Vinil do Mês: JOHN COLTRANE – IMPRESSIONS (IMPULSE!, 1963)

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setembro 5, 2024
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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Todo mês um LP com boa música & gravação

Gênero: Jazz

Formatos Interessantes: Vinil Importado

Existem três discos que todo fã de jazz – iniciante ou não, superficial ou não, tradicional ou não – deveria ter: Kind of Blue (Columbia, 1959) do Miles Davis, Time Out (Columbia, 1959) do Dave Brubeck Quartet, e A Love Supreme (Impulse!, 1965) de John Coltrane.

Mesmo que muitos digam que esses discos já tocaram demais, que já estão superexpostos, e tudo o mais que se segue, são discos que mesmo secretamente, todo interessado em jazz volta a ouvir de vez em quando – pois são talentos muito especiais, e são obras primas!

Claro que existem numerosos discos do saxofonista americano John Coltrane que são ‘Discoteca Obrigatória’, ou que pelo menos encantam todos os fãs do bop, post-bop e modal – ou simplesmente do riquíssimo jazz do final da década de 50 e começo de 60.

Contracapa

Mas, para mim, um disco que considero especial, e que pouco falado, é o Impressions, que Coltrane gravou em 1963. São pouco mais de 35 minutos divididos entre quatro faixas, sendo duas ao vivo gravadas em 61, e duas gravadas no estúdio de Rudy Van Gelder em 62 e 63. Impressions é listado como o número 687 dos 1000 maiores discos de jazz, segundo o livro especializado do autor inglês Colin Larkin.

O disco abre com a fantástica India, em performance ao vivo de novembro de 61, feita nos mesmos shows que originaram o famoso disco At the Village Vanguard, segue para a Up ‘Gainst the Wall gravada em 62 no estúdio de Van Gelder, depois Impressions também do show de 61 no Village Vanguard, e termina com After the Rain, gravada por Van Gelder em 63. Ou seja, o disco é uma espécie EP com duas faixas ao vivo que ficaram fora de um disco famoso, com mais duas faixas de estúdio ocasionais, tudo cobrindo um período de quase dois anos, que explora jazz, blues e influências da música indiana.

Com técnica do célebre engenheiro de gravação do jazz, Van Gelder (inclusive as faixas ao vivo), Coltrane toca sax soprano e tenor, acompanhado de Eric Dolphy tocando clarinete (faixa 1) e sax alto (faixa 3), McCoy Tyner ao piano (faixas 1, 3 e 4), Jimmy Garrison no baixo, Reggie Workman também no baixo (apenas na faixa 1), Elvin Jones na bateria (faixas 1, 2 e 3), e Roy Haynes também na bateria (apenas na faixa 4).

Selo do Disco

John William Coltrane nasceu em 1926 na Carolina do Norte, filho do alfaiate (que tocava violino e ukulele) John Robert Coltrane, e de Alice Blair Coltrane (que cantava no coro da igreja). Na banda da escola começou a tocar o clarinete, mas logo passou ao sax alto, e durante a Segunda Grande Guerra passou a ter aulas na Ornstein School of Music e no Granoff Studios, e a tocar em bares à noite. Em 1945, na Marinha dos Estados Unidos foi destacado para tocar clarinete na banda militar, e logo após a guerra voltou ao circuito dos bares, onde adquire o vício em heroína – que lhe causou vários transtornos na vida.

Em 49, entrou para a big band de Dizzy Gillespie, e em 55 é convidado por Miles Davis a integrar seu quinteto com o pianista Red Garland, o baixista Paul Chambers e o baterista Philly Joe Jones, se estabelecendo como um músico de jazz de primeiro time. Tanto que, em 57, foi líder pela primeira vez, em seu álbum intitulado Coltrane, e em 58 gravou o seminal Kind of Blue de Miles Davis, com um time invejável que incluía nomes como Cannonball Adderley, Bill Evans, Paul Chambers e Jimmy Cobb.

John Contrane

Seu primeiro disco de composições próprias, o Giant Steps, saiu em 1960 – e a partir daí decolou como líder. John Coltrane faleceu prematuramente, em 1967, de câncer no fígado, deixando sua marca indelével na música jazz mundial, e no saxofone.

Uma curiosidade é que, em 1946, Coltrane passou de tocar sax alto para o sax tenor, porque lhe foi dito que Charlie Parker (que tocava sax alto), já havia “esgotado” as possibilidades desse instrumento. Claro que Coltrane sempre tocaria ambos, tanto o sax alto quanto o tenor, além do sax soprano, flauta e clarone.

Outra curiosidade é que Roger McGuinn, líder da banda de folk rock americana The Byrds, declarou que a banda ouvia o disco Impressions de Coltrane com tanta frequência, que seu single Eight Miles High, de 1965, é abertamente uma homenagem ao saxofonista e, especificamente, à faixa India.

A gravadora ‘Impulse!’ é uma daquelas que todo apreciador de jazz conhece muito bem, e tem vários discos, junto com outros famosos selos específicos do gênero, como Prestige, Verve, Pablo e Blue Note – entre vários outros. A ‘Impulse!’ nasceu em Nova York em 1960, criada pelo produtor musical Creed Taylor. E desde 1995, seu belíssimo catálogo – que inclui nomes como Ray Charles, Charles Mingus, Max Roach, Quincy Jones, Count Basie, McCoy Tyner, Duke Ellington, J.J. Johnson, Dizzy Gillespie, e muitos outros – faz parte da gigante Universal Music Group, junto com o catálogo da Verve Records.

Para quem é esse disco? Para todos os fãs de John Coltrane, Miles Davis, dos vários grandes músicos que os acompanharam e passaram décadas brilhantes criando jazz de primeira, modal, bop, hard-bop, post-bop e free-jazz. Imperdível!

Prensagens boas? Em 1963 foram feitas prensagens europeias e americanas tanto em mono quanto em estéreo – e, claro, a preferência é pelas estéreos. Existem numerosas prensagens americanas e europeias nas décadas de 60, 70 e 80 – e eu me concentraria em prensagens mais antigas possível, ou uma das japonesas (o ‘Santo Graal’), que existem de 64, 72, 76, 80, 83, pois as fitas master usadas pelos japoneses são sempre muito bem tratadas e de alta qualidade.

Existe uma prensagem da Speakers Corner, de 2007, em 180g, que seria a ideal entre as várias prensagens modernas.

Ouça um trecho da faixa India

Bom setembro a todos – com muita música!

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