Fernando Andrette
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Eu reli três vezes o artigo, para ter a certeza que não se tratava de uma ideia teórica ainda a ser comprovada na prática. Não, a ideia foi completamente realizada por Stanislav Sergeev e cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e se mostrou integralmente eficiente e pronta para ser aplicada. O conceito, de tão óbvio, até nos faz perguntar o motivo de ter demorado tanto para ser avaliado. O conceito é inverter a função do falante de transdutor (um dispositivo que converte energia em som) em um absorvedor de som. Bastando, para tal efeito, inverter o funcionamento do transdutor para um absorvedor acústico. A questão então era descobrir qual o material que seria mais eficaz para esse feito. Stanislav Sergeev e sua equipe, após estudar todos os materiais utilizados na fabricação de cones, chegou à conclusão que o transdutor de plasma seria o ideal. Eles chamam o dispositivo criado de “metacamada plasmacústica”, onde o ‘meta’ refere-se à meta-superfície que compõe o dispositivo. E ao analisar o plasma, verificaram que este não teria o problema de cones tradicionais, que limitam a frequência em que atuam. E a pergunta que rondou a mente de Sergeev o tempo todo foi: “O que pode ser tão leve como o ar? O próprio ar!”. Para conseguir o resultado pretendido, eles primeiro ionizaram a fina camada de ar entre os eletrodos – e sendo carregadas eletricamente, elas podem responder a comandos de campo elétrico externos e interagir efetivamente com vibrações sonoras no ar ao redor do dispositivo para cancelá-los. O resultado é um absorvedor ativo de alta eficiência, uma vez que a membrana de plasma opera em uma velocidade muito superior à de uma membrana de falante comum – atuando em ampla faixa de frequências, e nada é refletido de volta ao ambiente. O dispositivo pode ser ajustado em toda a faixa de espectro audível (de 20 Hz a 20 kHz), usando camadas de plasma transparente com apenas espessuras de milésimos de diâmetro. Em 20 Hz, onde o comprimento de onda é de 17 metros, o dispositivo de Plasma precisa de apenas 17 mm de espessura para absorver essa frequência, enquanto armadilhas eficientes de grave, para atuar nessa frequência, necessitam de 4 metros de espessura atualmente.
A descoberta é tão revolucionária, que poderá ser aplicada tanto em tratamento acústico, como também em isolamento acústico, livrando as construções do uso de materiais porosos, estruturas pesadas ressonantes, substituindo todo esse material por um produto leve, simples de instalar, usar e comprovadamente eficiente. A empresa suíça Sonexos já está pronta para licenciar a tecnologia, e revolucionar o mercado de tratamento acústico para sempre!