Editorial: TODO PONTO TEM SEU NÓ

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Sempre prestei muita atenção nos ditos populares e a vida confirmou que muitos deles fazem uma síntese correta do que ele descreve ou nos faz refletir. E sempre nutri enorme admiração por pessoas que sabem narrar no tom correto histórias e estórias e nos permitem compartilhar acontecimentos que não tivemos a oportunidade de vivenciar.

Um dos mais ilustres contadores de ‘causos’ que tive o prazer de conhecer foi o querido amigo André Geraissati, que nasceu com o dom de narrar com enorme detalhe acontecimentos e o talento ainda maior de compor e tocar violão como poucos. O André é daqueles amigos que mesmo na distância que o nosso dia a dia nos impõe, ele estará sempre gravitacionando a sua volta e sempre nos mandando mensagens de áudio, contando fatos ou compartilhando suas ideias que estão em constante ebulição em sua mente.

Acho notáveis as pessoas que parecem passar a vida de bem com ela e sempre nos lembrando que justamente por ela ser tão curta, devemos ir ao longo dos anos aliviando a bagagem e deixando ao alcance das mãos, apenas o que realmente importa.

Conversar ou ouvir o André contar suas experiências e vivências musicais é simplesmente delicioso. E sempre me perguntei o motivo dele não registrar essas passagens tão criativas de sua rica existência. E finalmente meu desejo foi acatado com seu primeiro (e espero que venham vários na sequência), documentário contando sobre a influência do Jazz sobre a bossa nova, mas não pela ‘ótica’ carioca e sim a paulistana. E ao contrário do que muitos imaginam, o
cenário musical paulistano teve uma enorme influência na solidificação dessa fusão e troca de culturas. O curta é um passeio pelo cenário musical paulistano desde o final dos anos 50 até os anos 80. Tudo contado pelo próprio Geraissati levando-nos aos locais em que todo esse cenário efervescente ocorreu.

Todos amantes do jazz, da bossa nova e da música instrumental brasileira, irão simplesmente se deleitar em conhecer histórias que não podem ser esquecidas ou apagadas de nossas memórias e precisam ser preservadas para as futuras gerações. Esse foi sem dúvida alguma o momento mais criativo da música brasileira e narrado por quem também foi testemunha ocular e participante, tornando esse documentário ainda mais consistente.

Espero que vocês se divirtam e descubram como foi pulsante, rico e criativo esse período tão magistral.