Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Não meu amigo, isso não é uma senha de 8 dígitos que lhe dará acesso a uma conta na Suíça para comprar o sistema Hi End Estado da Arte dos seus sonhos! São os minutos existentes em 27 anos! São tantos minutos que, visto assim friamente, parecem ainda maiores e mais dilatados no tempo e espaço do que na verdade são. Minutos que não cabem em uma única memória humana, precisariam ser codificados e armazenados em uma memória artificial. E, no entanto, existem registros mensais desses minutos, traduzidos em escritas, gráficos, impressões, críticas, dicas, informações, avanços tecnológicos, tendências de mercado, final e começo e recomeço de novos ciclos, humor e muita música. Ainda que descrito dessa maneira, possa soar frio, distante e muito pouco atraente para quem nunca ouviu um sistema hi-end. Porém, para quem desde muito cedo se encantou ao ouvir uma música reproduzida com calor, realismo e vivacidade em um equipamento de áudio estéreo, passará longos anos de sua vida buscando informações, trocando experiências e lendo tudo que for referente a esse assunto. Quantos somos atualmente no planeta? Estamos realmente em extinção? Esse hobby acabará com os remanescentes da década de 40, 50 e 60? Dediquei meus últimos 30 anos escrevendo primeiro na revista Audio News e, na sequência, criando o Clube do Áudio e, posteriormente, Áudio & Vídeo Magazine. Imagine o leitor que está nos conhecendo agora, que em nossa primeira edição em 1996, a principal matéria de capa era um teste com as melhores fitas K7 existentes no mercado. Naquele momento o CD estava em alta, e o analógico em baixa. E, na contramão do mercado, nossa segunda edição apresentava um sistema composto por um toca-discos, um integrado valvulado e um par de caixas bookshelf. Não só testamos todos os Players que liam CD e DVD-Audio, e CD e SACD, como falamos publicamente que o SACD seria a opção escolhida pelo mercado hi-end! E gravamos e lançamos os primeiros SACD de toda a América Latina. Quando me perguntam se eu acredito que o hi-end existirá daqui uma década, sempre respondo que com a diversificação existente no mercado de áudio hoje, certamente que sim.
Continuará existindo o ultra hi-end, caríssimo e inacessível a 99% dos audiófilos – no entanto, o consumidor que apenas deseja ter um sistema de alto nível com o qual ele possa arcar, será a esmagadora maioria. E com um enorme diferencial que nunca antes na história do hi-end ocorreu: equipamentos Estado da Arte a preços acessíveis!
Duvidam?
Leiam nesta Edição Comemorativa dos nossos 27 anos, e observem os preços e as notas desses produtos dentro de nossa Metodologia. Jamais tivemos um momento tão auspicioso em que caixas, eletrônica, cabos, alcançaram tão alto grau de performance com muitos custando menos de 10 mil reais! Isso é um fato inédito, meu amigo, e será cada vez mais consistente essa tendência!
E, quanto à dúvida em relação a se criar novas gerações de audiófilos, também não temo. Pois hoje o jovem tem acesso a uma biblioteca musical impressionante ao alcance de seu celular. Com um bom fone, seu prazer de ouvir será cada vez mais ampliado (e sabemos como começa o interesse por refinar a escuta).
Nessa edição especial, também ganhei um belo presente, daqueles que qualquer pai se enche de orgulho e alegria. Pela primeira vez tive a participação nesta edição dos meus dois filhos juntos. O João, mais uma vez, gravando os vídeos da seção Opinião, e a minha filha Ligia, emprestando o seu talento para criar o cartoon da seção Futurologia.
Espero que você aprecie essa edição, meu amigo, e comemore conosco mais um ano de vida.