Espaço Analógico: O QUE É MAIS IMPORTANTE: TOCA-DISCOS OU CÁPSULA?

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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Uma nova seção mensal só sobre Toca-Discos de Vinil

Toca-discos ou cápsula?

Braço ou cápsula?

Toca-discos ou braço?

Para começar bem este texto, fica uma bronca a todos que acham, por exemplo, que vão por uma caixa top com um amplificador simples, ou um cabo top em um sistema simples, e acham que vai ficar bom, que vai resolver tudo.

Como diz o ditado: “Não existe ‘almoço grátis’”!

Qualquer sistema vai ser, no mínimo, prejudicado por seu elo mais fraco. Então, amigos, não existe atalho. Se você gastar com um bom par de caixas, para aproveitar melhor o que elas podem prover de qualidade sonora, vai precisar de um bom amplificador, uma boa fonte digital ou analógica, bons cabos, rack decente, elétrica decente, acústica decente.

E o mesmo se aplica a um toca-discos: se usar um mediano, não adianta por uma cápsula top e achar que vai tocar tudo que a cápsula pode prover. Há, aí, um elo fraco gigantesco. Me lembra algum articulista em site especializado, que eu vi uma vez causando ‘vergonha alheia’ em todo um enorme grupo de audiófilos, jornalistas e outros profissionais de áudio, ao dizer em uma matéria que o ‘elo fraco’ era um mito! Muito irresponsável demais para o meu gosto.

Claro que uma cápsula top em um toca-discos mediano vai tocar muito, mas além da questão do gigante gasto de dinheiro (como por uma cápsula de 5000 dólares em um TD de 700, por exemplo), quem fizer isso nunca vai saber o quanto de qualidade sonora está desperdiçando, perdendo de ouvir.

Qual é mais importante, então? Com qual eu gasto meu dinheiro: toca-discos, braço ou cápsula?

A resposta é: em todos!

O que eu acredito, sobre um Braço, é que o importante é seu equilíbrio dinâmico, ou seja, sua distribuição de peso, seu centro de gravidade, como esse peso trabalha em cima de seus rolamentos, o tipo de rolamento usado, a ‘solidez’ e estabilidade mecânica do conjunto – folgas ou ausência delas, arrasto, etc – e, por fim, a ressonância de todos os materiais envolvidos em sua fabricação. E, depois de tudo isso, vêm fiação interna de alta qualidade. Claro que, os mínimos recursos necessários de ajuste são, como disse, o ‘mínimo necessário’: peso, alinhamento, VTA, antiskating, azimute, etc (acho inconcebível um braço sem ajuste de VTA, por exemplo).

O que faz uma Cápsula ser boa? Não tenho gabarito para discutir as entranhas de uma cápsula, de soluções de tipo de magnetos e bobinas, etc. Mas, minha experiência como utilizador e, por muitos anos, instalador e regulador, é que seu resultado sonoro final é o primeiro e o mais mensurável e perceptível de seus atributos: como som quente, cheio, magro, aberto, seco, agudo, analítico, etc – e também na profundidade de suas qualidades como corpo harmônico, texturas, timbres, apresentação de palco, detalhamento, dinâmica, e tudo o mais. Claro que, isso é resultado da soma de alguns aspectos usuais de sua construção, como cantilevers leves e rígidos, tipo de corte do perfil do diamante e etc. Não se deve esquecer que, lá dentro da cápsula – e em sua estrutura, em seu corpo – o como ela lida com suas ressonâncias, é algo extremamente crítico, já que o transporte das vibrações captadas nos sulcos do LP até às bobinas ou magnetos móveis da cápsula é exatamente sua função primordial, e deve ser feito com a maior precisão e a menor perda ou interferência possível.

Um exemplo são os cantilevers e diamantes tipicamente usados em cápsulas mais caras e de alto nível Moving Coil de saída baixa, que estão há alguns anos migrando para as cápsulas MM. Hoje pode-se aproveitar as vantagens da saída alta e som tipicamente mais quente e cheio de uma MM, e ter uma definição e musicalidade bem superiores com essas agulhas. Eu considero hoje, cada vez mais, o uso de uma cápsula MM de alta qualidade como a melhor pedida em toca-discos de entrada e até muitos intermediários. E o porquê disso é exatamente os cantilevers leves e rígidos e os diamantes com perfis de alto nível – e várias outras coisinhas secretas que cada fabricante consegue fazer lá dentro das cápsulas, e não contam para ninguém!

E os Toca-discos, o que os fazem ser bons? Apesar da obviedade, vou dizer: o toca-discos gira o LP… rs… então, amigos, ele tem que fazer isso com precisão de velocidade, com a menor vibração possível, e a menor perda ou interferência possível por questão de ressonâncias e micro-vibrações – por isso que se usa tapetes no prato, clamps, pesos, travas, pés anti-vibratórios, etc, e se ouve que cada uma dessas coisas altera o som.

Então, bastaria fazer algo o mais ‘morto’, pesado e sólido possível, como um toca-discos gigante de metal? Na minha opinião e experiência, aqui é que se entra em um terreno nebuloso, pois na verdade eu acredito que o segredo do melhor som em um toca-discos de vinil – em questão à base, prato e motor – está em se criar uma plataforma estável e suficientemente sólida para a eliminação das vibrações ‘visíveis’, perceptíveis, que causam ruído mecânico a audição dos LPs e, ao mesmo tempo, as micro-vibrações e ressonâncias precisam ser ‘tratadas’, ‘combinadas’ e não eliminadas! Senão o som fica seco, mata-se harmônicos!

Todos os melhores toca-discos que eu já ouvi em matéria de combinação de alta-resolução e detalhamento com alta musicalidade, corpo harmônico, textura e naturalidade, combinam diferentes materiais em sua estrutura, base e até prato – como é o caso dos toca-discos Origin Live (referência da revista hoje) e, em escala menor, os toca-discos da MoFi (minha referência pessoal hoje).

Um toca-discos, como um todo, para não perder as qualidades sonoras dos LPs que estão sendo ouvidos, precisa de TUDO isso acima ao mesmo tempo – em matéria de base, motor, prato, braço e cápsula!

Não tem fuga ou atalho.

Na verdade, nunca tem – não em áudio, pelo menos.

Bom outono a todos!

E, não se esqueçam: quaisquer dúvidas, entrem em contato:
christian@clubedoaudio.com.br.

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