Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Eu tive a sorte de testar alguns dos mais significativos equipamentos Primare do começo deste século, até que a marca deixou de ser distribuída no Brasil por um bom tempo.
Então, ao saber que a Chiave havia pego novamente a marca para distribuir no Brasil, eu não tive dúvida, tanto de solicitar o envio de alguns produtos para teste, como – após escutá-los – utilizá-los em nosso Workshop realizado na última semana de abril, em São Paulo.
No evento, utilizei o leitor de CD DD35 (teste na edição 306), em conjunto com o integrado i35 Prisma, tocando com diversas caixas como a MoFi SourcePoint 10 e a Dynaudio Contour 30i.
Minha curiosidade maior, ao solicitar os dois produtos para teste, foi primeiro saber como soavam e para conhecer sua exclusiva topologia Classe D, que tem tido excelentes avaliações nas mídias especializadas.
A Primare utiliza seus próprios módulos amplificadores UFPD 2 (Ultra Fast Power Module) Classe D patenteado, que tem entrega de corrente instantânea e distorção extremamente baixa – mas que nessa nova versão, tem ainda mais amplificação linear em toda a largura de banda audível, possibilitando empacotar, em um gabinete de dimensões modestas, 150 Watts em 8 ohms.
O i35 Prisma é o i35 com um DAC interno e placa de streaming. Seu DAC possibilita entradas digitais USB, Coaxial e S/PDIF Toslink. Além de duas conexões Ethernet e duas antenas para conexão via Bluetooth (Apple e Android), e o controle da seção Prisma através do aplicativo Prisma.
O que me chamou a atenção é que o i35 Prisma é bastante fácil de usar, com tudo à mão, seja para o usuário ‘purista’ que só deseja um integrado com uma performance de alto nível, como para aqueles que desejam internet e sua conveniência de tudo a mão.
Seu controle remoto é completo e de fácil visualização e memorização dos comandos.
Em termos de design, pouca coisa mudou em relação às gerações anteriores. A mesma placa de alumínio escovado grossa se encontra no painel frontal, com um modesto display OLED retangular e quatro pequenos botões que ligam o aparelho, abre o menu e as configurações possíveis. O botão do lado esquerdo seleciona as entradas, e do lado direito o volume.
Se o usuário não estiver com o controle em mãos, os botões existentes no painel possibilitaram você desfrutar de sua música sem problema.
Já o painel traseiro, é uma verdadeira ‘sala de máquinas’, com uma primeira fileira de entradas digitais, uma saída digital coaxial, conexões de rede LAN e um slot USB-A, antena dupla e uma fileira inferior dedicada às entradas analógicas (um par de XLR e três pares de RCA), terminais de alto-falantes, tomada IEC e chave de liga/desliga.
Segundo o fabricante, o i35 Prisma fornece 150W em 8 ohms, 300W em 4 ohms, e que essa nova placa de amplificação possui uma distorção ainda mais baixa que a versão anterior, um tempo de subida instantâneo e amplificação totalmente linear em toda largura de banda.
O DAC usa um chip AKM AK4497EQ de 32 bits, capaz de suportar até 786 kHz PCM e 22.4 MHz DSD. E a entrada USB permite reprodução de arquivos PCM 768 kHz / 32 bits e DSD256 / 11.2 MHz.
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Caixas: Audio Solutions Figaro S2 (teste na edição de outubro), Yamaha NS-5000 (Teste 1 nesta edição), Rega Aya e Dynaudio Contour i30. Digital: transporte Primare DD35 e CD Transport Nagra para avaliação do DAC interno do integrado, com diversos cabos coaxiais (Supra, Virtual Reality e Dynamique Audio).
O i35 Prisma já estava totalmente amaciado quando voltou do Workshop, então nosso trabalho foi apenas ligá-lo em nossa sala de testes e iniciarmos a avaliação auditiva.
Foi um dos integrados que mais chamaram a atenção em nossa sala no evento, pela sua capacidade e autoridade em guiar as caixas com mão de ferro, sem mostrar dificuldade em nenhum tipo de variação dinâmica.
Outra característica citada pelos participantes do Workshop, foi seu grau de apresentação da microdinâmica, com muito mais detalhes que outros integrados concorrentes em termos de preço e performance.
Então tinha mais ou menos uma ideia do que esperar do integrado da Primare, e como ele se comportaria com caixas muito mais caras que ele, como a Yamaha NS-5000 e a Audio Solutions Figaro S2. Os cabos usados nas caixas foram dois modelos da Dynamique: Hallo 2 e Apex, que também utilizei no evento.
O equilíbrio tonal do i35 é alto e muito bem resolvido por ser uma classe D. Antes que os defensores dessa topologia me apedrejem, o que ainda sinto falta nos que ouvi e testei, é um melhor corpo harmônico na região médio-grave e mais energia na apresentação dos graves. O que sempre para mim soa como um equilíbrio tonal que joga mais luz na região média-alta e nos agudos.
Então a primeira coisa que busco ouvir é como cada novo Classe D que avalio, se comporta nesses ‘detalhes’.
O i35 Prisma não tem essa característica. Em nenhuma das caixas utilizadas achei que havia algum desvio de mais brilho nas altas. Seu grave possui velocidade, bom corpo e energia. A região média é de uma transparência impressionante, com uma apresentação precisa de cada instrumento dentro do acontecimento musical. E os agudos possuem muita extensão, velocidade e ótimo decaimento.
O palco sonoro tem muita largura, altura correta e profundidade o suficiente para os naipes das orquestras serem bem delimitados em seus espaços.
E graças ao seu silêncio de fundo, a apresentação das ambiências das gravações são primorosas. É possível ouvir os rebatimentos das grandes salas de concerto, com enorme respiro e decaimentos ultra naturais.
Eu tenho uma gravação de um coral russo somente com vozes masculinas, gravados há muitos anos (acredito que mais de 40 anos), na sala de São Petersburgo, cantando canções folclóricas. É uma gravação bem encardida para reproduzir no fortíssimo, pois tende em sistemas com pouca ambiência soar duro e frontalizado.
O Primare tirou de letra essa gravação, permitindo nessa passagem difícil ainda ouvir o rebatimento das paredes laterais da sala.
O foco e recorte desse integrado também são excelentes, possibilitando ouvirmos os solistas com uma precisão convincente.
As texturas são retratadas com grande detalhamento e impressiona como é possível avaliar a qualidade técnica da gravação, dos instrumentos e da virtuosidade dos músicos.
Os transientes são ‘alucinantes’ em termos de velocidade e precisão.
Ouvir os transientes desse integrado nas caixas Yamaha NS-5000 foi motivo de três páginas em minhas anotações pessoais, sobre os detalhes e sutilezas que esse setup proporcionou na análise desse quesito.
A macro-dinâmica é surpreendente, e confirma o que o fabricante afirma sobre as subidas instantâneas, quando exigido. Ele não teve dificuldade alguma de repetir o feito em todas as caixas utilizadas, sem esforço adicional ou distorção audível nesses fortíssimos!
E a micro-dinâmica, meu amigo, com esse grau de silêncio de fundo, é a mais pura covardia – você ouvirá o mais ínfimo detalhe existente na gravação, acredite!
Em termos de corpo harmônico, direi ser o melhor Classe D que ouvi e testei até esse momento. Falta ainda? Sim, mas apenas se você tiver como comparar com um integrado que possua ainda melhor corpo harmônico, do contrário duvido que você ache algum problema em como o i35 Prisma apresenta esse quesito.
E quanto a materialização física do acontecimento musical, com esse grau de transparência, é impossível você não abrir um sorriso de orelha a orelha, quando seu cantor ou cantora estiver na sua frente lhe fazendo uma apresentação particular.
Achei o DAC do i35 Prisma, assim como seu streaming, de excelente nível, com enorme facilidade e com o mesmo nível de performance do integrado. Algo raro, já que para tornar o produto competitivo e atraente, muitas vezes o fabricante precisa fazer uma média para se manter na briga.
A Primare não fez concessões, e bancou um produto em que tudo se encontra no mesmo patamar. Por isso eu, ao contrário de outros integrados, onde divido as notas por topologia, dessa vez dei apenas uma nota geral e completa para o pacote todo!
CONCLUSÃO
Se você está a procura de um integrado ‘completo’, que só necessite de um par de caixas para ouvir sua música, o Primare i35 Prisma pode perfeitamente ser essa opção.
Méritos, história e performance esse fabricante sueco já mostrou ter de sobra.
Trata-se de um integrado completo para ser o ‘cérebro’ de um setup hi-end!
PONTOS POSITIVOS
Excelente pacote com um nível de performance bem alto.
PONTOS NEGATIVOS
Gostaria apenas de um painel mais moderno, e que fosse mais fácil de visualizar.
ESPECIFICAÇÕES
Amplificador integrado classe D | Módulo UPFD – 2x 150W em 8 ohms / 2x 300W em 4 ohms |
Conexões XLR | 2x entradas analógicas estéreo |
Conexões RCA | 3x entradas analógicas estéreo, 1x saída analógica de linha, 1x saída analógica pre-out |
Controle | Controle remoto C25 infravermelho, entrada/saída 3.5 mm, saída trigger 12V em 3.5 mm, RS232 |
Módulo DAC DM35 | Chip DAC AKM AK4497 |
Entradas & saída digitais do DAC | Toslink (4), RCA (2), USB-B (1), saída RCA (1) |
Conectividade do Módulo PRISMA | Entrada USB-A (1), Ethernet (2), WiFi, AirPlay, Bluetooth, Chromecast, Spotify Connect |
Dimensões (L x A x P) | 430 x 106 x 420 mm |
Peso | 11 kg |
Acabamentos | Preto ou titânio |
AMPLIFICADOR INTEGRADO PRIMARE i35 PRISMA | ||||
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Equilíbrio Tonal | 12,0 | |||
Soundstage | 12,0 | |||
Textura | 12,0 | |||
Transientes | 13,0 | |||
Dinâmica | 12,0 | |||
Corpo Harmônico | 12,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 12,0 | |||
Total | 97,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
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