Fernando Andrette
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Quando o audiófilo pensa em fones magnético planar, certamente a marca Audeze será imediatamente acionada em sua mente e se ele é um fã de carteirinha dessa topologia, ele certamente conheceu a Audeze ou pelo modelo LCD-2 lançado em 2009 ou o LCD-3 lançado em 2011.
O LCD-4 veio em seguida em 2015 e depois todo esse hiato de tempo até o lançamento do novo LCD-5, que segundo o próprio fabricante tudo foi aprimorado nesse novo fone de ouvido, desde os drives, até a moldura e design, tudo na busca de um novo padrão de performance e conforto. Uma das maiores críticas de muitos usuários e admiradores da linha de fone Audeze era justamente o peso, que para muitos (eu me incluo), era cansativo após uma hora de audição.
Pois bem, o novo LCD-5 agora pesa 1/3 a menos que o seu antecessor o modelo 4. Seu novo drive deixou sua resposta ainda mais estendida nas frequências altas, assim como seu novo design melhora segundo o fabricante as respostas dos médios superiores. O novo modelo utiliza uma estrutura composta de magnésio, acetato e fibra de carbono.
O fabricante ao apresentar o LCD-5 deixa claro que o novo modelo é ainda mais transparente, com maior resolução e velocidade na resposta de transientes. Isso, graças aos imãs Fluxor e guias de ondas Fazor atualizados junto com as novas bobinas de voz Paralllel Uniforce, tudo com patentes pendentes, que empregam em seu projeto, uma impedância baixa, redução drástica de distorção e um controle muito mais uniforme e controlado sobre o movimento do diafragma resultando (segundo o fabricante) em uma resolução da micro e macro muito mais aprimorada.
Para um foco ainda mais preciso a Audeze investiu em uma câmara acústica, com novas almofadas esculpidas para minimizar reflexos e ressonância, enquanto sua bobina de voz Parallel Uniforce, permite maior espaço entre os imãs para ampliar a resposta de frequência e possibilitar um palco mais aberto. Pesando 420 gramas o LCD-5 permite ao usuário maior tempo de uso para suas ‘imersões’ auditivas.
A nova arquitetura do arco envolve o crânio e ajuda a colocar o fone na posição ideal e as espumas maiores propiciam uma vedação superior em orelhas de tamanhos distintos. Os novos cabos são de cobre OCC de alta pureza que fornece um caminho de baixa capacitância e baixa resistência para o sinal. Ele vem de fábrica com um cabo XLR terminado em um sistema balanceado ou pode ser usado também com o adaptador de extremidade única.
Na compra do LCD -5 o cliente recebe o fone, um cabo trançado premium de 2,5 m, cabo balanceado XLR de 4 pinos, adaptador XLR de 4 pinos para 1/4. Tudo embalado em um lindo estojo de alumínio.
Tentei com os amigos músicos conseguir uma versão LCD-4 para um comparativo, mas ambos estavam em uso, assim sendo só consegui rever minhas anotações quando testei e tive por quase quatro meses o antigo LCD-3. Comparar o LCD-5 com o 3 é covardia, pois a cada nova série muitas melhorias foram feitas e muitas soluções encontradas.
A Audeze é uma referência absoluta nos estúdios americanos e entre os músicos de estúdio ou não. O que contribuiu para espalhar sua fama mundial de fones que reúnem uma capacidade de transparência e detalhamento das gravações como nenhum outro fone consegue.
Mas assim como caixas monitores de estúdio, talvez não sejam a ideal para salas domésticas, o mesmo se passa com os fones que são referências em salas de gravação, quando migram para a cabeça de melômanos ou audiófilos. Essa questão remonta desde o final dos anos 80, com os famosos fones de ouvido da AKG, utilizados nos melhores estúdios de gravações, que quando caiam no universo doméstico, mais decepcionavam do que agradavam.
Claro que essa fronteira hoje é muito mais tênue e ambos os universos não só trocam ‘figurinhas’ como conseguem ter produtos que atendam tanto aos músicos de estúdio, quanto a audiófilos. E para tanto, basta que o fone em questão, atenda a esses distintos públicos de maneira consistente.
E o Audeze LCD-5 o faz com propriedade, sobriedade e competência. O ‘sobriedade’ não tem nenhuma relação com a performance e sim com a estratégia do fabricante em desenvolver um produto que possa atender a ambos os mercados. E nesse aspecto acho que nenhum outro LCD, foi tão feliz na sua proposta de fincar o pé em ambos os mercados. Pois não teve que fazer concessões para um ou outro segmento, e sim fazer seu projeto evoluir a tal ponto que todos que necessitam como ferramenta de trabalho (músicos), ou desejam um fone com um realismo ‘superior’ para ouvir seus discos (mercado hi-end), agora o tem.
Quando um fabricante atinge esse ponto de equilíbrio, entre segmentos tão distintos e por muitas vezes tão antagônicos, esse fabricante merece o reconhecimento da mídia especializada e sobretudo do próprio mercado.
Para o teste utilizamos nosso sistema de referência e o pré de fone do pré de linha do Nagra Classic, através do adaptador fornecido pela própria Audeze.
Tentei conseguir um pré de fone balanceado de alto nível, mas não consegui devido ao pouco tempo de disponibilidade para o teste (estava voltando de férias merecidas, após sete anos sem férias). Mas creio que consegui responsavelmente cumprir à altura meu papel de revisor, com o Audeze ligado ao Nagra Classic, que é nosso pré de fone de referência também.
O LCD-5 veio pré amaciado, ainda assim deixei mais 100 horas de queima, antes de realizar o teste e ouvir nossos discos da metodologia. O Audeze com suas almofadas de couro cumpre com o que prometem de diminuir o contato com o mundo externo.
Ergonomicamente ele se encaixa perfeitamente, não nos deixando com a sensação de que algum movimento brusco ele cairá de nossa cabeça. Sou bastante encanado com esse risco, ainda mais com fones caros como o Audeze.
Se a proposta central de um fone Audeze é recriar todos os detalhes e nuances de uma gravação, eles realmente chegaram lá. Nada passa incólume do que ocorreu na sala de gravação, ou depois na mixagem e na masterização. E quando eu digo nada, é nada mesmo, então se prepare para ser testemunha auditiva dos acertos e dos erros, claro! Se isso lhe diverte e você sonhou em um dia ter esse grau de cumplicidade com a música que você ama, meu amigo esse é seu fone sem dúvida alguma.
A proposta de foco e de distribuição do acontecimento musical dentro de sua cabeça ou à frente do seu nariz, também é cumprida com esmero. Seu equilíbrio tonal é de uma extensão nas duas pontas absurda e com isso novamente tem o lado bom e o não tanto, quando você escolher aquelas gravações que você tanto gosta artisticamente e tanto lamenta tecnicamente. Pois o Audeze escancara as virtudes e expõe os defeitos.
Os transientes são a melhor referência que ouvi em fones nesse patamar, são assustadoramente (estou afirmando no sentido literal), precisos. Ouvi solos de bateria, percussão, guitarra e piano de ter sobressaltos na cadeira. E a dinâmica, tanto a micro como a macro também impressionam, mas lhe peço, não se empolgue e comece a querer abusar do volume, pois com o índice de distorção ultra baixo, a vontade é realmente essa em excelentes gravações. A sensação final é de estar literalmente junto com os músicos no momento da gravação. Por algum motivo que não consigo explicar, o LCD-5 para mim criou esse efeito de ‘tele transporte’ muito mais com gravações de estúdio que salas de concerto, ou melhor com pequenos grupos acústicos como trios e quartetos.
Nessas gravações o efeito ‘estar junto’ foi incrível!
CONCLUSÃO
Um fone Hi-End é sempre uma solução definitiva e muitas vezes irá até mesmo substituir um sistema que por mudança de local ou dificuldade de realização de upgrades para atualização, se torna a solução mais prática e viável. Então na minha opinião ele precisa seguir os mesmos critérios de escolha de um setup completo.
Segunda questão para um investimento em um fone deste nível é: o nível de qualidade das fontes e o próprio pré de fone em que esse fone será utilizado. Pois não adianta investir em um fone dessa categoria para escutar música em um DAC de 500 dólares!
Agora se você vai utilizar o Audeze LCD-5 em um streamer e DAC de qualidade também hi-end e sua paixão sempre foi ouvir as gravações pela ‘perspectiva’ do engenheiro de gravação ou ali, ao lado dos músicos. O Audeze LCD-5 precisa estar na sua comissão de frente de possibilidades!
PONTOS POSITIVOS
Um grau de apresentação do acontecimento musical impressionante.
PONTOS NEGATIVOS
Ainda que como a redução de 1/3 do seu peso, ele ainda pode se tornar incomodo após um tempo de audição.
ESPECIFICAÇÕES
Estilo | Sobre a orelha, costas abertas |
Tipo de transdutor | Planar Magnético |
Estrutura magnética | Matriz magnética Fluxor™ |
Gerenciamento de fase | Fazor™ |
Tipo de ímã | Neodímio N50 |
Tipo de diafragma | Uniforce™ paralelo em nano escala |
Tamanho do transdutor | 90mm |
SPL máximo | 130dB |
Resposta de frequência | 5Hz – 50kHz |
THD | <0,1% @ 100 dB SPL |
Sensibilidade | 90 dB/1mW (no ponto de referência do tambor) |
Impedância | 14 ohms |
Manipulação de potência máxima | 5W RMS |
Potência mínima recomendada | 100mW |
Nível de potência recomendado | 500mW |
Peso incrivelmente baixo | 420g |