Teste 1: CAIXAS ACÚSTICAS YAMAHA NS-5000

Teste 2: AMPLIFICADOR INTEGRADO PRIMARE i35 PRISMA
agosto 5, 2024
AUDIOFONE – Espaço Aberto: ERROS SOBRE FONES DE OUVIDO – PARTE V
agosto 5, 2024

Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br

Desde 2019 que desejo testar essas caixas, mas veio a pandemia e, ao término da mesma, a Yamaha decidiu passar sua divisão hi-end para a Chiave, o que viabilizou finalmente podermos ouvir a caixa top de linha desse renomado fabricante.

Os que foram ao nosso Workshop em abril, tiveram o gostinho de escutá-las, porém o par exposto estava com menos de 30 horas de amaciamento, o que representa apenas 10% do seu amaciamento integral.

E se você me perguntar se, amaciada integralmente, existem diferenças audíveis, responderei que sim.

Pois as 300 horas fazem uma ‘sonora’ diferença na sua performance final.

Nos anos 80, quando trabalhei no Estúdio Gramophone do meu querido amigo Lucinei, tive por longa data a companhia, como monitor de gravação, de um par de Yamahas NS-1000, e pude conhecer detalhadamente a concepção sônica de monitores dos engenheiros da Yamaha.

As NS-1000 eram reconhecidamente monitores muito transparentes e com uma capacidade de recriação de um soundstage 3D impressionante para um monitor de 3 vias de grande porte. No entanto, ela foi estigmatizada como um monitor muito “frio ou analítico”, por muitos engenheiros de gravação.

Já naquela época eu percebi que sua sonoridade iria ser a soma da qualidade da mesa de gravação, power e qualidade acústica da sala. Pois eram monitores extremamente exigentes com seus pares.

Mas, se ainda hoje temos milhares de objetivistas e engenheiros de pró-áudio, que não levam essas questões em consideração, imagine como era nos anos oitenta?

Eu observava que, quando ligávamos com um power da própria Yamaha, a NS-1000 se comportava de uma maneira, e com um power Hafler, de outra maneira.

O que para mim, foi o suficiente para confirmar o quanto aquele monitor era transparente realmente!

Poderia dizer que o meu maior interesse em testar as novas NS-5000, era justamente para ter respostas se ela manteria o DNA sonoro de seu antecessor ou se uma nova geração de engenheiros iria ‘reavaliar’ essa sonoridade.
Pois se para o ocidente é difícil ‘rever’ conceitos que se mostraram assertivos, imagine para o oriental com suas planificações e estratégias, muitas vezes escritas para definir a filosofia da empresa por toda sua existência?

Se, para você, números não mentem, saiba caro leitor que foram vendidos mais de 200 mil pares de NS-1000, para todos os continentes.

E, no entanto, dos testes publicados nas revistas hi-end dos anos 80, até a virada do século, de memória só me lembro de dois, extremamente positivos. Sendo que um deles, escrito pelo inglês Chris Thomas, que fechou sua conclusão com a seguinte frase: “O NS-1000 é o melhor alto-falante que já ouvi”.

E me lembro do review do articulista J.Gordon Holt para a Stereophile, que cunhou o termo de neutralidade sonora, para definir suas impressões sobre essa caixa.

No evento, com o pouco contato que tive com a NS-5000 sem o amaciamento adequado pensei: “é um passo além da NS-1000”.

Então, a minha primeira pergunta ao desembalar-las, com meu fiel escudeiro e sobrinho Viner, na nossa sala de teste foi: “após amaciada, será que equipe responsável foi muito além?”

Aqui, à medida que o amaciamento foi avançando, essa primeira impressão do Workshop foi dissolvendo como gelo com o sol a pino! Pois o próprio fabricante faz questão de dizer que a NS-5000 é a melhor caixa que já desenvolveram!

Além de um gabinete ligeiramente maior que o da NS-1000, tudo é absolutamente novo. Em vez de 31 kg, agora pesam 36 kg, sua resposta de frequência foi estendida para 26Hz a 40kHz, sua eficiência é de 88 dB, impedância de 6 ohms e mínimo de 3.5 ohms.

Até mesmo o tweeter de berílio, desenvolvido em 1974 para a primeira versão da NS-1000, na nova NS-5000 foi substituído por Zylon – um material considerado ainda mais forte que berílio e que fibra de carbono. Um material tão rígido e leve que também é utilizado em barcos de corrida.

A Yamaha descobriu as qualidades do Zylon na primeira década deste século, e que eu saiba é a única empresa a utilizar esse material na confecção de falantes. Os três drivers utilizam esse material: tweeter domo de 25 mm, o falante de médios de 75 mm e o woofer de 328mm.

O gabinete de alto brilho preto é feito de bétula japonesa laminada. Uma madeira que segundo o fabricante é mais dura que MDF, e tem um padrão de grãos mais uniforme.

As caixas NS-5000 são feitas como pares correspondentes (espelhados), o que possibilita que o usuário utilize as caixas com os tweeters virados para dentro ou para fora.

Voltando ao Zylon, esta é uma fibra sintética criada no Japão, que para os cones, depois da fibra trançada por um processo a vapor é misturada com uma liga de monel, para que o cone seja ultra rígido e leve.

E que os resultados em termos de velocidade acústica são tão bons quanto os do berílio e do diamante.

Os cortes no crossover se dão em 750 Hz e 4.5 kHz. E o crossover está fixado em uma placa de circuito impresso de dupla face, com base de cobre de 14 mm. Seus componentes incluem capacitores Mundorf MCap Supreme Evo e resitores M-Resist Supreme.

O gabinete internamente é amortecido por um absorvedor acústico. E um estudo com Análise de Elementos Finitos, com varredura a laser, foi usado para minimizar as ondas estacionárias dentro da caixa.

O defletor frontal tem 29.5 mm de espessura, e os outros cinco lados do gabinete 20 mm.

Os terminais de caixa são excepcionais, e permitem tanto o uso de plugs banana como forquilha. A caixa não permite bi-cablagem.

O duto encontra-se atrás do gabinete em cima – o faz ser de profunda relevância a distância da caixa em relação a parede traseira.

Para o teste, utilizamos os seguintes equipamentos. Amplificadores integrados: Norma Revo IPA-140 (teste na edição 306), Atoll IN400SE (teste na edição 307), Primare I35 (Teste 2 nesta edição), e Soulnote A2 (teste na edição de setembro). Powers: Gold Note PA-1175 em estéreo e mono (teste na edição de novembro de 2024), e os powers Nagra HD. Pré de linha: Nagra Classic. DACs: Merason DAC1 Mk2, Ferrum Wandla (Teste edição setembro de 2024), e
Nagra TUBE DAC. Streamer: Innuos ZENmini Mk2. Setup analógico: toca-discos Origin Live Sovereign Mk4 com braço Enterprise Mk3, cápsula ZYX Ultimate Gold, e prés de phono Soulnote E-2 e Gold Note PH-1000. Cabos de caixa: Dynamique Audio Hallo 2 e Apex.

Que me lembre, poucas caixas de nível Estado da Arte tiveram um arsenal tão ‘calibrado’ como as NS-5000 nesta avaliação. Eu não acho que consiga repetir no futuro essa qualidade de eletrônica para um único teste.

Gostaria, mas acho impossível, pois todos esses integrados já estão de volta a suas bases, exceto o Norma que passou a ser nosso integrado de referência.

Quando instalamos as NS-5000, e colocamos nossas gravações da CAVI, ficou evidente que elas precisavam de um longo amaciamento, pois os graves estavam ‘embotados’ e os agudos com excesso de brilho.

Típico de caixas que precisam soltar o grave e encorpar o médio/grave. Fico imaginando os revisores que não acreditam em amaciamento, tirando conclusões precipitadas e tortas, de caixas como as NS-5000, depois de instalar a caixa e já sair avaliando.

Se você for um futuro comprador dessa belezura, meu amigo, segure sua ansiedade, pois serão precisos pelo menos 300 horas antes de você sair convidando seus amigos audiófilos para escutá-la.

Se você não se conter, irá ouvir muitas críticas, acredite!

Porém, depois de amaciadas, pode chamar até o Papa, se você o tiver em sua lista de audiófilos.

Mas antes de iniciar a avaliação subjetiva, vamos às regras de como extrair todo o seu potencial. A primeira é o pedestal. O ideal é que, sentado, seu ouvido esteja entre o falante de médio e o tweeter, OK?

Segunda regra: são falsas ‘books’, então esqueça salas de menos de 20 metros, e que tenha pouco espaço entre elas e as paredes laterais, e às costas da caixa. Elas precisam respirar para dar seu melhor, em termos de soundstage, ambiência e equilíbrio tonal.

Terceira regra: é essencial, apesar de uma sensibilidade de 88 dB e de não baixar a menos de 3.5 ohms, que ela tenha Watts de qualidade e em doses generosas. E de quanto, Andrette? De pelo menos 100 Watts de amplificação.

Pois as NS-5000 gostam de tocar no volume correto da gravação. Não se intimidam com fortíssimos, desde que sejam entregues – com qualidade e baixa distorção – pelo amplificador.

Então se sua praia é valvulados single-ended, esqueça essa caixa, meu amigo. Mas se você possui eletrônica semelhante ao arsenal que utilizamos no teste, e uma sala adequada, você é um candidato a ouvi-las!

Com 300 horas, finalmente o equilíbrio tonal encaixou. O que significa isso? Que os graves se soltaram, deixando de soar um grave embotado, difuso e sem velocidade, pegada e energia (deslocamento de ar), e o médio-grave encorpou. Possibilitando observar o corpo proporcional dos instrumentos que estão nessa faixa do espectro, como: contrabaixo, cello, percussões, mão esquerda nas primeiras duas oitavas do piano, órgão de tubo etc.

Com isso, os agudos perdem aquele brilho excessivo, possibilitando ouvirmos a última oitava da mão direita do piano sem aquela incômoda sensação de notas vitrificadas, ou violinos que incomodam na oitava mais aguda, e piccolo que fura nossos tímpanos em um fortíssimo!

A única coisa que já é exemplar, assim que tiramos as NS-5000 da embalagem, é que a região média é de uma transparência desconcertante, mesmo para ouvidos experientes e que já ouviram muitas caixas de bom nível de transparência.

Nesse quesito a NS-5000 se destaca da maioria das caixas mais refinadas.

Somos capazes, por exemplo, de ouvir distintos instrumentos como um vibrafone e um piano tocando em uníssono, separar em nossa mente o timbre de cada um dos instrumentos, com zero esforço. Meu amigo, esse é um dos exemplos mais difíceis que existem, pois ainda que o timbre de um vibrafone e um piano sejam muito distintos, os transientes são muito similares, e esse grau de inteligibilidade é só para os exímios em transparência.

Se você gosta de um grave energizado e com excelente deslocamento de ar, as NS-5000 têm essa qualidade. Mas não é só peso e deslocamento, seu woofer também é veloz o suficiente para lhe dar com precisão as micro variações dinâmicas, feitas pelo baterista no bumbo ou o percussionista em um tímpano.

Ela, nesse quesito, soa com uma grande coluna, sem esforço adicional.

E os agudos, depois das 300 horas, terão uma extensão e decaimento no limite do correto, mas sem nunca passar para o lado do brilho ou dureza.

Sua recriação do palco sonoro dependerá exclusivamente do posicionamento correto delas na sala. Nada de deixá-las encostadas em paredes ou em pedestais baixos ou altos demais. A distância mínima de tweeter a tweeter é de pelo menos 2.80 m, das paredes às costas é de 1 m mínimo, e das paredes laterais, pelo menos 0.80 cm.

Quanto à escolha dos tweeters para fora ou para dentro, dependerá da distância em que o ouvinte estará das caixas (o ideal é o mais próximo de um triângulo equilátero), e do quanto de toe-in será possível fazer nas caixas: eu, em nenhuma situação, consegui o melhor das NS-5000 deixando-as paralelas às paredes laterais.

Aqui, o melhor soundstage sempre foi com a variação de 15 a 20 graus apontando para o ponto ideal de audição.

Mas nada de girar muito para o centro, senão você trará todo o palco para a frente das caixas, o que além de errado é fatigante em músicas com numerosos instrumentos.

Agora, se ajustado pacientemente, meu amigo… você terá um palco 3D exuberante! Com planos e mais planos, altura, largura e profundidade e um foco e recorte cirúrgicos!

Como diria meu pai: “Se você tem uma boa transparência, faça usufruto no soundstage”.

Corretíssimo! Se uma caixa possui esse grau de possibilidade com um alto nível de transparência, faça seus amigos audiófilos morderem a língua com tão exuberante apresentação, rs!

As texturas são muito corretas, e com uma facilidade em acompanhar as paletas de cores e as intencionalidades sem nenhum esforço ou a perda de se ouvir o ‘todo’ para se prender aos detalhes.

Se tem algo que os engenheiros da Yamaha podem se orgulhar, é da reprodução de transientes – é simplesmente espetacular esse quesito, seja em gravações solo de piano ou violão, das faixas que usamos para fechar a nota, como também em gravações intrincadas com enormes variações de tempo, como na música hindu.

Já cantei a bola muitas linhas atrás, de que as NS-5000 adoram tocar em volumes corretos da gravação, e soam como colunas grandes sempre que desafiadas.

E na macro-dinâmica, não existe nenhum temor em encarar desafios grandiosos. Você irá se surpreender como essas caixas são atrevidas e destemidas!

E com sua transparência de Referência Estado da Arte, reproduzir micro-dinâmica é um passeio ao ar livre em uma praia deserta.

A reprodução de um piano ou de um contrabaixo, não é nenhum desafio intransponível a essa caixa. Ao contrário, posicionada corretamente você ouvirá e ‘verá’, o piano na sala à sua frente.

E se a gravação for de qualidade, essa materialização será convincente e cativante!

CONCLUSÃO 

Dizer que a NS-5000 é a melhor caixa já fabricada pela Yamaha, é redundante e desnecessário.

O que importa é que essa NS-5000 foi muito além da NS-1000 em todos os aspectos, colocando a Yamaha em um novo patamar como construtor de caixas hi-end.

Não li todos os testes que saíram sobre ela desde 2019, mas os quatro ou cinco testes que li foram unânimes em reconhecer suas virtudes a avanços em relação a tudo que a Yamaha fez até hoje!

É uma caixa definitiva para 90% dos audiófilos que desejem uma caixa de alto nível e que almejam uma transparência capaz de ‘decifrarem’ o âmago de cada gravação.

Nada que está na master irá passar despercebido pela NS-5000 (desde que a eletrônica também possua essa virtude, claro).

Se é isso que você deseja como resultado de tantos anos de busca, não conhecer a NS-5000 totalmente amaciada e ligada a um setup digno de suas qualidades, será um erro imperdoável!

Ela é digna de todos os elogios que a mídia especializada vem dedicando a esse projeto!


PONTOS POSITIVOS

Uma caixa Estado da Arte, com um nível de transparência referencial.

PONTOS NEGATIVOS

Como toda caixa Estado da arte, precisa de cuidados extremos com tudo.


ESPECIFICAÇÕES

Tipo3-vias Bass-reflex
Woofer12” cone
Médio3-1/4” domo
Tweeter1-1/4” domo
Resposta de frequência• 26Hz – 40 kHz (-10dB)
• 26Hz -100 kHz (-30dB)
Potência nominal de entrada200 W
Potência máxima nominal600 W
Sensibilidade88 dB (2.83 V/1 m)
Frequências do crossover750 Hz / 4.5 kHz
Impedância6 ohms (mínimo de 3.5 ohms)
Dimensões (L x A x P)395 x 690 x 381 cm
Peso35 kg cada
CAIXAS ACÚSTICAS YAMAHA NS-5000
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 13,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 99,0
VOCAL                    
ROCK, POP                    
JAZZ, BLUES                    
MÚSICA DE CÂMARA                    
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