Teste 2: CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO CONTOUR 30I

Teste 3: CÁPSULA MOFI MASTERTRACKER MM
abril 5, 2024
Teste 1: AMPLIFICADOR INTEGRADO AUDIO RESEARCH I/50
abril 5, 2024

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Tive tantas caixas Dynaudio em minha vida que de cabeça não conseguiria enumerá-las corretamente.

Foram duas décadas de convivência, que se iniciou quando ainda estava na revista Audio News em 1994, e testei para a revista uma Contour 1.8 – também de duas vias e meia, como a nova Contour 30i. E fiquei tão impressionado com algumas de suas qualidades que vendi minha B&W Matrix 802 para poder ficar com a Contour.

Quando iniciei a publicação da revista Clube do Áudio, já estava com uma Contour 2.8 de três vias, uma caixa muito exigente com seus pares, tanto que esse upgrade me forçou a melhorar minha eletrônica e toda a cabeação do sistema.

Em 1998 dei outro salto, para a Confidence 5, seguida em 2002 para a Confidence 4, até em 2008 ir para o estágio final, dentro dos modelos desse fabricante: a Evidence Temptation (o modelo Master sempre esteve muito além de minhas possibilidades).

Se não estiver enganado, desde a Audience 10, capa de nossa edição número 1 do Clube do Áudio, testei pessoalmente pelo menos uns 22 modelos, e a revista certamente publicou mais de 30 testes com produtos Dynaudio.

Então, foi uma bela surpresa quando recebi o convite de seu novo distribuidor no Brasil, a Chiave, para testar a nova Contour 30i.

Eu ouvi, e testamos a Contour 20 e a Contour 60. E pessoalmente fiquei com a impressão que ambas haviam se distanciado da assinatura sônica tão familiar a mim dos últimos 20 anos da Dynaudio.

Assim como também já havia notado essa mudança de rumo com a bookshelf comemorativa de 40 anos.

Pessoalmente, as mudanças não me agradaram, mas talvez o departamento de marketing da empresa tenha detectado que havia ‘lacunas’ que deveriam ser aperfeiçoadas.

Então, foi com um misto de curiosidade e receio que recebemos a Contour 30i, no seu palete de madeira, ultra protegida para viagens continentais, e tratamos de colocá-la imediatamente em amaciamento.

Pois havia solicitado à Chiave que, se a caixa me agradasse, teria total interesse em utilizá-la em nosso Workshop Hi-end Audio Show, no final de abril, em São Paulo.

Das minhas anotações do teste com as Contour 60, e fotos da própria Contour 30, externamente não houveram mudanças no gabinete. Aos mais atentos, a única diferença significativa externa está na base dos pés do gabinete, que agora em vez de quatro pernas separadas, são apenas duas em formato U alongado, que se fixam na base do gabinete, dando uma sensação de maior estabilidade, principalmente em salas com carpetes ou tapetes grossos.
Gostei dessa alteração.

No entanto, dentro da Contour 30i, tudo é novo. Começando pelo novo tweeter Esotar 2i, com a patenteada cúpula Hexis – à princípio utilizado apenas na série Confidence – que funciona como um difusor atrás da membrana de tecido. Seu desenho lembra uma concha esférica, que segue o contorno da cúpula e contém caminhos que parecem um labirinto, parecidos com as covinhas de uma bola de golfe. E, atrás da carcaça do tweeter, há uma câmara de amortecimento com o objetivo de melhorar a drenagem de ar na parte traseira, diminuindo a compressão e permitindo uma definição ainda mais limpa e precisa na resposta dos agudos.

Os dois woofers também tiveram mudanças significativas com uma nova aranha, um novo colar de tecido dobrado para manter a bobina centralizada. Essa nova aranha é feita de Nomex, um plástico ultra leve, porém muito resistente. Segundo o fabricante, essa nova aranha permite uma passagem mais livre do som e muito menor compressão.

O crossover também é novo, com o desenvolvimento de um filtro mais simples. Com isso, foi redesenhado e recalculado integralmente, para o uso de menos componentes e de melhor qualidade.

Por último, foi feito um estudo para melhorar o material de amortecimento, e todos os reforços internos do gabinete foram redesenhados.

Para o teste utilizamos os seguintes integrados: Primare i35, Sunrise Lab V8 Edição de Aniversário, Arcam SA30, powers Gold Note PA-10 e Nagra HD. As fontes foram: CS/SACD Player Arcam CDS50, transporte Primare DD35, transporte Nagra, e conversores Merason DAC 1 Mk2 e Nagra TUBE DAC. Cabos de caixa: Supra Snow e Dynamique Apex.

Fizemos a primeira audição para as observações iniciais, com os discos: Genuinamente Brasileiro volumes 1 e 2, SACDs André Geraissati – Canto das Águas, e André Mehmari – Lachrimae, e CD Timbres.

E colocamos a Contour 30i para 150 horas de amaciamento.

A boa notícia é que a Dynaudio já sai soando muito bem, além de correta e sem buracos ou vales em sua resposta, no período de amaciamento.

O que permite que o usuário possa tranquilamente acompanhar sua evolução sem stress ou dúvidas se fez a escolha certa.

Com 150 horas, a caixa ganha maior extensão nas duas pontas e um palco mais bem focado e recortado. As bordas se tornam muito mais inteligíveis. Então já pode estabelecer a partir das 150 horas o melhor posicionamento para elas na sala de audição.

Como toda Dynaudio, esqueça ângulos (toe-in) muito voltados para o ponto de audição, pois elas não são adeptas desse formato. Preferem ângulos de até 15 graus para o ponto ideal do ouvinte, em um triângulo equilátero o mais correto possível.

Então, a primeira dica é: avalie bem antes de determinar a distância entre as caixas, se a sala permite essa mesma distância até o ponto ideal do ouvinte.

Essa distância entre caixas e onde você se senta é que determinará a distância entre elas.

Toda Dynaudio necessita de respiro entre elas e as paredes. Não estou falando de um metro entre as caixas e as paredes, mas a distância entre a parede às costas das caixas é mais primordial que a distância das caixas em relação às paredes laterais.

Como nossa sala já foi projetada para todo tipo de caixa, aqui as Contour ficaram a 1,86 m da parede as costas e 1m das paredes laterais, permitindo 4m de distância entre elas e os mesmos 4 m em relação ao ponto de escuta ideal.

Em uma sala tão ampla, as Contour 30i se sentiram à vontade e puderam mostrar todo o seu pedigree e sua capacidade em materializar o acontecimento musical à nossa frente.

Sempre apreciei nas caixas desse fabricante, justamente a facilidade em que elas têm em recriar o ambiente musical da gravação e como o fazem sem esforço ou coloração.

Ouvi por duas décadas de leitores que não gostam da assinatura sônica desses sonofletores dinamarqueses, que para eles toda Dynaudio sempre soa seca e sem calor suficiente para seduzi-los. E por diversas vezes, nos nossos Cursos de Percepção Auditiva, ouvi desses mesmos críticos, que a maneira em que a apresentamos, elas não se comportaram dessa maneira.

Essa é uma longa história, que talvez nem interesse aos novos leitores, mas assim como um excelente instrumento musical, não irá soar todo o seu potencial nas mãos de um estudante, o mesmo ocorre com caixas acústicas. Elas precisam ser compreendidas e casadas com seus pares – não é apenas uma questão de escolha pelo valor de cada componente do sistema.

Eu sempre deixei, no final do Curso, depois de responder às dúvidas dos participantes, eles escolheram por maioria a música que mais os impressionou durante o Curso.

Por diversas vezes, o pedido foi a faixa 11 do CD Live In Paris da Diana Krall – em que ela faz ao piano e voz uma linda interpretação de A Case Of You de Joni Mitchell.

As eletrônicas utilizadas foram as mais diversas, e a caixa foi por muito tempo a Dynaudio Evidence Temptation. E até hoje tem leitores que participaram dos Cursos e que me relatam que aquela apresentação foi de um realismo emocionante!

Tudo sempre vai depender do casamento entre a eletrônica, sala, elétrica e a caixa.

Tentarei novamente repetir no Workshop Hi-end Audio Show, essa tese que o casamento correto fará caixas ‘corretas’ soarem todo o seu potencial (que eu esteja inspirado e consiga passar a todos que forem no Workshop, os cuidados que todos temos que ter).

A Contour 30i, se saiu muito bem com todos os amplificadores que utilizei no teste – algo surpreendente, pois as gerações anteriores tinham como ‘limitação’ seu baixo grau de compatibilidade com válvulas e amplificadores de baixa potência, e com baixo fator de amortecimento.

Acho que esse redesenho do crossover minimizou essa limitação consideravelmente.

Mas uma coisa é tocar bem com todos os amplificadores que eu tinha à mão, outra é extrair da caixa seu último sumo! E aí o buraco é sempre ‘mais embaixo’, amigo leitor.

Ela realmente ‘desabrochou’ com os integrados Primare i35 e o V8 aniversário. E quando tiramos o CD Player Arcam e passamos a utilizar os transportes Primare ou Nagra com o DAC Merason DAC 1 Mk2 – aí pudemos ter um panorama completo de suas virtudes.

Seu equilíbrio tonal é excelente, e arrisco dizer que o salto do novo tweeter Esotar 2i foi monumental. A extensão e decaimento desse novo tweeter está no mesmo patamar de qualquer tweeter ultra hi-end. Velocidade, corpo, ausência de brilho ou dureza, fazem desse Esotar 2i uma referência absoluta.

A região média é padrão Dynaudio, enorme transparência com um senso de organização do acontecimento musical, deixando o ouvinte à vontade para longas audições sem nenhum resquício de fadiga auditiva.

Uma característica que incomodava muitos dos que não gostavam da assinatura das caixas Dynaudio, era que em volumes altos , elas tendiam a ficar cansativas e até duras. Ainda que eu concorde em parte com essa observação, por ter tido por anos modelos Dynaudio, sempre tive claro para mim que quando esse resultado ocorria, o casamento com a eletrônica não havia sido a melhor escolha, bastando para corrigir essa limitação, buscar uma eletrônica mais compatível com audições em volumes mais altos.

Essa questão a Dynaudio resolveu, pois ficou claro que seu silêncio de fundo se deve a menor distorção dos novos falantes e do novo crossover. Pois no Nagra HD, ouvi muitas vezes a 80 dB com picos de 98 dB e não escutei nenhum resquício de dureza ou frontalização.

Repetindo essas mesmas faixas também no V8 Aniversário, sem nenhuma limitação.

E os graves dessa caixa, para uma coluna de duas vias e meia, são simplesmente impressionantes. Têm peso, energia, total inteligibilidade e, o mais importante: velocidade. Escutei vários discos do baixista Jaco Pastorius, e bons tributos a ele, e a Contour 30i se comportou como ‘gente grande’ na reprodução dos graves!

Seu soundstage, em termos de um palco 3D, dependerá, como escrevi, da caixa poder respirar na sala. Se tiver as condições ideais, a profundidade será tão boa quanto a largura (algo raro, pois a maioria das caixas de preço intermediário, possuem maior largura que profundidade). E sua altura também é bastante convincente (nada de cantores em pé com menos de 1,50 m, ou solos de violino em que o violinista parece estar tocando sentado e não em pé.

Com um tweeter tão refinado e correto, a reprodução de ambiências das salas de gravação são referenciais!

As texturas, com tanto acerto no equilíbrio tonal, só poderiam consequentemente também serem exemplares. Ouvindo a última gravação do grupo The Nash Ensemble pelo selo Hyperion, com obras de Tchaikovsky, para sexteto de cordas, é imperativo que o sistema e principalmente as caixas organizem os instrumentos entre elas, de forma a se ouvir o todo, mas que cada voz não seja mascarada ou atropelada pela variação dinâmica imposta o tempo todo.

Esse é um dos meus mais sublimes exemplos para textura, neste ano.

Já ouvi dezenas de vezes essa gravação, e me surpreende como as texturas podem facilmente ser ‘banalizadas’ quando todos os instrumentos tocam em variações dinâmicas sutis.

Sem uma reprodução precisa das texturas, na intencionalidade da execução da obra e na paleta de timbres, essa música soaria confusa e pouco sedutora.

Porém, quando a reprodução de textura é perfeita, essa é uma das gravações mais interessantes para se avaliar esse quesito. Eu recomendo, amigo leitor, aos não familiarizados com música clássica, basta usar a faixa 1. Se, no seu sistema, soar confuso, difícil de acompanhar todos os seis instrumentos, não culpe a gravação por favor. Ela só está mostrando que seu setup ou sua caixa não são bons o suficiente nesse quesito, tão essencial para a inteligibilidade, e em tornar um sistema sedutor e confortante.

A Contour 30i passou com méritos nesse exemplo e em todos os exemplos que usamos para fechar a nota desse quesito.

Nunca ouvi uma Dynaudio na vida ser ruim na reprodução de transientes, e não foi desta vez que falhou em ser absolutamente precisa na marcação de tempo e ritmo. Não tem como não se deliciar com os tempos apresentados pela Contour 30i!

A dinâmica, principalmente a macro, se beneficiou demais com o menor índice de distorção dos novos falantes. Esse, junto com a qualidade do novo tweeter, são os maiores méritos dessa nova geração.

As variações dinâmicas são realmente apresentadas com autoridade. Ela não se intimida com nenhum gênero musical, e muito menos com volumes dentro do estabelecido pela gravação mixada.

E sua micro dinâmica é excelente, como em todas as gerações anteriores da Dynaudio. O corpo harmônico também é exemplar, e mostra que mesmo uma coluna slim, bem dimensionada, não terá dificuldade em reproduzir os tamanhos corretos dos instrumentos captados nas gravações, e não perdidos na mixagem ou masterização.

E para materializar o acontecimento musical, basta acertar a mão na escolha da gravação, para que os músicos estejam a três metros de sua cadeira, em todos os dias de sua convivência com essa caixa.

CONCLUSÃO

A Dynaudio conseguiu ‘resgatar’ um antigo e sincero admirador da marca. Se as novas Confidence também resgataram o DNA original desse fabricante dinamarquês, suponho que vão ser um caso sério para a concorrência.

Pois essa Contour 30i certamente, em sua faixa de preço, já será um problema para os concorrentes diretos.

Tudo na Contour 30i é bastante equilibrado, não deixando lacunas mal resolvidas ou situações em que, para soar corretamente, exigem eletrônica muito acima do preço da caixa.

Como escrevi, a maior crítica a essa marca era a baixa compatibilidade, e até isso essa nova geração sanou.

Se o amigo deseja uma caixa de alto nível para um espaço de até 35 metros, já possui uma eletrônica de alto nível e correta, sugiro uma audição cuidadosa da Dynaudio Contour 30i.

Ela pode te surpreender, como me surpreendeu.

Quer uma excelente oportunidade para ouví-la?

Venha até nossa sala no Workshop Hi-End Audio Show, no final de abril, em São Paulo. Estarei apresentando-a com três excelentes amplificadores integrados!

Só ela, já te garanto que vale o ingresso do evento!


PONTOS POSITIVOS

Excelente conjunto de qualidades.

PONTOS NEGATIVOS

Precisa de um ambiente em que ela possa respirar.


ESPECIFICAÇÕES

Sensibilidade87dB (2,83V / 1m)
Potência300W
Impedância4 Ohms
Resposta de frequência (± 3 dB)32Hz a 23kHz
Princípio do gabineteBass Reflex com duto traseiro
Crossover2 ½ vias
Frequência de crossover300 / 2200Hz
Topologia do crossover2ª ordem
Woofer2x 18cm de cone MSP
Tweeter28mm Esotar 2i
Dimensões (L x A x P)256 x 1170 x 396 mm
Peso34,4 kg
CAIXAS ACÚSTICAS DYNAUDIO CONTOUR 30I
Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 14,0
Transientes 11,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 14,0
Total 95,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
SINFÔNICA                    
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