Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Não pense que eu esqueci que a esmagadora maioria dos leitores da Audiofone são jovens que ainda utilizam seus próprios celulares para reproduzir a música que os acompanha no dia a dia.
No entanto, sabemos de inúmeros audiófilos que por ‘n’ razões optaram, desde antes da pandemia, por investir em um sistema hi-end de fones de ouvido com amplificadores de fones, para curtir sua música.
Então, à medida em que nos são enviados produtos para testes mais voltados a esse público, temos enorme interesse em compartilhar com todos vocês nossas impressões.
Talvez muitos nunca tenham ouvido falar da empresa HEM e da sua linha de produtos Ferrum Audio. Um fabricante Polonês com 20 anos de existência, cujo CEO, Marcin Hamerla é um apaixonado por tecnologia de áudio.
E que graças a sua expertise na área digital, projetou DACs para inúmeros fabricantes, entre eles a Mytek Digital, que ajudou a colocar Hamerla na principal vitrine mundial, que é o áudio hi-end.
Com isso, Marcin resolveu em 2020 criar a Ferrum Audio, e lançar um produto inovador batizado com o nome de Hypsos PSU (Power Supply Unit, fonte de alimentação) capaz de trabalhar com uma centena de equipamentos de inúmeros fabricantes, substituindo a fonte original, com resultados sonoros surpreendentes.
Na edição de setembro da AV Magazine, apresentaremos a fonte Hypsos e o DAC Wandla, da marca.
O segundo produto lançado na sequência pela Ferrum, foi o amplificador de fones OOR. Buscando o significado desse nome, descobri que Oor em holandês significa orelha. E segundo o fabricante, todos os seus produtos levarão nomes europeus.
Marcin Hamerla diz que o OOR é um amplificador 100% analógico, capaz de extrair o melhor de cada fone de ouvido ligado a ele.
Para extrair todo o potencial dos fones, ele oferece uma distorção ultrabaixa, folga dinâmica e um grau de transparência enorme. Ou seja, são compromissos que se comprovados o colocam em um patamar invejável, e preocupante para a concorrência.
A topologia é um amplificador totalmente balanceado em um design push/pull com um estágio de potência Classe AB. Sua fonte original externa utiliza um cabo de energia AC/DC ou, para melhorar ainda mais sua performance, ele poderá ser ligado à PSU Hypsos (falaremos sobre esse upgrade na conclusão do teste pormenorizadamente mês que vem na AV Magazine).
Segundo o fabricante, o OOR fornece 1.6 Watts em 300 ohms e 8 Watts em 60 ohms. Com isso, esse amplificador parece estar mesmo apto a acionar qualquer tipo de fone existente na face da terra!
O gabinete é de aço corten, com uma frente de alumínio anodizado. Com um design limpo e slim, esse produto precisa de apenas três botões no painel frontal para controlar todos os seus recursos. Um botão escolhe o ganho ideal para o fone utilizado e outro define se a entrada é balanceada ou single-ended – junto com o botão de liga/desliga e o botão maior que é o volume, com potenciômetro Alps.
Do lado esquerdo fica o logotipo da Ferrum, que acende iluminando a logomarca. Do lado do logotipo temos a saída XLR de 4 pinos e uma saída para pinos de 6.35mm.
No painel traseiro, da esquerda para a direita: um par de entradas XLR e um par RCA, e um par de saídas XLR e um par RCA, e o cabo da fonte original e da fonte FPL (a Hypsos).
Segundo o fabricante, os sinais de entrada são imediatamente convertidos em sinais balanceados para que se possa extrair e manter o sinal o mais fidedigno possível para os fones.
O distribuidor no Brasil, a Impel, nos fez a gentileza de enviar os quatro produtos da Ferrum Audio, algo raro de ocorrer, então estamos podendo fazer uma série de avaliações, descobrindo a assinatura sônica de cada um dos produtos e vendo seu grau de compatibilidade com outros produtos similares.
Para o teste do OOR, utilizamos primeiramente ele sem o Hypsos, trabalhando o tempo todo apenas com sua fonte externa original, e usando vários produtos como o próprio DAC Wandla da Ferrum, o TUBE DAC da Nagra, e o pré de phono Soulnote E-2. Tocamos streamer através do Innuos ZENmini, ligado via cabo USB no Wandla, e também o transporte Nagra, ligado via cabo AES/EBU no Wandla e no TUBE DAC. Os fones utilizados foram os Meze 99 Classics e 109 Pro, o Sennheiser HD 800 e o Grado SR225x Prestige Series (leia teste edição setembro 2024).
As opções de ganho do OOR permitiram extrair, de todos os fones, o melhor resultado possível. Isso foi um fato evidente.
Então, não se empolgue em querer deixar o ajuste no ganho mais alto, e achar que todos os fones irão se beneficiar, pois não funciona dessa maneira. Exemplo: como a saída do TUBE DAC é mais baixa que a do DAC Wandla, à princípio com os quatro fones utilizados no teste, tive a sensação de que poderia manter para todos o maior ganho. Mas assim que a variação dinâmica cresceu, ficou claro que estavam no limite da distorção.
Então, minha opção para os quatro fones com o TUBE DAC como fonte do sinal, mantive o ganho em 0dB. Já com o Wandla, tive que em três dos fones diminuir o ganho para não haver distorção.
Outra dica, se o DAC ligado ao OOR tiver saída balanceada, essa será a melhor opção.
Aqui, com ambos os DACS, o uso de um cabo balanceado melhorou ainda mais a relação sinal/ruído, fazendo com que a micro-dinâmica se tornasse muito mais presente.
O OOR está muito mais para a neutralidade do que para a transparência. Pois ficou evidente que quem determinou a assinatura do que estava a escutar foram mais os DACs ou o pré de phono, do que o OOR. Com isso deu para ouvir com clareza as diferenças de cada um dos quatro fones através do OOR.
Para quem tem um bom setup e com fones de alto nível, não consigo imaginar outra solução que o OOR. Desde que você deseje ter um amplificador de fone que imponha minimamente sua assinatura.
Ajustado o ganho corretamente para o fone escolhido, o nível de prazer auditivo será alto, com uma riqueza de detalhes, folga, naturalidade e respiro impressionantes.
E capaz de melhorar ainda mais se houver condições de ouvi-lo com a fonte Hypsos.
Aí, meu amigo, o OOr muda de patamar substancialmente. Parece um outro amplificador de fone. Ganha maior extensão nas duas pontas, os recortes ficam muito mais bem definidos, o tempo e ritmo parecem mais precisos, e o conforto auditivo também vai para um outro nível de prazer auditivo.
Arrisco dizer até que o OOR sem o Hypsos está sendo subutilizado.
O OOR com a fonte Hypsos, e o DAC Wandla, é um setup de 100 pontos!
CONCLUSÃO
Qualquer leitor que possua fones hi-end acima de 4000 reais, e deseja fazer um upgrade final para um amplificador de alta performance, precisa ouvir o OOR. E se puder posteriormente investir na Fonte Hypsos, faça-o sem pestanejar.
Seus fones e suas audições mudarão de patamar e prazer auditivo, para sempre!
PONTOS POSITIVOS
Um amplificador de fone excepcional.
PONTOS NEGATIVOS
Nada que o desabone.
ESPECIFICAÇÕES
Ganho (dB) | • Balanceado -4 dB, + 6dB, +16 dB • Single-ended -10 dB, 0 dB, 10 dB |
Entradas | XLR, RCA, 2.5 mm DC (pino central positivo), conector DC de 4-pinos proprietário |
Saídas para fones | Balanceada 4-pin XLR 6.35 mm |
Voltagem de entrada (Balanceada) | max 19 VRMS (recomendada 3 a 12 VRMS) |
Voltagem de entrada (Single-ended) | max 9.5 VRMS (recomendada 1.5 a 6 VRMS) |
Resposta de frequência | 20 Hz a 100 kHz (0.1 dB) |
Potência de saída (Single-ended) | • 400 mW into 300 • Ω 2 W em 60 Ω |
Potência de saída (Balanceada) | • 1.600 mW em 300 Ω • 8 W em 60 Ω |
Distorção harmônica (Balanceada) | • 0.00011% (-119 dB, 1 mW em 50 Ω) • 0.00028% (-111 dB, 100 mW em 50 Ω) |
Distorção harmônica (Single-ended) | • 0.00008% (-122 dB, 1 mW em 50 Ω) • 0.00028% (-111 dB, 100 mW em 50 Ω) |
Faixa dinâmica | 130 dB |
Impedância de entrada | 94 kΩ |
Impedância de saída (RCA) | 22 Ω (pré) |
Impedância de saída (XLR) | 44 Ω (pré) |
Impedância de saída para fones de ouvido | < 0.3 Ω |
Consumo | Ocioso <15 W |
Fonte externa | 100/240 V AC para 22 a 30 V DC |
Dimensões (L x A x P) | 21.7 x 5 x 20.6 cm |
Peso | 1.8 kg |
AMPLIFICADOR DE FONES DE OUVIDO FERRUM AUDIO OOR | ||||
---|---|---|---|---|
Conforto Auditivo | 12,0 | |||
Ergonomia / Construção | 12,0 | |||
Equilíbrio Tonal | 12,0 | |||
Textura | 12,0 | |||
Transientes | 12,0 | |||
Dinâmica | 11,0 | |||
Organicidade | 12,0 | |||
Musicalidade | 13,0 | |||
Total | 96,0 |
VOCAL | ||||||||||
ROCK, POP | ||||||||||
JAZZ, BLUES | ||||||||||
MÚSICA DE CÂMARA | ||||||||||
SINFÔNICA |
Impel
contato@impel.com.br
(11) 94792.2360
R$ 16.800