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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Música de graça mensalmente na Internet ao alcance dos nossos dedos!

No YouTube encontra-se muito conteúdo interessante para o melômano, vídeos de música ao vivo com qualidade pelo menos decente de imagem e som. Só ao vivo que você percebe o verdadeiro entrosamento entre os músicos, sua linguagem corporal e suas verdadeiras capacidades!

COMO E ONDE OUVIR

Através de um computador, smartphone ou smartTV, com bons fones de ouvido, ou conectados a um DAC no sistema de som, home-theater ou soundbar.

PARA QUEM SÃO AS SUGESTÕES DESTE MÊS?

A seleção deste mês traz um dois jazz com fortes influências de world music, muitas vezes chamados de Ethno-Jazz – cada um à sua maneira bem própria. O primeiro com origens tunisianas árabes, e a segunda com origens algerianas árabes, e ambos trazendo isso para o cenário e o jazz europeus. O terceiro vídeo é de um vocalista e letrista australiano de rock gótico, alternativo e pós-punk. Todos os três são interessantes, são boa música – mesmo o gótico! rs… Não há necessidade de fugir correndo morro abaixo, com as mãos levantadas e gritando…rs… Todos os três trabalhos são bons de ouvir e apreciar, expandindo (ou confirmando!) grandes horizontes musicais, sem demandas exageradas ou estranhas de nenhum ouvido.

DHAFER YOUSSEF – COSMO JAZZ 2023 – ARTE CONCERT (2023, 88 MIN)

Para começar, o show deste vídeo é no ‘auditório’ mais incrível e bonito que alguém possa conceber: o platô Planpraz, em Chamonix-Mont-Blanc, na França, com os alpes ao fundo, aos lados, e atrás! De tirar o fôlego. É tão bonito o lugar, tão mágico que, se a Yoko Ono fosse cantar lá, emudeceria… rs…

Dhafer Youssef está no cenário musical – e audiófilo (devido às suas excelentes gravações) – há muitos anos. Lembro de ter ouvido algumas de suas faixas serem tocadas em Hi-End Shows, mais de 15 anos atrás.

É um trabalho intrigante, principalmente por sua voz e técnica quase únicas – com um poderoso e elaboradíssimo falsete especial, que sobe bem alto, trazendo para o jazz e o instrumental europeu suas origens e sonoridade árabe. Aí, além, você é levado ao som do Oud (a versão do alaúde no oriente), misturado com o saxofone de Raffaele Casarano, a bateria e percussão de Adriano dos Santos, e a guitarra elétrica de Eivind Aarset, em um instrumental elaborado, por vezes emotivo, por vezes alegre e instigante.

Dhafer bin Youssef bin Tahar Maarref, nasceu em 1967 em Teboulba, na Tunísia, neto de um ‘muezzin’ – aquele que proclamava as orações do dia nos minaretes. Youssef considera o rádio como a maior de todas as escolas que teve na vida, e o jazz como sua maior influência musical fora de seu país. Deixou a Tunísia para seguir carreira como músico de jazz, em 1990, indo morar em Viena e em Paris.

Desde 1999 até agora, Youssef realizou um discografia de 10 discos solo, além de 8 colaborações. Tocou com nomes conhecidos do jazz contemporâneo, como Paolo Fresu, Eivind Aarset, Jon Hassell, Uri Caine, Tigran Hamasyan, Markus Stockhausen, Nguyên Lê, e Omar Sosa – entre outros.

Todo seu trabalho merece ser conferido!

JAZZBALTICA 2023: NESRINE (2023, 65 min)

A bela franco-algeriana Nesrine toca cello e canta – em árabe, em inglês e em francês – trafegando por vários gêneros, às vezes dentro de uma mesma faixa, e por vezes soa como jazz, como rock e como música africana! O show é bom entretenimento, sua presença de palco é simpática e cheia de personalidade (segundo ela, seu cello acústico é seu ‘marido’, e seu cello elétrico é seu ‘amante’). Eu a tenho na minha lista de musicistas para ver ao vivo.

As informações biográficas de Nesrine Belmokh são esparsas: ela é formada em cello clássico, e já tocou na West-Eastern Divan Orchestra – uma orquestra composta de músicos judeus, palestinos e árabes arregimentada pelo maestro Daniel Barenboim e pelo cientista social Edward Said – e também na Orquestra da Ópera de Valência, sob a batuta de Lorin Maazel, assim como em shows do Cirque du Soleil. E ela teve um grupo chamado NES, com o cellista Matthieu Saglio e o percussionista David Gadea – em disco lançado pelo selo ACT Music.

A formação no vídeo é Nesrine no cello e vocais, Vincent Huma na guitarra, Swaéli Mbappé no baixo, e David Gadea na percussão – apresentando aqui faixas principalmente de seu disco solo, intitulado Nesrine (ACT Music, 2020).

NICK CAVE & THE BAD SEEDS – DISTANT SKY – LIVE IN COPENHAGEN 2017 (2017, 144 min)

A figura de Nick Cave, sua voz barítono cavernosa (trocadilho?), e todo o visual ‘próprio’ e estilo do movimento dark, gótico, pós-punk e alternativo, manteve muita gente longe desse movimento, e longe do trabalho interessantíssimo de Cave.

Puro preconceito – meu, inclusive, durante anos. Acho que a melhor maneira de definir, seria uma versão rock alternativo atmosférica, com rock de garagem, de Leonard Cohen – que, incrivelmente, é dos ídolos de Cave!

Sua música traz uma carga emocional forte, sem ser – em sua maioria – barulhenta. A interpretação de Cave é de um lirismo surpreendente, e sua banda, The Bad Seeds, é tremendamente surpreendente em sua capacidade instrumental e musical.

Nicholas Edward Cave nasceu em 1957, na Austrália, filho de um professor e uma bibliotecária – o que o levou à sua paixão pela leitura (e profunda influência em suas letras). Formou a The Bad Seeds em 1983 (que teve várias formações), depois mudou-se para Londres e para Berlim. E depois Londres de novo. Inclusive, como curiosidade, Cave foi casado com uma brasileira, e morou em São Paulo durante anos, na década de 90!

Em 2006, para fugir um pouco do peso de seu nome e do The Bad Seeds, ele formou a Grinderman, com membros (australianos, britânicos, americanos e até um suíço) que estão até hoje na atual formação do The Bad Seeds – e que integram o show mostrado neste vídeo. São eles: o violinista e multi-instrumentista Warren Ellis, o baixista Martyn Casey, o guitarrista George Vjestica, o tecladista Larry Mullins, e os bateristas Thomas Wydler e Jim Sclavunos.
Vale conferir. Nem que seja para falar mal de mim depois! rs…

Um 2024 cheio de alegria no coração de todos!

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