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Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Uma leitora recentemente nos enviou um e-mail perguntando se ela algum dia iria conseguir reconhecer a ‘assinatura sônica’ dos equipamentos, como se consegue reconhecer a assinatura sônica dos instrumentos? Senti que sua pergunta tinha um pouco de dúvida, se realmente os equipamentos eletrônicos se comportam como os instrumentos acústicos.

Na minha longa resposta, recorri até ao meu brilhante professor de Percepção Musical da Fundação da Artes de São Caetano, que uma vez falando sobre as várias escolas de violino de Cremona, nos lembrou que as diferenças entre um Guarneri e um Stradivarius, sempre seria mais fácil de reconhecer nas mãos de um Paganini do que um estudante esforçado.

Assim como um piano Yamaha de um Bosendorfer na mão de um Chick Corea.

E disse a ela que, com os equipamentos de áudio, não é muito diferente. Pois com o setup correto em que haja a mais profunda sinergia e equilíbrio tonal, as diferenças de assinatura sônica se tornarão mais perceptíveis. Então que, antes dela se preocupar em ouvir as assinaturas sônicas dos equipamentos, existe uma etapa a ser cumprida: entender as qualidades e limitações de cada equipamento.

Para posteriormente, entendendo como se avalia essas qualidades e limitações, é que podemos nos debruçar sobre a assinatura sônica que mais desejamos para ouvir nossos discos. Por ser uma mulher, tenho esperança que ela tenha entendido minha respostas e use da qualidade feminina de ser mais paciente que os homens e busque não pular etapas. Digo isso a todos que me procuram com essa questão em pauta, porém os homens parecem ter o ímpeto na alma de quererem tudo ao mesmo tempo e, com isso, pagam caro pela sua falta de disciplina e foco.

A questão central desse drama audiófilo, é acreditarmos que por nascermos ouvindo, estamos aptos para escolhermos com precisão o que nos interessa (a quantidade de setups tortos, independentemente do valor investido, está aí para mostrar exatamente o contrário).

Atento a todas essas questões, e buscando nas consultorias diárias um ‘norte’ para escrever tanto os testes quanto os artigos de Opinião, é que quando eu me deparo com um fabricante em que a assinatura sônica está muito evidente, procuro deixar explícito como essa assinatura se comporta. Tanto com seus pares ou com marcas concorrentes mais similares nessa assinatura.

Essa é a tal dica, que faz tempo deixou de ser ‘entrelinhas’ em meus textos, pois quando escrevo me comprometo a tentar falar tanto com o leitor das grandes capitais, como com aqueles das pequenas cidades, isolados, mas ávidos por informações ‘preciosas’ para o ajuste de seus sistemas ou futuros upgrades.

Toda essa enorme introdução, para descrever mais um produto do fabricante italiano Gold Note, e seu mais compacto power, o PA-10.

Seguindo o design do DAC/Pré DS-10, e do pré de phono PH-10, o pequeno power PA-10 possui o mesmo gabinete nas versões prata, preto e dourado.

Muitos leitores, ao se depararem com essa linha compacta da Gold Note, olham com certa desconfiança de que gabinetes tão compactos possam ter tão alto grau de performance.

Por isso é preciso ouvir, caro leitor, para poder saber se eles são a cereja do bolo que tanto desejamos.

O PA-10 é um amplificador totalmente balanceado com um design que os engenheiros batizaram como BTL (Bridge Tied Load), que permite que a unidade seja ajustada e opere como um amplificador estéreo com 75 Watts em 8 ohms, podendo chegar a surpreendentes 600 Watts em 4 ohms em modo mono.

Tanto que a Gold Note indica que, caso você possua uma caixa de boa sensibilidade e uma sala de até 20 metros quadrados, use-o com estéreo. E quando for realizar upgrades na caixa ou na sala, compre uma segunda unidade e trabalhe com eles em mono.

O PA-10 herdou do modelo top – o power PA-1175 MkII – o fator de amortecimento ajustável que permite que ele seja adaptado a qualquer tipo de falante, bastando ajustar a chave no painel traseiro para padrão DF em caixas difíceis de domar, ou DF baixo para caixas de alta sensibilidade.

Em mono, será preciso acionar o botão BTL. Neste modo, apenas as entradas à esquerda de cada unidade deverão ser ligadas ao pré-amplificador. Quando é acionado o modo BTL, o led no painel frontal se torna azul.

Para o teste utilizamos o PA-10 em estéreo, tocando com as seguintes caixas: Harbeth Compact 7ES-3 XD (leia Teste 1 nesta edição), JBL L100 Classic, Monitor Audio Gold 500. Em mono, ouvimos essas três caixas e também a Estelon X Diamond MkII. Os prés foram: Gold Note DS-10 e o Nagra Classic, com ambos ligados pelos cabos XLR da Sunrise Lab Quintessence Anniversary, e Dynamique Audio Apex. Cabos de caixa: Virtual Reality Trançado, Oyaide OR-800 Advance, e o Dynamique Audio Apex. Fontes digitais: streamer do DS-10, CD via Transporte Roksan Atessa (leia Teste 3 nesta edição). Fonte Analógica: pré de phono Gold Note PH-1000, toca-discos Origin Live Sovereign Mk4 e cápsula ZYX Ultimate Astro G.

Os dois PA-10 vieram lacrados, e para início do teste abrimos apenas um para funcionar com as três caixas acima descritas em estéreo. Primeira impressão: assim como todos os outros produtos já testados da Gold Note, eles saem tocando muito bem, o que permite que o comprador possa acompanhar seu amaciamento sem arrancar os cabelos ou roer as unhas.

O amigo leitor não imagina o quanto aprecio poder ir fechando outros testes e poder ouvir as melhorias diárias de um produto em queima.

Segunda impressão: a assinatura sônica do PA-10 é deveras semelhante à do integrado IS-1000 que testamos e nos impressionamos. Assim como do DS-10, PH-10 e PH-1000.

A Gold Note, mais que uma assinatura sônica muito evidente, tem uma forte identidade do que busca e deseja em todos os seus produtos. E isso, no meu modo de entender audiófilia, é excelente! Pois não é daqueles fabricantes que desejam abraçar o universo de consumidores, desenvolvendo diversas linhas para agradar a gregos e troianos. Pelo contrário, o consumidor ao ouvir um Gold Note, saberá de prima se é isso que ele deseja ou não.

Diria que os produtos Gold Note são feitos sob medida para audiófilos que não tem pressa e muito menos impulsividade no momento de suas escolhas.

Um Gold Note jamais soará impetuoso ou pirotécnico! Se é isso que o leitor busca e aprecia, nem perca seu tempo. Sua assinatura sônica exprime precisão estética, folga, domínio pleno da articulação, silêncio e harmonia.

Agora que consegui pleno domínio das qualidades do pré PH-1000, entendo perfeitamente o que os engenheiros da Gold Note desejam.

Tenho avaliado vários prés de phono nos últimos dois anos, e alguns bem mais caros que nossa referência, e o que percebo é que o que difere o PH-1000 de outros excepcionais phonos, é sua coerência técnica a serviço de uma performance, e recursos que outros fabricantes sequer cogitaram em oferecer.

Ter tantas equalizações disponíveis (três opções mono, para atender a três períodos diferentes) e a facilidade de ajustes por um toque em um único botão à frente do painel, é algo que eu como revisor não tenho como abrir mão.

Agora, junte todos esses recursos com sua sonoridade tão precisa e neutra, e aí é possível entender o conceito por trás de tão impressionante produto. E o que mais me agrada é que esse conceito também se reflete na linha de entrada.

Tanto na construção, design, versatilidade, performance e assinatura sônica.

Voltando ao PA-10: em modo estéreo, ele dirigiu magistralmente as três caixas usadas no teste, deixando-as fluir com enorme autoridade e firmeza. Mas devo acrescentar que, a caixa que melhor casou com o PA-10 foi de longe a Harbeth (leia Teste 1 nesta edição). Foi um casamento que chamo de raro, pois parecem que nasceram para soarem em conjunto. Pois as assinaturas possuem o mesmo propósito de deixar a música soar de maneira natural e integral.
O realismo na medida certa, a energia sem rompantes de pirotecnia, mas com os tempos e crescendos fidedignos, e aquele realismo que nos coloca como cúmplices auditivos nas salas de gravação.

Seu equilíbrio tonal é corretíssimo, com ambas as pontas com enorme extensão e uma região média onde não predomina o super detalhamento e sim a naturalidade e fidelidade.

O soundstage é uma referência para powers muito mais caros, tanto em largura como profundidade, foco e recorte.
Com as três caixas tivemos apresentação de um palco uniforme, com os planos bem delineados, e instrumentos solo com seu foco preciso, e aquele silêncio essencial à sua volta.

O Gold Note parece que tem a mesma obsessão que nós por texturas precisas, que vão muito além de mostrar a paleta de cores dos instrumentos e nos proporcionar um mergulho consciente no universo das intencionalidades presentes em cada composição, arranjo, execução, etc.

O dia que o amigo leitor tiver a oportunidade de ouvir um setup que o coloque frente a frente com as intencionalidades, te garanto que você jamais abrirá mão de ouvir essa qualidade em seu sistema. Pois ela é que permite nosso cérebro relaxar e parar de analisar se o que ouvimos está ou não correto. A intencionalidade leva você e seu cérebro para o outro lado.

Lembro quando tentava, na minha infância, descrever o gosto do doce de cupuaçu para os primos e coleguinhas da escola. Todo meu esforço era simplesmente inútil, até o dia que pedi para a minha mãe fazer o doce e levar na escola, e deixar os colegas experimentarem.

Aí todos começaram a exclamar: “Olha, é doce e azedo ao mesmo tempo!”, “Verdade, parece com a textura de chupa chupa!”. E fiquei impressionado como eles haviam guardado todas as frases que usei exaustivamente para descrever o Cupuaçu. Só faltava eles mesmos experimentarem para concordar com a minha descrição.

O mesmo agora se repete com a intencionalidade, amigo leitor. Acredito que só vocês ouvindo para entenderem a magnitude de um sistema reproduzindo corretamente a intencionalidade, para entenderem o que separa um sistema Estado da Arte de sistemas hi-end!

Os transientes do PA-10 são excelentes, nos dando uma correta noção de tempo e ritmo, sem atropelo ou congestionamento.

E na dinâmica temos duas situações distintas: uma com o PA-10 em modo estéreo e outra com dois PA-10 em modo mono. O que me leva à seguinte conclusão: dependendo do seu gosto musical, tamanho de sala, se puder no futuro adquirir um segundo PA-10, sua macrodinâmica irá para um outro patamar, amigo leitor. E, em Bridge, você não irá reconhecer a transmutação auditiva que esse pequeno grande power é capaz de realizar!

Novamente, é preciso ouvir para acreditar.

No momento que adicionei o segundo PA-10, estava ouvindo a L100 Classic e um LP do Jaco Pastorius Ao Vivo no Japão, com uma bela big band. Tomei um susto com a diferença de dinâmica do naipe de metais, e da percussão, quando coloquei os dois em bridge.

O PA-10, assim como não tem a menor dificuldade como os planos 3D, também não se intimida em apresentar o corpo harmônico dos instrumentos em gravações com boa captação desse quesito.

Tanto que novamente ele coloca em dificuldades muitos powers mais caros nesse quesito, ao mostrar os contrabaixos da Nona de Beethoven, no Quarto Movimento, que em muitos powers parecem ser um ou dois contrabaixos apenas. Esse é um exemplo muito fácil de se usar para demonstrar esse quesito aos iniciantes que não sabem o que precisam escutar para saber se o corpo harmônico está ou não correto.

O PA-10 cria aquela parede na caixa no canal direito, com os 4 a 6 contrabaixos (dependendo da orquestra), soando em uníssono, tocados com arco. E não uma pizza brotinho, soando timidamente na caixa direita, como centenas de vezes escutei!

Se tivesse testado o PA-10 apenas na Harbeth, a nota de organicidade seria maior que nas outras duas caixas. Por isso, testamos todos os produtos com o maior número possível de componentes. E o fato é que, tanto o PA-10 quanto a Harbeth, primam por uma materialização física impressionante.

Se o leitor deseja esse ‘fenômeno’ em seu sistema, a boa notícia é que tanto a Harbeth quanto o Gold Note são ‘especialistas’ nesse truque sonoro!

CONCLUSÃO

Se você possui o pré-amplificador DS-10, minha pergunta é: o que está esperando para ter o PA-10? Eles foram feitos para trabalhar juntos. A não ser que você possua ainda tanto mídia física (LP e CD), pois aí a única entrada analógica do DS-10 complica a vida desse usuário. Mas se você só escuta streamer atualmente, meu amigo, e tem o DS-10, ouça o quanto antes o PA-10. Se a grana estiver curta, comece com um e depois faça o upgrade!

Como escrevi: com caixas acima de 86 dB e salas até 20 metros, um PA-10 dará tranquilamente conta do recado.

E se você possui um outro pré-amplificador que gosta, e está na dúvida se vende para comprar um integrado, ou se faz um upgrade no seu power atual, ouça-o e veja se ele casa com seu pré e suas caixas atuais.

E depois, se for o desejo, parta para o segundo, pois em mono ele é simplesmente matador! Cresce em macrodinâmica e tem reserva de energia para trabalhar com qualquer caixa.

Cada novo produto deste fabricante italiano é uma nova surpresa. Pois seus produtos sempre estão acima do seu valor, sempre! A Gold Note está provando que é possível, sim, oferecer produtos que são verdadeiras obras ‘sonoras’ sem custar um caminhão de verdinhas.

Se você ambiciona ter um sistema Estado da Arte, sugiro que comece por ouvir os produtos deste fabricante.


PONTOS POSITIVOS

Muito correto tonalmente, com uma naturalidade cativante.

PONTOS NEGATIVOS

Pode parecer relaxado para os que adoram pirotecnia.


ESPECIFICAÇÕES

Potência de saída• 75/150 W @ 8/4Ω por canal em estéreo
• 600 W @ 4Ω por canal em mono (BTL)
Resposta de frequência10 Hz-30 kHz (em +/-1 dB)
Distorção harmônica total (THD+N)0,05%
Fator de amortecimentoAlto / baixo selecionável
Sensibilidade de entrada1,4V RMS (RCA / XLR)
Impedância de entrada13KΩ (RCA / XLR)
Consumo• <1W em standby
• <10W sem sinal
• 150W em 1/4 da potência nominal
• 1400W máximo
Dimensões (L x A x P)200 x 80 x 260 mm
Peso3.6 kg (5 kg embalado)
AcabamentosAlumínio escovado em Preto, Prata ou Dourado
AMPLIFICADOR GOLD NOTE PA-10

(em modo estéreo)

Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 10,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 90,0
AMPLIFICADOR GOLD NOTE PA-10

(EM MODO MONO BRIDGE)

Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 97,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
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MÚSICA DE CÂMARA                    
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