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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Algumas ideias insanas do universo quase ‘folclórico’ dos Fones de Ouvido – trazidas aqui, periodicamente:

– Fones de ouvido deveriam ter curvas de resposta diferentes, para não soarem todos iguais (!)

Um ‘especialista’ em gerar conteúdo sobre tudo que tem a ver com fones de ouvido, que também é colecionador – e quase todos eles são – disse que as respostas de frequência, as curvas medidas dos fones de ouvido têm que ser diferentes. Que os fones todos ‘soando igual’ não tem graça.

Para começar, o gráfico de resposta de frequência medida – aqueles que o povo de fones adora equalizar para adequar à Curva Harman e variações – só te diz a Quantidade de graves, médios e agudos, não diz nem a Qualidade Sonora dos fones, nem timbre, nem texturas, nem transientes, nem dinâmica… Um fone de ouvido de 30 dólares pode ter um gráfico quase igual ao de um fone de 3.000 dólares – e quem ouviu, sabe que não tem como o de 30 dólares ter a mesma qualidade sonora!

Quando você tem vários amplificadores de fones de ouvido, por exemplo, uns 10 modelos e marcas diferentes, e você sabe o que está ouvindo, sabe a sonoridade que procura e porquê, sabe o que é Qualidade Sonora em relação ao som real dos instrumentos (Referência), a tendência é descobrir que apenas um ou dois dos amplificadores são realmente muito melhores que os outros oito.

E isso é natural – se a pessoa tem referência de Qualidade Sonora, vai usar o melhor amplificador que ela tiver. E, aí, é normal que se use uns dois amplificadores: um transistor e outro valvulado, para se ter assinaturas sônicas distintas, que vão soar melhor com um ou outro fone de ouvido. Porque aí, a questão do gosto pessoal faz a distinção que ela quer após haver a distinção por Qualidade Sonora.

Porque, meus amigos, gosto pessoal e preferências pessoais não suplantam Qualidade Sonora – o mundo não é um ‘vale-tudo’.

E quem tem muitos fones de ouvido, e tem critério, tem Referência, ouve dois ou três deles – muitas vezes um fechado (para ambientes ruidosos), um aberto para audições mais privadas, e um IEM para uso na rua ou em viagens. E o resto das dezenas de fones, são apenas coleção. Claro que ele pode escolher dois abertos, ou dois fechados, que tenham assinaturas sônicas distintas, para ‘variar’.

Mas o mínimo denominador comum, se o objetivo é o melhor e o mais correto tendo a música como referência, é Qualidade, e não Gosto Pessoal.

– Fones de ouvido antigos tinham falta de graves e de agudos porque os amplificadores tinham controles tonais (!)

Espera-se que um fone de ouvido, por exemplo, tenha uma resposta decentemente equilibrada de graves, médios e agudos, para poder exprimir algo que tenha qualquer semelhança com a música.

Da mesma maneira que as respostas de frequência da maioria dos fones antigos exprimiam curvas de gráfico que mais pareciam projeto de montanha-russa feito por um bêbado – nenhuma semelhança com a realidade – caixas acústicas e, até certo ponto, amplificações, também eram lotéricos. E, claro, sem os controles tonais, não dava para sobreviver a esse cenário. E as pessoas acho que se afeiçoavam mais a fones que tocassem próximos às suas caixas acústicas, nesse sentido, para não ter que reajustar profundamente os graves e agudos cada vez que se alterna-se entre caixas acústicas e fones.

Ou seja, eram errados porque poucos se preocupavam em saber se estava correto ou não equilíbrio tonal e porque não havia muito padrão e referência. E não porque era permitido ao usuário ajustar a seu gosto pessoal (até certo ponto), pois isso seria o mesmo que vender comida pronta com tamanho erro no sal e nos temperos, acreditando que todo mundo tivesse o recurso (e conhecimento) para retemperar. Pois a verdade é que quem fazia assim, já tinha vícios em suas referências de equipamento (ou trabalhava para um escritório especializado em projetos de montanhas-russas).

– Um pequeno cume na área média de um fone de referência, foi chamado de ‘ressonância indesejável’ por um ‘profissional’ (!)

Com muita gente achando que as curvas sugeridas – e adotadas por muitos como um padrão a ser seguido – são espécie de ‘deusas’, onde elas têm que ser observadas à risca, sempre aparece alguém para dizer que tal fone está ‘errado’, tem coisas que precisam ser ‘corrigidas’, sob uma visão bastante limitada.

Uma coisa é clara: o fone em questão é realmente de referência, e ouvindo-o não tem nada que soe errado ou desproporcional naquelas frequências, como também a tal variação é bastante pequena na área média, que não justificaria nenhuma ‘correção’ – até porque, tal ‘correção’ poderia tirar algum tempero muito interessante que esse fone tem na área média, por projeto.

Ou seja: não só não era uma ‘ressonância’ e sim uma característica sonora – e de onde a pessoa tirou o julgamento que ela seria ‘indesejável’?!?

Aqui também existe o fator ‘poder nas mãos’, de fazer o mundo se adaptar àquilo que pensam, a seu modo de enxergar, pois têm a ferramenta e estão viciados em usá-las.

(Vale dizer que, aqui na redação, escolhemos para nosso uso fones que são corretos de acordo com a referência maior, que é a música real – e nenhum de nós equaliza os fones de ouvido, nem durante testes e nem para uso próprio. Pois se o fone é correto, nem necessário seria).

Toda essa história seria mais simples se os todos os envolvidos conhecessem o mínimo de como soa um instrumento acústico no mundo real – ou seja, música de verdade antes de virar um disco – passassem a ver as curvas resposta de frequência ‘padrão de mercado’ como meros guias, e assim não abusassem da ferramenta de equalização, e não a usassem onde não precisa.

A ciência e todas suas ferramentas só têm validade quando espelham o mundo real, os fatos – e não achar que o mundo real tem que adaptar à uma visão técnica, científica ou mesmo pessoal sobre algo.

Boas audições a todos – e sempre cuidado com o volume!

‘Mais alto’ é Quantidade, não Qualidade.

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