Christian Pruks
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Outro dia fiquei chocado com um conhecido, que acredita que eu passo o dia inteiro nadando em aparelhos de som hi-end da maior qualidade e preço – como se eu fosse o dono de uma fábrica de Ferraris e tivesse uma diferente à disposição por dia!
A verdade é que eu sou como um piloto de testes de Ferrari que vai e volta de casa de Fiat Uno – e que nem sempre sequer consegue sentar em uma Ferrari, sendo que na grande maioria dos dias, dá é uma voltinha em outro modelo melhor de Uno, e olhe lá! rs…
Outro conceito errado, que coincidentemente também me foi relembrado esta semana – no qual muita gente acredita – é que você precisa deixar sua poupança, um rim e o primogênito para ter música em casa sendo reproduzida com grande qualidade sonora. Ou simplesmente precisa ser rico. Esse é um conceito que estamos tentando mudar, aqui na revista, faz anos, mostrando equipamentos excelentes das categorias Diamante e até Estado da Arte ‘de entrada’, todos com preços bastante interessantes.
Mas aí eu me toquei que muitos compram seus equipamentos de som, montam seus sistemas, por status – para mostrar para seus amigos e colegas. E nem sempre esses equipamentos dão o melhor resultado, porque ‘comprar marca’ não é exatamente ‘comprar qualidade’, por inúmeros motivos, dentre eles sinergia. Para não falar de muitas marcas que são amplamente conhecidas, mas que não têm fabricado muitos equipamentos que sequer passem no conceito básico de Equilíbrio Tonal! (Pensem no ‘Equilíbrio Tonal’ como um prato de um restaurante: tem que ser bem servido, saboroso, em quantidade satisfatória, bem temperado, com boa crocância, não estar nadando na gordura, ter a quantidade decentemente certa de molho para que não fique seco, etc e tal – ou seja, ele tem que ser Equilibrado, certo?).
Vamos fazer uma outra analogia (com comida, claro!). Comer em um restaurante porque lá é alto-astral, bem frequentado, com decoração linda, em bairro chique, é ‘Status’. Comer em um restaurante onde o foco é na altíssima qualidade de seus ingredientes e no conhecimento e carinho no preparo, onde tanto os pratos quanto o ambiente não são pretensiosos, mas sim bons, isso é ‘Qualidade’. A Qualidade da Comida vem em primeiro lugar. Assim como a Qualidade Sonora vem em primeiro lugar. Existem casos em que os dois tipos de restaurante acima são um só? Onde os dois tipos confluem? Claro! Mas não é tão comum assim, e o marketing e a marca não vão ditar Qualidade.
Qualidade irá ditar Qualidade.
Mas, no fim das contas, preciso gastar para ter Qualidade de Som em casa? A resposta simples é: vai precisar gastar mais do que custam os microsystems e soundbars e caixas Bluetooth, com certeza. Mas eu já vi muito sistema barato sendo muito mais musical do agradável e prazeroso de ouvir do que uma infinidade de coisas caras, pretensiosas, e que só provém status e não qualidade.
Vai ter coisa ‘cara’ que superará tudo que existe de mais barato? Sim, facilmente! Mas existe uma grande diferença entre ter algo Superlativo, e ter algo que supra suas necessidades com louvor. Um bom carro espaçoso, com boa potência e que roda macio, vai te levar no mesmo destino do Rolls Royce. Existe, sim, o ‘Bom o Suficiente’, em muita coisa. Existe o ‘Plenamente Satisfatório’ – porque nem todos nós podemos almoçar e jantar todos os dias nos melhores lugares, e porque um arroz & feijão com ovo frito bem feito é sensacional! Não podemos pensar em camarão e trufas em todas as refeições.
A resposta comprida para essa questão, envolverá a qualidade e tamanho de seu ambiente, o tipo de música que você ouve, e uma grande quantidade de aspectos – os quais eu nem tenho certeza de que conseguiria abordar em um só texto…
Bom música e bom abril a todos!