Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Ao testar o Vivaldi Apex, disse que da nova geração de produtos deste renomado fabricante Inglês, só estaria faltando testar o sistema LINA, composto de um DAC com Streamer, um Clock e um amplificador de fones de ouvido.
Pois bem, agora só irá faltar testar o amplificador de fone de ouvido, que será publicado na edição de março de 2024 na Audiofone.
Quando todos (inclusive eu), achavam que a dCS se contentaria em oferecer ao mercado o Bartók como seu DAC e Streamer mais em conta, sem abrir mão de uma performance superlativa, eles mais uma vez mostraram estar atentos às novas tendências de mercado e disponibilizaram o LINA, um trio de componentes que pode ser adquirido separadamente, e atendem desde o audiófilo que tem fones caros e busca um amplificador de alto nível para ouvir sua coleção de fones de ouvido hi-end, até o consumidor audiófilo que sempre desejou ter um DAC dCS, mas o Bartók ainda está acima de suas condições financeiras. Além disso, a dCS ainda disponibilizou um Master Clock para tornar a performance do LINA, tanto no conversor como no streamer, ainda mais refinada!
Na nova versão 2.0, a dCS adicionou mais seis filtros para PCM (eram apenas dois), e para os que possuem arquivo MQA, agora também é possível decodificar esse formato, além do DSD ganhar mais um filtro – agora totalizando cinco opções. Agora, em termos de opções de filtros, o LINA 2.0 se equipara ao Rossini e Bartók.
Mas, na minha opinião, a grande vantagem da nova versão 2.0 é o fato do LINA agora também converter arquivos PCM para DSD128.
As outras novidades são: Controles de Equilíbrio – uma função adicional de controle que permite ao ouvinte ajustar o balanço do canal direito e esquerdo, tanto para fones quanto para as caixas acústicas. Uma reclamação recorrente na versão 1.1, era o tamanho dos textos na tela do LINA, e com a atualização da interface agora é possível aumentar o tamanho do texto no display LED, facilitando a visualização dos títulos e das faixas.
O app dCS Mosaic Control também foi atualizado para fornecer suporte para a versão LINA Network DAC 2.0, juntamente com novos recursos UPnP e rádio na Internet. Com o novo controle é possível acessar músicas de várias fontes e controlar a reprodução, tanto para Android como para IOS, facilitando o gerenciamento e o ajuste de configurações do sistema LINA.
Já com o Bartók Apex, pude sentir o quanto a plataforma Mosaic Control é eficiente e simplista. Eu tive sempre todos os comandos direto no meu celular, e com uma navegação objetiva e sem travamentos ou problemas para reiniciar comandos.
Outro serviço que achei muito interessante, é que o Mosaic identifica as rádios da Internet com melhor qualidade, indicando quais são essas emissoras.
A primeira pergunta racional que todo leitor que está lendo esse teste deve estar se fazendo, é: a diferença de preço entre o DAC /Streamer LINA é compensadora em relação a fazer um esforço extra e ir direto ao Bartók Apex?
Essa foi a pergunta que me fiz durante as cinco semanas que fiquei avaliando o LINA 2.0 – com o Clock externo e sem o Clock.
E, para mim, a resposta que me aquietou a mente foi: dificilmente alguém que nunca tenha tido a oportunidade de conviver em seu sistema com um DAC deste nível de performance, vá querer mais que o LINA.
E acredito que foi essa ideia que permeou o desenvolvimento desse novo produto na dCS.
Seu design, suas ‘aptidões’ e seu apelo visual e performático, estão voltados para um outro nicho de mercado. Tanto isso é verdade, que se você se der ao trabalho de ler os diversos reviews publicados no exterior, por revisores que declaram não ter posses para um dCS, mas que ainda assim se sentiram curiosos em avaliar o LINA, podemos ter a compreensão exata de onde a dCS quis mirar!
E as conclusões são as mais interessantes possíveis: desde revisores fazendo contas para não ter que devolver o produto, aos que passam a concordar que suas convicções sobre limites de valores a serem usados na compra de um DAC terão que ser revistas, e os que disseram ser o amplificador de fones com o DAC componentes essenciais para se extrair o melhor de fones de ouvido hi-end do mercado!
Eu já vivi tempo suficiente para não me surpreender com o ‘choque’ de conceitos que muitos encaram, ao ter um contato com produtos de alto nível.
E se o Bartók já fez um baita estrago quando foi lançado, imagina o LINA, que possui o mesmo DNA sonoro e custa 7 mil dólares a menos que o Bartók Apex, lá fora!
Me perguntou o Martin Ferrari, o que eu estava achando do LINA? E lhe respondi que ele criou um problema: equacionar corretamente a fronteira entre o Bartók Apex e o LINA 2.0 com Clock, quando o interesse maior de um cliente em potencial na aquisição de um DAC Estado da Arte, for o Streamer. Pois o LINA com o Clock externo, que praticamente custa o mesmo preço do Bartók Apex, na reprodução de streaming me deixou coçando a barba!
Reproduzindo streaming sem o Clock externo, o Bartók Apex é melhor – e é um DAC superior. Mas quando se liga o LINA ao seu Clock, as cartas se embaralham, principalmente na reprodução de streaming!
Tanto que, se eu pudesse, ficaria com essa opção junto com o clock, ainda que custando o mesmo que o Bartók Apex. Pois, para reprodução de streamer, foi novamente o melhor resultado de tudo que testamos até o momento.
Para mim, poder eliminar um cabo USB da jogada, é elementar para se elevar o nível do streamer, pois os melhores cabos USB para os streamers top de linha, são um investimento caro (sempre acima de 2000 dólares!). E tanto o Bartók Apex como o LINA, provaram ser esse o caminho mais sensato, para quem busca melhorar a reprodução de alto nível sem mídia física.
No LINA, quando ligado ao seu Clock externo, as melhoras são muito significativas: maior profundidade de palco, recorte, ambiência e foco cirúrgico, tudo muito mais preciso. Melhor silêncio de fundo, corpo harmônico mais próximo do analógico e, com isso, uma materialização física do acontecimento musical que falta na maioria dos streamers, independente do preço! Fazendo com que a reprodução fique mais agradável e natural!
Tire o Clock, e o LINA passa a estar no mesmo nível dos melhores streamers que já testamos, na casa dos 100 pontos. O que já é incrível, pois os que atingiram essa pontuação, custam de 6 a 7 mil dólares a mais que o LINA!
Então, acho que consegui responder aos que desejam saber se o investimento só no LINA ainda é uma boa escolha?
É uma ótima escolha!
E quando sabemos que podemos melhorar o que já é ótimo, realizando upgrades periféricos sem ter que trocar o produto, aí, meu amigo, é juntar a fome com o banquete servido à mesa!
Não tem como dar errado!
E como DAC, Andrette?
Ele obviamente não tem a performance da nova linha dCS Apex. Mas está no mesmo patamar que o Bartók 2.0, que também testamos. Arriscaria dizer que de tão semelhantes sonoramente, o LINA deve ter herdado as partes essenciais do antigo Bartók. O que o coloca em uma posição ainda mais privilegiada, pois também custa menos do que custava o Bartók 2.0.
Ele tem a folga e o refinamento da geração Apex?
Evidente que não. Mas também não ‘herdou’ dos seus descendentes mais antigos, a ‘faca entre os dentes’.
Ele, como DAC, ligado ao nosso transporte da Nagra com cabo AES/EBU, não ‘expurgou’ parte de nossos discos, ainda que em gravações mais críticas tecnicamente tenha sido essencial domar o volume. Ele realmente aqui lembrou muito o DAC Bartók 2.0. Tanto que dei ao LINA apenas um ponto a menos que o DAC Bartók 2.0!
E como streamer, sem o clock externo, dei a mesma nota do Bartók 2.0!
Coloque o clock externo no LINA, e como os eletrônicos que se beneficiam de fontes externas, o bicho simplesmente se transforma. Esse é o grande ‘pulo do gato’ da mais recente aposta da dCS para ampliar sua penetração no mercado mais abaixo do que sempre atuou. Possibilitar que o consumidor vá refinando a performance, sem se desfazer do LINA.
Vejo nessa estratégia um problema concreto para inúmeros concorrentes, que lutam em se manter no pelotão de frente, pois o jogo e as estratégias estão se tornando cada vez mais sofisticadas.
Imagino que inúmeros leitores que possuem já um Bartók Apex ou o Rossini Apex, ao ler esse teste, já estejam fazendo confabulações mentais para saber o que o Clock LINA pode realizar em termos de upgrades em sua fonte digital.
Se eu tivesse um desses dois DACs, também estaria aqui imaginando como ouvir essa peça!
Foram cinco semanas de enorme aprendizado, pois consegui entender plenamente os objetivos por trás de um projeto que parece ser o oposto de todo o caminho já trilhado por esse fabricante, ao abrir mão de gabinetes meticulosamente planejados, requinte nos mais ínfimos detalhes, para fazer um produto aparentemente ‘despojado’ que, no entanto, não foge em nada ao essencial da marca: performance!
O LINA está perfeitamente integrado às novas tendências de mercado, e com apelo suficiente para seduzir ao jovem que deseja um sistema de alto nível, mas não quer dispor de enormes espaços para compor esse ambiente.
Diria até que ter mirado no consumidor que investe em fones sofisticados, para apresentar seu DAC com Streamer, foi uma jogada arriscada, mas que parece ter sido certeira. Pois inúmeros sites de fones e fóruns também testaram o LINA, e o aprovaram.
CONCLUSÃO
Se você acha que o dCS Bartók Apex é um sonho inatingível, mas sempre desejou ter um DAC desse fabricante, talvez o LINA caiba em seu orçamento.
Trata-se de um investimento que certamente será o definitivo em termos de fonte digital. E com um excelente DAC e um impressionante streamer. E com a possibilidade de ambos poderem ser refinados com a inclusão do Clock externo.
O que posso dizer a você leitor que, daí para cima, os valores ficam cada vez mais proibitivos.
E todos podem perfeitamente ser felizes com o LINA avulso, ou com o seu par de valsa!
PONTOS POSITIVOS
Equipamentos exemplares que, tanto individualmente como em conjunto, brilham!
PONTOS NEGATIVOS
Preço.
ESPECIFICAÇÕES – LINA NETWORK DAC
Saídas | • 1 par estéreo XLR (impedância de saída de 3Ω , carga máxima de 600Ω) • 1 par não-balanceado RCA (impedância de saída de 52Ω, carga máxima de 600Ω) • Níveis de saída (selecionáveis) de 0.2V, 0.6V, 2V, ou 6V rms |
Crosstalk | Melhor que –115dB0 |
Compatibilidade de streaming | UPnP, Qobuz, Deezer, Tidal, Internet Radio, Spotify, Apple AirPlay 2 (44.1 ou 48kHz), RoonReady |
Upsampling | Oversampling multi-estágio para DXD, com upsamplings selecionáveis para DSD (1-bit, 2.822 ou 3.07MHz) e DSDx2 (1-bit, 5.644 ou 6.14MHz) |
Entradas digitais | • 2x AES/EBU (44.1 a 384kHz) • 1x S/PDIF BNC Coax (44.1 a 192kHz) • 1x S/PDIF RCA (44.1 a 192kHz) • 1x Toslink (44.1 a 96kHz) • 1x USB Type B (44.1 a 384kHz, PCM, DSD, DSDx2 assíncrono) • 1x USB Type A (conector para pendrives e drives externos, via Mosaic Control) |
Resposta de frequência (com o filtro 1) | • 10Hz a 20kHz (em Fs 44.1 ou 48kHz +/-0.1dB) • 10Hz a 20kHz -3dB @ >38kHz (em Fs 88.2 or 96kHz, +/-0.1dB) • 10Hz a 20kHz -3dB @ >67kHz (em Fs 176.4 ou 192kHz, +/-0.1dB) • 10Hz a 20kHz -3dB @ >100kHz (em Fs 352.8 ou 384kHz, +/-0.1dB • 10Hz a 20kHz -3dB @ >90kHz (em DSD64 +/-0.1dB) • 10Hz a 20kHz -3dB @ >100kHz (em DSD128 +/-0.1dB) |
Ruído residual (saída em 6v) | • 16-bit: melhor que –96dB0 (20Hz a 20kHz) • 24-bit: melhor que –113dB0 (20Hz a 20kHz) |
Formatos e frequências de amostragem | • 44.1-384kS/s em 24 bits • DSD64, DSD128 • DSD Nativos + DoP (dependente da entrada) • FLAC, WAV, AIFF, MQA |
Alimentação | 90 a 127V / 220 a 240V (50/60Hz) com consumo de 30W |
Dimensões (L x A x P) | 220 x 121,5 x 339 mm |
Peso | 7,4 kg |
ESPECIFICAÇÕES – MASTER CLOCK
Tempo de inicialização | 10 minutos até atingir ponto de precisão (tipicamente) |
Precisão do Clock | Superior a +/-1 ppm (na temperatura ambiente de +5°C a +45°C) |
Saídas de Clock | • 2x BNC de 75Ω (compatível com TTL) • Saída 1: fixa em 44.1kHz • Saída 2: fixa em 48kHz |
Dimensões (L x A x P) | 220 x 121,5 x 339 mm |
Peso | 7 kg |
DCS LINA COMO STREAMER (SEM O MASTER CLOCK EXTERNO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 101,0 |
DCS LINA NETWORK DAC (SEM O MASTER CLOCK EXTERNO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 102,0 |
DCS LINA COMO STREAMER (COM MASTER CLOCK EXTERNO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 13,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 14,0 | |||
Dinâmica | 13,0 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 104,0 |
DCS LINA NETWORK DAC (COM MASTER CLOCK EXTERNO) | ||||
---|---|---|---|---|
Equilíbrio Tonal | 13,0 | |||
Soundstage | 14,0 | |||
Textura | 13,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 13,0 | |||
Organicidade | 13,0 | |||
Musicalidade | 14,0 | |||
Total | 105,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Ferrari Technologies
info@ferraritechnologies.com.br
(11) 98369-3001 / 99471-1477
Lina Network DAC: US$ 22.500
Lina Master Clock: US$ 12.800