Opinião: O FÃ DE VINTAGE NÃO SABE OUVIR

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outubro 7, 2024
HI-END PELO MUNDO
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Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br

Sim, o título é provocador, mas verídico: a maioria do povo dedicado a curtir e colecionar equipamentos vintage, não ouve seus equipamentos direito, não sabem ouvir, não querem aprender, e devem ter raiva de quem sabe… rs!

A Audiofilia (nós os malucos, careiros e esotéricos) temos um monte de coisas mal compreendidas, muitas delas discutidas à exaustão por muitos – sendo que muitos desses ‘muitos’ nunca chegam à nenhuma conclusão definitiva.

Somos odiados – não sei dizer especificamente porque – pelos colecionadores e fãs de som vintage. Ora, eu até gosto de vintage, e eu vivi essa época quase toda, conheço ela muito bem, e por mais que eu sinta falta de algum carro que tive que foi fabricado 40 anos atrás, eu posso dizer com clareza e sem a menor ponta de dúvida que o mundo continua evoluindo tecnologicamente, que quem diz que, por exemplo, um amplificador de hoje em dia é a ‘mesma coisa’ que um amplificador de 40 ou 50 anos atrás – que então seria somente uma questão de escolher a estética e a etiqueta de preços – está falando uma balela do tamanho do Monte Everest. E, amigos, essa é uma das balelas que muitos fãs de vintage falam.

Se eu fosse uma daquelas pessoas que têm espaço, tempo e dinheiro em quantidades decentes, montaria um sistema vintage (muito bem selecionado) em um ambiente de casa – talvez por admiração à estética e à minha parcela de saudosismo. Mas, é só isso?

Não, de jeito nenhum! Eu passei minha vida profissional em áudio, e boa parte da vida de diletante em áudio, dedicado ao objetivo de atingir a melhor qualidade de som possível. Esse era o ‘status’ perante outros amigos fãs de música e equipamentos de som, e não a quantidade de luzinhas, VUs e botões.

E nem a quantidade de ‘recursos’…

Um desmérito da audiofilia é ter poucos amigos no mesmo hobby – e ainda menos amigos na mesma cidade. É considerado um hobby solitário, por vários motivos. E, estar nas redes sociais exibindo equipamentos e ideias, parece ser um recurso de muitos.

Esses dias ouvi um canal audiófilo no YouTube dizer que “audiófilo também é gente”. E primeiro eu ri, depois achei ridículo, depois pensei que as pessoas poderiam, e deveriam, simplesmente tentar debater e compartilhar sobre o assunto de seu hobby da mesma maneira que colecionadores de cards de futebol, ou fãs de trens elétricos, podem.

Mas, claro, muitos audiófilos não são bons ouvintes trocadores de ideias, e a virulência da ‘persona internética’ criada por muitos para darem vazão, nos vários fóruns e grupos de discussão, às suas frustrações e necessidades de se auto impor – além da parte óbvia, que é a falta de vontade e incapacidade de aprender – afastam muita gente de qualquer tipo de troca de ideias e interações sobre o assunto.

Quanto à incapacidade de aprender, eu sempre me lembro o quanto a Internet passou a dar o mesmo peso a algo dito por um diletante e algo dito por um profissional com décadas nas costas. E não falo de ter espírito crítico, analisar e tirar o melhor da informação que foi obtida – falo mesmo que as pessoas perdem a capacidade de aprender quando elas, em vez de buscarem novas informações e digeri-las, vão buscar é pessoas que pensem do mesmo jeito, ou seja, querem confirmação e validação sobre o que pensam (estejam certos ou errados).

Mas a Audiofilia tem um mérito inegável: a dedicação à filosofia da Qualidade Sonora. E essa é, em sua maioria, descartada por quase todos os hobistas do áudio vintage.

UM POUCO SOBRE AUDIOFILIA

O fã do vintage parece como um sujeito que coleciona embalagens antigas e vencidas de macarrão de qualidade variável, sem nunca sequer pensar em cozinhá-lo e por um molho em cima. Pensar, então, que o macarrão que foi chegando ao mercado nos anos mais recentes, de grano duro, feito com farinha especial, com maquinário melhor, com processo melhor, possa ser simplesmente de qualidade imensamente superior ao seu macarrão antigo – simplesmente porque o mundo gira e muita coisa vai evoluindo – o que eles fazem? Eles descartam a possibilidade de aprender com o audiófilo, e passam a zombar dele.

Eu pergunto “Você tentou tal ajuste? Você ouviu?”. E quando a resposta – tonta das ideias – é “Eu não preciso ouvir para ver (ou saber) que é placebo, coisa de maluco, etc”, então já se vê logo como pensa a pessoa.

Se não ouviu, se não tentou, não pode emitir opinião sobre a qualidade sonora. Simples assim!

O exemplo mais típico disso é a atitude de muitos céticos em áudio sobre cabos: não ouviram, mas já definiram que não presta. E a atitude é ‘8 ou 80’, porque se cabos de milhares de dólares, na visão desse indivíduo, são uma enganação, ele nem tenta pensar em tirar um som melhor de seu sistema, digamos, com um cabo de 100 ou 200 dólares – ele prefere ir direto para o cabo fraquinho e pobre de 10 dólares.

É qualitativo ou quantitativo. É subjetivo ou objetivo. Para muitos nada tem gradações, tudo é 8 ou 80.

Leiam o texto do Fernando Andrette na seção Opinião deste mês, onde ele fala sobre mudança de ideia – eu promovi esse tipo de mudança de ideias, e testemunhei-as, várias vezes na vida! Mas o número de frustrações com quem se recusa a ouvir, é incapaz de aprender e de mudar de ideia, é maior.

Somos, nós audiófilos, pretensiosos? Somos elitistas? Coisas de orçamento baixo não prestam?

Ora! Prestem atenção na revista, no que falamos, em vários tipos de produtos que apoiamos exatamente por sua qualidade sonora oferecida em um orçamento mais baixo! Quem nos conhece pessoalmente, de troca de mensagens ou mesmo de eventos, sabe que aqui no mercado tem muitos profissionais acessíveis que entendem necessidades de audiófilos com orçamento mais baixo. E sabem que aqui na revista, aquilo que defendemos com unhas de dentes (e uma bomba atômica em cada mão rs…) é justamente Qualidade Sonora, e não etiqueta de preço!

Somos os ‘Elitistas da Qualidade Sonora’! Hahahaha!!

Quando as pessoas pensam em Objetividade na área de áudio, só pensam em Medições e Especificações, quando a maioria dos desenvolvedores e projetistas renomados de caixas acústicas, por exemplo, no mundo atual, sempre dizem a mesma coisa: a ciência é apenas uma parte, a parte inicial de se desenvolver uma caixa, que os testes auditivos, e seus subsequentes ajustes finos, são absolutamente necessários. Não existe, na minha visão e experiência, caixas acústicas de qualidade sonora superior e consagrada, que sejam feitas, durante todo o processo, somente com ciência.

A Audiofilia intimida? O equipamento intimida? Eu não acho…

Ligar e utilizar esses equipamentos é tão elementar quanto o uso dos equipamentos vintage, e às vezes até mais elementar. Só que o audiófilo entendeu vários princípios, ao longo dos anos, que o permitem extrair melhor qualidade sonora de seus equipamentos.

E isso se aplica também aos microsystems e até aos aparelhos vintage!

Então porque o pessoal do vintage não quer melhor Qualidade Sonora em seus equipamentos? Boa pergunta.

Uma pérola, pertinente, proferida por um luminar audiófilo no YouTube, foi que ele quer ouvir sem a pressão de estar tocando ‘o melhor’, de se está mais correto ou mais brilhante. Esse conceito é totalmente errado, na medida em que eu ouço meu sistema, e meus fones de ouvido, com zero de pressão – simplesmente porque eles já estão dando a melhor qualidade que posso obter com eles no momento e situação, e eles já estão ajustados corretamente.

Zero fadiga auditiva, zero ansiedade.

VINTAGE E ‘NOVO’ SÃO DO MESMO NÍVEL?

Como disse, já cansei de ouvir gente falar que não tem nada de novo para desenvolver em amplificação há décadas, que a maneira como um falante e uma caixa acústica funcionam é igual há décadas, etc. E que, por isso, algo vintage e algo atual teriam o mesmo nível de som.

Primeiro, essas pessoas não se deram ao trabalho de ouvirem – senão não falariam essa estultice.

Segundo, eu já disse várias vezes que é como qualquer outro mercado tecnológico: eles evoluem! Um carro hoje, um sedan ou hatch médio, é estupidamente mais rápido, econômico, estável e seguro que um carro do mesmo tipo de 30, 40 ou 50 anos atrás.

Em todas as Qualidades de performance mensuráveis, um carro de hoje ‘massacra’ um carro antigo. Agora, tem vários carros antigos lindos, colecionáveis e que suprem a memória emocional. E eu teria vários deles! E usaria!

ESCLARECER DÚVIDAS COM UM AMADOR?

Isso não é a mesma coisa que perguntar para alguém se um restaurante presta, ou se um papel higiênico é mais macio que outro, infelizmente. E a Internet é recheada de diletantes cheios de conceitos e soluções, e que misturam ideias certas com ideias erradas.

O que seria uma ideia errada? Primeiro, é aquela cheia de vícios, e mal ou nunca testada na prática, que geralmente é repetição de coisas ditas por outros, à exaustão.

Perguntar para o amador pode ser interessante no sentido de compartilhar de experiências dos outros. Mas, na prática, para se obter o melhor resultado, ou se faz uso das ideias amadoras todas na base da tentativa e erro – e usando muito espírito crítico – ou se tempera bem essas ideias com informações de fontes confiáveis e profissionais. E, mesmo assim, a aplicação e constatação de real resultado, economiza tempo, dinheiro e dor de cabeça – e pode trazer resultados Qualitativos melhores.

CAIXAS & SISTEMAS VINTAGE AMONTOADOS

Qualquer pessoa que se informe, saberá que o caminho mais curto do sinal elétrico pelo circuito dos aparelhos – falo do sinal que carrega em si a música – representará melhor qualidade de som por sofrer menos alterações e menos interferências.

Então, se a pessoa gosta de usar um rack de equipamentos vintage cheios de luzinhas e VUs e numerosas possibilidades de alterar o som, me parece óbvio que essas alterações, por causa também do longo caminho do sinal, serão muito mais Quantitativas que Qualitativas. Então, se usar um rack entupido de equipamentos, deixe a maioria esmagadora deles apenas ligados na tomada para fazerem bonito, e não passando sinal por eles.

Outra coisa – e muito mais importante – é a posição das caixas. Caixas acústicas precisam de respiro, de afastamento aos seus lados e a partir da parede atrás delas, para poderem tocar seu melhor, com limpeza de correção nos médios e agudos, com efeito de palco, e com graves equilibrados e sem exageros que permitem você distinguir, em matéria de textura, timbre e corpo harmônico, se o que está tocando é um contrabaixo, uma da várias percussões, ou um dos vários timbres de instrumentos graves providos pela música eletrônica. Ou então perceber se é alguém batendo na lateral de um guarda-roupa ou batucando na porta de uma geladeira.

Isso chama-se Qualidade Sonora – e, sim, é possível obter um resultado melhor de qualquer tipo ou idade de sistema, se seguir uma pequena série de regras e preceitos que foram descobertos e melhorados ao longo dos anos por nós, malucos, odiados, audiófilos.

CONTROLE TONAL & EQUALIZADOR

O problema do uso desses, em aparelhos vintage principalmente, é que eles promovem um bocado de distorção, alteração, perdas sonoras e interferências. E isso não é legal para a qualidade sonora.

E, em muitos casos, o uso desses é totalmente desnecessário quando se quer obter o melhor resultado.

Esse foi o principal motivo para, durante muito tempo, equipamentos de qualidade pararem de vir com controle tonal. E, claro, porque não é necessário em um aparelho de alta qualidade, equalizar nada! Meu amplificador não tem equalizador e nem controle tonal, e a falta que eles fazem aqui – com o uso com bons cabos e caixas boas bem posicionadas – é absolutamente ZERO.

Hoje, tecnicamente, dentro dos amplificadores, o uso de controle tonal melhorou bastante, e muitos equipamentos têm esses ajustes sem, em sua maioria, prejudicar o som – mas claro que esse pode, e é, prejudicado pelo mau uso, distorcendo completamente o conteúdo musical, sem necessidade alguma.

Aí vem o ponto que ninguém gosta que fale: a maioria esmagadora das pessoas não sabe usar um controle tonal ou, pior, um equalizador. Essa já é uma matéria surrada, mas o fato é que a maioria, principalmente o pessoal de vintage, não sabe usar mesmo.

É preciso conhecer bem a música, a gravação, o som dos instrumentos reais, ter um sistema bem ajustado e bem correto e equilibrado, para então usar um desses recursos tonais de maneira incremental e suave. Enquanto muita gente tende a por o agudo no máximo, alguém que sabe usar irá aumentar uns dois pontos, no máximo, avaliar várias gravações, avaliar o sistema, e assim fazer o ajuste fino.

OBSESSÃO POR PERFEIÇÃO AUDIÓFILA

Alguns audiófilos são, realmente, obsessivos – nunca estão contentes, e nunca conseguem chegar lá, por uma longa série de motivos. Mas isso não é a regra, não! Eu estou com o mesmo sistema e os mesmos cabos há bem mais de ano, sendo o que mudou nos últimos seis meses foi apenas as caixas (e o cabo de caixas) – e esses, neste momento e conjuntura, dão um resultado excelente, bem regulado, correto, muito satisfatório, e não serão mexidos por muito tempo.

O que acontece é: se você é um audiófilo, e tem os recursos financeiros (e o tempo), vai querer sempre melhorar o que tem. Faz parte do hobby. O que tem de errado nisso? Alguns simplesmente ouvem menos música do que deveriam, dedicando seu tempo mais ao hobby. E, aqui, ocorrem muitos erros, como nem esperar que o equipamento ou cabo amacie antes de tirar conclusões sobre ele – e passá-lo para frente sem nem saber como ele realmente toca.

E, até aí, muito do pessoal vintage também compra e acumula mais equipamento do que propriamente senta e ouve música.

ACUSAÇÃO DE ‘SNAKE OIL’ AUDIÓFILO

Sim, existem vários ‘snake oil’ na audiofilia. Mas muita coisa que chamam de ‘snake oil’, não é – muita coisa é válida e útil. Mesmo!

Aliás, o que significa ‘snake oil’? Quem já assistiu filmes de velho-oeste, filmes de cowboys e pistoleiros? Lembram de que, vira e mexe, apareciam aquelas carroças com picaretas vendendo um elixir ou xarope ‘cura-tudo’, milagroso, que na verdade era um golpe, pois não curava nada, só tirava dinheiro dos incautos. Aquilo era o tal ‘óleo de cobra’ (‘snake oil’ em inglês), que é algo que não existe, portanto não tem como fazer efeito algum.

Que coisas NÃO são ‘snake oil’? Cabos, racks, prateleiras, alguns sistemas de condicionador ou filtro de energia ou de sinal – e vários outros que surgiram ao longo dos anos. Acontece que vários deles não valem a pena usar porque melhoram uma coisa e pioram outra.

Mas, um bom sistema precisa de cabos de qualidade decente, prateleiras ou racks de boa solidez, pedestais de caixa bem firmes e sólidos com a altura correta, e o bom posicionamento das caixas no ambiente. E nem vou falar de um ambiente acusticamente decente, pois aí nos estenderíamos demais.

NECESSIDADE DO EMBASAMENTO CIENTÍFICO?

Essa é uma questão que faz qualquer pessoa prática querer arrancar os cabelos. Veja, muita coisa que causa ou provê melhorias ou diferenças sonoras em sistemas, não foram até hoje corretamente medidas, estudadas e explicadas por suas devidas ciências.

Fato: dois cabos, de materiais e topologias diferentes, mas com a banais medições que a engenharia eletrônica e elétrica usam, medem de maneira semelhante mas ‘tocam’ de maneira diferente. Não estou querendo espinafrar engenheiros (de novo!) – mas, como eu já disse antes, muitos deles ao encarar o mundo do áudio, tendem a esquecer que existe o multidisciplinar.

E antes que algum espertinho venha dizer, de novo, de maneira virulenta, que “cabos não soam”, a única coisa que conseguem é parecerem ‘espertinhos’ mesmo, já que estão querendo empurrar seu ponto de vista garganta abaixo desacreditando os outros só com o uso de semântica. Já faz algum tempo que eu tenho preferido dizer que tais e tais cabos ‘fazem com que o sistema toque de maneira diferente’.

E, meu amigo, se existem diferenças sonoras provocadas entre dois cabos, então existem cabos melhores e cabos piores – e assim derruba-se toda a ideia estranha por água abaixo.

“Ah, mas eles são só diferentes, não tem melhor ou pior” – esse argumento mostra bem pessoas que não procuram qualidade sonora e, talvez, nem saibam o que seja. São os relativizadores, como os que descartam ideias e conhecimento muito importantes ao dizer, por exemplo, que “cada um ouve de um jeito”.

DESCONHECIMENTO QUASE TOTAL SOBRE COMO É MÚSICA

Ninguém realmente precisa entender sobre música, como ela é tocada, como ela é feita – mas isso ajuda muito os verdadeiros amantes de música perceberem e obterem melhor qualidade sonora.

Como eu disse, não é essencial – mas conhecer como o instrumento real toca, em apresentações de música acústica ao vivo, e acostumar seu ouvido com isso, compreender como a música soa, irá fazer você curtir bem mais suas audições e seus equipamentos. Essa ideia, para mim, é completamente óbvia, já que falamos de grupos de pessoas que têm, todos, em comum o gosto pela música – e que deveriam, por isso, ter uma dedicação plena à Qualidade Sonora.

Correção na sonoridade dos sistemas, na sonoridade dos instrumentos e da música – e Qualidade Sonora – são coisas impossíveis de desvencilhar umas das outras.

Mesmo quando a música que um melômano ouve é puramente de memória emocional.

Aqui, meu gosto pelo rock sempre irá se lembrar de audições especiais de prensagens japonesas de LPs do Pink Floyd e Led Zeppelin, em um sistema completamente superlativo, com caixas de bom tamanho e dinâmica, em uma sala igualmente superlativa: o resultado é o realismo intenso! E não existe fã de rock que não ficaria completamente chapado com esse realismo intenso se pudesse ouvi-lo!

VANTAGENS DO VINTAGE

Quais são? Bom, tem exemplos de design absolutamente incríveis, aparelhos e caixas de beleza fora do comum – como também é um Ford Mustang 68. Mas são objetos mais de beleza e colecionismo, do que propriamente exemplos de boa qualidade naquilo que fazem – e isso se aplica tanto ao som vintage quanto aos carros vintage, por exemplo.

Preço, para algo vintage, já não é mais uma vantagem faz tempo. Para um receiver ou integrado antigo brigar em qualidade sonora com um amplificador chinês de 200 dólares, será preciso gastar mais de milhar de dólares, e às vezes vários milhares. E ainda assim, duvido que vença.

Caixas, então, nem se fala. Um par moderno de 8 mil reais, ou outro de 13 mil reais, massacram caixas antigas que vendedores pedem 20 ou 30 mil reais! E, antes que chiem comigo, estou falando de Qualidade Sonora, e não a habilidade de dar muito grave, de incomodar o vizinho ou de dar surdez prematura.

Quantidade NÃO substitui ou supera Qualidade.

O QUE FAZER PARA TIRAR O MELHOR DO VINTAGE?

Recapitulando:

Evitar ligar um monte de equipamentos, tornando o caminho de sinal longo e cheio de interferências.

Procurar amplificadores e caixas que entreguem minimamente o conceito de Equilíbrio Tonal.

Usar cabos de qualidade superior em interconexão e em cabos de caixa. E, se possível, cabos de força também – pois se componentes de melhor qualidade dentro do circuito eletrônico do amplificador ou no crossover da caixa acústica, fazem diferença no som, obviamente um fio de melhor qualidade ligando a energia ao aparelho, também fará diferença. E eu não sei porque as pessoas têm tanta dificuldade de entender isso.

Usar uma sala que não seja um ambiente nem puxado para absorvente acusticamente, nem puxado para brilhante (reflexivo).

Posicionar as caixas afastadas das paredes ao fundo delas, e um pouco afastadas das paredes laterais, e com uma pequena angulação delas na direção ouvinte. O afastamento entre uma caixa e outra tem que ser compatível com a distância entre a posição do ouvinte e as caixas – criando assim um triângulo equilátero. Se, assim, o fã do vintage achar que ‘falta graves’, ou ‘sobra agudos’, basta aumentar ou diminuir um ponto ou dois de cada um, apenas, nos controles tonais. Assim você estará adequando o seu sistema à sua sala, e não deve mexer mais nos controles tonais – pois esses são para corrigir o sistema e não as gravações.

Aí basta sentar-se e ouvir música com a melhor Qualidade Sonora que seu sistema pode dar. E parar de declarar o Audiófilo como um tolo ou um inimigo.

Bom outubro, e boa primavera!

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