Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Como prometido, eis o teste separado do Amplificador de Fones de Ouvidos dCS LINA, para os leitores da Audiofone.
Muitos de vocês, ao lerem na edição Melhores do Ano, sobre o Streamer/DAC e Clock LINA da dCS, me perguntaram se o Amplificador de Fones não seria uma extensão do amplificador de fones oferecido no dCS Bartok Apex?
Eu também a princípio imaginei que sim. Mas me enganei redondamente!
O amplificador analógico LINA é exclusivamente dedicado a fones de ouvido, ao contrário do Bartok que também é um pré-amplificador e DAC.
E enquanto o Bartok utiliza uma topologia classe A, o LINA é um Classe AB que, segundo o fabricante, permite um melhor equilíbrio entre saídas de corrente menores na Classe A e saídas de corrente mais altas na Classe B.
Para reduzir as distorções do ponto de cruzamento entre uma Classe e outra, a chamada ‘zona morta’, a dCS desenvolveu um sistema servo DC com uma técnica exclusiva de correção de erros que, segundo o fabricante, permite que o amplificador LINA mantenha um caminho de sinal limpo ao mesmo tempo que corrige as tensões de entrada na fonte, permitindo os benefícios de um sistema Classe A, ao mesmo tempo que não superaquece o amplificador.
Outra significativa diferença em relação ao Bartok Apex, é na abordagem dos requisitos de potência, no equilíbrio entre os limites de tensão e corrente disponíveis, para permitir um desempenho correto com qualquer tipo de fone!
Para esse feito, o limite de corrente do amplificador LINA tem que ser substancialmente mais alto que o usado no Bartok. Assim, fones de ouvido de impedância mais baixa obterão mais potência, bem como fones com cargas nominais mais altas.
Segundo o fabricante, o amplificador LINA tem um valor principal de 2W em 30 ohms, balanceado, e um sistema de controle de ganho duplo com oscilação de 10.5 dB (especificação do fabricante). O equilíbrio entre corrente e tensão do amplificador LINA é de 60 ohms, fazendo que na verdade o amplificador possa atingir pico de quase 4,5 Watts balanceado em cerca de 60 ohms – que é considerada a impedância ideal.
Por outro lado, o LINA possui uma impedância de saída mínima menor que 0,090 ohms, tornando-o muito mais ‘resistente’ a distorção por impedância.
Para você que é leigo nas questões técnicas, vou tentar traduzir o que todos esses cuidados e escolhas feitas pelos engenheiros da dCS resultam, na prática: compatibilidade com qualquer tipo de fone! E isso é simplesmente um trunfo do qual pouquíssimos amplificadores de fone de ouvido podem se gabar.
Segundo: uma distorção tão baixa que o silêncio de fundo desse amplificador permite extrair detalhes ínfimos de micro-dinâmica, que você jamais imaginou existirem nas suas gravações preferidas.
Mais adiante falarei sobre esse efeito de resgatar o âmago da gravação, sem torná-lo analítico ou frio. O amplificador LINA pesa 7,5 kg, o que é leve para um amplificador hi-end, e segue obviamente o design das outras duas peças LINA, mas com a novidade agora de também ter a opção prata.
O painel frontal é bastante minimalista, com o botão de liga/desliga escondido no centro embaixo, e um segundo para selecionar a fonte de entrada, 4 saídas de fones do lado esquerdo com a primeira com pino de 6,35mm, uma de 4 pinos e duas seguidas de 3 pinos – balanceadas XLR – e do lado direito seu grande botão de volume.
No painel traseiro temos entradas analógicas RCA para receber sinal de um DAC ou um CD-Player, ou um pré de phono. E duas opções de entradas XLR, uma normal de baixa impedância de entrada (16 ohms), e a outra com buffer, alta impedância de entrada (96 KOhms). Se você for ligar o DAC da LINA, utilize a entrada XLR sem buffer, já com outros DACs com saída de tensão mais baixa, que requerem uma impedância mais alta – um buffer – utilize a entrada XLR “Buffered”.
Para saber que entrada está sendo usada, veja a mudança de cores no botão de seleção no meio, embaixo do painel frontal: Azul indica que a entrada XLX com buffer está sendo utilizada, e Magenta significa que a entrada RCA sem buffer está sendo usada.
O amplificador LINA não possui controle remoto, então você terá que se acomodar mais próximo dele se desejar ter o controle de volume ao alcance do seu braço. Isso para mim nunca foi nenhum problema, mas para os que possuem metros de cabos, distanciando-se do amplificador, será preciso levantar cada vez que desejar ajustar o volume.
Para o teste, usamos obviamente o trio LINA, mas também liguei o amplificador com nosso DAC de referência Nagra TUBE DAC, e também com o CD-Player Arcam CDS50. Os cabos analógicos foram o XLR Dynamique Apex, e Sunrise Lab Quintessence Aniversário. Cabos de força para as três peças LINA: Reference XL Opus G6 da Transparent, Dynamique Apex ou Sunrise Lab Quintessence Aniversário. Para as 50 horas de amaciamento do Amplificador LINA, utilizei apenas streamer, depois também usamos inúmeros CDs da Metodologia.
Os fones usados foram: Sennheiser HD 800, Meze Lyric e 109 Pro, e Grado SR325e. Esses quatro fones são minhas atuais referências, e os conheço (ou pensava que os conhecia), tão detalhadamente que achei que seriam as ‘ferramentas’ ideias para mergulhar a fundo na avaliação do LINA.
Vou começar afirmando que, quando avaliei cada um desses fones, se tivesse como referência o LINA, todos ganhariam de 1 a 3 pontos a mais!
Neste momento não conheço uma ferramenta mais indispensável para uma avaliação criteriosa de fones que esse amplificador LINA. Sua capacidade de nos apresentar com precisão as características e limitações de um fone de ouvido, o tornam ferramenta obrigatória para qualquer revisor que possua critério e referência para avaliar esse tipo de produto.
Ele tem o mesmo papel que uma sala acusticamente tratada, que uma elétrica limpa e que um sistema coerente e bem ajustado! Ou seja, avaliar fones no LINA, é ter a absoluta certeza que você está ouvindo com segurança as qualidades e defeitos de qualquer fone.
Para ser essa ferramenta obrigatória, o Amplificador LINA é integralmente neutro, porém com uma autoridade sublime para dissecar as nuances musicais de qualquer gravação, nos assegurando extrair todo o potencial de todos os fones.
Sua sonoridade em gravações bem feitas nos dão, na medida, os volumes corretos de cada gravação, permitindo que os fones possam mostrar sua capacidade de administrar grandes variações dinâmicas, e extensão nas duas pontas – algo que sempre vejo causar enorme desinformação entre revisores, que para o mesmo fone uns acham que tem grave em excesso outros que falta, e na outra ponta os que sentem que os agudos são tímidos, e os que acham que tem agudo demais). Sem falar na panaceia dos revisores que acham que é preciso ‘equalizar’ os fones para se extrair o melhor de cada um deles!
Não, meu amigo, se o revisor tiver um amplificador LINA e gravações decentes tecnicamente e artisticamente, jamais, jamais mesmo, haverá a necessidade de equalizar um fone correto para se ouvir suas virtudes!
Esses revisores que teimam em dar suas dicas de equalização, precisam urgentemente investir em um amplificador LINA e fazer um ‘mea culpa’ durante uma década.
Sei que o amigo leitor deve estar bravo comigo, pois direcionei a primeira parte do teste para falar da importância desse amplificador como ferramenta de trabalho.
Então, agora, vou me dirigir a você que possui um excelente fone hi-end, investiu uma boa grana em um ótimo amplificador de fone, e ainda assim tem dúvidas se o investimento foi na direção desejada.
Já testei dezenas de amplificadores de fone para a revista, e investi muito tempo e dinheiro no meu amplificador de referência, para poder escrever todo mês minhas impressões na revista.
Nada do que ouvi, tive ou testei se compara ao LINA!
Os que acompanham minhas ideias e experiências, sabem bem o quanto defendo aqui, que a escolha mais inteligente e definitiva que todo audiófilo deve almejar se chama: Neutralidade. Com ela, a busca se torna além de mais segura, muito mais prazerosa, pois os resultados aparecem imediatamente.
A Neutralidade nos permite parar de buscar a forma e ir direto ao conteúdo, paramos de polir a superfície, para ir direto ao âmago.
E, como mágica, tudo se encaixa!
É preciso pelo menos uma vez vivenciar essa possibilidade, para termos uma mudança de paradigmas e entender que se ficarmos toda essa jornada buscando apenas a perfeição em um ou dois quesitos, estaremos sempre perdendo o todo.
O amplificador LINA possibilitou extrair, dos quatro fones que são minhas referências diárias, informações e detalhes que nenhum outro amplificador conseguiu.
Por isso, a primeira constatação que pude perceber é que provavelmente, em todos os fones ‘corretos’ que testamos, a nota final poderia perfeitamente ser maior. Pois, como o LINA não impõe nenhuma assinatura ao fone, este pode finalmente mostrar todas as suas reais possibilidades.
Vamos aos exemplos: o Grado 325e, como todo Grado é sempre acusado de ter menos grave do que poderia comparado com outros fones similares. O LINA não melhorou o seu grave, não deu mais peso, ou extensão. No entanto, ouvindo-o no LINA, o 325e ganhou nas baixas frequências maior limpeza, as notas se tornaram mais claras, as intencionalidades do músico mais evidentes, e como essa limpeza e recuperação de micro-dinâmica do LINA é excepcional, a música se apresenta mais eloquente, nítida, intensa. O que consequentemente nos deixa mais focados e felizes, ao ouvir essa ‘explosão’ de detalhes e resolução, que pareciam submersos.
No caso do Meze 109 Pro, ouço de muitos revisores que ele tem um grave colorido (já ouvi até de um revisor que se trata de um grave sujo e com pouca definição), e que os agudos poderiam ser mais extensos. Nunca concordei com nenhuma dessas opiniões, pois se também achasse isso, não seria um dos meus fones de referência. Mas concordo que é um fone exigente com seus pares, pois não é um fone para se escutar em um celular ou uma fonte de 200 dólares.
No LINA, o Meze 109 Pro eu consegui ouvir em volumes ainda mais baixos do que estou acostumado a usá-lo, o que deixou suas texturas (que para mim é uma de suas maiores virtudes) ainda mais evidentes. Assim como seu excelente equilíbrio tonal em baixo volume ou no volume correto da gravação. Ouvi maravilhado quartetos de cordas, piano solo e vozes, com tanta informação nas passagens em pianíssimo, que achei que o volume não estava tão baixo assim, fazendo-me dar pausa várias vezes e rever o volume.
Sabe a razão dessa impressão, amigo leitor?
O amplificador tem um silêncio de fundo tão absurdo e uma folga na variação dinâmica, aliado à sua neutralidade, que com o acréscimo de detalhes que passamos a ouvir, até nos acostumarmos com essa nova perspectiva, achamos que na verdade o volume está mais alto do que costumamos ouvir.
Para tirar a dúvida, dei uma pausa no que estava ouvindo, levantei e fui beber uma água, ver as mensagens no celular e voltei. Quando fazemos isso, se o volume estiver mais alto que o normal, assim que apertamos o play, iremos baixar o volume, pois confirmaremos que estávamos empolgados.
Quando o volume está baixo, não temos essa vontade de mudar o volume. Mas como sou teimoso, o que fiz: fechei o volume totalmente, apertei play e fui abrindo até que todo o quarteto estivesse audível minimamente. Aí estabeleci o volume apenas para que, no pianíssimo, cada instrumento fosse ouvido, e continuei a audição no Meze 109 Pro.
Meu amigo esse Meze, para os que querem manter a audição segura, é o fone ideal, pois ele é mais refinado que o 99 Classics, então permite que tenhamos audições ainda mais prazerosas.
E finalmente chegamos ao Sennheiser HD 800, e ao Meze Lyric. Ambos soberbos em suas propostas.
O que o LINA fez por ambos foi dar o ‘palco’ para eles realizarem suas apresentações, cada um com as suas virtudes e classe. Ele é o amplificador ideal para esse patamar de fones Estado da Arte. Com um conjunto assim, o audiófilo e melômano poderá realizar audições inesquecíveis pelo resto de seus dias!
Produtos como esse amplificador de fone, será perda de tempo descrevê-lo apenas pelos itens de nossa Metodologia, pois seria injusto com um produto dessa magnitude tentar enquadrá-lo em quesitos.
Quando nos deparamos com produtos dessa magnitude, o melhor que podemos fazer é contar a todos o quanto ele nos impressionou, e como ele pode ser útil e obrigatório àqueles que buscam um grau de performance para fones de ouvido Estado da Arte!
Se aceitar um conselho, ouça-o no Workshop Hi-End Show, em abril. Ele estará lá a disposição de todos os amantes de fones de ouvido!
PONTOS POSITIVOS
O melhor amplificador de fone já testado por nós.
PONTOS NEGATIVOS
Preço.
ESPECIFICAÇÕES
Saídas para fones de ouvido | • 1x balanceada XLR de 3 pinos • 1x balanceada XLR de 4 pinos • 1x padrão 1⁄4” (6.35mm) |
Relação sinal/ruído | 110dB (20Hz – 20kHz) |
Entradas analógicas | • 1x estéreo RCA – impedância de entrada de 48kΩ • 1x estéreo balanceada XLR – impedância de entrada de 16kΩ • 1x estéreo balanceada XLR (Buffered) – impedância de entrada de 96kΩ |
Distorção harmônica total | <0.005% (1kHz 6Vrms, saída balanceada em 30Ω) |
Resposta de frequência | 1Hz – 100kHz (melhor que +0/-3dB) |
Dimensões (L x A x P) | 220 x 121,5 x 356 mm |
Peso | 7.5kg |
Ferrari Technologies
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US$ 15.600