme precisão tempo e andamento.
E a dinâmica parece possuir mais folga e detalhamento no crescendo do forte para o fortíssimo.
E o grau de compatibilidade, é o mesmo do Powerlink MM2 e do XL G5? Sim, e com um adendo interessante: a capacidade de extrair ainda mais dos aparelhos em que este for ligado. Para o leitor ter ideia, muitas vezes nesses últimos dez anos, quando no momento de fechar a nota, um produto na avaliação de um determinado quesito nos deixava na dúvida se merecia um ponto a mais, e não conseguíamos ter essa certeza, sempre abdicamos de dar esse ponto adicional.
O XLPC2 G6 não nos deixou em dúvida no fechamento de nota, nem do Bartok 2.0, nem do Krell K-300i, e muito menos do V8 Edição de Aniversário. Ele nos mostrou os limites (ou, como chamo: a demarcação de fronteira de cada um desses produtos) com muito maior segurança. O que mostra a importância dos cabos de força deste nível de performance em nosso Sistema de Referência.
Faltava avaliar o Opus G6, e conhecendo essa série como tão bem conheço, desde o Opus MM2 e do G5 – cabos que tivemos por anos em nossos Sistemas de Referência – achamos que seria importante escutá-los no sistema Nagra para não ter dúvida de nossas conclusões.
Mas como não tínhamos cinco Opus G6, tivemos que escolher onde os colocar para o teste. Depois de uma semana ouvindo em todos os equipamentos, misturados com os XLPC2 G6, colocamos os Opus na PSU do pré de linha e do TUBE DAC, e o outro cabo na régua que alimenta todo sistema. E os dois cabos de força XLPC2 G6 nos powers Nagra HD.
Só que, antes de fazer o teste, escolhemos uma faixa de cada quesito da Metodologia, ouvindo com os PowerLink MM2, e depois com este arranjo que fizemos.
Segundo o fabricante, assim como a linha XL está mais próxima da linha Opus, os novos G6 desta série estão mais próximos da linha Magnum Opus G6 (série que jamais tive a sorte de escutar). As diferenças, além de um novo network (como na série XLPC2 G6), estão na nova bitola mais grossa dos cabos.
Felizmente os Opus G6 já vieram amaciados, o que facilitou muito nosso trabalho de avaliação auditiva.
Aqui as coisas são mais difíceis até de explicar, pois parecem nos fazer esquecer quase que instantaneamente se tratar de reprodução eletrônica. Pois a música flui com a mesma ‘materialização’ da apresentação ao vivo! Como explicar esse fenômeno psicoacústico de maneira plausível?
Fica mais fácil pegando o exemplo de quando vamos à Sala São Paulo escutar a orquestra tocando uma obra que não estamos muito familiarizados, ou que não temos uma boa gravação dela. As luzes se apagam, o público se acalma, entra o maestro, crescem os aplausos e aí vem aquele silêncio que pode ir de segundos até um minuto, e as primeiras notas literalmente brotam no ar. Falo deste primeiro impacto, em que nosso cérebro tem sua atenção totalmente voltada para o acontecimento musical. E que, à medida que a música se desenrola, somos tomados por emoções e pensamentos que nos transportam para um outro tempo/espaço.
Difícil repetir essas ‘sensações’ na reprodução eletrônica, pois temos intimidade demais com o ambiente e com nosso sistema, para conseguir sermos surpreendidos por algum elemento que nos tire de nossa mecanicidade diária.
Pois bem, em um Sistema de Referência, com esses cabos Opus G6, esse ‘choque auditivo’ ocorre, de maneira espontânea, por inúmeras gravações bem feitas e bem executadas. Não depende do seu ânimo, ou de sua devoção pela música e admiração pelo seu sistema!
Com os Opus G6 de força, misturados com os XLPC2 G6, tive por dias essa maravilhosa sensação de presença ‘tátil’, e essa atmosfera inebriante da música suspendendo o tempo e espaço. Nesses momentos não existe brecha em nossa mente para a racionalização – ou você mergulha de corpo e alma, ou perderá a sensação mais impressionante que um sistema Estado da Arte pode lhe proporcionar.
Quem tiver um sistema à altura dos Opus G6, deveria ao menos tentar ‘saborear’ essa experiência tão impactante.
Aí alguns corajosos leitores me perguntam: mas com o passar do tempo, nosso cérebro não se acostuma com essa ‘magia’? Aí você só precisa ser mais esperto que os seus hábitos, e dar a si mesmo sempre gravações novas que ele ainda não conhece. Simples não?
Um velho ditado popular, que talvez nem seja mais empregado, diz que as melhores coisas da vida são aquelas que nos surpreendem. Um sistema alimentado por cabos de força Opus G6, tem esse dom de nos encantar!’
CABO DE FORÇA TRANSPARENT XLPC2 G6 | NOTA: 108,0 |
CABO DE FORÇA TRANSPARENT OPUS G6 | NOTA: 113,0 |
AVMAG #287 Ferrari Technologies info@ferraritechnologies.com.br (11) 98369.3001 / 99471.1477 Cabo de Força XLPC2 G6 U$ 3.290 (2m) Cabo de Força OPUS G6 U$ 7.200 (2m) |
CABO DE FORÇA APEX DA DYNAMIQUE AUDIO
Fernando Andrette
E, finalmente, com o cabo de força Apex, fecho este ciclo de testes dos novos produtos da Dynamique Audio.
Foi uma experiência fascinante conhecer esse fabricante de cabos e, mais incrível ainda, foi poder descobrir que existe um projetista de áudio que pensa fora das normas vigentes, que regem a ‘cartilha’ de como cabos hi-end devem ser fabricados e como devem soar.
Essa, na minha opinião, foi a parte mais interessante, depois de testar os cabos intermediários o Halo 2, os top Zenith 2, e os de nível superlativo Apex.
Diria que muito mais que um fã e usuário dos Apex, me tornei um admirador de seu projetista, pela ousadia e capacidade de colocar suas ideias em prática de maneira tão consistente.
Em 30 anos como revisor crítico de áudio, jamais ouvi e testei cabos que buscassem de forma tão veemente soarem neutros como esses cabos da Dynamique. E minha admiração só foi se multiplicando à medida que constatei que, nos cabos mais sofisticados da Dynamique, a busca pela neutralidade tornou-se exemplo a ser seguido – se algum dia outros fabricantes de cabos quiserem trilhar essa nova e tão fecunda estrada.
Tenho dúvidas se outros o farão, pois esse grau de neutralidade encontrado na linha Zenith 2 e Apex, são incompatíveis com uma larga parcela de eletrônicos. E, claro, com uma enorme legião de audiófilos que ainda buscam um som ‘azeitado’!
Diria que essa neutralidade só será muito bem vinda aos que tem como sua única referência instrumentos reais não-amplificados. E que buscam dar aos seus setups hi-end essa mesma assinatura sônica, e não abrem mão de que também sua eletrônica, suas fontes e suas caixas sejam o mais neutras possível!
Por isso que minha admiração pelo Daniel Hassany só aumenta cada vez que ele nos envia um novo produto.
Já escrevi no teste do mês passado (edição 290), do cabo AES/EBU Apex, o quanto esperei pacientemente por ouvir um setup completo Apex no nosso Sistema de Referência. Foram dois anos de espera. E posso afirmar que, por mais que tenha ‘vislumbrado’ o efeito que um setup de cabos todo Apex faria pelo nosso sistema, errei em ter a dimensão exata do que ocorreria.
Eu sugiro que os que não leram o teste publicado na edição 290 do cabo digital Apex, o façam, pois nele eu passei boa parte do teste descrevendo o que entendo por neutralidade, e os benefícios que um cabo genuinamente neutro pode fazer por um sistema que também prima por esse tão importante atributo sonoro.
Então, neste teste, me debruçarei mais em descrever as qualidades da neutralidade do Apex de força do que repetir a longa introdução feita no teste do AES/EBU.
Mas não posso, antes de descrever as informações técnicas do cabo, não falar dos erros que muitos revisores cometem ao descrever observações auditivas como neutras. Um excelente exemplo li recentemente em uma mídia de língua inglesa muito conceituada, em que o revisor descreve o produto em teste da seguinte maneira: “Diria que sua assinatura sônica esteja mais para o campo do quente, sem, no entanto, perder o lado analítico que tanto desejo, deixando-o mais neutro”. ‘Quente’ suponho que seja o termo mais comumente usados para descrever algo ‘musical’ ou agradável aos nossos ouvidos. E o ‘analítico’, seja descrever uma apresentação mais fria ou menos convidativa.
No entanto, o produto que se encontra entre essas duas possibilidades, não pode ser classificado como neutro. Pois neutralidade significa justamente não ter nenhuma característica sônica que se imponha.
Eu descrevi esse erro com inúmeros exemplos no teste do Apex digital, então não irei voltar a explicar minuciosamente aqui as confusões tão frequentes no uso indevido desse termo por revisores, mas preciso que o amigo leitor entenda definitivamente que o termo neutro, usado para descrever os cabos da Dynamique, nada tem a ver com o termo empregado frequentemente em inúmeros testes mundiais. OK?
O cabo Apex de força, segundo o fabricante, possui todos os pontos fortes do modelo Celestial 2, incorporando a mesma mistura de metais nobres utilizados na linha Apex interconexão.
Composto por 14 condutores de prata sólidos 5N, de bitola variável, que incluem quatro condutores multinúcleos (para um equilíbrio tonal ainda mais correto). Três condutores de 5.3 mm, são galvanizados em ródio e isolados em um super dielétrico PTFE Teflon espaçado a ar, e configurados em uma geometria helicoidal empregando a tecnologia de filtro de ressonância. As terminações incluem conectores de revestimento de metal premium, com contatos de cobre banhados a ouro.
O acabamento é primoroso, como todo Apex, e como todo cabo dessa linha, perfeitamente maleável e nada de pesar um ‘saco de cimento’ como inúmeros cabos de força existentes no mercado, que são capazes de levantar powers e integrados Classe D.
O Daniel pede um amaciamento de no mínimo 100 horas, mas eu achei alterações significativas tanto no equilíbrio tonal, como no seu foco e recorte, até as 250 horas. Depois de 200 horas, serão variações muito pontuais, mas elas estarão presentes principalmente na apresentação dos planos, foco, recorte e ambiência.
Para o teste utilizamos o cabo de força nos seguintes equipamentos: na régua da Sunrise Lab, que alimenta todo o sistema, na fonte PSU Nagra que alimenta o pré Classic e o TUBE DAC, no DAC Rossini (leia Teste 1 na edição 290), nos Transportes Nagra e dCS Rossini, e no pré de phono Gold Note PH-1000.
Os outros cabos de força foram os Transparent PowerLink MM2, Transparent G6 Reference XL e Opus, e Sunrise Lab Quintessence Aniversário.
O set de cabos foi todo Apex do digital ao cabo de caixa.
Foi essencial passear com o Apex de força para ver com ele, alimentando cada um dos equipamentos, o que poderíamos observar. E para teste AxB, nomeamos os Geração 6 da Transparent, para observar o que mudava na assinatura sônica de cada um dos produtos.
Para os objetivistas, que não creio que se interessem por um teste de cabo de força, já que para eles não podem existir diferenças audíveis, o que descreverei certamente será ‘processado’ como puro devaneio sonoro.
Para os que estão familiarizados com cabos de força e suas diferenças audíveis, será bem interessante acompanhar esse teste.
Eu nomeei cinco gravações que conheço bem, e que são usadas para fechar notas de nossos quesitos e são bem encardidas em termos de equilíbrio tonal, textura, transientes, corpo harmônico, timbre, musicalidade e neutralidade.
São elas:
Miroslav Vitous – Universal Syncopations, com a participação do saxofonista Jan Garbarek, do pianista Chick Corea, do guitarrista John McLaughlin e do baterista Jack DeJohnette. Gravação primorosa do selo ECM.
Wynton Marsalis Quartet – The Magic Hour, em que utilizo sempre as faixas 2 e 7, destruidoras de reputação de sistemas hi-end.
Paganini – La Campanella – Le Streghe e La Cenerentola And Tancredi Variations, com o violinista Philippe Quint e o pianista Dmitriy Cogan, do selo Naxos, que exigem o maior grau de equilíbrio tonal do setup. Minhas preferidas para avaliação de equilíbrio tonal, textura, foco, recorte e neutralidade são as faixas 4 e 7. Sendo a 7 outra destruidora de sistemas que não tenham exímia neutralidade e equilíbrio tonal.
O belíssimo Cinema Serenade com o violinista Itzhak Perlman e regência de John Williams, com a Orquestra Sinfônica de Pittsburgh. Desse disco as duas faixas que mais utilizo são: a 2 e a 6. Sendo a 6 excelente para avaliação de todos os quesitos da nossa Metodologia.
E, finalmente, para fechar o teste do cabo de força Apex, nomeei o ‘implode quarteirão’: James Carter – In Cartesian Fashion. Aqui é até difícil nomear uma ou duas faixas, pois todo o disco é uma hecatombe sonora, que em sistemas sem o nível artístico e técnico da gravação irão sucumbir em segundos. Escolhi as faixas 4 e 5 para uma avaliação criteriosa de transientes, dinâmica, textura e musicalidade.
Quando escrevi, há muitos anos, a resenha desse disco, recebi críticas ferozes de leitores dizendo se tratar de um ‘lixo sonoro’, incapaz de ser audível em um sistema hi-end! Foram dezenas de leitores inconformados com a indicação, um até exigiu que se restituísse o dinheiro investido! Ossos do ofício… Se eu sair contando todas que já ouvi, sobre nossas gravações e discos como esse do James Carter, daria tranquilamente uns cinco Espaço Aberto!
Vamos lá, às observações do cabo Apex de força, começando pelo Miroslav Vitous. Tenho amigos e colaboradores que preferem comer jiló com casca semi-cozido a ouvir o saxofonista Jan Garbarek tocando sax soprano, rs! Adoro a faixa nove – Brazil Waves. Mas tenho que concordar que se o equilíbrio tonal do setup não for preciso, o som do sax será inaudível na oitava mais alta. Muitos audiófilos, ao ouvirem este disco, jogam a culpa na gravação e no próprio Garbarek.
Até terem a oportunidade de escutar essa faixa em um sistema que tenha o equilíbrio tonal correto. Aí tudo muda de figura.
Outros que gostam do disco e do artista, tentam compensar a extensão e o timbre do sax soprano, ‘aveludando’ o instrumento, seja com cabos, ou com válvula na eletrônica. Esquecendo que, ao fazer uso desse truque, estão na verdade alterando o equilíbrio tonal da gravação.
Pois bem, ouvir essa faixa 9, sem o Apex na régua, ou na fonte Nagra PSU que alimenta o Pré Classic e o TUBE DAC, tínhamos o equilíbrio correto, porém sem a riqueza e detalhes do invólucro harmônico, que enriquece a apresentação da textura do instrumento e, o mais interessante: a folga na extensão no decaimento das altas, que propicia um enorme conforto auditivo.
E sabe como se consegue isso amigo leitor? Com a neutralidade. Sem maior neutralidade, essas qualidades tão sutis não estão audíveis. Foram gravadas, captadas, não se perderam na mixagem, muito menos na masterização, porém se estiverem apenas dependentes do correto equilíbrio tonal, não serão expostas.
Somente a Neutralidade nos permite ‘recompor’ detalhes tão importantes para desfrutarmos de todas as qualidades da gravação e, o mais importante: da intencionalidade existente desde a concepção do arranjo, da execução e da gravação!
Aí, novamente, levanto a questão tão importante: podemos chamar de alta fidelidade sistemas que não nos mostram na totalidade o que foi executado? Podemos colocar no mesmo patamar, sistemas que soam corretos, mas não nos passam o grau de intencionalidade presente na obra?
O segundo exemplo, a faixa 8 de The Magic Hour do quarteto do trompetista Wynton Marsalis, é fatal para sistemas ‘pretensiosamente’ de referência sem na verdade o serem. Pois trata-se de uma gravação e de uma obra de enorme complexidade, tanto de arranjo, como de execução. E se o sistema não estiver à altura, a música se apresenta confusa, desinteressante, e com o piano (em seu momento solo) e com o trompete do Marsalis (na oitava mais alta), duros, brilhantes e agressivos.
Esse é outro disco como o do James Carter, que frequentemente é criticado por uma legião de audiófilos. Gosto muito, na faixa 8, de mostrar o solo de piano a todos que acham que a gravação é ruim e que a mão direita soa com som de piano de vidro!
Porque isso não é verdade. Nem o piano e muito menos o trompete soam agressivos. A diferença, quando escutamos essa faixa no Apex de força, está novamente na folga existente na macrodinâmica e no grau de extensão nas duas pontas, que associado à sua neutralidade, novamente nos permite apreciar a beleza da textura do quarteto e toda a complexidade do arranjo e o quanto exige do grupo em termos de interpretação e execução.
E quando extraímos o Apex de força é que notamos que a gravação se torna menos impactante e realista! Diria a todos que possam fazer o investimento em um set de cabo de força Apex, só o façam se tiverem plena certeza, pois voltar atrás é realmente impossível. Pois em cada faixa que você escutou com ele, irá faltar justamente seu maior trunfo – a neutralidade.
Outro disco que soa decepcionante em muitos sistemas top é o do Paganini, principalmente a faixa 7, dos 24 Caprichos. Sabe como a maioria dos audiófilos faz para poder escutar essa obra? Fica com o controle remoto, monitorando o volume. Se você faz uso desse expediente, sabe o quanto isso é frustrante, pois é a prova cabal que o sistema não possui folga suficiente para a variação dinâmica. E quando finalmente você escuta essa faixa em um sistema que reproduz toda a faixa dinâmica sem problema, é simplesmente a glória, não é verdade?
Muitos podem estar se perguntando, mas são apenas dois instrumentos acústicos, um violino e um piano. Pode ser tão dramática assim a variação dinâmica?
Ouça meu amigo, ouça!
O que o Apex de força nos proporcionou foi mais importante que a folga já existente no sistema, para ouvir esse disco com tanto prazer. Ele no sistema nos deixou ouvir a beleza das texturas tanto do violino, como do piano, fazendo com que a gravação, que já é primorosa, ganhasse requinte de realismo absoluto!
Se você deduzir que isso tem a ver com o grau de neutralidade do cabo, tenha absoluta certeza que sua resposta está corretíssima!
E chegamos ao tão difamado James Carter, e as duas faixas que podem azedar a vida de qualquer audiófilo que julgue que, em termos de equilíbrio tonal, chegou ao topo da montanha!
Ao ouvir esse disco, certamente você perceberá que as nuvens estão impedindo de você ver realmente o topo da montanha.
Para esse disco, e as faixas 4 e 5, soarem em todo seu esplendor, todos os quesitos da Metodologia precisarão estar em perfeito alinhamento e, para sentir aquele gosto do ‘perfeito’ alinhamento, será preciso uma pitada de neutralidade, para que finalmente possamos compreender que a técnica de embocadura e técnica de respiração de James Carter é única! Você pode ser um fã de inúmeros outros virtuoses do saxofone, que felizmente são muitos, mas o que o James Carter extrai principalmente do sax barítono é excepcional!
Esse disco saiu em 2003, e o ouço com enorme frequência e ainda me pergunto, em várias passagens, onde ele tomou fôlego para alongar tanto cada nota. O cabo Apex me deu algumas respostas e pontuou como nenhum outro cabo o quanto é exuberante sua respiração!
As pessoas que já ouviram nosso Sistema de Referência sempre me questionam o volume em que escuto as gravações. E por mais que eu diga que ouço no volume em que foram gravadas cada música, muitos ficam na dúvida se estou ou não falando a verdade.
O que os faz não acreditarem na minha palavra, está justamente no silêncio do piso de ruído da sala (menor que 30 dB), na acústica da mesma com um decaimento longo para uma orquestra sinfônica poder soar, e o mais importante respirar na sala e, principalmente na folga que o sistema tem.
Pois bem, para provar que não estou mentindo, explico que quando a música exigir, na resposta macrodinâmica, o deslocamento de ar será integralmente sentido em todo o corpo, sem no entanto a gravação endurecer ou pular para a frente das caixas e soar bidimensional. E não tem faixa mais exemplar que a 6 do disco do violinista Itzhak Perlman com a regência de John Williams.
Pois no crescendo da orquestra para o fortíssimo dos tímpanos, seu corpo é sacudido por um redemoinho de deslocamento de ar, como na sala de espetáculo (quem já foi a Sala São Paulo, por exemplo, entenderá perfeitamente minha descrição).
Aí meus convidados acreditam no que disse de sempre estarmos escutando o volume de cada gravação. Mas como o sistema não fica com a ‘faca nos dentes’ onde não há necessidade, a folga e o conforto auditivo para quem nunca apreciou a reprodução eletrônica com esse grau de equilíbrio fica na dúvida.
O Apex nessa faixa foi além de todas as audições que já tinha feito. Permitindo um grau de inteligibilidade dos naipes de metais e madeiras que nunca havia escutado!
CONCLUSÃO
Não sei quando poderei fazer esse investimento, pois estamos falando de 16 mil dólares, para adquirir apenas dois cabos de força Apex. Mas se existe um upgrade que se tornou obrigatório em nosso Sistema de Referência, antes de comprar a fonte externa do pré de phono da Gold Note (que era minha próxima meta), será colocar dois Apex de força nesse sistema. Um na régua (esse urgente e mais que obrigatório) e um segundo na fonte PSU da Nagra.
Comecei até a elucubrar mudar a disposição dos equipamentos, para ver se o Daniel faz dois cabos Apex de apenas meio metro cada um, para poder acelerar esse upgrade. Pois retirar o cabo de força Apex do sistema, foi uma das maiores tristezas que já experimentei nos 26 anos da revista!
Acho que seria inútil dizer ou escrever algo mais sobre a importância da neutralidade em um sistema que já está com todos os cabos Apex, exceto o de força.
Espero ter condições de em breve realizar esse essencial upgrade!
Nota: 115,0 | |
AVMAG #291 German Audio comercial@germanaudio.com.br (+1) 619 2436615 US$ 8.199 (1m) |
CABO DE CAIXA OYAIDE ACROSS 3000 B
Fernando Andrette
Depois do teste do cabo de força e do cabo USB deste renomado fabricante japonês, eu estava devendo a vocês o de caixa, que já está conosco desde o último trimestre do ano passado.
Seu teste já era para ter sido publicado na edição 281, mas com a minha internação e a recuperação mais lenta do que era imaginado, embolou o meio de campo e só agora consegui finalizar o teste.
Agradeço publicamente o Kawabe pela paciência em aguardar minhas conclusões.
O lado positivo (lá vou eu com o meu otimismo latente), é que com isso mais caixas foram utilizadas no teste, o que só contribuiu para garantirmos o quanto o cabo tem alta compatibilidade com inúmeras caixas distintas em preço e performance.
O ACROSS 3000 B utiliza o condutor 102 SSC, de tecnologia patenteada da Mishima Electric Wire. Além da topologia CIS
(estabilizador com isolamento cruzado), e isolamento de polietileno de alto densidade molecular.
Os plugues são tipo banana de bronze com revestimento de prata e ródio, projetados em máquina CNC de precisão. E o sistema de fixação utiliza parafuso duplo. O cabo de fios de cobre possui revestimento duplo de prata e platina, em uma geometria de trança para uma condutividade superior, sem perda do sinal em relação aos sistemas de tranças coaxiais mais comumente utilizados nos cabos nessa faixa de preço.
A Oyaide afirma, em seu site, que o ACROSS 3000 B foi desenvolvido para o consumidor que possui um orçamento mais apertado, mas que procura para o seu sistema um cabo mais neutro e com excelente equilíbrio tonal em todo o espectro audível!
E começo meu teste concordando com o fabricante, que seus objetivos foram plenamente alcançados. Pois nos sete meses que este cabo esteve conosco, pudemos utilizá-lo em diferentes setups de caixas e eletrônica, e sua assinatura sônica sempre tendeu para o equilíbrio tonal correto e uma neutralidade surpreendente, para sua faixa de preço.
Tanto que em minhas anotações pessoais eu escrevi por diversas vezes, ser muito positivo um cabo de caixa de menos de 4 mil reais ter essa capacidade de não impor sua assinatura sônica no sistema. Então, se o que procura amigo leitor, é um cabo de caixa para ‘temperar’ seu setup, não precisa perder seu tempo lendo esse teste.
Porém, se o que deseja é um cabo de caixa que não ‘interfira’ no equilíbrio e assinatura sônica que você almejou e conseguiu com seu sistema, leia esse teste, pois ele pode lhe dar uma excelente pista de como manter essa assinatura sônica sem alterações.
Sua construção é excelente para o seu custo, e a sua maleabilidade e acabamento dos plugs banana são dignos de nota. Pois além de uma pegada muito segura, o contato com o terminal do plug de caixa e do amplificador é excelente.
O modelo enviado para teste é com forquilha. Por ser o terminal do amplificador Nagra Classic o Cardas (que só permite forquilha) o Kawabe solicitou a Oyaide que me fizesse essa gentileza. E posso afirmar que o plug forquilha também é de excelente qualidade e acabamento.
Para o teste utilizamos as seguintes caixas: Elac Debut Reference DFR52, Elac Uni-Fi 2.0 UB52, JBL L82 Classic e L100 Classic, Wharfedale Elysian 4, Wilson Audio Sasha DAW, Estelon XB Diamond MkII, YB MkII, e X Diamond MkII (teste na edição 284). Os integrados: Boulder 866, Sunrise Lab V8 Aniversário, Mark Levinson No.5802, e Arcam SA30 (teste edição 284). E o Sistema de Referência da CAVI: pré e power Nagra Classic, Nagra TUBE DAC, Pré de phono Gold Note PH-1000, streamer Innuos Zen Mini Mk3 (leia Teste 2 na edição 283), toca-discos Origin Live Sovereign Mk4, braço Origin Enterprise Mk4 de 12 polegadas, e cápsula ZYX Ultimate Omega Gold.
Como o cabo já veio integralmente amaciado, o colocamos em todas as caixas que chegaram nesse período para teste. Sua sonoridade é bastante neutra, lembrando em muitos aspectos os cabos da Dynamique Audio.
Fico feliz que outros fabricantes de cabos tenham enveredado por esse caminho, abrindo mão de fazer cabos para ‘ajeitar’ sistemas.
Seu equilíbrio tonal é muito correto, e ainda que falte a extensão, refinamento e arejamento de nosso cabo de referência (o Dynamique Audio Apex que custa dez vezes mais), nas caixas todas que o ligamos, compatíveis com sua margem de preço, o resultado foi sempre excelente. Agudos muito limpos, com bom corpo, velocidade e um decaimento suave.
A região média tem transparência suficiente para nos apresentar uma micro-dinâmica rica e precisa.
E os graves possuem energia, velocidade, bom deslocamento de ar nas duas primeiras oitavas, e o mais importante: corpo tanto no grave, como nos médios-graves.
Esse foi o cabo que mais gostamos nas duas JBL Classic. Na L82, foi um casamento exemplar pois sua neutralidade nos permitiu observar todas as qualidades da caixa, e como foi bem resolvida a passagem do falante do médio-grave para o tweeter, que começa a trabalhar em 1,7kHz, algo raro e bastante ousado por parte do fabricante. E graças à sua ‘neutralidade’, pudemos nos certificar que a caixa também possui uma passagem de crossover excelente.
O soundstage é o quesito que talvez a Oyaide possa resolver no futuro, pois se o foco e recorte são excelentes, a profundidade e os planos são menos profundos que outros cabos na sua faixa de preço.
Tudo é uma questão de perdas e ganhos. Mas se você é um amante de grandes profundidades na imagem entre as caixas, o ACROSS 3000 B não será sua primeira escolha.
Mas se para você o equilíbrio tonal é muito mais importante (como é para mim), o ACROSS 3000 B volta a ocupar a linha de frente das opções.
As texturas dependerão exclusivamente da qualidade da eletrônica e da caixa. Se forem excelentes na apresentação de paleta de cores e intencionalidades, o ACROSS será perfeito. Foi, junto com o equilíbrio tonal, um dos quesitos que mais nos chamaram atenção.
Os transientes são precisos, e a marcação de tempo e ritmo perfeitos em todos os setups de caixas e eletrônica que utilizamos.
O mesmo em relação tanto a macro como micro-dinâmica.
Seu comportamento em todos esses quesitos está sob responsabilidade do setup e não dele. Então, caso o leitor peça para ouvir o ACROSS 3000 B, e algo em algum desses quesitos não fique a contento, o alarme acendeu! E se isso ocorrer, agradeça ao ACROSS por ‘colocar o dedo na ferida’.
Aliás, este é um assunto recorrente nos fóruns dedicados: gostar ou não gostar de um produto colocado em um setup. Nunca vejo os participantes questionando se o setup está suficientemente correto para avaliar algo, ou mesmo a sala ou a elétrica estão. O foco é sempre no equipamento avaliado: se é bom ou não o suficiente.
Isso me lembra a piada de usar um triciclo para carregar um elefante. Se fosse tão simples corrigir um sistema torto com a entrada de um cabo, nem os objetivistas seriam tão resistentes à importância dos cabos em sistemas hi-end. Mas não se corrige um erro acertando uma ponta apenas.
Então, se o ACROSS 3000 B escancarar o problema, agradeça e não resmungue.
O corpo harmônico foi excelente em todo o espectro audível, assim como a organicidade em ótimas gravações!
CONCLUSÃO
Para os leitores que vivem nos pedindo testes de excelentes produtos baratos, acho que de dois anos para cá precisam aceitar que estamos nos esforçando e trazendo muitos produtos excelentes a custos condizentes.
É claro que queremos cada vez mais apresentar esses ‘achados’ a todos vocês! Pois isso incentiva o mercado e faz com que ele floresça novamente.
Não pense que não estamos todos os meses fuçando o mercado em busca dessas pérolas, pois toda equipe de revisores faz isso semanalmente.
E o ACROSS 3000 B faz parte dessa leva de produtos que podem perfeitamente atender um leque enorme de setups, de Diamante até Estado da Arte. Trata-se de um excelente cabo de caixa, por um preço muito competitivo, com alto grau de compatibilidade, neutro, correto e capaz de deixar qualquer eletrônica bem ajustada mostrar seus atributos.
Se seu orçamento é apertado, mas deseja dar esse passo em relação à neutralidade na condução do sinal, eis uma oportunidade imperdível!
Nota: 90,0 | |
AVMAG #283 KW Hi-Fi fernando@kwwifi.com.br 11 95442.0855 / 483236.3385 2 m – R$ 3.150 |